terça-feira, julho 17, 2007

Homem se tornou bípede para gastar menos energia, diz estudo

Da AFP, em Washington

Reuters/Cary Wolinsky
Os autores coletaram medidas do metabolismo de chimpanzés e humanos

Os autores coletaram medidas do metabolismo de chimpanzés e humanos
O homem se tornou bípede no curso da evolução porque deslocar-se sobre dois pés exigia um gasto de energia menor do que caminhar como um quadrúpede, segundo estudo divulgado nesta segunda-feira nos Estados Unidos.

A teoria de que a evolução do homem para um ser bípede tem a ver com a idéia de que o organismo consumiria menos energia é debatida há décadas, explicou David Raichlen, professor de antropologia da Universidade do Arizona (sudoeste dos EUA), um dos autores da pesquisa. Mas existiam poucos dados sobre o tema, disse.

Os autores do novo estudo, divulgado nos Anais da Academia Nacional de Ciências no dia 24 de julho, coletaram medidas do metabolismo e da cinética em cinco chimpanzés e quatro humanos adultos que corriam e caminhavam em uma esteira.

Percorrendo a mesma distância, os humanos usaram um quarto da energia - calculada em calorias - consumida pelos chimpanzés deslocando-se sobre quatro patas.

Os chimpanzés foram também treinados para caminhar sobre duas patas. Em média, precisaram da mesma quantidade de calorias caminhando em duas ou quatro patas, revelaram os cientistas.

Os pesquisadores observaram, no entanto, pequenas variações na quantidade de energia utilizada pelos primatas, de acordo com diferenças na maneira de caminhar e na anatomia.

"Conseguimos estabelecer uma relação entre o custo energético da marcha e a anatomia dos chimpanzés", disse David Raichlen.

"Também demonstramos porque alguns deles podem caminhar sobre duas patas usando menos calorias que os outros", acrescentou.

Modelos biomecânicos mostraram que dar pequenos passos ou possuir massa muscular mais ativa faz consumir mais energia. Ao caminhar sobre duas patas, os chimpanzés com pernas mais longas consumiram menos energia, concluiram os cientistas.

Os resultados dessas observações foram em seguida comparadas a fósseis de humanóides para detectar as adaptações sofridas durante a evolução que permitiram reduzir o consumo de energia, tornando-se bípedes.

"Descobrimos que essas adaptações, como um ligeiro aumento da longitude da virilha nos primeiros humanóides, revelam que o consumo de energia do esforço teve papel importante" na transformação do homem em bípede, afirmaram os pesquisadores.