Da redação
Os alunos que ocuparam a reitoria da USP (Universidade de São Paulo) trocaram o sistema Windows dos computadores dos funcionários pelo Linux, um software livre. De fundo ideológico -- o sistema operacional pode ser baixado gratuitamente da Internet, enquanto a Microsoft cobra cerca de R$ 300 -- <-aí boa! , a mudança acabou apagando arquivos eletrônicos.
Em entrevista à Rádio Eldorado na quarta (27), a reitora Suely Vilela disse que 46 computadores foram violados, dos quais somente 13 poderão ser recuperados. Além de terem sido formatadas, faltam peças em algumas máquinas. "Não há o que comemorar. A instituição foi duramente ferida na sua integridade. O sentimento agora é uma mistura de indignação e melancolia."
Foram registrados furtos de quatro notebooks e 13 monitores, além de projetores, impressoras e scanners. "Os danos não materiais, de documentos históricos por exemplo, ainda vamos apurar." Suely assinou um compromisso de não-punição dos alunos, mas disse ontem que só os atos caracterizados como "de greve ou protesto" não serão punidos.
A pró-reitoria de Graduação foi um dos departamentos mais afetados. Dos 13 computadores de lá, apenas um está funcionando. A pró-reitoria está usando máquinas emprestadas pela Fuvest. "Sumiram dicionários e um laptop", diz uma funcionária.
Segundo ela, a geladeira e o aparelho de fax de seu escritório foram encontrados em outras salas. "Na minha mesa, havia documentos da consultoria jurídica, que fica no sexto andar", contou a funcionária, que trabalha no térreo. Louças e talheres da reitoria também sumiram. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo
quinta-feira, junho 28, 2007
sábado, junho 23, 2007
Um teste lisérgico para as cabeças emaranhadas da Internet
De Chris Nuttall*
Glastonbury -considerado, atualmente, o maior festival de rock no mundo e que deve receber um público de 150 mil pessoas, na Inglaterra - talvez seja o foco da música, da juventude e da cultura alternativa neste final de semana, mas deve suas raízes a um movimento criado a milhares de quilômetros de distância, há 40 anos.
Em junho de 1967, o primeiro grande festival de rock do mundo foi celebrado em Monterey, Califórnia. John Phillips, do The Mamas and the Papas, escreveu uma canção especialmente para a ocasião ("If you are going to San Francisco, be sure to wear some flowers in your hair").
Nos meses seguintes, o Verão do Amor evoluiu, enquanto uma 'estranha vibração' levava as pessoas de todo o país e do exterior para o distrito de Haight-Ashbury, em San Francisco, local de nascimento do movimento hippie.
O 40º aniversário de mais de 100 mil jovens invadindo a cidade, trazendo a contra-cultura e o caos, está sendo extensamente celebrado. Ao mesmo tempo, o segundo Verão do Amor parece estar emergindo com a turma da Web 2.0, de certa maneira herdeira daqueles idealistas dos anos 60.
A Web 2.0 defende o amor livre -compartilhar experiências com estranhos por fotos, vídeos e páginas do MySpace. Fala de revolução e do poder do povo com a força que as redes que a Web podem criar. No Lunch 2.0, um evento social no Silicon Valley, perguntei à diretora executiva da Ning.com se estava dando comida gratuita a todos como estratégia de recrutamento ou para receber publicidade gratuita.
"Não, é uma questão de bom carma; o legal é dar de volta à região e às pessoas", disse ela.
Certamente não estava doidona quando disse isso, mas algumas das experiências atualmente disponíveis na Internet estão se aproximando do psicodélico, de acordo com as pessoas que conhecem o assunto. Mitch Kapor, nascido em 1950, fez parte da geração hippie e foi professor de meditação transcendental. Ele também inventou os programas Lótus 1, 2 e 3 -a suíte de aplicações que levou à adoção de computadores pessoais pelas empresas- e é atualmente diretor do Linden Lab, criador do mundo virtual Second Life.
"(O Second Life) me fez lembrar de uma experiência com drogas na época em que não sabíamos como eram perigosas", lembra-se.
Igualmente alucinada foi uma mensagem de recrutamento que um ex-gerente de produtos da Google enviou nos últimos dias sobre seu novo trabalho, a Facebook. Segundo ele, a empresa era "o Google de ontem, a Microsoft de muito tempo atrás. O lugar onde inúmeras pessoas incrivelmente brilhantes congregam-se e alimentam-se da genialidade umas das outras... uma empresa que está em vias de Mudar o Mundo", disse ele.
Na conversação americana, esse é o equivalente verbal de "beber Kool-Aid", uma frase cujas origens estão em Ken Kesey e Merry Pranksters, que apimentavam suas bebidas com LSD nos anos 60. Esses boêmios reuniam-se em Palo Alto, no Vale do Silício, lar de inúmeras empresas de tecnologia iniciantes, o que explica como o coquetel de tecnologias iniciantes e ideais hippies está recebendo outra chacoalhada. Vamos esperar que não percam suas cabeças.
*O autor é correspondente de tecnologia do Financial Times em San Francisco
Glastonbury -considerado, atualmente, o maior festival de rock no mundo e que deve receber um público de 150 mil pessoas, na Inglaterra - talvez seja o foco da música, da juventude e da cultura alternativa neste final de semana, mas deve suas raízes a um movimento criado a milhares de quilômetros de distância, há 40 anos.
Em junho de 1967, o primeiro grande festival de rock do mundo foi celebrado em Monterey, Califórnia. John Phillips, do The Mamas and the Papas, escreveu uma canção especialmente para a ocasião ("If you are going to San Francisco, be sure to wear some flowers in your hair").
Nos meses seguintes, o Verão do Amor evoluiu, enquanto uma 'estranha vibração' levava as pessoas de todo o país e do exterior para o distrito de Haight-Ashbury, em San Francisco, local de nascimento do movimento hippie.
O 40º aniversário de mais de 100 mil jovens invadindo a cidade, trazendo a contra-cultura e o caos, está sendo extensamente celebrado. Ao mesmo tempo, o segundo Verão do Amor parece estar emergindo com a turma da Web 2.0, de certa maneira herdeira daqueles idealistas dos anos 60.
A Web 2.0 defende o amor livre -compartilhar experiências com estranhos por fotos, vídeos e páginas do MySpace. Fala de revolução e do poder do povo com a força que as redes que a Web podem criar. No Lunch 2.0, um evento social no Silicon Valley, perguntei à diretora executiva da Ning.com se estava dando comida gratuita a todos como estratégia de recrutamento ou para receber publicidade gratuita.
"Não, é uma questão de bom carma; o legal é dar de volta à região e às pessoas", disse ela.
Certamente não estava doidona quando disse isso, mas algumas das experiências atualmente disponíveis na Internet estão se aproximando do psicodélico, de acordo com as pessoas que conhecem o assunto. Mitch Kapor, nascido em 1950, fez parte da geração hippie e foi professor de meditação transcendental. Ele também inventou os programas Lótus 1, 2 e 3 -a suíte de aplicações que levou à adoção de computadores pessoais pelas empresas- e é atualmente diretor do Linden Lab, criador do mundo virtual Second Life.
"(O Second Life) me fez lembrar de uma experiência com drogas na época em que não sabíamos como eram perigosas", lembra-se.
Igualmente alucinada foi uma mensagem de recrutamento que um ex-gerente de produtos da Google enviou nos últimos dias sobre seu novo trabalho, a Facebook. Segundo ele, a empresa era "o Google de ontem, a Microsoft de muito tempo atrás. O lugar onde inúmeras pessoas incrivelmente brilhantes congregam-se e alimentam-se da genialidade umas das outras... uma empresa que está em vias de Mudar o Mundo", disse ele.
Na conversação americana, esse é o equivalente verbal de "beber Kool-Aid", uma frase cujas origens estão em Ken Kesey e Merry Pranksters, que apimentavam suas bebidas com LSD nos anos 60. Esses boêmios reuniam-se em Palo Alto, no Vale do Silício, lar de inúmeras empresas de tecnologia iniciantes, o que explica como o coquetel de tecnologias iniciantes e ideais hippies está recebendo outra chacoalhada. Vamos esperar que não percam suas cabeças.
*O autor é correspondente de tecnologia do Financial Times em San Francisco
sexta-feira, junho 22, 2007
Reitoria da USP cede e alunos aprovam proposta de saída de prédio
Publicidade
CLAYTON FREITAS
da Folha Online
Os estudantes da USP (Universidade de São Paulo), que ocupam o prédio da reitoria desde o dia 3 de maio, decidiram durante assembléia realizada na noite de quinta-feira (21) pôr fim à ocupação do prédio. Eles aprovaram uma proposta enviada pela direção da universidade formulada com base nas reivindicações feitas por eles e devem sair do prédio até as 16h desta sexta-feira (22).
A assembléia realizada pelos alunos teve início às 19h20 desta quinta-feira, com a presença de cerca de 300 estudantes.
A decisão foi tomada após a direção da universidade enviar uma carta aos alunos por intermédio de um grupo de notáveis da USP, aceitando praticamente todos os pontos estipulados por eles para a desocupação do prédio e que já estava em discussão havia mais de uma semana.
No entanto, os alunos colocaram duas condições para cumprir o documento: que ele seja assinado pela reitora da USP, Suely Vilela, e após o resultado da assembléia do Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP), marcada para a manhã desta sexta-feira, às 11h.
Assim como os alunos, os servidores receberão uma carta com as propostas da reitora. A tendência, segundo a Folha Online apurou, é que os servidores aceitem a carta e indiquem o fim da greve da categoria e aceitem a proposta a ser enviada a eles. A reitora também não deverá colocar obstáculos para assinar o documento pois já teria dado aval para o mesmo, apesar de não tê-lo assinado previamente.
Facilitadores
O documento foi enviado aos alunos por um grupo de cinco professores que se intitularam "facilitadores" de uma solução negociada entre a reitoria e os alunos. O grupo foi composto pelos professores Istevan Jancso, do IEB (Instituto de Estudos Brasileiros); João Adolfo Hansen, Paulo Arantes e Francisco de Oliveira, da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP); e o professor Luis Renato Martins da ECA (Escola de Comunicação e Artes da USP).
Os cinco docentes, segundo eles, foram convidados pela direção da universidade. Eles se reuniram com a reitora e mantiveram conversas com integrantes da direção da universidade desde a última terça-feira, e, em paralelo, mantiveram conversas constantes entre alunos e servidores. Jancson afirmou que o cada linha do documento foi escrito de forma praticamente conjunta entre o grupo e a direção da universidade.
Eles chegaram por volta das 21h à reitoria ocupada. Impedidos de dar entrevistas ou revelar o teor do documento pelos alunos antes e depois da assembléia, eles apenas disseram que atuaram como "facilitadores" e que seria razoável que os estudantes apreciassem o documento.
A proposta recebeu o título Termo de Compromisso entre a Reitoria da USP e os Alunos. Antes de ler o documento, Jancson alertou aos alunos que nenhum dos docentes ali representava a reitoria, mas sim buscavam auxiliar para que houvesse um avanço diante do que denominou "paralisia dos entendimentos" entre a direção da universidade e os ocupantes. "Ela [a carta] não representa nem os 100% dos estudantes e funcionários, nem os 100% do que quer a reitoria. É um processo de aproximação bastante sólida para construção de um acordo", afirmou o Jancson.
Ele alertou, entretanto, que a não aceitação dos termos constantes no texto significaria a anulação total das propostas feitas pela reitoria até então.
A reportagem apurou que o recuo da reitoria em aceitar praticamente todas as imposições dos alunos para deixar o prédio foi um ultimativo para não acionar a tropa de choque da Polícia Militar para acompanhar o pedido de reintegração de posse, já expedido pela Justiça desde o dia 16 de maio.
Propostas
O texto contempla os principais pontos elencados pelos alunos nas condicionantes impostas por eles para deixarem o prédio e formulada no dia 12 de junho.
Os alunos não queriam ser punidos --assim como os funcionários-- pelo que consideram atividades políticas e de greve na ocupação; manutenção de todos os pontos da última contraproposta apresentada pela reitora; audiência pública para discutir o Inclusp (Programa de Inclusão Social da USP), já aprovado pelo CO (Conselho Universitário), e, por fim, eles querem o reconhecimento da legitimidade do 5º Congresso Geral da USP para discutir a estatuinte --alusivo à Constituinte, só que no caso da USP a intenção é reformular o estatuto vigente.
A carta lida pelos professores aprova todos os pontos elencados pelos alunos. No caso do 5º Congresso, a reitoria se compromete a dar todo o apoio logístico para que ele ocorra e incluirá a data no calendário de atividades oficiais da universidade. Isso permitiria, por exemplo, que as aulas pudessem ser suspensas sem prejuízo a alunos, professores e servidores.
A reitora voltou a afirmar os pontos que havia sugerido desde o dia 8 de maio.
A proposta cita a construção de 334 moradias, sendo 198 no campus Butantã (zona oeste de São Paulo), 68 em Ribeirão Preto (314 km a norte de SP) e 68 vagas em São Carlos (231 km a noroeste). Os alunos exigiam quase o dobro: 594 moradias. O documento cita ainda a previsão financeira de R$ 500 mil para reformas nas moradias já existentes.
Em relação às reformas nos prédios da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) e Fofito (Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional), o texto informa que as definições a respeito desse assunto devem ser debatidas em uma reunião.
O texto cita ainda a provisão de café da manhã e alimentação aos domingos, a ampliação do horário de funcionamento dos ônibus internos do campus e a realização de um debate a respeito do prazo de júbilo --período máximo que o aluno tem para concluir as matérias.
O documento ainda cita o prazo de 120 dias para que as unidades apresentem a necessidade de docentes e seu plano de metas. O Termo de Compromisso volta a confirmar o que Suely já havia dito em reunião aos alunos: de que uma comissão composta por 16 integrantes --sendo oito professores e oito alunos e/ou servidores-- teria 90 dias para avaliar as demais propostas (eram 18 itens no total, que em parte foram suprimidos pelas novas propostas).
Assembléia
Desde o início a assembléia realizada na quinta-feira foi tumultuada e tensa. As discussões entre as várias tendências diferentes de estudantes, entre eles alguns ligados aos partidos políticos PSTU, PSOL e PCO, chegaram até a um empurra-empurra a respeito do uso do microfone. Panfletos acusando o uso político foram distribuídos aos alunos presentes.
Durante a apresentação por parte dos professores --que durou quase uma hora-- alguns alunos chegaram a gritar "pelegos". Os docentes não se importaram e continuaram a ler a carta. Eles saíram sem dar entrevistas a pedido dos alunos.
Depois de muito tumulto e bate-boca sobre como seria votado o texto enviado pela reitoria, os alunos fizeram votação do documento às 23h04 desta quinta-feira. Logo após a decisão de saída do prédio, alguns alunos já começaram a entrar no prédio e pegar seus pertences para ir embora.
Um grupo de cerca de 100 alunos insistiu em continuar a assembléia e tentar reverter o resultado até às 23h30, no entanto, como já havia sido votada a aceitação do documento, até o equipamento de som chegou a ser desligado.
Alguns alunos favoráveis à desocupação, se abraçaram e sorriam. Outros gritavam "pelegos" e perguntavam aos demais quanto haviam recebido da reitoria da USP para votar a favor do documento, o que significou na prática, a desocupação que já completava 50 dias.
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CLAYTON FREITAS
da Folha Online
Os estudantes da USP (Universidade de São Paulo), que ocupam o prédio da reitoria desde o dia 3 de maio, decidiram durante assembléia realizada na noite de quinta-feira (21) pôr fim à ocupação do prédio. Eles aprovaram uma proposta enviada pela direção da universidade formulada com base nas reivindicações feitas por eles e devem sair do prédio até as 16h desta sexta-feira (22).
A assembléia realizada pelos alunos teve início às 19h20 desta quinta-feira, com a presença de cerca de 300 estudantes.
A decisão foi tomada após a direção da universidade enviar uma carta aos alunos por intermédio de um grupo de notáveis da USP, aceitando praticamente todos os pontos estipulados por eles para a desocupação do prédio e que já estava em discussão havia mais de uma semana.
No entanto, os alunos colocaram duas condições para cumprir o documento: que ele seja assinado pela reitora da USP, Suely Vilela, e após o resultado da assembléia do Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP), marcada para a manhã desta sexta-feira, às 11h.
Assim como os alunos, os servidores receberão uma carta com as propostas da reitora. A tendência, segundo a Folha Online apurou, é que os servidores aceitem a carta e indiquem o fim da greve da categoria e aceitem a proposta a ser enviada a eles. A reitora também não deverá colocar obstáculos para assinar o documento pois já teria dado aval para o mesmo, apesar de não tê-lo assinado previamente.
Facilitadores
O documento foi enviado aos alunos por um grupo de cinco professores que se intitularam "facilitadores" de uma solução negociada entre a reitoria e os alunos. O grupo foi composto pelos professores Istevan Jancso, do IEB (Instituto de Estudos Brasileiros); João Adolfo Hansen, Paulo Arantes e Francisco de Oliveira, da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP); e o professor Luis Renato Martins da ECA (Escola de Comunicação e Artes da USP).
Os cinco docentes, segundo eles, foram convidados pela direção da universidade. Eles se reuniram com a reitora e mantiveram conversas com integrantes da direção da universidade desde a última terça-feira, e, em paralelo, mantiveram conversas constantes entre alunos e servidores. Jancson afirmou que o cada linha do documento foi escrito de forma praticamente conjunta entre o grupo e a direção da universidade.
Eles chegaram por volta das 21h à reitoria ocupada. Impedidos de dar entrevistas ou revelar o teor do documento pelos alunos antes e depois da assembléia, eles apenas disseram que atuaram como "facilitadores" e que seria razoável que os estudantes apreciassem o documento.
A proposta recebeu o título Termo de Compromisso entre a Reitoria da USP e os Alunos. Antes de ler o documento, Jancson alertou aos alunos que nenhum dos docentes ali representava a reitoria, mas sim buscavam auxiliar para que houvesse um avanço diante do que denominou "paralisia dos entendimentos" entre a direção da universidade e os ocupantes. "Ela [a carta] não representa nem os 100% dos estudantes e funcionários, nem os 100% do que quer a reitoria. É um processo de aproximação bastante sólida para construção de um acordo", afirmou o Jancson.
Ele alertou, entretanto, que a não aceitação dos termos constantes no texto significaria a anulação total das propostas feitas pela reitoria até então.
A reportagem apurou que o recuo da reitoria em aceitar praticamente todas as imposições dos alunos para deixar o prédio foi um ultimativo para não acionar a tropa de choque da Polícia Militar para acompanhar o pedido de reintegração de posse, já expedido pela Justiça desde o dia 16 de maio.
Propostas
O texto contempla os principais pontos elencados pelos alunos nas condicionantes impostas por eles para deixarem o prédio e formulada no dia 12 de junho.
Os alunos não queriam ser punidos --assim como os funcionários-- pelo que consideram atividades políticas e de greve na ocupação; manutenção de todos os pontos da última contraproposta apresentada pela reitora; audiência pública para discutir o Inclusp (Programa de Inclusão Social da USP), já aprovado pelo CO (Conselho Universitário), e, por fim, eles querem o reconhecimento da legitimidade do 5º Congresso Geral da USP para discutir a estatuinte --alusivo à Constituinte, só que no caso da USP a intenção é reformular o estatuto vigente.
A carta lida pelos professores aprova todos os pontos elencados pelos alunos. No caso do 5º Congresso, a reitoria se compromete a dar todo o apoio logístico para que ele ocorra e incluirá a data no calendário de atividades oficiais da universidade. Isso permitiria, por exemplo, que as aulas pudessem ser suspensas sem prejuízo a alunos, professores e servidores.
A reitora voltou a afirmar os pontos que havia sugerido desde o dia 8 de maio.
A proposta cita a construção de 334 moradias, sendo 198 no campus Butantã (zona oeste de São Paulo), 68 em Ribeirão Preto (314 km a norte de SP) e 68 vagas em São Carlos (231 km a noroeste). Os alunos exigiam quase o dobro: 594 moradias. O documento cita ainda a previsão financeira de R$ 500 mil para reformas nas moradias já existentes.
Em relação às reformas nos prédios da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) e Fofito (Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional), o texto informa que as definições a respeito desse assunto devem ser debatidas em uma reunião.
O texto cita ainda a provisão de café da manhã e alimentação aos domingos, a ampliação do horário de funcionamento dos ônibus internos do campus e a realização de um debate a respeito do prazo de júbilo --período máximo que o aluno tem para concluir as matérias.
O documento ainda cita o prazo de 120 dias para que as unidades apresentem a necessidade de docentes e seu plano de metas. O Termo de Compromisso volta a confirmar o que Suely já havia dito em reunião aos alunos: de que uma comissão composta por 16 integrantes --sendo oito professores e oito alunos e/ou servidores-- teria 90 dias para avaliar as demais propostas (eram 18 itens no total, que em parte foram suprimidos pelas novas propostas).
Assembléia
Desde o início a assembléia realizada na quinta-feira foi tumultuada e tensa. As discussões entre as várias tendências diferentes de estudantes, entre eles alguns ligados aos partidos políticos PSTU, PSOL e PCO, chegaram até a um empurra-empurra a respeito do uso do microfone. Panfletos acusando o uso político foram distribuídos aos alunos presentes.
Durante a apresentação por parte dos professores --que durou quase uma hora-- alguns alunos chegaram a gritar "pelegos". Os docentes não se importaram e continuaram a ler a carta. Eles saíram sem dar entrevistas a pedido dos alunos.
Depois de muito tumulto e bate-boca sobre como seria votado o texto enviado pela reitoria, os alunos fizeram votação do documento às 23h04 desta quinta-feira. Logo após a decisão de saída do prédio, alguns alunos já começaram a entrar no prédio e pegar seus pertences para ir embora.
Um grupo de cerca de 100 alunos insistiu em continuar a assembléia e tentar reverter o resultado até às 23h30, no entanto, como já havia sido votada a aceitação do documento, até o equipamento de som chegou a ser desligado.
Alguns alunos favoráveis à desocupação, se abraçaram e sorriam. Outros gritavam "pelegos" e perguntavam aos demais quanto haviam recebido da reitoria da USP para votar a favor do documento, o que significou na prática, a desocupação que já completava 50 dias.
segunda-feira, junho 11, 2007
TV digital chega em dezembro a SP, mas sem interatividade
LORENNA RODRIGUES
da Folha Online, em Brasília
A TV digital chegará em dezembro a São Paulo sem um dos seus principais atrativos: a interatividade. Sem a definição dos padrões do middleware, sistema operacional da televisão digital, a tendência é que a indústria lance apenas um conversor simples até o fim do ano.
Apesar de garantir melhoria de imagem e som, o aparelho não permitirá compras ou pagamento de contas pelo aparelho de televisão, por exemplo. Um representante do governo disse à Folha Online que, inicialmente, no máximo será possível acessar o guia de programação.
Em reunião ontem, o Comitê de Desenvolvimento da TV Digital aprovou as principais especificações técnicas, como codificações de áudio e vídeo. A fixação das normas é necessária para que a indústria comece a produzir transmissores e conversores.
O governo resolveu bancar o desenvolvimento do software para garantir a padronização e evitar o monopólio da produção. Serão de R$ 8 a R$ 9 milhões da Finep (Financiadora de estudos e Projetos) ou de um novo fundo que serão entregues a empresas que, depois de produzirem o middleware, terão que repassar a tecnologia a todas as outras.
Pesquisadores prevêem o desenvolvimento do software em quatro meses, mas a indústria trabalha com o prazo de um ano, ou seja, depois da implantação da TV Digital no Brasil, marcada para dezembro.
O governo corre agora para evitar que, com o desenvolvimento da interatividade, os consumidores tenham que comprar um segundo conversor. O desafio de pesquisadores e da indústria é desenvolver um set-top box (conversor) que permita a adição de novos aplicativos, sem que seja necessário a compra de outro aparelho.
Direitos autorais
O governo não deverá ceder à pressão dos radiodifusores que querem instalar no conversor um bloqueador para impedir a gravação de alguns programas. As emissoras de televisão alegam que isso facilitaria a vida dos piratas, que poderiam regravar e vender os programas.
Segundo o ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, apesar de o comitê não ter chegado a uma conclusão ontem, a tendência é que não aprove o bloqueador.
"Se é TV aberta, poderá ser gravada por quem receber, essa é a posição do governo. Dentro das normas legais, é impossível você controlar que as pessoas, pela internet ou na TV digital, que baixem os arquivos e utilizem. Elas não têm direito de comercializar nem de reproduzir, mas podem baixar para uso pessoal" declarou o ministro, depois de participar do lançamento da Frente Parlamentar de Tecnologia da Informação, na Câmara dos Deputados.
Normas técnicas
O comitê aprovou ontem a utilização de tecnologias desenvolvidas no Brasil na TV digital. O sistema que será utilizado no vídeo foi adaptado para uso na TV aberta por pesquisadores brasileiros --até agora, era usado apenas em celulares e televisão por satélite e cabo. Com o sistema, chamado H264, cada canal de TV digital poderá ser dividido em até oito canais, enquanto as outras tecnologias permitiam a divisão em, no máximo, quatro canais.
O comitê estabeleceu ainda codificações de áudio que permitirão, por exemplo, o telespectador escolher se quer ver um filme dublado, com legenda em português ou inglês. Além disso, será possível ligar a televisão a um aparelho de rádio e conseguir o chamado efeito surround, o mesmo produzido por home theater.
As transmissões da televisão digital começarão no dia 3 de dezembro em São Paulo e até 31 de dezembro de 2009 em todas as capitais brasileiras. A previsão é de que a tecnologia chegue a todos os municípios do país até 2013.
da Folha Online, em Brasília
A TV digital chegará em dezembro a São Paulo sem um dos seus principais atrativos: a interatividade. Sem a definição dos padrões do middleware, sistema operacional da televisão digital, a tendência é que a indústria lance apenas um conversor simples até o fim do ano.
Apesar de garantir melhoria de imagem e som, o aparelho não permitirá compras ou pagamento de contas pelo aparelho de televisão, por exemplo. Um representante do governo disse à Folha Online que, inicialmente, no máximo será possível acessar o guia de programação.
Em reunião ontem, o Comitê de Desenvolvimento da TV Digital aprovou as principais especificações técnicas, como codificações de áudio e vídeo. A fixação das normas é necessária para que a indústria comece a produzir transmissores e conversores.
O governo resolveu bancar o desenvolvimento do software para garantir a padronização e evitar o monopólio da produção. Serão de R$ 8 a R$ 9 milhões da Finep (Financiadora de estudos e Projetos) ou de um novo fundo que serão entregues a empresas que, depois de produzirem o middleware, terão que repassar a tecnologia a todas as outras.
Pesquisadores prevêem o desenvolvimento do software em quatro meses, mas a indústria trabalha com o prazo de um ano, ou seja, depois da implantação da TV Digital no Brasil, marcada para dezembro.
O governo corre agora para evitar que, com o desenvolvimento da interatividade, os consumidores tenham que comprar um segundo conversor. O desafio de pesquisadores e da indústria é desenvolver um set-top box (conversor) que permita a adição de novos aplicativos, sem que seja necessário a compra de outro aparelho.
Direitos autorais
O governo não deverá ceder à pressão dos radiodifusores que querem instalar no conversor um bloqueador para impedir a gravação de alguns programas. As emissoras de televisão alegam que isso facilitaria a vida dos piratas, que poderiam regravar e vender os programas.
Segundo o ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, apesar de o comitê não ter chegado a uma conclusão ontem, a tendência é que não aprove o bloqueador.
"Se é TV aberta, poderá ser gravada por quem receber, essa é a posição do governo. Dentro das normas legais, é impossível você controlar que as pessoas, pela internet ou na TV digital, que baixem os arquivos e utilizem. Elas não têm direito de comercializar nem de reproduzir, mas podem baixar para uso pessoal" declarou o ministro, depois de participar do lançamento da Frente Parlamentar de Tecnologia da Informação, na Câmara dos Deputados.
Normas técnicas
O comitê aprovou ontem a utilização de tecnologias desenvolvidas no Brasil na TV digital. O sistema que será utilizado no vídeo foi adaptado para uso na TV aberta por pesquisadores brasileiros --até agora, era usado apenas em celulares e televisão por satélite e cabo. Com o sistema, chamado H264, cada canal de TV digital poderá ser dividido em até oito canais, enquanto as outras tecnologias permitiam a divisão em, no máximo, quatro canais.
O comitê estabeleceu ainda codificações de áudio que permitirão, por exemplo, o telespectador escolher se quer ver um filme dublado, com legenda em português ou inglês. Além disso, será possível ligar a televisão a um aparelho de rádio e conseguir o chamado efeito surround, o mesmo produzido por home theater.
As transmissões da televisão digital começarão no dia 3 de dezembro em São Paulo e até 31 de dezembro de 2009 em todas as capitais brasileiras. A previsão é de que a tecnologia chegue a todos os municípios do país até 2013.
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