segunda-feira, maio 15, 2006

AS SETE CHAVES DE DA VINCI

1 BUSQUE A VERDADE (CURIOSITÀ) Na busca de compreender a origem da vida e os mistérios da criação, Leonardo estudou incansavelmente o corpo humano. Exemplar da curiosidade do artista, seu desenho do embrião humano foi a primeira representação do tema. Ele mostra como todos nascemos com o desejo de saber e buscar a verdade. No livro, Gelb afirma: cada criança nasce com um potencial de genialidade, que, na maior parte dos casos, é perdido gradativamente ao longo dos anos. No livro, o consultor salienta que um dos passos para resgatar essa semente original é se tornar de novo uma criança, procurando observar o mundo e os outros com o olhar infantil da inocência, do não-julgamento e do interesse a respeito da vida.

2 ASSUMA A RESPONSABILIDADE (DIMOSTRAZIONE) Leonardo ajudou a construir uma visão de mundo original, baseada na observação e na experiência. Numa época em que prevaleciam o obscurantismo e os dogmas impostos pela Igreja, o artista sofreu inúmeras acusações. Porém nunca perdeu a coragem de persistir em suas pesquisas, considerando-se responsável por seus próprios julgamentos e procurando libertar- se de idéias e opiniões préconcebidas. “A maior ilusão que acomete o homem vem de suas próprias opiniões”, escreveu em seus cadernos. Ao cultivar o princípio da demonstração, ele mostrava que somos responsáveis por nossos atos, pensamentos e intenções. Ou seja, quando nos tornamos artífices dos resultados de nossa vida, fazemos escolhas mais sábias.

3 AGUÇE A PERCEPÇÃO (SENSAZIONE) Podemos desenvolver a percepção refinando os sentidos, como fez Leonardo. Assim ele viu coisas que ninguém mais era capaz de ver, como os detalhes dos movimentos de um pássaro e as nuances da luz do pôr-do-sol, que reproduziu em seus quadros. Para isso, alimentou sua sensibilidade perceptiva: trabalhava ao som de boa música, apreciava a textura dos tecidos finos, criou sua própria colônia (feita de lavanda e água de rosas) e se cercava de elegância e beleza. Fazia tudo isso não só para gozar tais prazeres, mas porque acreditava que “os sentidos são os sacerdotes da alma”, conforme escreveu. Para elevar a sensazione ao nível espiritual, é preciso despertar nosso olhar interior, ficar atento ao momento presente e sentir a alma de cada criatura viva, enxergando em cada uma delas a obra do Criador, como fez Da Vinci.

4 ENFRENTE A SOMBRA (SFUMATO) Essa palavra, derivada do latim fumus, descreve a qualidade brumosa e misteriosa das pinturas de Leonardo – e o melhor exemplo é a Mona Lisa. O efeito era complementado por outra técnica criada por ele: o chiaroscuro, o dramático contraponto de luz e sombra. Em muitas de suas obras, as figuras emergem da escuridão para a luz, da mesma forma que o artista representava o lado negro da natureza humana – inclusive o seu próprio. No século 20, o psicólogo suíço Carl Jung referiu-se a esse lado escuro como a sombra, enfatizando que, ao reprimi- la ou negá-la, só aumentamos seu poder. Como ela é inconsciente, para canalizar sua energia em direções positivas, diz Gelb, precisamos reconhecer o que projetamos sobre outras pessoas e começar a reconhecer as manifestações de juízos exageradamente negativos sobre os outros, os sentimentos de inveja ou superioridade e as ações movidas pelo impulso cego.

5 CULTIVE O EQUILÍBRIO (ARTE/SCIENZA) O que faz de Mona Lisa uma pintura tão fascinante? Um dos fatores é, certamente, o feito de Leonardo conciliar arte e ciência, a habilidade técnica e o conhecimento da anatomia com a fantasia de criador. Dono de uma arguta mente científica, interessado em física, química e matemática, ele aconselhava seus estudantes a contemplar formas abstratas, como nuvens e fumaça, como um estímulo à imaginação. O ar ambíguo de Mona Lisa a tornou um símbolo universal da representação do equilíbrio entre masculino e feminino, luz e sombra, energia yin (ativa e assertiva) e yang (passiva e receptiva). Segundo Michael Gelb, é um modelo de comportamento que significa saber discernir os momentos em que devemos ser pacientes e receptivos ou impetuosos e empreendedores.

6 ALIMENTE A INTEGRAÇÃO (CORPORALITÀ) A famosa ilustração de Leonardo chamada Homem Vitruviano (um corpo nu de braços e pernas abertos, circunscrito em um quadrado e um círculo) se tornou um símbolo universal da integração de mente, corpo e espírito. Apesar da busca pela beleza, em seus estudos de anatomia o artista procurou entender os segredos do corpo e, assim, alcançou uma nova compreensão da saúde e da cura. Entendimento que é quase uma profecia da abordagem holística (de holos, “todo” em grego) da medicina atual. “Os antigos chamavam o homem de microcosmo”, escreveu da Vinci, “e com certeza o termo foi bem escolhido.” Tanto que ele aconselhava: “Aquele que deseja manter-se em boa saúde deve evitar estados de espírito soturnos e manter a mente alegre”. Leonardo cultivava esse viés holístico em seus estudos, sempre procurando estabelecer conexões e compreender a relação entre as partes no todo. Por isso, em seu livro, Gelb nos convida a entender o corpo não só como um templo do espírito mas como um sistema de energia, cujo fluxo deve estar em harmonia com o do mundo ao redor.

7 PRATIQUE O AMOR (CONNESSIONE) Em inúmeras pinturas de Leonardo, especialmente as Madonas, transparece a intenção de retratar a face do amor divino. Para ele, o amor era a força por meio da qual se conectava a todo o resto. Tanto que escreveu: “O amor por si só me recorda de que é somente o amor que me faz consciente”. Em seus quadros, ao retratar com precisão a natureza, ele revelava seu amor pelas criações de Deus. Embora tenha se baseado em observações e análise científicas, e não em filosofia religiosa, a intuição de Leonardo sobre o padrão que liga tudo também se reflete na sabedoria espiritual universal. Por isso, sua lição é aprimorar conscientemente nossa conexão com algo maior que nós, todos os dias, por meio da prática do amor e de virtudes como gentileza, perdão, compaixão e caridade. Assim, disse Leonardo, “a virtude é nosso verdadeiro bem e a verdadeira recompensa daquele que a possui. Ela encontra abrigo em um coração nobre, assim como os pássaros nos galhos floridos das árvores”.

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