quarta-feira, dezembro 19, 2007

Golfinhos podem ter linguagem própria, diz estudo

Reuters

Os assovios e trinados emitidos por golfinhos "podem ser chamados de linguagem", de acordo com um estudo da universidade de Southern Cross, em Linsmore, na Austrália.

A pesquisa, publicada na última edição da revista New Scientist, foi coordenada por Liz Hawkins, do Centro de Pesquisas sobre Baleias da instituição, e identificou quase 200 sons diferentes.

"Essa comunicação é altamente complexa e é contextual, ou seja, de certa forma poderia ser descrita como linguagem", disse Hawkins, que passou três anos ouvindo "conversas" de golfinhos da costa oeste australiana.

Já se sabia que golfinhos utilizam assovios "personalizados" para se apresentar uns aos outros, mas o significado dos outros sons que eles emitem era desconhecido.

Ao todo, Hawkins gravou 1.647 sons de 51 diferentes grupos que habitam a região da Baía de Byron, no Estado de Nova Gales do Sul.

Contexto

Do total, identificou 186 assovios diferentes, dos quais 20 eram os mais comuns. Hawkins então separou os sons em cinco grupos tonais e descobriu que cada um deles era associado a comportamentos diferentes.

Quando o grupo passeava, 57% dos sons analisados apresentaram forma sinoidal, isto é, com subidas e descidas simétricas.

Já quando os animais descansavam ou se alimentavam, este tipo de assovios era menos comum.
Quando os golfinhos se divertiam, os sons usados eram quase sempre ascendentes ou em tons sustentados.
Liz Hawkins percebeu que um destes sons de "diversão" era sempre repetido quando os golfinhos "surfavam" as ondas do barco da cientista.



Um outro som que parece ter um significado concreto foi identificado pela pesquisadora quando um golfinho se encontrava separado do grupo.

"Este assovio poderia definitivamente significar: 'Estou aqui, onde está todo mundo?'", disse Hawkins.
Para outra pesquisadora da linguagem dos golfinhos, Melinda Rekdahl, da Universidade de Queensland, em Brisbane, ainda é cedo para saber se assovios têm assovios específicos.

Rekdahl descobriu que os golfinhos em cativeiro emitem mais sons ao se alimentar que os livres.
A estudiosa diz ser possível que estes sons signifiquem expressões como: "rápido" ou "aqui tem comida".

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