Música de "Closer" em português vira "praga" em rádio

da Folha Online

Uma versão em português da música-tema do filme "Closer - Perto Demais" domina a parada nas rádios brasileiras, embalando corações apaixonados ou torturando quem odeia traduções de canções estrangeiras.

"É isso aí" [ouça], gravado pela mineira Ana Carolina e o carioca Seu Jorge, lidera as execuções na última semana (23 de janeiro a 1º de março), aponta pesquisa do instituto Nopem.

Além de "É isso aí", outra versão em português é "Então me diz" [ouça], gravada por Simone e feita por Zélia Duncan. A canção entrou na trilha sonora da novela das oito "Belíssima" (Globo).

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Originalmente, a música se chama "The Blower's Daughter" [ouça] e foi composta e interpretada pelo irlandês Damien Rice. A versão de Ana Carolina e Seu Jorge foi gravada ao vivo, em show no Tom Brasil - Nações Unidas em agosto do ano passado.

Detalhe: o refrão "I can't take my eyes of you" muda nas duas versões em português. Ana Carolina canta "Eu não sei parar de te olhar", enquanto Simone repete "Eu só sei olhar pra você".

Construído em cima de ótimos diálogos, o filme "Closer", dirigido por Mike Nichols, obteve críticas positivas quando foi lançado nos EUA no fim de 2004. Um médico (Clive Owen), uma fotógrafa (Julia Roberts), um jornalista (Jude Law) e uma stripper (Natalie Portman) encenam situações-modelo dos relacionamentos amorosos. A produção mostra diferentes fases da paixão e seus mecanismos (encontro, felicidade, decepção e ruptura).

Ana Carolina

Com "É isso aí", Ana Carolina volta ao topo da parada brasileira. O feito ocorre após a cantora ter admitido ser bissexual à revista "Veja".

É raro alguém --principalmente mulher-- tocar no assunto como fez Ana Carolina, na capa da revista semanal de maior circulação do país (21 de dezembro de 2005). Ela é hoje a segunda maior vendedora de CDs do país.

Na entrevista à "Veja", a cantora declarou: "Sou bissexual. Acho natural gostar de homens e mulheres. Sou contra essa postura de levantar bandeiras para defender o homossexualismo [sic], pois fica parecendo que ser gay é uma doença. Posso até estar saindo com uma mulher mas, se eu me apaixonar por um homem e decidir casar com ele na igreja, de véu e grinalda, ninguém vai impedir."

Para uns fãs, não importa a orientação sexual de um artista, e especular sobre isso só alimenta discriminações. Também quem se declara gay corre o risco de sofrer o preconceito da indústria e perder mercado.

Para outros, ser homossexual não é motivo de vergonha e, por isso, não há nada de mal em sair do armário evitando uma vida ambígua. No Brasil, essa atitude ainda é vista como tabu, dando margem a todo tipo de insinuações e injustiças.