HUMBERTO MEDINA
da Folha de S.Paulo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu que o Brasil adotará o padrão de TV digital japonês (ISDB), segundo apurou a Folha. O próprio Lula deve anunciar a decisão depois de amanhã.
Após uma dura batalha de bastidores entre os defensores dos padrões japonês, americano (ATSC) e europeu (DVB), o presidente optou pelo primeiro por avaliar que essa proposta trará mais vantagens ao Brasil e às grandes empresas de comunicação do país --entre as quais as Organizações Globo.
Os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Hélio Costa (Comunicações) já negociam um pacote de investimentos em troca da decisão. Houve uma reunião ontem na Casa Civil com autoridades e empresários japoneses.
O governo já obteve do Japão o compromisso de que cerca de US$ 2 bilhões serão investidos para a fabricação de semicondutores (componente usado na fabricação de transístores e microprocessadores, por exemplo) e TVs de plasma. A decisão pelo padrão japonês foi tomada na semana passada por Lula, que orientou seus ministros a negociar com o Japão as contrapartidas para que o anúncio produza ganho político no ano eleitoral.
Além do compromisso de investimentos e da transferência de tecnologia, Lula disse a auxiliares que pesou na decisão o padrão japonês permitir maior tempo de adaptação à era digital dos atuais aparelhos de sinal analógico.
Ou seja, enquanto os americanos e os europeus previam uma fase de transição mais rápida, os japoneses se dispuseram a tornar esse período mais longo num país pobre em que a TV está instalada em mais de 90% dos domicílios.
Uma fase de transição mais longa resultará em menor custo ao consumidor, que terá mais tempo para continuar com seu televisor atual sem precisar comprar um decodificador do sinal digital ou um aparelho novo já com o equipamento.
O presidente também levou em conta o lobby das grandes emissoras de TV do Brasil a favor do padrão japonês. Não seria inteligente do ponto de vista político, avalia Lula, contrariar essas empresas no ano em que disputará a reeleição. Mais: as grandes TVs do Brasil dizem que o padrão japonês permitirá maior controle nacional sobre o conteúdo transmitido. Como o Brasil é um país com uma indústria de entretenimento televisivo de ponta, o governo avalia que é uma decisão estratégica defender os interesses das companhias nacionais.
Parte do PT chegou a fazer pressão a favor do padrão europeu, espécie de segundo colocado nos critérios do governo. Apesar desse lobby e do interesse das operadoras de telefonia no padrão europeu, que permitiria sua entrada na área de conteúdo, o governo não conseguiu dos europeus as contrapartidas oferecidas pelos japoneses. Nas discussões internas, Hélio Costa, ex-repórter da Globo, argumentou que o padrão japonês tinha também maior qualidade técnica e que, do ponto de vista tecnológico, seria superior ao americano e ao europeu.
O padrão de TV digital americano foi o último colocado na avaliação do governo. Os EUA e as empresas americanas se recusaram a fazer transferência de tecnologia e a instalar fábricas no país. Hoje, as empresas que produzem TV no Brasil são praticamente montadoras. A maioria dos componentes de alta tecnologia é importada. No acordo com os japoneses, parcela desses componentes seria fabricada no Brasil.
Após uma dura batalha de bastidores entre os defensores dos padrões japonês, americano (ATSC) e europeu (DVB), o presidente optou pelo primeiro por avaliar que essa proposta trará mais vantagens ao Brasil e às grandes empresas de comunicação do país --entre as quais as Organizações Globo.
Os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Hélio Costa (Comunicações) já negociam um pacote de investimentos em troca da decisão. Houve uma reunião ontem na Casa Civil com autoridades e empresários japoneses.
O governo já obteve do Japão o compromisso de que cerca de US$ 2 bilhões serão investidos para a fabricação de semicondutores (componente usado na fabricação de transístores e microprocessadores, por exemplo) e TVs de plasma. A decisão pelo padrão japonês foi tomada na semana passada por Lula, que orientou seus ministros a negociar com o Japão as contrapartidas para que o anúncio produza ganho político no ano eleitoral.
Além do compromisso de investimentos e da transferência de tecnologia, Lula disse a auxiliares que pesou na decisão o padrão japonês permitir maior tempo de adaptação à era digital dos atuais aparelhos de sinal analógico.
Ou seja, enquanto os americanos e os europeus previam uma fase de transição mais rápida, os japoneses se dispuseram a tornar esse período mais longo num país pobre em que a TV está instalada em mais de 90% dos domicílios.
Uma fase de transição mais longa resultará em menor custo ao consumidor, que terá mais tempo para continuar com seu televisor atual sem precisar comprar um decodificador do sinal digital ou um aparelho novo já com o equipamento.
O presidente também levou em conta o lobby das grandes emissoras de TV do Brasil a favor do padrão japonês. Não seria inteligente do ponto de vista político, avalia Lula, contrariar essas empresas no ano em que disputará a reeleição. Mais: as grandes TVs do Brasil dizem que o padrão japonês permitirá maior controle nacional sobre o conteúdo transmitido. Como o Brasil é um país com uma indústria de entretenimento televisivo de ponta, o governo avalia que é uma decisão estratégica defender os interesses das companhias nacionais.
Parte do PT chegou a fazer pressão a favor do padrão europeu, espécie de segundo colocado nos critérios do governo. Apesar desse lobby e do interesse das operadoras de telefonia no padrão europeu, que permitiria sua entrada na área de conteúdo, o governo não conseguiu dos europeus as contrapartidas oferecidas pelos japoneses. Nas discussões internas, Hélio Costa, ex-repórter da Globo, argumentou que o padrão japonês tinha também maior qualidade técnica e que, do ponto de vista tecnológico, seria superior ao americano e ao europeu.
O padrão de TV digital americano foi o último colocado na avaliação do governo. Os EUA e as empresas americanas se recusaram a fazer transferência de tecnologia e a instalar fábricas no país. Hoje, as empresas que produzem TV no Brasil são praticamente montadoras. A maioria dos componentes de alta tecnologia é importada. No acordo com os japoneses, parcela desses componentes seria fabricada no Brasil.
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