quarta-feira, dezembro 06, 2006

"O videoclipe não pertence mais à televisão"

diz diretor da MTV

MARINA CAMPOS MELLO
Da Redação


A MTV do Brasil decidiu acabar com o tipo de programa que foi pioneira em exibir: os de videoclipes. "O videoclipe não pertence mais à televisão. Ele está ligado ao mundo digital e outras mídias atendem melhor a essa demanda.", disse Zico Góes, diretor de programação da MTV em coletiva nesta terça-feira (5).

Os clipes, que de acordo com o diretor "derrubam a audiência", ocuparão a periferia da programação: até o final deste ano, deixam de ser exibidos os programas "MTV Lab", "Chapa Coco" e o "Disk MTV" --o "Disk" é exibido pelo canal desde o dia de sua inauguração no Brasil, em 1990. Para os que se sentirem órfãos, a MTV ainda exibirá seqüências de videoclipes durante a madrugada, a partir das 2h.

Mas nas demais faixas da programação, o espaço do clipe será reduzido e raramente os vídeos serão exibidos na íntegra: "O clipe só entrará na programação se estiver 'a serviço' do programa", como no caso do 'Top Top'", exemplifica Góes. A idéia da emissora é que os espectadores passem a assistir aos vídeos pelo "MTV Overdrive", o canal de banda larga da emissora.

Overdrive


O "Overdrive" brasileiro, aliás, é uma das grandes apostas da emissora. O site estreou em setembro, tem 7 mil clipes e já é o segundo "Overdrive" mais acessado do mundo --só perde para o americano. A MTV, que agora se autodefine simplesmente como um "canal" e não um "canal de TV", também anunciou o lançamento da rádio "MTV FM", que tem estréia prevista para janeiro e será transmitida inicialmente em São Paulo.

As mudanças na MTV acontecem depois da expansão da banda larga e do You Tube no Brasil e do avanço de novos canais em UHF --MixTV e PlayTV--, que também disputam o público jovem. A MTV, no entanto, diz não se preocupar com os "concorrentes": "Na prática, não temos concorrentes. O novo projeto editorial se preocupa com os espectadores que já são nossos", diz André Mantovani, diretor-geral da MTV, exibindo gráficos que põem a MTV em primeiro lugar entre seu público-alvo [os jovens de classe A/B de 15 a 29 anos], com grande distância dos outros dois canais. Em 2006, a audiência da emissora cresceu 12% nesse segmento.

Segundo Zico Góes, a "nova MTV" surge em razão das mudanças na forma em que esse jovem se comunica e consome as novas mídias. Para Góes, a tecnologia e a facilidade de acesso ajudaram a pulverizar a produção e o consumo de música e de videoclipes. "Em um ambiente em que há abundância de ofertas, alguém tem que organizar o que é produzido, e esse é um dos papéis da MTV", explica.

Nova programação


Neste contexto, a MTV inaugura uma faixa de documentários e trará mais informação musical, seja em programas jornalísticos, seja em programas de auditório, para que o espectador consiga encontrar sozinho o que quer. Além de informação, virão no lugar dos clipes, programas mais "televisivos". "Hoje funciona melhor para a TV formatos mais longos. O videoclipe não é mais uma forma interessante de se contar histórias. Ninguém fica esperando passar o clipe que quer. É mais fácil achá-lo na internet" diz Góes. Assim a MTV estréia uma faixa de séries de ficção e reality-shows.

A programação do verão já traz amostras do que vai dominar a grade do canal, como a série de ficção "Casal Neura" --derivada do "Neura MTV"--, em que os apresentadores Marina e Cazé interpretam os conflitos de um casal à beira-mar. Outra atração que estréia no início do ano que vem é o reality "As Quebradeiras", em que a MTV acompanha um grupo de meninas da "pá-virada" em férias na praia. O canal também exibe o reality americano "8th & Ocean", inédito no Brasil, que mostra o cotidiano de jovens modelos de uma agência de Miami. "Chá das Minas" é o novo programa de debates do canal, em que um grupo de meninas discute assuntos do universo feminino com Penélope Nova, Luisa Micheletti e André Vasco.

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