segunda-feira, junho 11, 2007

TV digital chega em dezembro a SP, mas sem interatividade

LORENNA RODRIGUES
da Folha Online, em Brasília


A TV digital chegará em dezembro a São Paulo sem um dos seus principais atrativos: a interatividade. Sem a definição dos padrões do middleware, sistema operacional da televisão digital, a tendência é que a indústria lance apenas um conversor simples até o fim do ano.

Apesar de garantir melhoria de imagem e som, o aparelho não permitirá compras ou pagamento de contas pelo aparelho de televisão, por exemplo. Um representante do governo disse à Folha Online que, inicialmente, no máximo será possível acessar o guia de programação.

Em reunião ontem, o Comitê de Desenvolvimento da TV Digital aprovou as principais especificações técnicas, como codificações de áudio e vídeo. A fixação das normas é necessária para que a indústria comece a produzir transmissores e conversores.

O governo resolveu bancar o desenvolvimento do software para garantir a padronização e evitar o monopólio da produção. Serão de R$ 8 a R$ 9 milhões da Finep (Financiadora de estudos e Projetos) ou de um novo fundo que serão entregues a empresas que, depois de produzirem o middleware, terão que repassar a tecnologia a todas as outras.

Pesquisadores prevêem o desenvolvimento do software em quatro meses, mas a indústria trabalha com o prazo de um ano, ou seja, depois da implantação da TV Digital no Brasil, marcada para dezembro.

O governo corre agora para evitar que, com o desenvolvimento da interatividade, os consumidores tenham que comprar um segundo conversor. O desafio de pesquisadores e da indústria é desenvolver um set-top box (conversor) que permita a adição de novos aplicativos, sem que seja necessário a compra de outro aparelho.

Direitos autorais

O governo não deverá ceder à pressão dos radiodifusores que querem instalar no conversor um bloqueador para impedir a gravação de alguns programas. As emissoras de televisão alegam que isso facilitaria a vida dos piratas, que poderiam regravar e vender os programas.

Segundo o ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, apesar de o comitê não ter chegado a uma conclusão ontem, a tendência é que não aprove o bloqueador.

"Se é TV aberta, poderá ser gravada por quem receber, essa é a posição do governo. Dentro das normas legais, é impossível você controlar que as pessoas, pela internet ou na TV digital, que baixem os arquivos e utilizem. Elas não têm direito de comercializar nem de reproduzir, mas podem baixar para uso pessoal" declarou o ministro, depois de participar do lançamento da Frente Parlamentar de Tecnologia da Informação, na Câmara dos Deputados.

Normas técnicas

O comitê aprovou ontem a utilização de tecnologias desenvolvidas no Brasil na TV digital. O sistema que será utilizado no vídeo foi adaptado para uso na TV aberta por pesquisadores brasileiros --até agora, era usado apenas em celulares e televisão por satélite e cabo. Com o sistema, chamado H264, cada canal de TV digital poderá ser dividido em até oito canais, enquanto as outras tecnologias permitiam a divisão em, no máximo, quatro canais.

O comitê estabeleceu ainda codificações de áudio que permitirão, por exemplo, o telespectador escolher se quer ver um filme dublado, com legenda em português ou inglês. Além disso, será possível ligar a televisão a um aparelho de rádio e conseguir o chamado efeito surround, o mesmo produzido por home theater.

As transmissões da televisão digital começarão no dia 3 de dezembro em São Paulo e até 31 de dezembro de 2009 em todas as capitais brasileiras. A previsão é de que a tecnologia chegue a todos os municípios do país até 2013.

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