sexta-feira, maio 26, 2006

é óbvio.

o mantra :
no mesmo dia do mês, daqui um ano, faz um ano que você começou qualquer coisa.

quinta-feira, maio 25, 2006

Em entrevista à Folha, Sofia Coppola defende "Maria Antonieta"

SILVANA ARANTES
Enviada especial da Folha de S.Paulo a Cannes

Terminou nesta quarta sob vaias a sessão para a imprensa do longa "Maria Antonieta" (no orginal "Marie-Antoinette"), concorrente apresentado pela diretora Sofia Coppola à Palma de Ouro no 59º Festival de Cannes. Ao saber que seu filme foi vaiado, Sofia lamentou: "Oh, isso é decepcionante!". A atriz Kirsten Dunst, que faz o papel da rainha Maria Antonieta (1755-1793), saiu em seu socorro. "Eu gosto do filme, Sofia. E tenho orgulho de tê-lo feito", afirmou a protagonista, cujos figurinos exuberantes formam um dos pontos altos do filme.

O francês Michel Ciment, moderador da entrevista coletiva da diretora e do elenco de "Marie-Antoinette", foi mais longe na defesa de Sofia: "Houve aplausos também. Os que vaiaram são pequeno-burgueses. Eles reagem assim quando uma diretora americana talentosa faz um filme sobre nós".

Tal ênfase na defesa de Coppola talvez se explique pelo ar de fragilidade e timidez com que ela enfrentava a situação. Embora sua silhueta não denuncie, Sofia está grávida de seu primeiro filho com Thomas Mars, da banda Phoenix.

Mas a fragilidade de Sofia é apenas aparente. Execrada pela crítica por sua atuação como atriz num filme de seu pai, Francis Ford Coppola ("O Poderoso Chefão 3", 1990), ela saiu de novo à arena --e como diretora, de "Virgens Suicidas" (1999) apresentado em Cannes, naquele ano sob elogios.

Com seu longa seguinte, "Encontros e Desencontros" (2003), Sofia, 35, confirmou seu prestígio junto à crítica e passou a ser apontada como um dos expoentes de sua geração.

O exemplo que aprendeu de seu pai, disse ela, é o de ter "coragem e entusiasmo para fazer filmes únicos e pessoais".

"Maria Antonieta" pode não ser um filme único, mas certamente é uma visão pessoal e generosa sobre a rainha que os franceses odiaram a ponto de decapitar em sua revolução.

A reabilitação desse personagem por Sofia foi o que incomodou os franceses. Nem todos. Jean-Michel Frodon, crítico da "Cahiers du Cinéma", a bíblia francesa do cinema, escreveu: "Continuo não gostando da Maria Antonieta que teve sua cabeça cortada fora, mas eu gosto da Maria Antonieta de Sofia Coppola".

Rainha adolescente

De origem austríaca, Maria Antonieta chegou à corte de Versalhes quando tinha 14 anos, para se casar com o herdeiro do trono francês, Luís 16.

Sofia filma a rainha como uma adolescente vivaz, porém despreparada para um casamento marcado pela falta de apetite sexual do marido e uma entourage xenófoba.

A opinião de Sofia sobre a Revolução Francesa foi a primeira coisa que os jornalistas quiseram saber, pela manhã. "Não vou fazer comentários sobre política", afirmou.

O argumento da diretora é que ela "não estava fazendo um filme político, mas sim um retrato de um personagem". Mais tarde, à Folha, Sofia explicou sua decisão: "Minhas opiniões políticas estão expressas no meu filme. Não me cabe fazer declarações políticas. Sou uma cineasta".

De perto e submetida a menos pressão, a Folha encontrou uma diretora segura e firme. Ela comentou o desapontamento da manhã, quando soube das vaias ao filme.

"Realmente fiquei surpresa e desapontada. Claro que, quando você faz alguma coisa, não espera ter uma reação ruim, mas isso não indica que essa será a reação de todo mundo."

A diretora disse saber que, ao mostrar o filme em Cannes, caminha num "terreno pantanoso", porque a França "é muito apegada à sua história".

Dunst lembrou, em tom de autocrítica que, "nos EUA, a França é um pequeno parágrafo nos livros de história". Mas a declaração não parece capaz de ganhar a simpatia dos franceses para "Maria Antonieta".

starbucks

Starbucks anuncia chegada ao Brasil com abertura de cafeteria em SP

CHICAGO (Reuters) - A Starbucks Corp., uma das principais redes mundiais de cafeterias, informou nesta quinta-feira que planeja abrir lojas em vários pontos do Brasil. Será feita uma joint-venture com uma empresa brasileira.

A primeira loja Starbucks deverá ser inaugurada em São Paulo dentro de um ano, disse a companhia.

A joint-venture com a Cafés Sereia do Brasil Participações S.A., que é administrada por varejistas locais, foi batizada de Starbucks Brasil Comércio de Cafés Ltda., ou simplesmente Starbucks Brasil, afirmou a empresa, sediada em Seattle.

quarta-feira, maio 24, 2006

http://www.fotolog.com/sarahstutz

dicionário

escola

{verbete}
Datação
sXIII cf. FichIVPM

Acepções
■ substantivo feminino
1 estabelecimento público ou privado onde se ministra ensino coletivo
2 conjunto de professores, alunos e funcionários de uma escola
3 prédio em que a escola está estabelecida
4 sistema, doutrina ou tendência estilística ou de pensamento de pessoa ou grupo de pessoas que se notabilizou em algum ramo do saber ou da arte
Ex.: e. de Wagner, e. de Freud
5 conjunto de pessoas que segue um sistema de pensamento, uma doutrina, um princípio estético etc.
Ex.: e. platônica
6 determinado conjunto de princípios seguido por artistas
Ex.: e. clássica, e. flamenga
7 conjunto de conhecimentos; saber
Ex.: o pobre rapaz pouco sabia, não tinha e.
8 aquilo que é adequado para transmitir conhecimento, experiência, instrução
Ex.: o jornalismo pode ser boa e. para futuros escritores
9 experiência vivida; vivência
Ex.: sua maneira de agir revela que teve boa e.
10 conjunto de seguidores, imitadores ou apreciadores
Ex.: seu espírito de aventura criou e. entre parentes e amigos
11 Regionalismo: Rio de Janeiro. Uso: informal.
casa ou antro de jogo


Locuções
e. de samba
agremiação composta de sambistas, passistas, compositores, músicos, figurinistas etc., que se apresenta publicamente em desfiles festivos, esp. no carnaval, quando exibe a arte de seus participantes e carros alegóricos ger. de aspecto ostentoso
e. do lixo
Rubrica: história da arte.
corrente de artes plásticas que produzia obras em três dimensões a partir de materiais descartados tais como vidro, madeira, metal etc.
e. fundamental
Rubrica: pedagogia.
escola primária; primário
e. hipocrática
Rubrica: história da medicina.
denominação dos seguidores dos ensinamentos de Hipócrates, médico grego ativo no sV a.C., cujos conceitos de saúde e doença baseavam-se esp. na teoria humoral e na clínica
e. normal
Rubrica: pedagogia.
escola que se destina à formação de professores do curso primário e das classes de alfabetização; curso normal
alta e.
Rubrica: hipismo.
conjunto de exercícios de equitação avançados
baixa e.
Rubrica: hipismo.
conjunto de exercícios de equitação pelos quais se aprende a montar a cavalo
fazer e.
assentar princípios ou organizar processos que depois são seguidos por muita gente
e. do lixo
Rubrica: história da arte.
corrente de artes plásticas que produzia obras em três dimensões a partir de materiais descartados tais como vidro, madeira, metal etc.
e. fundamental
Rubrica: pedagogia.
escola primária; primário
e. hipocrática
Rubrica: história da medicina.
denominação dos seguidores dos ensinamentos de Hipócrates, médico grego ativo no sV a.C., cujos conceitos de saúde e doença baseavam-se esp. na teoria humoral e na clínica
e. normal
Rubrica: pedagogia.
escola que se destina à formação de professores do curso primário e das classes de alfabetização; curso normal
alta e.
Rubrica: hipismo.
conjunto de exercícios de equitação avançados
baixa e.
Rubrica: hipismo.
conjunto de exercícios de equitação pelos quais se aprende a montar a cavalo
fazer e.
assentar princípios ou organizar processos que depois são seguidos por muita gente
e. fundamental
Rubrica: pedagogia.
escola primária; primário
e. hipocrática
Rubrica: história da medicina.
denominação dos seguidores dos ensinamentos de Hipócrates, médico grego ativo no sV a.C., cujos conceitos de saúde e doença baseavam-se esp. na teoria humoral e na clínica
e. normal
Rubrica: pedagogia.
escola que se destina à formação de professores do curso primário e das classes de alfabetização; curso normal
alta e.
Rubrica: hipismo.
conjunto de exercícios de equitação avançados
baixa e.
Rubrica: hipismo.
conjunto de exercícios de equitação pelos quais se aprende a montar a cavalo
fazer e.
assentar princípios ou organizar processos que depois são seguidos por muita gente
e. hipocrática
Rubrica: história da medicina.
denominação dos seguidores dos ensinamentos de Hipócrates, médico grego ativo no sV a.C., cujos conceitos de saúde e doença baseavam-se esp. na teoria humoral e na clínica
e. normal
Rubrica: pedagogia.
escola que se destina à formação de professores do curso primário e das classes de alfabetização; curso normal
alta e.
Rubrica: hipismo.
conjunto de exercícios de equitação avançados
baixa e.
Rubrica: hipismo.
conjunto de exercícios de equitação pelos quais se aprende a montar a cavalo
fazer e.
assentar princípios ou organizar processos que depois são seguidos por muita gente
e. normal
Rubrica: pedagogia.
escola que se destina à formação de professores do curso primário e das classes de alfabetização; curso normal
alta e.
Rubrica: hipismo.
conjunto de exercícios de equitação avançados
baixa e.
Rubrica: hipismo.
conjunto de exercícios de equitação pelos quais se aprende a montar a cavalo
fazer e.
assentar princípios ou organizar processos que depois são seguidos por muita gente
alta e.
Rubrica: hipismo.
conjunto de exercícios de equitação avançados
baixa e.
Rubrica: hipismo.
conjunto de exercícios de equitação pelos quais se aprende a montar a cavalo
fazer e.
assentar princípios ou organizar processos que depois são seguidos por muita gente
baixa e.
Rubrica: hipismo.
conjunto de exercícios de equitação pelos quais se aprende a montar a cavalo
fazer e.
assentar princípios ou organizar processos que depois são seguidos por muita gente
fazer e.
assentar princípios ou organizar processos que depois são seguidos por muita gente


Etimologia
lat. schòla,ae 'lugar nos banhos onde cada um espera a sua vez; ocupação literária, assunto, matéria; escola, colégio, aula; divertimento, recreio', do gr. skholê,ês 'descanso, repouso, lazer, tempo livre; estudo; ocupação de um homem com ócio, livre do trabalho servil, que exerce profissão liberal, ou seja, ocupação voluntária de quem, por ser livre, não é obrigado a; escola, lugar de estudo'; para comentários do ponto de vista semântico, ver escol-

Sinônimos
ver sinonímia de classe e sapiência

Antônimos
ver sinonímia de ignorância e antonímia de prática

Coletivos
universidade

dicionário.

universidade

{verbete}
Datação
sXIV cf. FichIVPM

Acepções
■ substantivo feminino
1 qualidade ou condição de universal
2 (sXV)
instituição de ensino e pesquisa constituída por um conjunto de faculdades e escolas destinadas a promover a formação profissional e científica de pessoal de nível superior, e a realizar pesquisa teórica e prática nas principais áreas do saber humanístico, tecnológico e artístico e a divulgação de seus resultados à comunidade científica mais ampla
3 Derivação: por metonímia.
o conjunto das edificações e instalações físicas nas quais funciona essa instituição
Ex.: vou à u. de ônibus
4 Derivação: por metonímia.
o pessoal docente, discente e administrativo dessa instituição
Ex.: a u. deseja escolher livremente seu reitor


Etimologia
lat. universìtas,átis 'universalidade, totalidade; companhia, corporação, colégio, associação'; ver un(i)-; f.hist. sXIV huniuersidade, sXV universidade, sXV uniursydade

dicionário

faculdade

{verbete}
Datação
sXV cf. FichIVPM

Acepções
■ substantivo feminino
1 possibilidade, natural ou adquirida, de fazer qualquer coisa; capacidade
Ex.: f. de falar
2 aptidão natural; dom, talento
Ex.: f. de entusiasmar os eleitores
3 licença ou permissão que se dá a alguém
Ex.: f. para dispor do patrimônio
4 propriedade, virtude ou poder de uma substância
Ex.: a cafeína tem a f. de tirar o sono
5 o conjunto das matérias que compõem cada uma das áreas do ensino superior
Ex.: f. de letras
6 Derivação: por extensão de sentido.
o corpo docente dessa instituição
Ex.: o reitor consultou a f. antes de tomar uma decisão
7 Derivação: por extensão de sentido.
instituição de ensino superior (isolada ou integrante de uma universidade)
8 Rubrica: filosofia.
cada uma das diversas utilizações, atividades ou subdivisões da alma, que receberam denominações e caracterizações heterogêneas na história da filosofia
8.1 Derivação: freqüentemente. Rubrica: filosofia.
o poder do conhecimento, sentimento e vontade, na divisão tripartite da alma humana proposta pelo kantismo
faculdades
■ substantivo feminino plural
9 recursos materiais; posses, bens, riquezas
Ex.: vive de acordo com suas f.
10 Rubrica: comércio.
as mercadorias e objetos carregados em um navio
11 Rubrica: religião.
licença que um bispo concede a um sacerdote para atuar dentro de uma diocese


Locuções
f. jurídica
Rubrica: termo jurídico.
poder de quem é civilmente capaz para agir ou fazer, como sujeito ativo ou passivo, defendendo, adquirindo ou exercitando direitos, com o objetivo de obter um resultado jurídico


Etimologia
lat. facúltás,átis 'facilidade, faculdade, meio, poder, possibilidade, força, virtude, propriedade, talento natural, capacidade, arte'; no pl., 'abundância, provisão, meios, recursos'; prov. por infl. do fr. faculté (1210) 'conhecimento, saber', (1370) 'capacidade, aptidão, direito, meio', (1261) 'lugar onde se faz o ensino universitário', (1478) 'corpo encarregado de um ensino especial em uma universidade'; ver faz-

Sinônimos
autoridade, capacidade, direito, força, poder, potência, privilégio, propriedade, qualidade, virtude; ver tb. sinonímia de condão

Coletivos
universidade

Mutantes

THOMAS PAPPON
da BBC, em Londres.

Os Mutantes deram o pontapé inicial de sua aguardada turnê internacional com o pé direito.

O show no centro cultural Barbican, na noite chuvosa de segunda-feira (22) em Londres, o primeiro em 33 anos dos Mutantes com os irmãos Serginho e Arnaldo Baptista e o baterista Dinho, foi um triunfo.

O grupo tocou todas as músicas mais importantes dos cinco primeiros discos e várias faixas em inglês do álbum "Technicolor" e conquistou a platéia com seu alto astral – como nos velhos tempos.

A noite começou nervosa. O promotor do Barbican, Bryn Ormrod, subiu ao palco, pediu desculpas pelo atraso e anunciou que Serginho Dias Baptista iria testar a guitarra, enquanto os técnicos faziam os últimos acertos no som geral.

Serginho subiu ao palco, vestido de mosqueteiro, com colante bege e uma longa echarpe branca. Ele tentou tirar som da guitarra, mas nada aconteceu. Três técnicos, todos ajoelhados no palco, tentaram solucionar o problema. Os minutos passaram, Serginho desistiu, deu de ombros e voltou para a coxia.

"Eletricidade"

Podia-se sentir no ar a eletricidade da expectativa do público – que lotou o Barbican. Não havia um assento vazio (a lotação da sala, segundo a assessoria do local, é de 3.000 lugares).

Mais alguns minutos se passaram, o promotor voltou ao palco e anunciou os Mutantes. O público foi ao delírio, vendo Arnaldo e Serginho entrando, fantasiados e sorridentes.

O grupo abriu com "Dom Quixote" e "Caminhante Noturno", com pequenos problemas no som da guitarra. Arnaldo, à esquerda do palco, sentado aos teclados, Serginho à direita, e, no centro, a ‘novata’ Zélia Duncan, que, no começo, não parecia muito à vontade.

Ela não é Rita Lee, nem tentou ser. Cantou o vocal principal em poucas músicas, serviu como uma presença central feminina no palco, interagindo mais com os músicos da banda do que com o público.

A banda, aliás, além de Zélia, Dinho, Serginho e Arnaldo, tinha um tecladista, uma percussionista, um baixista, um músico que tocou teclados, violão, flauta doce, flauta e cello, além e dois vocalistas, um homem e uma mulher, nos backing vocals.

Ninguém gritou “Rita”, Zélia foi bastante aplaudida quando anunciada e Serginho e Arnaldo pareciam se entender muito bem com ela.

Arranjos originais

Os Mutantes optaram por arranjos originais, substituindo as orquestrações mais complicadas por gravações ou samplers, como em "Dom Quixote", e preservando as harmonias vocais – sempre distintas, um dos grandes fortes do grupo.

Serginho comandou a banda e os vocais e mostrou porque era tido como o maior guitarrista de sua geração em vários solos.

Arnaldo, discreto no teclado e vocais, irradiava carisma e alegria por estar ali. Cantou "Dia 36", que ficou impecável. Mas bom mesmo foi ouvir as vozes de Serginho e Arnaldo, juntas. É como visitar o bairro da Pompéia, São Paulo, em 1969.

À medida que a banda relaxava e ganhava confiança, o público se animava mais ainda.

Mandaram bem em "Ave Gengis Khan", "Desculpe, Babe" (em inglês), "Technicolor", "Virgínia", "Cantor de Mambo", "El Justiciero" (com uma brincadeira de Serginho, dizendo que o primeiro-ministro britânico Tony Blair iria chamar "el justiciero" George W. Bush para acabar com o crime na Grã-Bretanha), "Minha Menina" (bem conhecida do público britânico, graças ao sucesso de uma versão recente feita pelo grupo The Bees), "Baby" (sensacional), "Le Premier Bonheur Du Jour", "Dois Mil e Um" e "Top Top".

À altura de "Ando Meio Desligado", "Bat Macumba" (com participação do cantor neo-folk americano Davendra Banhart, nos backing vocals) e "Panis et Circensis", o Barbican era uma farra só: todo mundo de pé, pessoas dançando, cantando junto e gritando "we love you".

Nos camarins, Serginho e Dinho contaram do sufoco dos ensaios e da ansiedade com o primeiro show depois de tantos anos. O clima era de alívio e felicidade. Os Mutantes conquistaram o público, como se fosse a coisa mais natural do mundo, como se nunca tivessem sumido.

E esse foi só o primeiro show. Fiquei pensando como vai ser o quarto ou quinto, quando estarão nos Estados Unidos. Vão estar tinindo, provavelmente fazendo justiça às palavras da revista "Time Out" na semana passada, que os chamou de "a maior banda psicodélica de todos os tempos".

domingo, maio 21, 2006

...do trabalho sujo.

A nova crítica musical

Essa também saiu na última Simples. Mas é coluna, não é matéria.

Era uma vez um tempo em que as pessoas não sabiam se informar. A era eletrônica tirou o começo-meio-e-fim das coisas e percebemos que informação é produto. Esteja no Jornal Nacional ou no Orkut, é só o final de um processo. Não nos iludimos tanto porque o alerta de Lenin (“para saber os motivos, procure saber quem se beneficia”) transformou-se em equação de reconhecimento do inconsciente coletivo, que percebe o quanto foi enganado.

Assim, vemos a dissolução do crítico de música. O sujeito que, numa penada, lança uma banda ou destrói as vendas de um disco, está com seus dias contados. Não porque está em vias de extinção, mas porque suas prerrogativas básicas tornaram-se requisito mínimo para qualquer pessoa, graças à internet. Um bom dia dedicado à frente do computador pode lhe transformar num especialista em quase tudo – no caso da música, tudo.

Escolha um artista e passeie pelos AllMusic, Wikipedia, Pitchfork e NME da vida, baixe discos, veja fotos, filmes, e sua fachada está pronta. Foi-se o tempo em que poucos semanários ingleses ditavam a moda. O mundo girava em torno de LA, NY e Londres, porque eram as únicas cidades capazes de exportar notícias locais como produto internacional.África, América Latina, Ásia? David Byrne e Peter Gabriel ainda não tinham inventado a world music.

A internet mudou isso. Hoje qualquer um pode produzir conteúdo sem a necessidade de um intermediário para publicar e distribuir. Todas as músicas do mundo estão à mão de qualquer um. E percebeu-se que o crítico musical é apenas um sujeito com mais tempo para dedicar-se ao estudo, à leitura e à apreciação do que uma pessoa comum. Não é uma divindade encarnada (“a Crítica”), nem um guru ou uma diretriz do bom gosto. É só um cara que pode explorar seu gosto pessoal com o respaldo de um veículo de grande alcance.

Mas isso não significa o fim da crítica, pelo contrário. Como a internet é o veículo de maior alcance da história (sem contar o potencial de alcance, ainda maior), todo mundo é um crítico musical cujo gosto e preferência devem ser respeitados e nutridos. Ninguém melhor do que um especialista em algo que você não faz questão de acompanhar para te dizer o que merece atenção. E estamos todos nos especializando.

Depois eu falo mais disso.

Crazy

"Crazy" - Gnarls Barkley

Cm Eb
I remember when, I remember, I remember when I lost my mind
Ab
There was something so pleasant about that phase.

Even your emotions had an echo
Gm G(7)
In so much space
Cm
And when you're out there, without care,
Eb
Yeah, I was out of touch
Ab
But it wasn't because I didn't know enough
Gm G(7)
I just knew too much

Cm
Does that make me cra-zy
Eb
Does that make me cra-zy
Ab
Does that make me cra-zy
Gm G(7)
Probably

Cm Ab
And I hope that you are having the time of your life
Eb Gm G(7)
But think twice, that's my only advice
Cm Eb
Come on now, who do you, who do you, who do you, who do you think you are,
Ab
Ha ha ha bless your soul
Gm G(7)
You really think you're in control

Cm
Well, I think you're crazy
Eb
I think you're crazy
Ab
I think you're crazy
Gm G(7)
Just like me

Cm Ab
My heroes had the heart to lose their lives out on a limb
Eb Gm G(7)
And all I remember is thinking, I want to be like them
Cm Eb
Ever since I was little, ever since I was little it looked like fun
Ab
And it's no coincidence I've come
Gm G(7)
And I can die when I'm done

Cm
Maybe I'm crazy
Eb
Maybe you're crazy
Ab
Maybe we're crazy
Gm G(7)
Probably

quinta-feira, maio 18, 2006

Antes que seja tarde.

pato fu

olha, não sou daqui
me diga onde estou
não há tempo não há nada
que me faça ser quem sou
mas sem parar pra pensar
sigo estradas,sigo pistas pra me achar

nunca sei o que se passa
com as manias do lugar
porque sempre parto antes que comece a gostar
de ser igual, qualquer um
me sentir mais uma peça no final
cometendo um erro bobo, decimal

na verdade continuo sob a mesma condição
distraindo a verdade, enganando o coração

pelas minhas trilhas você perde a direção
não há placa nem pessoas informando aonde vão
penso outra vez estou sem meus amigos
e retomo a porta aberta dos perigos

na verdade continuo sob a mesma condição
distraindo a verdade, enganando o coração

na verdade continuo sob a mesma condição

Do It

Lenine

Composição: Lenine/Ivan Santos

Tá cansada, senta
Se acredita, tenta
Se tá frio, esquenta
Se tá fora, entra
Se pediu, agüenta

Se sujou, cai fora
Se dá pé, namora
Tá doendo, chora
Tá caindo, escora
Não tá bom, melhora

Se aperta, grite
Se tá chato, agite
Se não tem, credite
Se foi falta, apite
Se não é, imite

Se é do mato, amanse
Trabalhou, descanse
Se tem festa, dance
Se tá longe, alcance
Use sua chance

Se tá puto, quebre
Ta feliz, requebre
Se venceu, celebre
Se tá velho, alquebre
Corra atrás da lebre

Se perdeu, procure
Se é seu, segure
Se tá mal, se cure
Se é verdade, jure
Quer saber, apure

Se sobrou, congele
Se não vai, cancele
Se é inocente, apele
Escravo, se rebele
Nunca se atropele

Se escreveu, remeta
Engrossou, se meta
Quer dever, prometa
Pra moldar, derreta
Não se submeta

Humano e símio se acasalavam, diz DNA

RICARDO BONALUME NETO
RAFAEL GARCIA
da Folha de S.Paulo

Humanos e chimpanzés normalmente não se consideram mutuamente atraentes em termos sexuais nem seriam capazes de ter filhotes férteis. Mas nem sempre foi assim entre os ancestrais evolutivos desses dois primatas.

Uma análise detalhada do genoma das duas espécies indica que a separação definitiva entre suas linhagens ocorreu 1 milhão de anos mais tarde do que se imaginava. Além disso, os genes revelam uma longa história de cruzamentos entre hominídeos e os ancestrais dos chimpanzés.

A hipótese foi levantada para tentar compatibilizar o que se conhece do registro fóssil com os dados genéticos.

A duração do período de intercâmbio sexual entre ancestrais de humanos e de macacos promete polêmica. Os genes indicariam que as linhagens do homem e do chimpanzé se dividiram entre 6,3 milhões e 5,4 milhões de anos atrás, mas que antes disso houve troca de genes entre indivíduos híbridos por 4 milhões de anos.

O estudo está na edição de hoje da revista científica britânica "Nature", assinado por pesquisadores do grupo de Eric Lander, do Instituto Broad da Universidade Harvard e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, de Cambridge, nordeste dos EUA.

Comparando o genoma (conjunto do material genético) das espécies é possível ver quais áreas são mais antigas e se preservaram e quais foram mudando ao longo do tempo, sinal da "especiação" (desenvolvimento de novas espécies a partir de uma ancestral).

Os dados surpreenderam, pois os fósseis conhecidos --deve-se admitir que são poucos-- contam outra história. São candidatos a ancestrais de humanos (diretos ou indiretos), como os fósseis chamados Toumaï (Sahelanthropus tchadensis) e Homem do Milênio (Orrorin tugenensis), que teriam mais de 6 milhões de anos.

"É possível que Toumaï seja mais recente do que previamente imaginado", disse um dos autores do estudo, Nick Patterson, em comunicado divulgado pelo Instituto Broad. "Mas se a datação for correta, o fóssil Toumaï precederia a separação entre homem e chimpanzé. O fato de que ele tem características humanas sugere que a especiação entre homem e chimpanzé pode ter ocorrido durante um longo período com episódios de hibridação", diz.

A observação que levou os cientistas a especularem sobre isso foi a idade recente da separação evolutiva medida a partir do cromossomo sexual X. David Pilbeam, paleoantropólogo que participou da descrição do Sahelanthropus em 2002, classificou o trabalho de Reich como "tremendamente estimulante e importante", mas fez ressalvas quanto às implicações para interpretações de alguns restos fósseis.

"Acho bastante provável que Sahelanthropus, Orrorin e Ardipithecus sejam hominídeos, com base em evidências de bipedalismo [postura ereta sobre dois pés] e morfologia dentária", disse.

Pilbeam também disse não acreditar que quadrúpedes possam ter tido descendentes férteis ao se acasalar com primatas bípedes.
"Provavelmente a diferença entre seus programas de desenvolvimento embrionário era muito grande.", disse.

O paleontólogo Dan Lieberman, também de Harvard, é mais pragmático: "Meu problema é imaginar um hominídeo e um chimpanzé olhando um para o outro como parceiros adequados --para não ser muito grosso".
Pilbeam elogiou a maneira com que os geneticistas autores do estudo apresentaram suas idéias, sem tentar desqualificar trabalhos anteriores.

"Eles não entraram nessa para arranjar briga, marcar pontos ou buscar publicidade", disse. A razão: "Eles não são paleoantropólogos nem paleoprimatólogos."

Civilização, sim; barbárie, não

ANTONIO VISCONTI, CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO, FÁBIO KONDER COMPARATO, GOFFREDO TELLES JÚNIOR, HERMANN ASSIS BAETA, JOÃO LUIZ DUBOC PINAUD, JOSÉ OSORIO DE AZEVEDO JÚNIOR, MARIA EUGÊNIA R. DA SILVA TELLES, PLÍNIO DE ARRUDA SAMPAIO, WEIDA ZANCANER


Não é fácil apelar para o bom senso quando os ânimos estão exaltados e, sobretudo, quando a exaltação é plenamente justificável. Nenhuma pessoa de sentimentos pode deixar de solidarizar-se com as famílias dos policiais e dos civis inocentes assassinados nem de condenar, da forma mais veemente, a truculência dos bandidos que deflagraram a recente onda de violência em dezenas de cidades do Estado de São Paulo.
Mas é justamente nessas horas que se torna imprescindível alertar a população para o risco da exploração política do episódio. No rádio, na televisão, nos jornais e nas revistas, vozes tonitroantes reclamam penas mais rigorosas, mais armamento para os policiais, mais restrições aos presos, mais limites à liberdade dos cidadãos. Senadores da República procuram associar o episódio com o terrorismo e prometem votar uma legislação penal, processual e penitenciária mais repressiva em apenas 15 dias! É barbárie contra barbárie, truculência contra truculência, poder de fogo contra poder de fogo!


O discurso da truculência estatal visa precisamente esconder essa questão de fundo, a desigualdade social


Por esse caminho, semeia-se, única e exclusivamente, o caos.
Quem está, de fato, interessado em enfrentar o gravíssimo problema da violência precisa fazer uma análise objetiva do episódio e propor medidas compatíveis com o Estado de Direito consagrado em nossa Constituição.
Estamos, antes de mais nada, diante de uma tragédia social.
Os atentados desta semana são a explosão de um processo cumulativo, cujo combustível é a extrema desigualdade social do país. Enquanto esse problema não for atacado seriamente pela sociedade brasileira, será impossível livrar o nosso quotidiano da violência.
Embora não haja clima para discutir as medidas de longo prazo destinadas a combater a desigualdade, enquanto bandidos queimam ônibus e metralham a esmo prédios públicos e privados, torna-se indispensável denunciar que o discurso da truculência estatal visa precisamente esconder essa questão de fundo, porque ela afeta privilégios e interesses de gente muito poderosa.
Fiquemos, pois, por ora, apenas nas providências que podem coibir imediatamente o surto de violência.
A primeira delas é a reestruturação completa -de cima a baixo- do aparelho repressivo do Estado, pois todos sabem que, sem a conivência de uma rede de funcionários venais, com ramificações até nas altas cúpulas, o crime organizado não tem condições de acumular a assustadora força que demonstrou.
Junto com isto -e ao contrário do que propõem os porta-vozes do atraso- é indispensável estabelecer penas não prisionais para os crimes de menor gravidade; impedir o contato entre presos de diferentes graus de periculosidade; criar mecanismos eficazes para ouvir as queixas das vitimas de violência de agentes públicos; organizar um sistema de reabilitação de presos, fazer funcionar a defensoria pública; constituir conselhos e outras formas de participação popular no planejamento da segurança dos bairros.
Base não falta, portanto, para ações imediatas e eficazes dos Poderes da República. O que a cidadania não pode é deixar-se levar pela insolência e pela agressividade dos que advogam a barbárie e abdicar dos princípios do direito. O que pode derrotar a barbárie é mais civilização -não a truculência.


Antonio Visconti, 66, é procurador de Justiça do Estado de São Paulo; Celso Antônio Bandeira de Mello, 69, é professor titular de direito administrativo da PUC-SP; Fábio Konder Comparato, 69, é professor titular da Faculdade de Direito da USP; Goffredo Telles Júnior, 91, é professor emérito da Faculdade de Direito da USP; Hermann Assis Baeta, 73, foi presidente nacional da OAB de 1985 a 1987; João Luiz Duboc Pinaud é conselheiro da OAB; José Osorio de Azevedo Júnior, 72, é professor de direito civil da PUC-SP; Maria Eugênia Raposo da Silva Telles é advogada pela USP; Plínio de Arruda Sampaio, 75, advogado, foi deputado federal pelo PT-SP (1985-91); Weida Zancaner é professora de direito administrativo da PUC-SP.

Minoria branca muito perversa.

MÔNICA BERGAMO
Colunista da Folha de S.Paulo

O governador de São Paulo, Cláudio Lembo, afirma que o problema de violência no Estado só será resolvido quando a "minoria branca" mudar sua mentalidade. "Nós temos uma burguesia muito má, uma minoria branca muito perversa", afirmou. "A bolsa da burguesia vai ter que ser aberta para poder sustentar a miséria social brasileira no sentido de haver mais empregos, mais educação, mais solidariedade, mais diálogo e reciprocidade de situações."

Lembo criticou o ex-governador Geraldo Alckmin, que disse que aceitaria ajuda federal contra as ações do PCC se ainda estivesse no cargo, e o ex-presidente FHC, que atacou negociação entre o Estado e a facção criminosa para o fim dos ataques. Leia abaixo os principais trechos da entrevista.

Folha - Os jornais estão noticiando hoje [ontem] que houve uma matança em São Paulo na madrugada de terça. A polícia está sob controle ou está partindo para uma vingança?

Cláudio Lembo - A polícia está totalmente sob controle. Eu conversei muito longamente com o coronel Elizeu Eclair [comandante-geral da PM] e estou convicto de que ela está agindo dentro dos limites e com muita sobriedade. Todas as noites há confrontos nas ruas da cidade e esses conflitos foram exasperados nesses dias. Mas vingança, não. A polícia agiu para evitar o pior para a sociedade.

Folha - Foram 93 mortes. Elas estão dentro dos limites? O senhor tem segurança que todos que morreram estavam em confronto?

Lembo - E o conflito que houve da cidade com a bandidagem? Foi violento. É possível que tenha havido tragédias, mas pelo que estou informado não houve nada que fosse além dos confrontos diretos.

Folha - Só no IML (Instituto Médico Legal) estão 40 mortos e não se sabe nem o nome dessas pessoas.

Lembo - Os nomes vão ser revelados. Estamos resolvendo questões burocráticas, de identificação, mas vão ser revelados.

Folha - Jornalistas da Folha entraram no IML e viram fotos de pessoas mortas com tiros na cabeça. Que garantia a sociedade tem de que não morreram inocentes e de que o Estado, por meio da polícia, não está executando essas pessoas?

Lembo - Não está, de maneira alguma. E digo a você: fui muito aconselhado a falar tolices como "aplique-se a lei do Talião". Fui totalmente contrário. Faremos tudo dentro da legalidade e do Estado de Direito.

Folha - O senhor não se assusta com o número de mortos?

Lembo - Eu me assusto com toda a realidade social brasileira. Acho que tudo isso foi um grande alerta para o Brasil. A situação social e o câncer do crime é muito maior do que se imaginava. Este é o grande produto desses dias todos de conflito. Nós temos que começar a refletir sobre como resolver essa situação, que tem um componente social e um componente criminoso, ambos gravíssimos. O crime organizado trabalha com a droga. A droga é um produto caro, consumido por grandes segmentos da sociedade. Enquanto houver consumidor de drogas, haverá crime organizado no tráfico. É assim aqui, na Itália, nos EUA, na Espanha. O crime se alimenta do consumidor de drogas.

Folha - E da miséria...

Lembo - Talvez no Brasil tenha esse componente também. O crime organizado destruiu valores. O Brasil está desintegrado. Temos que recompor a sociedade. A questão social é muito grave.

Folha - O senhor é um homem público há tantos anos, está num partido, o PFL, que está no poder desde que, dizem, Cabral chegou ao Brasil.

Lembo -Essa piada é minha.

Folha - O que o senhor pode dizer para um jovem de 15 a 24 anos, que vive em ambientes violentos da periferia? Que ele vai ter escola? Saúde? Perspectivas de emprego? Como afastá-lo de organizações criminosas como o PCC?

Lembo - Acho que você tem duas situações muito graves: a desintegração familiar que existe no Brasil, e a perda... Eu sou laico, é bom que fique claro para não dizerem que sou da Opus Dei. Mas falta qualquer regramento religioso. O Brasil está desintegrado e perdeu seus valores cívicos. É ridículo falar isso mas o Brasil só acredita na camisa da seleção, que é símbolo de vitória. É um país que só conheceu derrotas. Derrotas sociais...Nós temos uma burguesia muito má, uma minoria branca muito perversa.

Folha - Que ficou assustada nos últimos dia.

Lembo - E que deu entrevistas geniais para o seu jornal. Não há nada mais dramático do que as entrevistas da Folha [com socialites, artistas, empresários e celebridades] desta quarta-feira. Na sua linda casa, dizem que vão sair às ruas fazendo protesto. Vai fazer protesto nada! Vai é para o melhor restaurante cinco estrelas junto com outras figuras da política brasileira fazer o bom jantar.

Folha - Tomar conhaque de R$ 900 [preço de uma única dose do conhaque Henessy no restaurante Fasano].

Lembo - Nossa burguesia devia é ficar quietinha e pensar muito no que ela fez para este país.

Folha - O senhor acha que essas pessoas são responsáveis e não percebem?

Lembo - O Brasil é o país do duplo pensar. Conhecemos a inquisição de 1500 até 1821. Então você tinha um comportamento na rua e um comportamento interior, na sua casa. Isso é o que está na sociedade hoje. Essas pessoas estão falando apenas para o público externo. É um país que é dúbio.

Folha - Onde o senhor responsabiliza essas pessoas?

Lembo - Onde? Na formação histórica do Brasil. A casa grande e a senzala. A casa grande tinha tudo e a senzala não tinha nada. Então é um drama. É um país que quando os escravos foram libertados, quem recebeu indenização foi o senhor, e não os libertos, como aconteceu nos EUA. Então é um país cínico. É disso que nós temos que ter consciência. O cinismo nacional mata o Brasil. Este país tem que deixar de ser cínico. Vou falar a verdade, doa a quem doer, destrua a quem destruir, porque eu acho que só a verdade vai construir este país.

Folha - Mas qual é, objetivamente, a responsabilidade delas nos fatos que ocorreram na cidade?

Lembo - O que eu vi [nas entrevistas para a Folha] foram dondocas de São Paulo dizendo coisinhas lindas. Não podiam dizer tanta tolice. Todos são bonzinhos publicamente. E depois exploram a sociedade, seus serviçais, exploram todos os serviços públicos. Querem estar sempre nos palácios dos governos porque querem ter benesses do governo. Isso não vai ter aqui nesses oito meses [prazo que resta para Lembo deixar o governo]. A bolsa da burguesia vai ter que ser aberta para poder sustentar a miséria social brasileira no sentido de haver mais empregos, mais educação, mais solidariedade, mais diálogo e reciprocidade de situações.

Folha - O senhor diria que elas pensam que aquele rapaz de 15 a 24 anos, que vive perto da selvageria...

Lembo - ...pode ser o Bom Selvagem do Rosseau? Não pode.

Folha - O endurecimento na legislação pode resolver o problema?

Lembo - Transitoriamente pode resolver. Mas se nós não mudarmos a mentalidade brasileira, o cerne da minoria branca brasileira, não vamos a lugar algum.

Folha - O senhor diz que muita gente falou besteira sobre os episódios. Dos EUA, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticou a possibilidade de o governo ter feito acordo com os criminosos para cessar a violência.

Lembo - Eu acho que o presidente Fernando Henrique poderia ter ficado silencioso. Ele deveria me conhecer e conhecer o governo de SP. Eu não posso admitir nem a hipótese de se pensar isso. Para opinar sobre um tema tão amargo, tão grave, ele teria que refletir, pensar. E se informar. Quanto ao presidente [FHC], pode ser que eventualmente ele tenha precedente sobre acordos. Eu não tenho.

Folha - Vimos o senhor dando muitas entrevistas na TV. Mas SP teve um outro governador [Alckmin], tem um candidato ao governo e ex-prefeito [Serra]. O senhor ficou sozinho?

Lembo - No poder, um homem é absolutamente solitário. Houve momentos em que praticamente fiquei sozinho. Mas devo agradecer a Polícia Militar e a Polícia Civil também, que estiveram firmes ao meu lado.

Folha - O ex-governador Alckmin telefonou para o senhor em solidariedade?

Lembo - Dois telefonemas.

Folha - O senhor achou pouco?

Lembo - Eu acho normal. Os pulsos [telefônicos] são tão caros...

Folha - E o candidato José Serra?

Lembo - Não telefonou. Eu recebi telefonema da governadora Rosinha [do Rio de Janeiro] e de Aécio Neves [governador de MG], que estava em Washington, ele foi muito elegante. Um ofício do governador Mendonça, de Pernambuco. Recebi muitos apoios, do Poder Judiciário, e a Assembléia Legislativa, deputados de todas as bancadas, nenhum partido faltou.

Folha - As autoridades paulistanas garantiram, nos últimos anos, que o PCC estava desmantelado, que era um dentinho aqui ou ali. Elas enganaram os paulistanos?

Lembo - Não saberia responder. Eu não engano. Eu acho que nós ganhamos uma situação mas é um grande risco. Temos que ficar muito atentos.

Folha - Essas autoridades garantiram que o PCC tinha acabado. Ou elas enganaram...

Lembo - Ou o dentinho era maior do que elas diziam.

Folha - Ou foram incompetentes. O senhor vê terceira alternativa?

Lembo - Pode ser que tenham sido exageradas no momento de transferir segurança. Quiseram ser tranquilizadoras.

Folha - Então elas iludiram as pessoas?

Lembo - É possível.

Folha - O senhor pode dizer que o PCC pode acabar até o fim de seu governo?

Lembo - Só se eu fosse um louco. E ainda não estou com sinal de demência. Acho que o crime organizado é perigosíssimo. Ele se recompõe porque ele tem possibilidades enormes na sociedade.

Folha - O ex-presidente Fernando Henrique não telefonou?

Lembo - Não, não. Ele estava em Nova York. O presidente Lula telefonou, foi muito elegante comigo. Conversei muito com o presidente, ele me deu muito apoio. E o Márcio [Thomaz Bastos] veio, conversamos firmemente, com lealdade. E ele chegou à conclusão que não era necessário nem Exército nem a guarda nacional. Tivemos uma conversa responsável, e o equilíbrio voltou. Mostrei que a Polícia Civil e a Polícia Militar tinham condições de fazer retornar a SP a ordem e a disciplina social.

Folha - O Datafolha mostrou que 73% acham que o senhor deveria ter aceitado ajuda federal. O governador Alckmin disse que não rejeitaria a ajuda.

Lembo - Ele decidiria, se fosse governador, como achava melhor. Eu decidi da forma que achei melhor. Quanto às outras pessoas, faltou clareza de informação da minha parte. E aí me penitencio. Não é que não aceitei ajuda do governo. Ao contrário. Desde sempre houve vínculo forte entre o sistema de informação da polícia federal e a polícia de SP. A superintendência da PF em SP foi extremamente leal, solícita e dinâmica.

Eu tinha uma Polícia Militar muito aparelhada. Eu não poderia tirar esse respeito e esse moral que a tropa tinha que ter naquele momento tão difícil aceitando tanques de guerra do Exército. E aí uma sociedade que gosta de paternalismo, como a brasileira, queria Exército, tropas americanas, tropas alemãs, tropas de todo o mundo aqui. Não é assim.

Temos que ser fortes, saber decidir em momentos difíceis e dar valor ao que é nosso. Foi o que fiz. Em 48 horas liquidou-se o problema. O Exército é para matar o adversário. Eu queria recolher os adversários possíveis. Nós estávamos num conflito social.

quarta-feira, maio 17, 2006

Instinto materno existe mesmo?

Publicado em 14.05.2006

Acontecimentos recentes envolvendo o abandono de bebês por suas mães acendem a discussão sobre a natureza feminina e a maternidade. Pesquisadora afirma que tudo não passa de convenção social

BRUNA CABRAL

Aquele velho comentário de que mãe é tudo igual, só muda o endereço pode até servir para a ala com mais primaveras contabilizadas da família animar o almoço de Dia das Mães. Mas só pra isso. Muito mais que meia dúzia de sorrisos amarelos, o antigo clichê vale uma discussão bem séria que já começou a ser travada em diversas instâncias. E, recentemente, passou a mobilizar até gente que nunca tinha parado para pensar no assunto. O motivo foi uma série de chocantes casos de infanticídio registrados no País nos últimos quatro meses. Só neste período foram mortos ou abandonados nada menos que seis recém-nascidos das maneiras mais brutais: jogados em lagoas, rios e canais, largados na porta de uma casa, debaixo de um carro ou enrolados num saco plástico e asfixiados. A pergunta que se coloca não poderia ser outra: e o tal “instinto materno” dessas mulheres? Falhou?

Para a pesquisadora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) Alcileide Cabral, o questionamento não pode ser tão simplista, pois a resposta é complicada. Segundo ela, muitos fatores têm que ser levados em consideração. “Não dá para sair julgando. Muitas dessas mães são meninas, sem assistência nem do governo nem da família ou dos namorados”, diz, lembrando ainda dos casos de depressão pós-parto, doença que pode levar até mesmo a um quadro de esquizofrenia temporária.

Alcileide explica que o infanticídio não é novidade. Já foi comum em outros momentos da história do País. “No Brasil colonial, era freqüente crianças serem abandonadas nas ruas e devoradas por animais.” Segundo ela, na época, o fato não chocava tanto quanto os abandonos dos dias de hoje. A grande diferença, diz, está no tal instinto que levaria toda menininha a brincar de boneca e toda mulher a realizar um dia sua “grande missão”: perpetuar a espécie. Este, sim, está no centro de todas as discussões recentes em torno da maternidade. Mas, ao contrário do que prega o senso comum, não está em todas as mulheres.

Segundo Alcileide, o que se acredita ser um chamado da natureza, ou necessidade que deveria despertar numa determinada fase da vida, como ocorre com a sexualidade durante a adolescência, na verdade, não passa de uma convenção social. “No século 19, os médicos usaram esse argumento do instinto para determinar o papel da mulher na família nuclear que estava surgindo. Enquanto os homens cuidavam do sustento da casa, a elas cabia ter e criar os filhos.” Mas não bastava ser mãe. Era preciso “padecer no paraíso”. Também engajada nessa “campanha” da nova família, a Igreja católica atribuía um papel quase sagrado às mães, contra-indicando até o sexo durante a amamentação. O exemplo a ser seguido era o da própria Maria. “Mas já no seu surgimento, a idéia trazia contradições, porque também cabia a elas servir aos maridos sexualmente.”

Muito do que se dizia naquela época foi desmistificado. A atmosfera sagrada e ao mesmo tempo “natural” da maternidade, por exemplo, está em crise aguda. Firme e forte, só o conflito feminino. Elas continuam, sim, divididas, mas agora a lista de atribuições cresceu: além dos filhos e do marido, o trabalho tornou-se um projeto grandioso na vida das mulheres. “Não há mais como manter uma família com uma pessoa só trabalhando”, diz a biomédica Marta Medeiros, 34 anos, casada e sem filhos. Por opção. “Finalmente, é possível à mulher escolher se quer viver a maternidade, não é mais obrigatório”, diz a psicóloga Yara Borges.

Marta decidiu não abrir mão da condição financeira que tem com o marido nem do clima de romance. “Não quero anular meus desejos e minhas conquistas profissionais nem dedicar todo o meu tempo a uma criança. O casal precisa de qualidade de vida”, diz.

Exagero? Quem já vivenciou a maternidade garante que não. “É muito complicado ser mãe e boa profissional ao mesmo tempo. A gente se desdobra para estar presente na vida dos filhos e, ao mesmo tempo, dar conta do trabalho”, conta a coordenadora pedagógica Patrícia Fontes, 31, mãe de Ester, 4. Sim, ela planejou sua gravidez, mas definitivamente não quer outra. “Não quero passar por isso de novo”, diz, referindo-se a todo jogo de cintura e culpa que fazem parte do dia-a-dia de uma mãe trabalhadora. “Ester é uma prioridade na minha vida, sim, mas não é a única.”

É pelos mesmos motivos que a designer Patrícia Amorim prorroga o plano de ter filhos. “Meu foco agora está na minha profissão. Prefiro consolidá-la antes”, diz. E, aos 30, ainda não sabe quando chegará “a hora”. Na verdade, não se preocupa com isso. “Acho que não é o papel de mãe que valida a vida de uma mulher. É possível nos envolvermos em outros projetos tão gratificantes quanto a maternidade.”

No caso de Edilene Barros, 31, é ao salão de beleza do qual é proprietária e a seu marido que dedica todo seu amor. E todos os seus instintos femininos. “Acho que a mulher tem, sim, uma coisa de gostar de cuidar, mas não precisa de um filho para realizar isso.” A psicoterapeuta transpessoal Nakeida Lima concorda. Para ela, o conceito de instinto materno, na verdade, é bem mais amplo. “Não se resume ao exercício específico da maternidade. Manifesta-se, além disso, pela expressão da maternagem.” Que seria, segundo ela, uma espécie de vocação para dedicar-se ao outro. Mas isso também não se revela em todas as mulheres. “As pessoas estão mais egoístas e individualistas”, avalia Patrícia Fontes. Além de medrosas. “Um filho é muita responsabilidade, especialmente para as mulheres. Hoje em dia casamento se acaba por nada e sempre sobra para a mãe”, diz Edilene.

E dá voz, segundo Alcileide Cabral, a muitos antepassados. “Aquela idéia da mãe quase-perfeita ainda persegue as mulheres.” A cobrança em cima delas, diz Alcileide, continua muito grande: é preciso amamentar, cuidar, ser paciente e compreensiva e, acima de tudo, amar incondicionalmente. Como se, na prática, elas também não sentissem medo, dúvida, raiva e tudo o que não se diz nos comerciais de pomada contra assadura.

Mas há quem fale. Uma das primeiras a rebater o mito do amor materno, na década de 80, foi a filósofa francesa Elizabeth Badinter. Ela dizia que o amor materno é como qualquer outro: uma construção. Não nasce espontaneamente assim que se tem a notícia de uma gravidez.

SONHO – Embora a idéia não faça mais sentido para todas, ser mãe continua sendo o grande sonho de muitas. Como a contadora Cynthia Monteiro, 30. Há pouco menos de uma semana, ela submeteu-se ao décimo procedimento, entre fertilizações e inseminações, para tentar driblar as dificuldades que tem de engravidar, devido a uma endometriose. Apesar de todas as frustrações que já viveu (como um parto prematuro de trigêmeos aos seis meses de gestação, do qual os dois bebês sobreviventes viveram apenas um dia), ela não titubeia nem um segundo em dizer que será a última vez. “Combinei com minha irmã que se essa tentativa não der certo, a próxima inseminação será feita nela.”

A “barriga de aluguel” será a dentista Patrícia Monteiro, 31, que já tem dois filhos e queria ter bem mais, não fosse o aperto financeiro. Por valorizar tanto o papel de mãe, ela propôs, ao lado do marido, o “aluguel”. “Não vai ser fácil pra mim. Mas já estou com a cabeça feita.” Cynthia também se diz preparada. “Deixarei de viver a gestação, mas a coragem que tive de me submeter a tantas tentativas deixa claro: acredito que todo esforço vale a pena para realizar meu sonho”, garante.J

Bloqueador de Celular

Com a série de ataques em São Paulo, os bloqueadores de celulares foram para o centro do debate sobre segurança. Saiba como funcionam.

Os bloqueadores de sinal são equipamentos que “poluem” determinadas freqüências de ondas, fazendo com que os aparelhos que operam nela não funcionem.

No caso dos celulares, o bloqueador emite um sinal muito forte, que congestiona toda a freqüência e não permite que os aparelhos se comuniquem.

“É como se duas estações de rádio tentassem transmitir na mesma frequência. Ninguém conseguiria ouvir nada”, compara Eduardo Tude, presidente do Teleco.

Para bloquear os celulares dentro de uma determinada área – uma penitenciária, por exemplo – é preciso montar um sistema com alguns pontos de emissão de sinal.

É fundamental que os bloqueadores emitam sinal tanto na freqüência de 800 GHz, na qual funcionam a banda A e a banda B de celular, quanto na faixa de 1.800 GHz, que corresponde às bandas D e E.

Entre os poucos presídios que contam com sistema de bloqueio de sinal, alguns possuem aparelhos obsoletos que não atuam na faixa de 1.800 GHz, conforme o próprio Departamento Penitenciário Nacional (Depen) confirmou.

A potência destes equipamentos pode ser regulada de acordo com a área que se quer atingir, portanto, se a rede for bem montada, o sinal não deve atrapalhar a comunicação às áreas próximas aos presídios.

O mesmo não aconteceria se, conforme foi proposto durante a crise de segurança em São Paulo, as antenas de celular fossem desligadas.

Neste caso, todas as pessoas localizadas em um raio de, em média, sete quilômetros – dentro ou fora da prisão – não conseguiriam utilizar o telefone.

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) publicou em 2002 a norma de uso de bloqueadores de sinais de radiocomunicação em presídios. Segundo a agência, a responsabilidade de instalar os equipamentos, no entanto, é do governo do Estado, não do órgão de regulação nem das operadoras de celular.

Isto pode mudar, contudo, já que Ministério Público Federal entrou nesta quarta-feira (17/05) com uma representação para que as operadoras passem a ser responsáveis por instalar os sistemas nas penitenciárias. O próprio ministro das Comunicações, Hélio Costa, já admite essa possibiliade.

Segundo o professor João Zuffo, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, o preço de um bloqueador pode variar de 100 dólares a 4 mil dólares.

Os equipamentos só podem ser vendidos a órgãos autorizados, medida de segurança para evitar que caiam em mãos erradas, como a de terroristas.

Centrais clandestinas
Os celulares são apenas um dos elementos das redes de comunicação estabelecidas entre os criminosos que estão dentro e fora dos presídios.

Em alguns casos, as organizações criminosas usam aparelhos de PABX – encontrados facilmente no mercado, em centros de venda de eletrônicos, como a Santa Ifigênia, em São Paulo – para conectar os usuários.

Estas centrais telefônicas utilizam linhas fixas e ficam baseadas em algum dos pontos ocupados pela quadrinha fora dos presídios.

Funciona da seguinte forma: a central liga de uma linha fixa para o celular do detento e depois o conecta, via conferência, a outro número qualquer – fixo ou móvel, de dentro ou de fora do presídio.

Assim, os celulares – muitas vezes pré-pagos – são usados apenas como um ramal para que os membros da organização conversem entre si e não necessariamente para originar chamadas de dentro da prisão.

terça-feira, maio 16, 2006

my number - tegan & sara

showers pounding out a new beat
I trade my old shoes for new feet
I grab a new seat
I don't like the one I got the fabric's wearing through
and it's wearing me out
you're wearing me down
watching old baseball games and low budget telethons
ain't like watching you yourself when you yourself is on
got time to wander to waste and to whine
but when it comes to you
it seems like I just can't find the time
so watch your head and then watch the ground
it's a silly time to learn to swim when you start to drown
it's a silly time to learn to swim on the way down
if I gave you my number would it still be the same
if I, if I saved you from drowning promise me you'll
never go away oh
promise me you'll always stay
closed down the last local zoo
I'm gonna win the endless war
over who kills the last koala bear
and who in death will love him more and I
he grabs me by the hand
drags me to the shore and says
maybe you don't love me
but you'll grow to love me even more
and I well I'm not surprised
if I gave you my number would it still be the same
if I, if I saved you from drowning promise me you'll
never go away oh
promise me you'll always stay
showers pounding out a new beat
I trade my old shoes for new feet
I grab a new seat
I don't like the one I got the fabric's wearing through
and it's wearing me out
you're wearing me down oh oh
you're wearing me down oh oh
so watch your head and then watch the ground
it's a silly time to learn to swim when you start to drown
it's a silly time to learn to swim when you start to drown
if I gave you my number would it still be the same
if I, if I saved you from drowning promise me you'll
never go away oh
if I gave you my number would it still be the same
if I, if I saved you from drowning promise me you'll
never go away oh
promise me you'll always stay
promise me you'll always stay

Vocalista do Radiohead lança disco solo

Vocalista do Radiohead, Thom Yorke se prepara para lançar seu primeiro disco solo,"The Eraser", em julho. Yorke disse não querer ouvir rumores sobre racha no grupo musical: "Tudo foi feito com a benção da banda".

O álbum foi arranjado por Nigel Godrich, produtor freqüente do Radiohead. A arte da capa do disco é assinada por Stanley Donwood, mais um que trabalhou com a banda.

Atualmente, o Radiohead está em turnê e, de acordo com Yorke, compondo novas músicas. Após o fim da temporada, em agosto, o plano é voltar para o estúdio e gravar o sétimo álbum.

neil young

"Piece Of Crap"

Tried to save the trees
Bought a platsic bag
The bottom fell out
It was a piece of crap

Saw it on the tube
Bought it on the phone
Now you're home alone
It's a piece of crap

I tried to plug in it
I tried to turn it on
When I got it home
It was a piece of crap

Got it from a friend
On him you can depend
I found out in the end
It was a piece of crap

I'm trying to save the trees
I saw it on TV
They cut the forest down
To build a piece of crap

I went back to the store
They gave me four more
The guy told me at the door
It's a piece of crap

"Antes, a gente só sabia de situação assim pela TV"

PAULO SAMPAIO
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

"Está inaugurado o terror nos Jardins. É a primeira vez que eu vejo esse pânico num bairro de elite de São Paulo. Antes, a gente só sabia de situações assim no Rio de Janeiro, e pela TV", diz a psicóloga Sheila Souza, 47, duas filhas, moradora da região.
São 15h30 de segunda e Sheila é a única pedestre na calçada da rua Oscar Freire, entre a Consolação e a Bela Cintra, trecho famoso pelo comércio mais sofisticado do país; a via está vazia, com as lojas fechadas, a atmosfera é de feriado.
A Folha circulou na tarde de ontem por três regiões ricas da cidade para saber como seus moradores, freqüentadores e trabalhadores reagiam às notícias (e aos boatos) de bombas e rajadas disparadas contra estabelecimentos comerciais e escolas.
"Todo mundo na minha classe começou a chorar", conta a menina Milena, 6, cujo pai, o vendedor Hélio Crepaldi, 50, largou tudo no trabalho para buscá-la na escola municipal Monteiro Lobato, em Higienópolis.
"Fiquei apavorado quando soube de um tiroteio na esquina da [rua] Piauí com a Bahia", diz o vendedor, que, para pegar a filha, teve de pular o muro da escola. "Ela não vem mais, até essa guerra acabar", resolve Crepaldi, abraçando a filha ainda trêmulo.
A poucos metros dali, uma moradora idosa, que prefere não ser identificada, tenta pegar um táxi. "Saí para caminhar e agora não tenho coragem de voltar pra casa. A confusão chegou aqui."
"Hoje os taxistas farão a festa", estima a vendedora Rita Freitas, 29, que espera condução na alameda Gabriel Monteiro da Silva, conhecido corredor de lojas de decoração. O comércio de luxo ali encerrou o expediente por volta das 16h, quando o habitual é às 18h (segundo se informa no local). Tudo por causa do medo.
A Daslu, luxuosa multimarcas, dispensou os empregados por volta das 16h.O shopping Iguatemi, o mais elitizado da cidade, terminou o dia às 21h.
"Eles fecham as lojas porque querem. Pergunta se conhecem alguém que foi atingido por uma bomba. Não sabem nem se explodiram todas as que ouviram dizer", afirma o sargento Paiva, que atua na região dos Jardins.
"Nossa função é prender bandido, mas é tanta corrupção, no Congresso e na cadeia, que a gente não sabe mais quem é quem. Medo eu também tenho, mas alguém tem de combater o crime", afirma o sargento.

À míngua
De acordo com os vendedores e gerentes das lojas, o movimento caiu muito a partir do meio-dia.
"No sábado, mais de 400 pessoas entraram na loja; pelo menos 160 compraram alguma coisa. Hoje, no máximo dez entraram até agora (por volta das 15h)", afirma Carmita Ornelas, 45, gerente da Adidas nos Jardins.
Na mesma calçada, três jornalistas de moda cariocas diziam estranhar a reação de pânico dos paulistanos.
"Gente, as pessoas estão apavoradas. Não sei se é porque a gente se acostumou com esse tipo de situação, mas eu não vi nada até agora que justificasse a correria", diz Thaís Amormino, 28; óculos escuros grandes, redondos, ela caminha alegremente com sacolas de compras e os amigos João Felipe Toledo, 25, e Fred Tauil, 22.
À entrada do restaurante Rubayat, na rua Haddock Lobo, onde o ambiente tranqüilo parece imune ao "terror", garrafas de champanhe Veuve Clicquot e Möet et Chandon repousam no gelo. "Viemos às compras em São Paulo e encontramos tudo fechado", afirma o advogado Marcos Mamede, 29, de Brasília, que come com a mulher.
Os empresários franceses Marc Oliveira, 43, e Jean Paul Rossi, 60, que há três dias estão em São Paulo, caminham calmamente pelos Jardins. Será que eles não sabem dos acontecimentos? "Sim, sabemos. Só não entendemos como é que um país desse tamanho, cheio de petróleo, rico, perde a partida para o crime. Olha o medo em volta: o PCC ganhou."

Saddam é formalmente denunciado por cometer crimes contra a humanidade

Após sete meses de julgamento, ex-ditador do Iraque fica mais próximo da pena de morte

John F. Burns
em Bagdá

Após sete meses de um julgamento que ele transformou em um espetáculo de desafio, Saddam Hussein se confrontou na segunda-feira (15/05) com uma denúncia oficial de crimes contra a humanidade, um passo que parece deixá-lo um passo mais próximo da pena de morte.

Desde o início do julgamento, em outubro do ano passado, Saddam tem dominado os procedimentos no tribunal. Ele usou a plataforma que lhe foi proporcionada na forma de transmissões televisivas ao vivo por todo o Oriente Médio para acusar os juízes de serem fantoches da ocupação norte-americana, retirar-se da sala do tribunal e fazer uma greve de fome, além de discursar incoerentemente, encorajando os insurgentes a combater as tropas dos Estados Unidos.

Ele foi auxiliado por acontecimentos caóticos, incluindo a renúncia do juiz-chefe original, após três meses de julgamento, assassinatos de um juiz e de dois advogados de defesa, e um clima marcado pela fadiga judicial e por procedimentos administrativos atabalhoados, que fizeram com que até o momento tenham sido acumuladas apenas 24 horas de julgamento, o que corresponde a uma média de menos de quatro horas por mês.

Mas na segunda-feira, as chances de Saddam escapar da pena de morte pareceram diminuir quando um grupo de cinco juízes aprovou denúncias de crimes contra a humanidade que teriam sido praticados pelo ex-presidente do Iraque e sete outros réus. O julgamento gira em torno da execução de 148 moradores xiitas da cidade de Dujail, depois de uma tentativa de assassinato contra Saddam Hussein, ocorrida naquele local em 1982.

É quase certo que a acusação implique na pena de morte, provavelmente por enforcamento.

Segundo o juiz-chefe do tribunal, Raouf Abdel-Rahman, as ações ordenadas por Saddam ou realizadas sob a sua autoridade, consideradas em conjunto, atendem aos padrões da lei internacional para a definição de crimes contra a humanidade. A denúncia definiu os crimes de Saddam como correspondendo a "um ataque generalizado e sistemático dirigido contra uma população civil", envolvendo assassinatos, deportações, torturas, prisões em condições que violaram as normas internacionais, desaparecimentos e "outros atos desumanos" que causaram grande sofrimentos ou danos físicos ou mentais.

Ao contrário do sistema judicial norte-americano, no qual os acusados são formalmente denunciados no início do julgamento, o sistema iraquiano só prevê uma denúncia formal após as evidências apresentadas pela promotoria serem analisadas no tribunal. A denúncia lida na segunda-feira, conhecida como um documento de acusação formal, se constitui nas manifestações iniciais dos juízes sobre as acusações que eles acreditam serem sustentadas pelas evidências.

De fato, o procedimento é um julgamento preliminar que desafia os advogados de defesa a apresentarem, na próxima fase do processo, evidências que neutralizem a denúncia. Essa fase tem início imediatamente após a denúncia da segunda-feira, com a primeira testemunha de defesa depondo em favor de um dos réus menos graduados.

Entre as testemunhas de defesa de Saddam, que só deverão aparecer depois de várias semanas, estarão membros de alto escalão do seu governo, que atualmente estão sob custódia militar norte-americana, segundo juristas ocidentais que trabalham no caso. Estes juristas insistiram em que os seus nomes não fossem divulgados, já que não estão autorizados a falar publicamente sobre o caso.

No caso de Saddam, a denúncia lida no tribunal na segunda-feira o acusa de ser o responsável por todas as etapas do sofrimento do povo de Dujail depois que membros de um proscrito partido religioso xiita atiraram contra o seu carro: o bombardeio e ataque com metralhadoras de helicópteros que mataram nove moradores da cidade logo após a tentativa fracassada de assassinato, a prisão de centenas de outros, as torturas e assassinatos que se seguiram em uma instalação da inteligência iraquiana em Bagdá, e, mais tarde, na prisão Abu Ghraib, a ordem de executar 148 homens e jovens, incluindo 32 com menos de 18 anos.

A denúncia também citou as mortes de 46 dos 148 indivíduos enquanto estavam detidos, pelo menos um ano antes de um tribunal revolucionário ordenar que fossem enforcados; a transferência de 700 moradores de Dujail para um remoto centro de detenção no deserto no sul do Iraque, onde mais pessoas morreram; a morte sob tortura de mulheres e crianças, bem como de homens e rapazes adolescentes; e a destruição da economia de subsistência de Dujail, com a erradicação das plantações de tamareiras e pomares, e a demolição de centenas de casas.

A fase do tribunal destinada à defesa deverá durar dois ou três meses, segundo especialistas em direito. Eles dizem que a tal fase se seguirá um recesso de talvez outros três meses enquanto os juízes avaliam os veredictos e as sentenças. Segundo os especialistas, o julgamento não terminará antes de setembro, mas eles admitem que a conclusão do processo poderá demorar mais vários meses caso o tribunal retroceda para o caos que caracterizou grande parte dos procedimentos iniciais.

Se Saddam ou outros réus forem condenados à morte, os veredictos serão automaticamente objeto de apelação por um tribunal de nove juízes, que, segundo os especialistas, poderiam levar de seis meses a um ano para emitir um parecer final. Todo esse processo poderá fazer com que uma resolução final só seja tomada em 2008. A lei iraquiana estabelece um prazo de 30 dias para que a pena de morte seja cumprida depois que as apelações forem negadas, e deixa pouco espaço para adiamentos.

Mas o tempo de vida de Saddam poderá depender do seu julgamento em um segundo caso, envolvendo a morte de 50 mil curdos iraquianos na chamada campanha de Anfal, no final da década de 1980, quando forças iraquianas usaram armas químicas contra habitantes de vilas curdas. O presidente iraquiano, Jalal Talabani, um curdo, disse que os curdos desejarão que Saddam seja julgado com relação àquele caso antes de ser enforcado.

Como existe apenas uma sala de tribunal em um edifício de segurança máxima na chamada Zona Verde de Bagdá, os juízes que julgam os ex-líderes iraquianos esperam dar início aos procedimentos relativos ao caso de Anfal tão logo o tribunal entre em recesso para avaliar os veredictos sobre o caso de Dujail, possivelmente já em agosto.

Saddam, 69, recebeu a denúncia relativa ao caso de Dujail na segunda-feira com um desdém característico, recusando-se a responder quando Abdel-Rahman exigiu que ele ficasse de pé e respondesse se é ou não culpado das acusações.

"Não posso lhe fornecer uma resposta curta a uma longa apresentação que desprezou todos os testemunhos dados neste tribunal", disse Saddam. "Não me importa se você ou alguém mais escreveu essa denúncia. Isto é algo que não desarrumará um fio de cabelo da minha cabeça". A resposta foi mais uma alusão àquilo que tem sido o tema central das suas tempestuosas declarações: a acusação de que os juízes e os promotores são fantoches dos norte-americanos.

Saddam explorou um outro tema favorito, o de que ele é o presidente legal do Iraque, estando imune a julgamentos. "Vocês estão defronte a Saddam Hussein, o presidente da República do Iraque", disse ele, com a intensidade da voz aumentando em um crescendo estridente. Abdel-Rahman contra-argumentou: "Você é um réu!", provocando uma nova resposta de Saddam. "Eu sou o presidente da República pela vontade dos iraquianos, e eu respeito essa vontade", disse ele.

Ao acusar todos os oito réus de crimes contra a humanidade, os juízes descartaram a possibilidade de acusações menos sérias contra quatro réus menos graduados, ex-autoridades locais de Dujail, uma cidade preponderantemente xiita no centro da região árabe sunita, 56 quilômetros ao norte de Bagdá. Agora, eles se juntam a Saddam e a três auxiliares de alto escalão - Barzan Ibrahim al-Tikriti, meio-irmão do ex-presidente e ex-chefe da inteligência; Taha Yassin Ramadan, ex-vice-presidente e líder do Exército Popular; e Awad al-Bandar, ex-procurador geral do tribunal revolucionário -, integrando o grupo que possivelmente será condenado à morte.

Todos alegaram inocência em voz alta, e, como Saddam, foram assinalados nos autos como tendo afirmado não serem culpados. Em cada um dos casos, Abdel-Rahman advertiu os réus e seus advogados. Ele disse que os ex-subordinados de Saddam não escaparão de serem sentenciados dizendo que estavam apenas cumprindo ordens. Abdel-Rahman disse ainda que Saddam e outros réus de alto escalão serão julgados segundo um padrão de legislação internacional que torna os líderes responsáveis por ações sobre as quais tinham conhecimento, sobre as quais deveriam ter conhecimento, ou que não impediram que ocorressem.

Apesar da natureza conturbada dos procedimentos, o tribunal anunciou as denúncias com o novo sentido de urgência e de ordem que tomou conta de todo o processo desde que Abdel-Rahman assumiu o controle sobre o caso em janeiro. Até mesmo Ibrahim, o meio-irmão de Saddam, pareceu ter moderado a sua usual arrogância indignada, ao responder às acusações de crime contra a humanidade, admitindo a probabilidade de ser condenado à morte. "Eu não tenho medo da morte, porque esse é o nosso destino", disse ele. "Tudo o que eu peço é a misericórdia de Deus".

Murmuramos - todos - tolices sobre a pena de morte

Pânico no galinheiro

DEMÉTRIO MAGNOLI

COLUNISTA DA FOLHA

O PCC deflagrou ontem a guerra da informação. Existiram, aqui e ali, disparos reais, mas sobretudo os bandidos dispararam aleatoriamente chamadas telefônicas ameaçadoras. BUUU! A cidade de São Paulo reagiu como um imenso galinheiro. Rumores correram soltos, desatando reações em cadeia. Sob o influxo do boato, comerciantes baixaram portas de aço, pais assustados correram às escolas para resgatar as crianças e empresas suspenderam o serviço. De um bairro a outro, a cidade apagou-se ao longo da tarde.
Sarajevo, a capital da Bósnia-Herzegóvina, não renunciou à vida, nem sob sítio e debaixo das rajadas de franco-atiradores. Os mercados de Bagdá funcionaram em meio aos estrondos das bombas e mísseis dos ataques norte-americanos. Londres não parou durante os bombardeios aéreos alemães, na Segunda Guerra Mundial. Mas São Paulo curvou-se à delinqüência comum. Vergonha!
A culpa é dos governantes? Sempre, em primeiro lugar, a culpa é deles. Atônitas, cercadas por numerosas assessorias inúteis, as autoridades estaduais e federais entregaram-se desde domingo ao jogo eleitoral, elaborando declarações maliciosas sobre seus adversários. Mas esses especialistas na baixa política não foram capazes de identificar o sentido da operação do PCC e, na prática, renunciaram a governar.
Na hora da primeira série de ataques coordenados, o governo do Estado de São Paulo tinha a obrigação de centralizar as forças policiais em um comando único de emergência. Em vez disso, talvez inspirado nas ações dos comandantes do Exército que, no Rio de Janeiro, firmaram um acordo fétido com o Comando Vermelho, ele preferiu iniciar negociações sigilosas com os chefes da delinqüência.
De nada servem um governador e um secretário da Segurança impotentes diante de uma guerra de rumores. Ontem, enquanto os cidadãos se acovardavam, os boletins de notícias desempenhavam involuntariamente o papel destinado a eles no planejamento dos bandidos. Mas não passou pela cabeça vazia das autoridades o recurso elementar de, usando a legislação disponível, colocar a TV e o rádio em rede oficial, por todo o tempo necessário, a fim de desfazer a boataria, chamar as pessoas à razão e impedir o cancelamento da vida normal.
A culpa é só dos governantes? Não, mil vezes não! São Paulo conheceu ontem os efeitos psicológicos da indústria do medo. A classe média que não deixa os seus filhos circularem de ônibus e metrô, que se cerca de câmeras e alarmes, que passeia apenas em shopping centers e aspira comprar um automóvel blindado correu na direção de seus bunkers domésticos murmurando tolices sobre a pena de morte. No começo da noite, um manto de silêncio desceu sobre a cidade. Vergonha!

segunda-feira, maio 15, 2006

AS SETE CHAVES DE DA VINCI

1 BUSQUE A VERDADE (CURIOSITÀ) Na busca de compreender a origem da vida e os mistérios da criação, Leonardo estudou incansavelmente o corpo humano. Exemplar da curiosidade do artista, seu desenho do embrião humano foi a primeira representação do tema. Ele mostra como todos nascemos com o desejo de saber e buscar a verdade. No livro, Gelb afirma: cada criança nasce com um potencial de genialidade, que, na maior parte dos casos, é perdido gradativamente ao longo dos anos. No livro, o consultor salienta que um dos passos para resgatar essa semente original é se tornar de novo uma criança, procurando observar o mundo e os outros com o olhar infantil da inocência, do não-julgamento e do interesse a respeito da vida.

2 ASSUMA A RESPONSABILIDADE (DIMOSTRAZIONE) Leonardo ajudou a construir uma visão de mundo original, baseada na observação e na experiência. Numa época em que prevaleciam o obscurantismo e os dogmas impostos pela Igreja, o artista sofreu inúmeras acusações. Porém nunca perdeu a coragem de persistir em suas pesquisas, considerando-se responsável por seus próprios julgamentos e procurando libertar- se de idéias e opiniões préconcebidas. “A maior ilusão que acomete o homem vem de suas próprias opiniões”, escreveu em seus cadernos. Ao cultivar o princípio da demonstração, ele mostrava que somos responsáveis por nossos atos, pensamentos e intenções. Ou seja, quando nos tornamos artífices dos resultados de nossa vida, fazemos escolhas mais sábias.

3 AGUÇE A PERCEPÇÃO (SENSAZIONE) Podemos desenvolver a percepção refinando os sentidos, como fez Leonardo. Assim ele viu coisas que ninguém mais era capaz de ver, como os detalhes dos movimentos de um pássaro e as nuances da luz do pôr-do-sol, que reproduziu em seus quadros. Para isso, alimentou sua sensibilidade perceptiva: trabalhava ao som de boa música, apreciava a textura dos tecidos finos, criou sua própria colônia (feita de lavanda e água de rosas) e se cercava de elegância e beleza. Fazia tudo isso não só para gozar tais prazeres, mas porque acreditava que “os sentidos são os sacerdotes da alma”, conforme escreveu. Para elevar a sensazione ao nível espiritual, é preciso despertar nosso olhar interior, ficar atento ao momento presente e sentir a alma de cada criatura viva, enxergando em cada uma delas a obra do Criador, como fez Da Vinci.

4 ENFRENTE A SOMBRA (SFUMATO) Essa palavra, derivada do latim fumus, descreve a qualidade brumosa e misteriosa das pinturas de Leonardo – e o melhor exemplo é a Mona Lisa. O efeito era complementado por outra técnica criada por ele: o chiaroscuro, o dramático contraponto de luz e sombra. Em muitas de suas obras, as figuras emergem da escuridão para a luz, da mesma forma que o artista representava o lado negro da natureza humana – inclusive o seu próprio. No século 20, o psicólogo suíço Carl Jung referiu-se a esse lado escuro como a sombra, enfatizando que, ao reprimi- la ou negá-la, só aumentamos seu poder. Como ela é inconsciente, para canalizar sua energia em direções positivas, diz Gelb, precisamos reconhecer o que projetamos sobre outras pessoas e começar a reconhecer as manifestações de juízos exageradamente negativos sobre os outros, os sentimentos de inveja ou superioridade e as ações movidas pelo impulso cego.

5 CULTIVE O EQUILÍBRIO (ARTE/SCIENZA) O que faz de Mona Lisa uma pintura tão fascinante? Um dos fatores é, certamente, o feito de Leonardo conciliar arte e ciência, a habilidade técnica e o conhecimento da anatomia com a fantasia de criador. Dono de uma arguta mente científica, interessado em física, química e matemática, ele aconselhava seus estudantes a contemplar formas abstratas, como nuvens e fumaça, como um estímulo à imaginação. O ar ambíguo de Mona Lisa a tornou um símbolo universal da representação do equilíbrio entre masculino e feminino, luz e sombra, energia yin (ativa e assertiva) e yang (passiva e receptiva). Segundo Michael Gelb, é um modelo de comportamento que significa saber discernir os momentos em que devemos ser pacientes e receptivos ou impetuosos e empreendedores.

6 ALIMENTE A INTEGRAÇÃO (CORPORALITÀ) A famosa ilustração de Leonardo chamada Homem Vitruviano (um corpo nu de braços e pernas abertos, circunscrito em um quadrado e um círculo) se tornou um símbolo universal da integração de mente, corpo e espírito. Apesar da busca pela beleza, em seus estudos de anatomia o artista procurou entender os segredos do corpo e, assim, alcançou uma nova compreensão da saúde e da cura. Entendimento que é quase uma profecia da abordagem holística (de holos, “todo” em grego) da medicina atual. “Os antigos chamavam o homem de microcosmo”, escreveu da Vinci, “e com certeza o termo foi bem escolhido.” Tanto que ele aconselhava: “Aquele que deseja manter-se em boa saúde deve evitar estados de espírito soturnos e manter a mente alegre”. Leonardo cultivava esse viés holístico em seus estudos, sempre procurando estabelecer conexões e compreender a relação entre as partes no todo. Por isso, em seu livro, Gelb nos convida a entender o corpo não só como um templo do espírito mas como um sistema de energia, cujo fluxo deve estar em harmonia com o do mundo ao redor.

7 PRATIQUE O AMOR (CONNESSIONE) Em inúmeras pinturas de Leonardo, especialmente as Madonas, transparece a intenção de retratar a face do amor divino. Para ele, o amor era a força por meio da qual se conectava a todo o resto. Tanto que escreveu: “O amor por si só me recorda de que é somente o amor que me faz consciente”. Em seus quadros, ao retratar com precisão a natureza, ele revelava seu amor pelas criações de Deus. Embora tenha se baseado em observações e análise científicas, e não em filosofia religiosa, a intuição de Leonardo sobre o padrão que liga tudo também se reflete na sabedoria espiritual universal. Por isso, sua lição é aprimorar conscientemente nossa conexão com algo maior que nós, todos os dias, por meio da prática do amor e de virtudes como gentileza, perdão, compaixão e caridade. Assim, disse Leonardo, “a virtude é nosso verdadeiro bem e a verdadeira recompensa daquele que a possui. Ela encontra abrigo em um coração nobre, assim como os pássaros nos galhos floridos das árvores”.

quinta-feira, maio 11, 2006

Policiais anunciam greve no festival de Cannes

da Folha Online

Os policiais que atuam na área de Cannes, na França, anunciaram que farão uma greve de duas horas durante a realização do festival internacional de cinema. A festa começa no dia 17 de maio, com a exibição do polêmico "O Cógido Da Vinci", e termina dia 28.

O comando policial de Cannes destaca, anualmente, centenas de policiais para trabalhar nos dias do festival. O motivo do protesto é para pedir mudança de condições de trabalho e a demissão do chefe de polícia local.

Os protestos estão programados para ocorrer em frente do Palais des Festivals no terceiro dia do evento (19).

Com agências internacionais

Para entender o cinema brasileiro

A maioria das obras essenciais sobre o tema foi escrita entre 1960 e 1980, com destaque para Paulo Emilio Salles Gomes

POR ALEXANDRE AGABITI FERNANDEZ
Cena de Terra em transe, de Glauber Rocha, que fez filmes e refletiu sobre o cinema

A despeito da considerável quantidade de livros sobre cinema brasileiro que vem sendo lançada nos últimos anos, a esmagadora maioria das obras essenciais sobre o tema foi escrita entre os anos 1960 - quando começou a ser constituída uma tradição crítica - e 1980. Cabe ressaltar a importância de Paulo Emilio Salles Gomes (1916-1977), responsável pela formação da primeira geração de pesquisadores dedicados ao tema, muitos deles autores dos livros citados a seguir.

Burguesia e cinema: o caso Vera Cruz é um estudo pioneiro sobre a primeira e malograda tentativa de implantação de uma indústria cinematográfica em moldes hollywoodianos, entre os anos de 1949 e 1954. Nele, Maria Rita Galvão procura compreender a empreitada como manifestação do poder da burguesia industrial paulista, capaz de financiar a produção de filmes, vistos como expressão ideológica dessa classe social. Parte da produção da Vera Cruz é tratada em Revisão crítica do cinema brasileiro, nos capítulos dedicados a Alberto Cavalcanti e Lima Barreto. O livro afirma um programa estético e político para o cinema brasileiro, critica o modelo faraônico da Vera Cruz e defende a invenção de uma linguagem adaptada à exigüidade de recursos. A partir dessas concepções, Glauber Rocha vê Humberto Mauro como um predecessor do cinema novo, assim como o cinema independente dos anos 1950.

Glauber Rocha continua no centro das atenções de Ismail Xavier em Alegorias do subdesenvolvimento, que discute Terra em transe como resposta às perplexidades geradas pelo golpe militar de 1964. O ensaio toma a alegoria como noção capaz de estabelecer identidades e diferenças entre este filme e outras obras capitais do período 1967-1970, como O bandido da luz vermelha, Brasil ano 2000, Macunaíma, O dragão da maldade contra o santo guerreiro, O anjo nasceu, Matou a família e foi ao cinema e Bang bang.

Os anos de chumbo também são focalizados em Cinema, estado e lutas culturais - anos 50, 60, 70, que investiga o impacto da ação estatal na produção cinematográfica. A ênfase recai sobre as décadas de 1960 e 1970, quando surgiram o INC (Instituto Nacional de Cinema) e a Embrafilme, órgãos encarregados de pôr em prática a política cinematográfica do regime militar. O sociólogo José Mário Ortiz Ramos reflete sobre as relações cinema-Estado procurando delinear os contextos e mecanismos de produção das obras em um período marcado por intensa politização. Ramos está especialmente atento a uma questão: a da relação de forças na produção cinematográfica, que aparece no comportamento dos cineastas diante do Estado ditatorial, na constante luta pela hegemonia no campo cultural.

Considerado o ensaio mais célebre e polêmico de Paulo Emilio Salles Gomes, Cinema: trajetória no subdesenvolvimento marcou o debate cinematográfico nos primeiros anos da década de 1970 com sua defesa incondicional do filme brasileiro. Constatou o enfraquecimento do cinema novo, o desespero da nova geração que poderia renová-lo e associou o subdesenvolvimento à estética do cinema nacional - como já havia feito Glauber Rocha no ensaio Uma estética da fome.

O documentário é o tema de Cineastas e imagens do povo, de Jean-Claude Bernardet, a mais densa obra dedicada ao tema no Brasil. Trata dos documentários mais importantes produzidos entre os anos 1960 e meados da década de 1980, caracterizados por forte conteúdo político e intenções pedagógicas. Alguns filmes bem mais recentes - que enriqueceram o gênero com novas abordagens estéticas e ideológicas - foram incluídos na reedição do livro, em 2003.

O cinema contemporâneo tem sido objeto de estudos, entre os quais se destaca Cinema de novo, um balanço crítico da produção brasileira de meados dos anos 1990 a 2003. Luiz Zanin Oricchio discute os filmes do período a partir do modo pelo qual representam o Brasil e se relacionam com o público. A análise dialoga constantemente com a produção dos anos 1960, especialmente com o cinema novo, pois destaca temas caros a este, como identidade nacional, a relação com o outro, a representação da história, a violência, a vida privada, a política, o sertão e a favela, as relações de classe.

Entre as obras coletivas que sistematizam a evolução do nosso cinema, cabe mencionar História do cinema brasileiro, organizada por Fernão Ramos. O livro é uma boa introdução ao tema, pois traz uma visão "horizontal" da produção cinematográfica brasileira dos primórdios ao fim dos anos 1980, e não deixa de apresentar detalhes de certos aspectos.

OS DeZ LIVROS

Burguesia e cinema: o caso Vera Cruz,
Maria Rita Galvão.
Editora Civilização Brasileira
Revisão crítica do cinema brasileiro,
Glauber Rocha.
Cosac & Naify
Brasil em tempo de cinema,
Jean- Claude Bernardet.
Editora Paz e Terra
Sertão mar – Glauber Rocha e a estética da fome,
de Ismail Xavier
Editora Brasiliense
Alegorias do subdesenvolvimento,
de Ismail Xavier.
Editora Brasiliense
Cinema, Estado e lutas culturais – anos 50, 60, 70,
José Mário Ortiz Ramos.
Editora Paz e Terra
Cinema: trajetória no subdesenvolvimento,
de Paulo Emilio Salles Gomes.
Paz e Terra
Cineastas e imagens do povo,
de Jean- Claude Bernardet.
Companhia das Letras
Cinema de novo,
Luiz Zanin Oricchio.
Estação Liberdade
História do cinema brasileiro,
Fernão
Ramos (org.). Art Editora

dicionário

cenobita

{verbete}
Datação
sXIV cf. IVPM

Acepções
adjetivo e substantivo de dois gêneros
1 que ou aquele que vive em comunidade, esp. nos primeiros tempos do cristianismo (diz-se de monge)
2 Derivação: por extensão de sentido.
que ou quem vive retirado do mundo, ger. em comunidade com interesses comuns


Etimologia
lat.tar. cenobíta,ae 'cenobita, monge', de cenóbio, prov. pelo fr. cénobite (sXIII) 'id.'; ver 2cen(o)- e bio; f.hist. sXIV cenobaita, sXV cenobita

Antônimos
anacoreta

dicionário

Tésis

{verbete}
Datação
sXIX

Acepções
substantivo feminino
1 Rubrica: dança, música.
na dança e na música dos antigos gregos, tempo forte (aquele em que o ritmo era marcado com os pés batendo no chão)
2 Rubrica: música.
na música medieval, abaixamento da voz
3 Rubrica: música.
a parte forte (acentuada) de um grupo rítmico
4 Rubrica: versificação.
m.q. tese


Etimologia
gr. thésis,eós 'ação de colocar, de arranjar, de pôr em algum lugar, conclusão mantida por raciocínio, tempo musical marcado, compasso', do v.gr. títhémi 'colocar, assentar, marcar', esp. referido em música e dança à parte em que o pé batia no chão e marcava o compasso, pelo lat. thèsis,is 'id.'; cp. tese; ver tese e tema-

dicionário

tese

{verbete}
Acepções
■ elemento de composição
pospositivo, do gr. thésis,eós 'ação de colocar, de arranjar, de pôr em algum lugar' (de uma raiz the 'pôr'), conexo com o v.gr. títhémi 'pôr, colocar, arranjar, dispor, instituir'; o lat. thesis, bem como alguns der. gr. considerados a seguir, foram intermediários, quase sempre na linguagem filosófica, de certos cultismos dessa base das línguas de culturas modernas; em port., além de tese, há antimetátese, antítese, apótese, citótese, diátese, éctese, epêntese, epítese, hipótese, metátese, parêntese, prótese, síntese, xenêntese; trata-se de subst. cultos dos inícios do sXIX em diante, não raro sob a f. inicial de tesis (-thesis), com adj. canonicamente conformes com o próprio gr. thetikós,ê,ón 'próprio e adequado a ser posto ou colocado em', donde, em port., antimetatético, antitético, apotético, citotético, diatético, epentético, epitético, hipotético, metatético, parentético, protético, sintético, xenentético; algumas neologias aparecem daí derivadas vernacularmente: antitesia, antitética, apotesina, diatésico/diatético, epentética, hipotético-dedutivo, hipotético-indutivo, metatizar, parentesar, parentesiação, parentesiar, protesear, protésico, xenentésico, entre outras; ver tema-

dicionário

Hipótese

{verbete}
Datação
1713 cf. RB

Acepções
substantivo feminino
1 proposição que se admite, independentemente do fato de ser verdadeira ou falsa, mas unicamente a título de um princípio a partir do qual se pode deduzir um determinado conjunto de conseqüências; suposição, conjectura
2 suposição, conjectura, pela qual a imaginação antecipa o conhecimento, com o fim de explicar ou prever a possível realização de um fato e deduzir-lhe as conseqüências; pressuposição, presunção
Ex.: na h. de chover amanhã, o passeio será adiado
3 Rubrica: filosofia.
proposição (ou conjunto de proposições) antecipada provisoriamente como explicação de fatos, fenômenos naturais, e que deve ser ulteriormente verificada pela dedução ou pela experiência; conjectura
4 Rubrica: filosofia.
vasta explicação científica, metódica e organizada, mas ainda não provada
Ex.:
5 Rubrica: matemática.
aquilo que se toma como dados de um problema (ou como enunciações) e a partir do qual se parte para demonstrar um teorema
Ex.: por h., o lado AB é igual ao BC


Locuções
h. acrecionária ou de acreção
Rubrica: astronomia.
hipótese segundo a qual a Terra se teria formado pelo acréscimo de corpos sólidos que foram atraídos pela gravitação terrestre
h. de Sapir-Whorf
Rubrica: lingüística.
teoria segundo a qual a estrutura de uma língua condiciona ou influencia em muito os modos de pensamento e de comportamento característicos do povo que a fala [Formulada pelos lingüistas n.-am. Benjamin Lee Whorf (1897-1941) e Edward Sapir (1884-1939), ela se opõe à postura da lingüística oitocentista, segundo a qual a concepção e a visão de mundo é que condicionam as bases diretas da cultura de um grupo social, esp. seu sistema lingüístico.]
h. ergódica
Rubrica: física estatística.
hipótese que afirma que, em uma superfície do espaço de fase de energia constante, uma trajetória passará eventualmente por todos os pontos desta, permitindo provar que a média no tempo de uma variável termodinâmica coincide com sua média quando calculada no espaço de fase [Há outras formulações desta hipótese.]
h. de Sapir-Whorf
Rubrica: lingüística.
teoria segundo a qual a estrutura de uma língua condiciona ou influencia em muito os modos de pensamento e de comportamento característicos do povo que a fala [Formulada pelos lingüistas n.-am. Benjamin Lee Whorf (1897-1941) e Edward Sapir (1884-1939), ela se opõe à postura da lingüística oitocentista, segundo a qual a concepção e a visão de mundo é que condicionam as bases diretas da cultura de um grupo social, esp. seu sistema lingüístico.]
h. ergódica
Rubrica: física estatística.
hipótese que afirma que, em uma superfície do espaço de fase de energia constante, uma trajetória passará eventualmente por todos os pontos desta, permitindo provar que a média no tempo de uma variável termodinâmica coincide com sua média quando calculada no espaço de fase [Há outras formulações desta hipótese.]
h. ergódica
Rubrica: física estatística.
hipótese que afirma que, em uma superfície do espaço de fase de energia constante, uma trajetória passará eventualmente por todos os pontos desta, permitindo provar que a média no tempo de uma variável termodinâmica coincide com sua média quando calculada no espaço de fase [Há outras formulações desta hipótese.]


Etimologia
gr. hupóthesis,eós 'ação de pôr embaixo, o que se põe por baixo, base, fundamento; princípio de algo; idéia fundamental; suposição'; ver 1hip(o)- e tese; f.hist. 1713 hypothesis

Sinônimos
ver sinonímia de conjectura