IURI DANTAS
da Folha de S.Paulo, em Brasília
As 154 vítimas do acidente do vôo 1907 da Gol morreram ao cair do avião e chocarem-se com o solo a uma velocidade vertiginosa, dizem os laudos finais do Instituto Médico Legal de Brasília. Todos os documentos estabelecem politraumatismo por ação contundente como causa da morte.
Não foi possível, pela demora em achar os despojos, dizer categoricamente se algumas vítimas morreram antes de atingirem o chão. Tudo indica, diz o IML, que perderam a consciência antes do choque pela descompressão com o esfacelamento do avião, mas não houve asfixia por tempo suficiente para levá-los à morte.
Os primeiros legistas chegaram até o avião mais de 48 horas após a queda. Acharam despojos em uma grande área, alguns corpos distantes 100 metros uns dos outros.
Os despojos já estavam em fase avançada de decomposição, agilizada pelo clima. Os restos mortais tinham escurecimento da pele, pela interrupção do fluxo sangüíneo, e o inchaço gasoso, ou enfisematose.
O estrondo da queda e o barulho da atividade de helicópteros nos dias seguintes contribuíram para afugentar grandes animais, evitando que as vítimas fossem mordidas.
O médico-legista Malthus Fonseca Galvão, que chefia o departamento de Antropologia Forense do IML de Brasília, minimizou a impossibilidade de exames mais detalhados sobre a causa final das mortes. "Não temos uma pessoa que caiu com o avião, mas 154 pessoas que caíram e morreram com o impacto com o chão em alta velocidade. A morte não é um momento, mas um processo. A causa final não é importante, foi um acidente aéreo."
Os laudos devem ser usados pelas famílias para pedir o seguro obrigatório. Também são importantes para a investigação criminal da Polícia Federal.
Mais de um mês após a tragédia, ainda não há relatório oficial sobre as causas do acidente. Até ontem, equipes da Aeronáutica continuavam as buscas pela única vítima ainda não localizada, Marcelo Paixão.
O IML informou que apenas as famílias das vítimas teriam acesso aos laudos.
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