segunda-feira, agosto 29, 2005

=)



LONDRES, 28 ago (AFP) - Archie, um cão labrador negro, perdeu seu dono em uma estação de trem escocesa, mas provou seu pedigree e seu bom adestramento embarcando no primeiro trem que deveria levá-lo de volta para casa.

Archie não só pegou o trem certo como também desceu na estação correta.

Seu dono, Mike Taitt, o havia perdido na estação de Inverurie, ao leste da Escócia, e esperava que alguém, vendo a medalha do cão, o devolvesse, segundo noticiou o jornal Mail on Sunday.

"É um cão muito inteligente", disse Taitt. "Como não conseguiu me encontrar, simplesmente pegou o trem certo para voltar para casa. Já tinha tomado esse trem antes. Estou certo de que sabia que era o correto, mas quem sabe...", acrescentou.

As câmeras de vigilância da estação filmaram o cão esperando o seu dono e, em seguida, observando a chegada do trem Aberdeen-Inverness.

Depois de não encontrar o dono, o labrador simplesmente embarcou no trem às 20h38 locais. Ele desceu em Insch, 12 minutos depois, para surpresa do funcionário ferroviário Derek Hope.

"Na plataforma, junto de Archie, havia um controlador que dizia que o cão havia embarcado sem bilhete em Inverurie", contou.

Dois policiais, o sistema de vigilância por câmeras e vários funcionários ferroviários confirmaram a façanha do cão.

Rock ao vivo é dez

ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR

Como você leu em outras páginas deste Folhateen, os shows gringos estão bombando neste segundo semestre aqui no Brasil. E o tiozinho que escreve estas linhas gostaria de dar um conselho. Junte uma grana e vá a pelo menos um. Banda ao vivo é o que há. Uma emoção que simplesmente não se pode capturar em disco.
Ás vezes, um grupo meia boca vira outra coisa no palco. Lembro de um caso assim. Os Smoking Popes -americanos dos anos 90, bem na cola dos Smiths. No CD, eram só isso, uns Smiths classe B. Ao vivo, transformavam-se numa bandaça.
Outros grupos soam melhor em disco, caso dos Strokes. Mesmo nessas situações, vale ir ao show, ver os caras tocando aquelas notas, suando, cometendo erros, tentando (ou não) contagiar a platéia.
Eu gosto principalmente de conferir, ao vivo, bandas que fazem músicas complexas e usam arranjos sofisticados, tipo Radiohead e Mercury Rev. É demais perceber como bandas assim resolvem seu som ao vivo -seja simplificando os arranjos, seja desdobrando-se para tocar como no disco. Ou, ainda, mantendo a complexidade, mas com muito mais energia no palco do que em disco (o que é exatamente o caso de Radiohead e Mercury Rev).
Para a gente, aqui no Brasil, shows estrangeiros têm um significado especial. São eventos sociais e geram notícia. Transformam-se em experiências de uma vida, histórias a serem contada por muitos e muitos anos.
Nos EUA e na Europa, o papo é outro. Tem mais show do que chuchu na serra, e essa aura especial, essa aura de grande evento, não existe. Qualquer cara de 15, 16 anos, desde que não more num fim de mundo, já viu todas as bandas de que mais gosta.
Uma cidade como San Francisco (750 mil habitantes, menor do que Campinas) tem, sem exagero, mais concertos em uma semana do que, num ano, a gente vê em São Paulo (a cidade brasileira onde mais shows estrangeiros rolam).
Outra coisa que pega por aqui é o preço dos ingressos. Se forem convertidos para dólar, até que não são tão caros. Mas, para o padrão brasileiro, custam um absurdo. Ingresso que vale meio salário mínimo é coisa comum -o que ajuda a aumentar a sensação de que shows são eventos especialíssimos.
Prós e contras apresentados, agora é com você. Ir ou não ir, eis a questão.

PLAY - "Our Shadows Will Remain", Joseph Arthur
Canções aparentemente simples, que quase sempre têm um subtexto sombrio. É bola dentro.

PAUSE - "The Back Room", Editors

Promovido de "eject" a "pause", mas não passa disso. O vocal parece Joy Divison, a grandiosidade é do Coldplay.

EJECT - "Emoh", Lou Barlow
O grande Lou Barlow (ex-Dinosaur Jr., Sebadoh e Folk Implosion) lança gravações de clima caseiro. "Emoh" é "home" ao contrário, entendeu? Eu não entendi.

eu prefiro os synths.

dicionário

síntese

{verbete}
Datação
1789 cf. MS1

Acepções
? substantivo feminino
1 método, processo ou operação que consiste em reunir elementos diferentes, concretos ou abstratos, e fundi-los num todo coerente
2 Derivação: por metonímia.
o todo assim formado
3 operação ou método de abarcar o todo pelos seus componentes e de chegar aos efeitos pelas causas
3.1 operação ou processo de reunir ou compulsar dados sobre um tema e chegar a uma visão geral e concisa do todo
Ex.: fazer uma s. histórica do Renascimento
4 combinação de fatos, partes, elementos, concepções diversas, de modo a compor um todo congruente
Ex.:
5 Derivação: por metonímia.
obra que resulta de um trabalho que reúne ou apresenta elementos de conhecimento sobre um tema ou domínio, ou uma visão concisa
Ex.:
6 resumo dos tópicos principais ou da essência de algo; sumário
Ex.: aquela frase foi a s. perfeita do que estávamos sentindo
7 concentração em si, servindo de exemplo; epítome
Ex.: para mim, ela é a s. de todos os bons sentimentos
8 Rubrica: bioquímica.
elaboração, pelas células e organismos vivos, de substâncias complexas (hormônios, proteínas, vitaminas etc.); biossíntese, biogênese
Ex.: a s. dos glicídios
9 Rubrica: cirurgia.
reunião do que está separado em partes (p.ex., os bordos de uma ferida ou os fragmentos de um osso fraturado) ou do que se encontra deslocado ou afastado
10 Rubrica: filosofia.
no cartesianismo e leibnizianismo, método cognitivo us. na investigação de realidades sensíveis e inteligíveis, que, partindo da evidência imediata dos fragmentos de um objeto, alcança uma formulação teórica de sua totalidade, indo da constatação de elementos simples à explicação de combinações complexas
Obs.: p.opos. a 1análise
11 Rubrica: filosofia.
no kantismo, atividade fundamental da consciência que, anteriormente a qualquer procedimento analítico, constitui e amplia o conhecimento e o pensamento especulativo, por meio da reunião de representações sensitivas e conceituais
12 Rubrica: filosofia.
na dialética hegeliana, fusão de uma tese e de uma antítese numa noção ou proposição nova que, num nível superior de entendimento ou conhecimento, as combina, conservando o que há de legítimo em cada uma
13 Rubrica: lógica.
no aristotelismo, ato intelectual que constitui uma proposição, consistindo na reunião de um sujeito e um predicado
14 Rubrica: química.
operação ou reação pela qual se obtém um composto complexo, combinando elementos simples, ou se obtém um composto mais complexo, combinando compostos mais simples
Ex.:

15 Derivação: por analogia. Rubrica: química.
produção artificial de substância que células ou organismos vivos elaboram naturalmente
Ex.: a s. da adrenalina
16 Derivação: por analogia. Rubrica: química.
obtenção de substância ou produto sem equivalente na natureza através da combinação de elementos ou de moléculas
Ex.: a s. de fármacos tensiolíticos menos eletivos
17 Rubrica: farmacologia.
processo, ou reação, que leva à produção de fármacos
18 Rubrica: lingüística.
fusão de unidades lexicais independentes numa única unidade, na história de desenvolvimento de uma língua (p.ex., lat.vulg. amare habeo > amar-ayo > port. amarei)
19 Rubrica: matemática.
ato ou fato de passar de proposições provadas a outras que são a sua conseqüência necessária
20 Rubrica: vestuário. Diacronismo: arqueologia verbal.
espécie de túnica que usavam os romanos durante as refeições


Locuções
s. da palavra ou vocal
Rubrica: acústica.
reconstrução artificial da voz humana através de técnicas lingüísticas (como o estudo da fonação), acústicas e eletrônicas
s. digital
Rubrica: acústica.
técnica eletracústica de tradução de sinais sonoros em valores binários (digitais), para produção de sons artificiais
s. digital
Rubrica: acústica.
técnica eletracústica de tradução de sinais sonoros em valores binários (digitais), para produção de sons artificiais


Etimologia
lat. synthèsis,is 'coleção, complexo, reunião, espécie de vestimenta usada em banquetes', este do gr. súnthesis,eós 'composição, justaposição; composição literária, musical etc.; mistura, síntese, contrato'; ver 1sin- e tese; f.hist. 1789 synthese, 1789 synthesis

Sinônimos
ver sinonímia de resumo

Antônimos
ampliação, análise, separação

dicionário

antítese

{verbete}
Datação
1540 JBarG fº 35

Acepções
? substantivo feminino
1 Rubrica: estilística, retórica.
figura pela qual se opõem, numa mesma frase, duas palavras ou dois pensamentos de sentido contrário (p.ex.: com luz no olhar e trevas no peito); enantiose, síncrise
2 Derivação: por extensão de sentido.
qualquer contraste muito nítido
Ex.:
3 Derivação: por metonímia.
o que representa esse contraste
Ex.: aquele ditador é a a. do ideal democrático
4 Rubrica: filosofia.
negação de um termo ou especulação filosófica formulada anteriormente, estabelecendo desta maneira uma contrariedade ou contradição intelectual
4.1 Rubrica: filosofia.
no kantismo, o segundo termo das antinomias, que refuta os quatro princípios explicativos fundamentais (início dos tempos, átomo, liberdade humana ou existência de Deus), deixando indefinida ou irresoluta a indagação cognitiva que se alça para além da realidade empírica
4.2 Rubrica: filosofia.
no hegelianismo, segundo momento do movimento dialético, em que ocorre a negação da etapa anterior, a tese, preparando a superação sintética de ambas no final do processo


Etimologia
gr. antithésis,eós 'id.'; f.hist. 1540 antithesis

dicionário.

tese

{verbete}
Acepções
? elemento de composição
pospositivo, do gr. thésis,eós 'ação de colocar, de arranjar, de pôr em algum lugar' (de uma raiz the 'pôr'), conexo com o v.gr. títhémi 'pôr, colocar, arranjar, dispor, instituir'; o lat. thesis, bem como alguns der. gr. considerados a seguir, foram intermediários, quase sempre na linguagem filosófica, de certos cultismos dessa base das línguas de culturas modernas; em port., além de tese, há antimetátese, antítese, apótese, citótese, diátese, éctese, epêntese, epítese, hipótese, metátese, parêntese, prótese, síntese, xenêntese; trata-se de subst. cultos dos inícios do sXIX em diante, não raro sob a f. inicial de tesis (-thesis), com adj. canonicamente conformes com o próprio gr. thetikós,ê,ón 'próprio e adequado a ser posto ou colocado em', donde, em port., antimetatético, antitético, apotético, citotético, diatético, epentético, epitético, hipotético, metatético, parentético, protético, sintético, xenentético; algumas neologias aparecem daí derivadas vernacularmente: antitesia, antitética, apotesina, diatésico/diatético, epentética, hipotético-dedutivo, hipotético-indutivo, metatizar, parentesar, parentesiação, parentesiar, protesear, protésico, xenentésico, entre outras; ver tema-

dicionário

dialética

{verbete}
Datação
a1543 ASáUG 197

Acepções
? substantivo feminino
1 Rubrica: filosofia.
em sentido bastante genérico, oposição, conflito originado pela contradição entre princípios teóricos ou fenômenos empíricos
1.1 Rubrica: filosofia.
no platonismo, processo de diálogo, debate entre interlocutores comprometidos profundamente com a busca da verdade, através do qual a alma se eleva, gradativamente, das aparências sensíveis às realidades inteligíveis ou idéias
1.2 Rubrica: filosofia.
no aristotelismo, raciocínio lógico que, embora coerente em seu encadeamento interno, está fundamentado em idéias apenas prováveis, e por esta razão traz sempre em seu âmago a possibilidade de sofrer uma refutação
1.3 Rubrica: filosofia.
no kantismo, raciocínio fundado em uma ilusão natural e inevitável da razão, que por isto permanece no pensamento, mesmo quando envolvido em contradições ou submetido à refutação
Obs.: cf. dialética transcendental
1.4 Rubrica: filosofia.
no hegelianismo, lei que caracteriza a realidade como um movimento incessante e contraditório, condensável em três momentos sucessivos (tese, antítese e síntese) que se manifestam simultaneamente em todos os pensamentos humanos e em todos os fenômenos do mundo material
1.5 Rubrica: filosofia.
no marxismo, versão materialista da dialética hegeliana aplicada ao movimento e às contradições de origem econômica na história da humanidade
2 Derivação: sentido figurado (da acp. 1.1). Uso: pejorativo.
arte, modo de discutir por meio de raciocínios especiosos e vazios


Locuções
d. ascendente
Rubrica: filosofia.
no platonismo, processo de elevação da alma que parte da realidade concreta em direção ao mundo inteligível e, finalmente, à idéia do Bem
Obs.: p. opos. a dialética descendente
d. descendente
Rubrica: filosofia.
no platonismo, movimento característico do filósofo verdadeiro que, após haver contemplado o mundo intelígivel e a idéia do Bem, retorna à realidade cotidiana com um intuito didático
Obs.: p. opos. a dialética ascendente
d. transcendental
Rubrica: filosofia.
no kantismo, crítica da ilusão natural e inevitável através da qual a razão julga poder ultrapassar a experiência sensível, determinando a priori as idéias de alma, mundo e Deus
d. descendente
Rubrica: filosofia.
no platonismo, movimento característico do filósofo verdadeiro que, após haver contemplado o mundo intelígivel e a idéia do Bem, retorna à realidade cotidiana com um intuito didático
Obs.: p. opos. a dialética ascendente
d. transcendental
Rubrica: filosofia.
no kantismo, crítica da ilusão natural e inevitável através da qual a razão julga poder ultrapassar a experiência sensível, determinando a priori as idéias de alma, mundo e Deus
d. transcendental
Rubrica: filosofia.
no kantismo, crítica da ilusão natural e inevitável através da qual a razão julga poder ultrapassar a experiência sensível, determinando a priori as idéias de alma, mundo e Deus


Etimologia
lat. dialectìca,ae fem. adp. do adj. gr. dialektikós,ê,ón 'relativo a discussão', substv. na loc. dialektkê (tékhné) '(arte) dialética, arte de discutir e usar argumentos lógicos, esp. por perguntas e respostas'; ver dialect-; f.hist. a1543 dialetica, 1563 dialéctica

dicionário.

destino

{verbete}
Datação
1567 JFVascM 34

Acepções
? substantivo masculino
1 personalização da fatalidade a que supostamente estão sujeitas todas as pessoas e todas as coisas do mundo; sorte, fado, fortuna
Ex.: ninguém pode escapar à mão do d.
2 tudo que é determinado pela providência ou pelas leis naturais; seqüência de fatos supostamente fatais; fatalidade
Ex.: quis o d. que ele se fosse cedo
3 acontecimento (bom ou mau); fortuna, sorte, fado
Ex.: o d. para uns é glorioso e para outros adverso
4 o que há de vir, de acontecer; futuro
Ex.: ninguém sabe o seu d.
5 objetivo ou fim para o qual se reserva algo; destinação, serventia
Ex.: o d. das doações era uma ajuda aos desabrigados
6 resultado final; remate, termo
Ex.: nunca se soube que d. tivera o rapaz
7 local aonde alguém vai; direção, destinação, meta, rumo
Ex.: partiu sem d.


Locuções
sem d.
ao léu, à toa


Etimologia
regr. de destinar; ver destin- e -sta-

Sinônimos
acaso, acerto, aventura, casualidade, dicha, dita, estrela, fadário, fado, fatalidade, fortuna, lanço, sina, sorte, ventura; ver tb. sinonímia de propósito

Homônimos
destino(fl.destinar)

dicionário

coincidência

{verbete}
Datação
1836 cf. SC

Acepções
? substantivo feminino
ato ou efeito de coincidir
1 igualdade, identidade de duas ou mais coisas
2 ocupação do mesmo espaço; justaposição
3 realização simultânea de dois ou mais acontecimentos; simultaneidade
4 ocorrência de eventos que, por acaso, se dão ao mesmo tempo e que parecem ter alguma conexão entre si
5 concorrência de coisas para um mesmo fim


Etimologia
coincidir + -ência; cp. fr. coïncidence (sXV); ver cai-

Sinônimos
ver sinonímia de sincronia

Antônimos
incoincidência

domingo, agosto 28, 2005

Para o escritor Jostein Gaarder, coincidências não existem; leia entrevista

AUGUSTO OLIVANI
UOL Diversão e Arte



O escritor norueguês Jostein Gaarder, autor de O Mundo de Sofia, que esteve no Brasil

O escritor norueguês Jostein Gaarder talvez não imaginasse que seria considerado um cidadão do mundo por outros, além de si mesmo, quando lançou "O Mundo de Sofia" (Cia. das Letras) _best-seller que, depois de mais de dez anos de sua publicação, já foi traduzido em 55 línguas. Desde então, Gaarder lançou mais de uma dezena de livros e criou público cativo não só entre estudantes e mais jovens, mas também entre professores e adultos.

Jostein Gaarder passou cinco dias no Brasil (de 18 a 23 de agosto) por ocasião do lançamento nacional de seu mais recente livro, "A Garota das Laranjas" _todos os títulos do autor (12) foram lançados no Brasil pela Cia. das Letras. Foi convidado da 11ª Jornada Nacional de Literatura, realizada em Passo Fundo (RS), onde falou para platéia de estudantes e professores (no total, eram quase cinco mil inscritos para a jornada), e também participou de bate-papo em São Paulo para público semelhante.

O discurso de Gaarder, nessas ocasiões, está em sintonia com a história e as idéias transmitidas em "A Garota das Laranjas": por mais que alguns eventos pareçam coincidência, o andamento da história e a identificação essencial entre as personagens quer mostrar que coincidências não existem. Sobre isso, e sobre a existência, Gaarder declara em entrevista ao UOL Diversão e Arte: "Acho que a vida é uma característica profunda da natureza particular do universo. E digo o mesmo sobre a consciência"

Em "A Garota das Laranjas", Gaarder conta a história de um pai, Jan Olav, que escreve uma carta para o futuro, endereçada ao seu filho, quando descobre que está à beira da morte. Georg, o filho, na época tem quatro anos, e a carta, como planejado, só chega às mãos dele aos 15; e quando chega, ele atesta: "Acho que devia existir um método de mandar cartas para o futuro bem mais simples".

Porém, esse é apenas o primeiro grau da relação de cumplicidade que se estabelece entre pai e filho. A compartilharem o mesmo gosto por astronomia (mais particularmente pelo telescópio Hubble), a carta do pai também carrega um mistério que será melhor esclarecido com o desenrolar do texto, o da "garota das laranjas". A personagem, com traços saídos de um conto de fadas, trava uma relação profunda de identificação e de platonismo com o pai e, por consequência, com o filho.

O estilo de Jostein Gaarder, característico desde "O Mundo de Sofia", mais uma vez se faz presente e identificável logo nas primeiras páginas do livro. Ao escolher duas vozes (1+1, como o próprio classifica) para contar a história, seu jeito didático e extremamente paciente de dar detalhes da história funciona muito bem para atiçar a curiosidade, lançando luz em aspectos de nossa contemporaneidade que vão além do óbvio.

Gaarder resume, na entrevista que segue, o espírito de "A Garota das Laranjas": "É uma história de amor, um livro sobre o desespero que um pai sente quando está dizendo adeus à vida e ao mundo, mas que também inclui algumas perspectivas sobre astronomia e nossa relação com o universo". Ao propor a aceitação da vida mesmo dentro dos limites que ela impõe, o autor procura discutir, mais uma vez, o sentido da vida e a herança natural do homem. E defende: "acredito que o homem foi criado para contar histórias".


UOL: Quanto a Sofia (de "O Mundo de Sofia"), você acredita que a personagem pode viver mais que o autor? Isso é, você acha que ela será eterna, mais até que o nome Jostein Gaarder, se é que isso importa?
Gaarder: Eu não me importo, na verdade, eu realmente, realmente, não me importo quem irá mais longe, eu ou Sofia. Primeiro, quando eu comecei a escrever "O Mundo de Sofia", estava convencido de que seria uma história para pouquíssimas pessoas e que não daria maiores retornos. E eu estava completamente errado, foi um best-seller mundial, na época fiquei surpreso e assim permaneço até hoje. Mas agradeço pois foi a oportunidade que se abriu e que permitiu que lançasse meus outros livros. Ou seja, se não fosse por Sofia, nenhum de meus outros títulos teriam sido traduzidos em 55 países diferentes. Mas eu não sinto que criar uma história como a de "O Mundo de Sofia" dê algum tipo de conforto, não acredito nisso.

UOL: Acredito que seja um grande peso a se carregar, uma vez que é um tremendo sucesso. Você nunca pensou em fazer de "O Mundo de Sofia" uma série e, quem sabe, transformar Sofia em uma espécie de Harry Potter, em uma aprendiz dos diversos ramos da filosofia mundial?
Gaarder: Veja, eu sou muito interessado em filosofia indiana e chinesa, por exemplo. Se eu soubesse que o livro seria traduzido fora da Noruega, teria escrito sobre filosofia indiana, por exemplo. Mas escrever outro, depois do sucesso de "O Mundo de Sofia", que incluísse outras vertentes da filosofia mundial, bem, acho que não é minha tarefa. Se alguém o fizer, ficarei muito feliz. E digo que não gostaria de repetir a mesma fórmula, pois funciona apenas no contexto e no espírito do original.


Talvez, a forma pedagógica de explicar conceitos universais pudesse ser usado junto a ciência. Eu, particularmente, estou muito interessado na ciência moderna e contemporânea, como a astrofísica. Cada vez eu leio menos filosofia e mais sobre ciências naturais, pois penso que as grandes questões filosóficas são debatidas por seus ramos.


UOL: Você tocou em dois pontos que gostaria de explorar mais. O primeiro é, por que decidiu dar a "O Mundo de Sofia" um tratamento pedagógico, mirando também no público mais jovem ao explicar de forma simples e clara algumas das verdades filosóficas?
Gaarder: Quando escrevi "O Mundo de Sofia", eu estava totalmente ciente de que tentava popularizar a história da filosofia ocidental. Tinha apenas uma ambição e essa era pedagógica, didática. Às vezes, sou confrontado com a pergunta de que meus outros livros também são pedagógicos e eu não concordo plenamente. Meu livro mais recente, "A Garota das Laranjas", é uma história de amor, um livro sobre o desespero que um pai sente quando está dizendo adeus à vida e ao mundo, mas que também inclui algumas perspectivas sobre astronomia e nossa relação com o universo. Isso não foi feito para ser didático, mas apenas um aspecto do que é ser humano.

UOL: E o segundo ponto que gostaria de retomar é sobre a sua afirmação que são os textos científicos que lidam, hoje, com as grandes questões filosóficas. Porém, os cientistas, muitas vezes, não se sentem muito confortáveis com o fato de que idéias e hipóteses científicas sejam usadas em outros contextos. Como você acha que se deve lidar com essa situação?
Gaarder: Eu acho que, antes de mais nada, poderíamos dizer que toda a ciência natural é reducionista. Esse é o propósito de toda a ciência natural, reduzir nossos insights, nossas sacadas, em fatos brutos. Mas esse é o limite do que as ciências naturais podem nos dizer. E de novo, se você falar em metafísica ou o que quer que seja, a missão é ir além. Mas também é dever da filosofia admitir que isso é especulação, que não tem muito lastro em conhecimentos factíveis, pelo menos não hoje. E do mesmo jeito que há semelhanças entre, digamos, o Humanismo e a Astrofísica, também há limites.

UOL: Você acredita, então, que seja importante construir pontes entre diferentes campos do conhecimento?
Gaarder: Vou lhe dar um exemplo prático: estava eu em Madri, na Espanha, em uma conferência, onde conheci três cientistas nucleares, especialistas em átomos. Fiz então uma pergunta bem simples a eles: seria a consciência uma coincidência cósmica? E todos os três ficaram encabulados. No começo olharam para os lados, para o chão, e então repeti a pergunta. A resposta dos três foi positiva, que a consciência é uma coincidência cósmica. Assim, acredito que, da mesma forma que a religião é cega para alguns fatos, a ciência natural também o é.

Falando em cosmos, nós sabemos hoje que existem moléculas orgânicas espalhadas pelo universo. E sabemos que nossos átomos, nossos corpos e nosso mundo foram fervidos a partir de antigas estrelas, digamos assim. O que estou tentando dizer é que não acho que a vida seja uma coincidência. Acho que a vida é uma característica profunda da natureza particular do universo. E digo o mesmo sobre a consciência.

UOL: Você acredita que ainda existem histórias a serem contadas, mesmo depois de séculos de história da literatura e de tantos livros?
Gaarder: Eu acredito realmente que novas histórias serão criadas, assim como novas formas de contá-las. Não há fim. O material mais plástico conhecido do universo é a proteína. Duas moléculas protéicas geram tantas variações, e extremas, que acho que o mesmo vale para as histórias. Ambas são como estruturas narrativas, algo que faz parte do que há de mais profundo no nosso ser. Mesmo que a língua nativa da sua mãe seja português e da minha seja norueguês, mas abaixo desse nível de diferenças há uma camada que diz respeito a todos nós, que é como a estrutura narrativa que mencionei, algo como um mundo imaginário. Assim que começamos a concatenar as palavras nós começamos a criar histórias. Então acho que enquanto os homens viverem teremos sempre novas histórias. Talvez o formato de novela, de romance, como conhecemos ordinariamente, morra um dia. Mas histórias são contadas de diversas formas, desde oralmente até por escrito, e são tão essenciais quanto as proteínas do universo.

UOL: Para encerrar, quais são suas verdades filosóficas de preferência?
Gaarder: Serei bem simples na minha resposta. Conhece o Panteísmo? Espinoza é um dos expoentes desta escola na filosofia ocidental, que tem desdobramentos profundos na filosofia indiana. Há um ditado panteísta bem difundido de Espinoza, que diz "Deus Ex Natura", ou seja, "Deus é a natureza". É como se a natureza fosse a evolução divina e Deus fosse a evolução da natureza. Para ele, não havia diferença entre os sujeitos da frase.

sábado, agosto 27, 2005

P9

Três anos e vários projetos paralelos separaram o Pavilhão 9 de seu sexto disco, “Público Alvo”, que chega às lojas agora em setembro. O grupo atualmente é formado por Rhossi e Doze (vocais), Ortega (guitarra), Marinho (baixo), Munari (guitarra) e Fernandão (bateria) e traz na bagagem o pioneirismo de aliar, em terras tupiniquins, rap, hard core, percussão latina e a contundência de seu discurso.

“Estamos festejando o sexto trabalho da banda, os treze anos de carreira que a gente vem trabalhando. “Público Alvo” é decorrência de quando o Pavilhão se transformou numa banda, em 97, a fusão do rap com hard core. É um álbum forte, que fala das coisas que a gente está acostumado a viver no dia-a-dia. Nada mais é do que uma crônica. A gente tá trabalhando agora a música “Mundo Louco”, porque todo mundo tá meio paranóico, sendo vigiado por radares, câmeras, os muros cada vez mais altos, carros blindados. A gente brinca com esse título, “Público Alvo”, por causa da paranóia. E também por causa daquela história de quando você entra para uma gravadora, que dizem para você fazer um som específico pro seu público alvo”, esclarece Rhossi, alfinetando majors agora que sua banda é independente.

Com produção de Carlo Bartolini, o disco conta com as participações de Guga Stroeter, Bocato, Billy (vocalista do Biohazard), DJ Nuts, Apollo 9, Rodolfo (ex-Rodox e Raimundos) e Salazar (da dupla Veiga & Salazar). Como se organiza esse monte de participações? Munari explica: “É uma coisa natural, não é muito planejada. Tem até uma parte do disco que é um pouco mais eletrônica e isso acontece de uma maneira orgânica. Geralmente tem instrumento tocando junto, essas paradas de bit, tal. Tem um lado mais latino. Mas, no geral, o disco tá com o lado hard core exacerbado. E gravamos com pessoas com quem a gente tá envolvido”.

E continua, falando do clipe de “Mundo Louco”: “A grande parada do clipe é que ele é massivo como a canção. É um bombardeio. A Conspiração (produtora que fez o clipe) tem uma condição de exercer conceito de uma maneira bacana. De repente, é um dos melhores clipes do Pavilhão. Não sei se é uma grande invenção de originalidade, mas pega esse conceito de clipagem e extrapola, bombardeia mesmo”.

O Pavilhão 9, que já vendeu cerca de 240 mil cópias, vai levando sua escrita biográfica nos limites do protesto, sem charlatanices. Experimenta pra você ver.

quinta-feira, agosto 25, 2005

Sorriso de Monalisa é ilusão, afirma pesquisa neurológica

AFP

A Gioconda de Da Vinci tem sorriso pintado com sombras e joga com os processos visuaisLa Coruña (Espanha), 25 ago (EFE).- O enigmático sorriso da Monalisa, de Leonardo da Vinci, é "uma ilusão que aparece e desaparece devido à maneira peculiar como o olho humano processa as imagens", de acordo com uma pesquisa sobre os mecanismos da visão da neurobióloga Margaret Livingstone.Dentro do Congresso Europeu de Percepção Visual (ECVP 2005) realizado nesta semana na cidade de La Coruña, no noroeste da Espanha, a pesquisadora argumentou nesta quinta-feira que quando no século XVI Leonardo Da Vinci pintou a Monalisa conseguiu um efeito pelo qual o sorriso desaparece quando o quadro é visto de diretamente e só reaparece quando a vista se fixa em outras partes do quadro.Segundo esta professora da Universidade de Harvard, o artista criou essa ilusão usando "de maneira intuitiva" truques que agora começam a ter base científica.A teoria de Livingstone se apóia no fato de que o olho humano tem uma visão central, muito boa para reconhecer os detalhes, e outra periférica, menos precisa, mas mais adequada para perceber as sombras."Da Vinci pintou o sorriso da Monalisa usando sombras que vemos muito melhor com nossa visão periférica", afirmou.Por isso, para a Monalisa sorrindo é preciso olhar nos olhos da pintura ou qualquer outra parte do quadro, de modo que seus lábios fiquem no campo da visão periférica.Livingstone estuda agora porque tantos gênios da pintura tinham alguma deficiência visual. A pesquisadora usou o exemplo de Rembrandt, cujo estrabismo reduzia sua capacidade para ver em três dimensões, o que, em sua opinião, foi bom porque "ter uma percepção da profundidade pobre pode ser uma vantagem em uma profissão em que o objetivo é modelar o mundo tridimensional em uma tela plana".A pesquisadora disse que não tenta "desmitificar a arte", mas explicar cientificamente técnicas que os artistas vieram usando de maneira intuitiva há muito tempo."Os artistas estão muito mais tempo que nós, os neurobiólogos, estudando os processos visuais", reconheceu

; )

A buon intenditor poche parole.
A word to the wise is sufficient.

quarta-feira, agosto 24, 2005

moleque maravilhoso - raul seixas


Eu nunca cometo pequenos erros
Enquanto eu posso causar terremoto
E das tempestades já não tenho medo
Acordo mais cedo

Eu nunca me animo de ir ao trabalho
Eu sou o coringa de todo baralho
Sou carta marcada em jogo roubado
A morte ao meu lado

Eu sou o moleque maravilhoso
Num certo sentido o mais perigoso
Moleque da rua, moleque do mundo,

Moleque do Espaço !

Quebrando vidraças do velho Ricardo
Nesta vizinhança sou filho bastardo
Com o meu bodoque sempre no pescoço
Eu exijo meu osso

segunda-feira, agosto 22, 2005

.z.

"Sei me virar fora de casa, aprendi também a me comportar com quem me cumprimenta: mede-se o sorriso, os gestos de surpresa, a alegria ou a cortesia observando-se sorrisos, gestos e cortesias do outro. Experimentei com os condôminos, no elevador. O que demonstra que a vida social nada mais é que ficção. Evidente, se não começar a pensar que é tudo uma comédia, você dá um tiro na cabeça. "

dum abáutime bem bacana do orkú!

domingo, agosto 21, 2005

Johnny Depp lança cinzas de Hunter S. Thompson ao céu

Amigos e fãs do escritor e jornalista cult americano Hunter S. Thompson já começaram a se reunir em Aspen, nos Estados Unidos, para uma cerimônia póstuma tão polêmica quanto o homenageado.

Na cerimônia, financiada pelo ator Johnny Depp, foi montado um canhão no alto de uma torre de quase 50 metros. De lá, as cinzas do escritor, que se matou com um tiro na cabeça em fevereiro, serão lançadas ao céu.

Além de pagar a conta, Johnny Depp, que interpretou o escritor em Medo e Delírio, a versão para o cinema do clássico Fear and Loathing in Las Vegas, também estará presente na cerimônia.

Um amigo de Thompson, Matt Moseley, disse à BBC que essa será "a maior comemoração do planeta".

Segundo ele, a explosão que lançará as cinzas ao céu deve ser equivalente a 34 morteiros explodindo ao mesmo tempo.

Moseley disse que já começaram as homenagens de artistas aos escritor em Aspen, entre elas leituras e performances musicais. Sean Penn também deve estar entre esses artistas.

Thompson foi a principal figura do chamado "jornalismo gonzo", que ignora completamente a imparcialidade e adota um estilo totalmente subjetivo e pessoal.

sexta-feira, agosto 19, 2005

Seu DNA Cósmico é: Sol em LEÃO, Lua em ÁRIES e Ascendente ESCORPIÃO.

Este é seu código astral, o instrumento cósmico que você possui para criar um ambiente feliz e engrandecer a vida com sua presença. Em você se combinam o amor e a criatividade, brindando com um potencial enorme para oferecer ao mundo inventos interessantes, que possam, ou que esperam pelo menos, melhorá-lo. Nem sempre será assim, mas pelo menos essa será a intenção que guiará seus passos e os motivos ocultos por trás de suas atitudes. A generosidade dos gestos parecerá um pouco estabanada, e nem sempre será bem recebida, mas novamente, a intenção será sempre boa. Terá você de reconhecer que sua alma se guia principalmente pela criatividade, e que o elevado nível de desentendimentos, encrencas e conflitos, nada mais será do que o chamado que o universo fará a sua alma para reforçar essa virtude. Você resolverá tudo fazendo arte e inventando, mesmo que para isso se torne necessário deflagrar algumas guerras.

Seu signo ascendente é ESCORPIÃO e seu planeta regente é MARTE

Seu ASCENDENTE está no signo de ESCORPIÃO, esta é a estrela que orienta sua evolução durante esta vida. Você desenvolverá a necessidade de opor-se a todas as coisas ou pessoas que achar erradas. E com certeza, haverá muitas delas. Com o tempo isso se transformará no destino de sua presença precipitar conflitos. Você encontrará muitas e diversas maneiras de administrar os conflitos, algumas melhores que outras. Mas de todas as coisas da vida, uma só será inevitável, o envolvimento em conflitos. Por que? Porque o estado de eterno conflito trará à tona a criatividade, na melhor das hipóteses, e a guerra, na pior delas. Nada poderia se criar com você aceitando mundo como ele é, sua alma precisa se opor a ele, por melhor que for, para criar algo diferente. Sua alma terá o objetivo de viver da melhor maneira possível, e por isso abrirá uma cruzada contra tudo e todos que se tornarem obstáculo no caminho da felicidade. Você desenvolverá um temperamento valente. Você saberá criar armadilhas muito bem, mas não saberá montá-las sem ficar envolvido diretamente nelas, o que resultará em você cair nelas também. Sua natureza será intensa e propensa a extremos, tanto no trabalho como no prazer. Quando você deseja algo, raramente deixa de conseguí-lo. O problema serão os custos, quase sempre bastante altos... Mas, sua vontade será forte, imperiosa e nada poderá fazer que você se desvie da realização dos desejos. Há uma espécie de "olho de águia" em sua natureza, que o fará ver oportunidades onde outras pessoas não percebam nada. Os segredos farão parte de seu caminho, os que você inventar, e os outros, aqueles que atiçarão sua capacidade de desconfiar e suspeitar. Não será raro se, em algum momento, a vida encaminhar você a uma cruzada contra alguma instituição, ou contra alguém de posição notória. Sua natureza será rica em recursos e a imaginação muito fértil. Suas atitudes serão difíceis de decifrar, mas sempre cheias de brio e fogo. No fundo, você procurará uma causa justa para decidir se a vida vale a pena, ou não. Você irá querer que a vida seja a melhor possível, e será implacável com tudo que considere não se ajustar a seus propósitos. Falará sem medo, sem papas na língua, e precipitará conflitos por isso. Esta característica, não se sabendo muito bem se é vício ou virtude, colocará você perto do círculo de poder, onde se dará muito bem. Ou muito mal, se pisar no calo errado. As idéias serão próprias, nunca emprestadas de alguém, e lhe convirá a liderança, muito mais do que a posição obediente. Que ninguém conheça sua fúria, porque poderá ser completamente destrutiva, não se manifestando toda de uma vez, mas aos poucos, com planos de vingança que se revelarão em episódios, como na novela das 8.

Você tem o SOL em LEÃO, este é o seu signo.

Seu SOL está no signo de LEÃO, esta é a forma com que sua alma identifica a realidade da vida. Irradiar distinção e realeza, este é seu destino. A elegância do porte de sua cabeça e olhar confirma esta proposição. Você, evidentemente, será atraído pela perfeição e pela beleza, e raramente deixará de estar rodeado destes atributos. Você é dotado com uma autoridade natural, que as outras pessoas reconhecem. Algumas delas se relacionam bem com isto, e se tornam suas mais fiéis aliadas. Outras competirão com você, tentando jogá-lo no chão, fato que lhe acontecerá de vez em quando. Quando você se sinta arrasado, o demonstrará com a mesma intensidade e porte dramático de quando se sentir nas alturas de seu trono real. Sua inteligência é lúcida, lógica e dotada de um profundo sentido de síntese. Você tem moral, aprecia a retidão do caráter e atua de acordo com isto na vida. Aprecia o luxo em todos os níveis, e será capaz de gastar pequenas fortunas se isso for necessário para brindar com prazer a outras pessoas. Por que? Porque você é capaz de saborear o prazer de outrem, compartilhando-o em sua alma.

Sua LUA está no signo de ÁRIES.

Sua LUA está no signo de ÁRIES, esta é a forma com que sua alma busca ficar à vontade na vida. Você é impulsivo e direto no relacionamento com as outras pessoas, o que brinda você com uma certa aparência feroz e dura. Atingir a independência será uma das mais altas prerrogativas de sua vida, porque apenas nesta condição é que você conseguirá sentir-se completamente à vontade. O preço a ser pago poderá ser uma boa dose de solidão, efeito colateral da independência, já que todo relacionamento inclui a dependência. Esta posição lunar inclina à troca de palavras ásperas em discussões e desavenças. Isto acontece porque o tempo entre o pensamento e a palavra dita é muito pequeno no signo de Áries. Na verdade, você é entusiasta e precisa direcionar esta qualidade para ela não se transformar em agressividade. Você conseguirá notoriedade e chegará a ocupar cargos que lhe permitam exercer autoridade sobre outras pessoas. Uma coisa é certa: você abrirá seu próprio caminho na vida, desprezando por vezes o apoio que outras pessoas poderiam oferecer-lhe. Neste aspecto, você será sempre um pouco inesperado para os seus amigos, e provavelmente fará sempre diferente, quando não o contrário, do que eles lhe aconselharem.

SOL em LEÃO e LUA em ÁRIES.

Com esta combinação, você sentirá amor pela filosofia e se inclinará ao pensamento religioso. Em todas as áreas da vida você se sentirá mais à vontade quando dirigindo as outras pessoas, em vez de ser dirigido por elas. Sua determinação é firme, e quando desejar realizar algo, raramente deixará o caminho até chegar ao fim. Você combina uma natureza resistente, dominante, entusiasta e enérgica, com muita emotividade. Você obterá êxito na vida por ser independente, sabendo abrir-se passagem pela vida afora porque confia em si mesmo, é firme e positivo, sem dureza, porque generoso e de bom humor, pelo menos a maior parte do tempo.

quinta-feira, agosto 18, 2005

terça-feira, agosto 16, 2005

http://www.picturesonwalls.com/






MANIFESTO

Art is not like other culture because its success is not made by its audience. We, the public, fill concert halls and cinemas every day. We read novels by the millions and buy records by the billions. We, the people, affect the making, the taste and the quality of our culture.

The Art we look at, however, is made by only a select few. A small group create, promote, purchase, exhibit and decide the success of Art. Not more than 5000 people in the world have any real say. When you go to an Art gallery you are simply a tourist waving flags at a parade. A parade where the winner was decided without you.

We want to make Art that charts. We thought of calling it a revolutionary new way to sell Art but it's not revolutionary. It's just cheap.

The malls are coming out of the walls.

sexta-feira, agosto 12, 2005

BOBBY GILLESPIE ON THE COUCH

What song describes you best?

"'Here Come The Warm Jets' by Brian Eno."

What is heaven?

"Emily, my girlfriend."

What is hell?

"Emily, my girlfriend."

What is your earliest memory?

"My earliest memory is a dream I had when I was little, living in a tenement in Glasgow. I walked up the side of the building, and over the roof, then down the other side of the building. So my first memory is also the first dream I can ever remember having, which is a bit strange."

What is your greatest fear?

"You can't say what your greatest fear is, or it will come true. Although, this may be an LSD thing, right - but imagine if one day you had a rabbit's head growing out of the side of your head. I don't know if that's a fear or a wish. But I used to think that might really happen to me."

Who is your all-time hero?

"Hank Williams."

What's the worst trouble you've ever been in?

"I can't talk about it. I'm going to have to pass on that one."

What's your greatest talent?

"I'm a fantastic liar."

Upon whom would you most like to exact revenge, why and how?

"There isn't any point in revenge, I wouldn't do it."

What is your most treasured possession?

"A doctor's prescription."

What's the best piece of advice you've ever received?

"'Always keep a clear head and carry a lightbulb.' - Bob Dylan."

What have you most regretted doing while drunk?

"There's too many things, don't get me started."

What can you cook?

"Beans on toast."

Can you read music?

"No."

If you were invisible for a day, what would you do?

"Stay in bed and sleep all day, because no one could find me to wake me up."

If you had three wishes, what would they be?

"It's hard to say at the moment, because my band's so good I couldn't wish it to be better. I was crying last week it was so good. So it's hard to imagine wishing for anything else. It sounds fucking sick, but I don't need the wishes."

Grupo passeia por um neo-hippismo

DA REPORTAGEM LOCAL


Em "Kill All Hippies", uma de suas mais explosivas canções dos últimos anos, o Primal Scream decretava sentença de morte aos ripongas. Ainda bem que eles pouparam os Magic Numbers. Porque eles se vestem como hippies, têm cabelos de hippies e cantam como hippies -mas deixam de lado a pregação-mala de paz e amor.
Dizem, eles próprios, que fazem música honesta -longe da sátira e do cinismo. E também não aceitam muitas brincadeiras. Na semana passada, a banda foi escalada para tocar no "Top of the Pops", programa da rede BBC em que são chamados os artistas com os singles mais bem-sucedidos da parada inglesa.
O Magic Numbers iria tocar "Forever Lost". Ao apresentar a banda, o host do programa, Richard Bacon, fez algumas piadas sobre os integrantes, de como eles seriam gordos e tal. O grupo não gostou da brincadeira e saiu do palco. Não tocou. Claro, a história foi parar nos jornais e revistas do Reino Unido.
A ira do Magic Numbers revela o lado não-hippie da banda. Assim como algumas canções deste álbum, que remetem a Belle & Sebastian, Stereolab, Simon & Garfunkel, Beach Boys, Big Star. A voz de Romeo Stodart brinca com a de Angela Gannon.
É basicamente um disco de baladas, algumas bem acima da média, como "Mornings Eleven", um alegre folk-country.
Os singles "Forever Lost" e "Love me Like You" são outras boas surpresas. A primeira é a mais pop do álbum, com um vocal à la Ronettes; melhora o dia do mais duro dos seres. A segunda é um pouco mais rápida, e Romeo canta: "Ela não me ama como você/ Ela não sabe o que você sabe".
Este é um disco de melodias, e não à toa os Chemical Brothers chamaram o Magic Numbers para participar de "Close Your Eyes", a mais melódica das canções de seu último disco, "Push the Button".
"Hymm for Her", que fecha o álbum, é classuda, mas até chegar lá se passa por coisas que parecem estar ali para ocupar espaço, caso das pouco inspiradoras "Long Legs", "I See You, You See Me" e "Love's a Game".
No final, "The Magic Numbers", o disco, é como um grande passeio por Visconde de Mauá -mas sem as sandálias de couro.
(THIAGO NEY)

quarta-feira, agosto 10, 2005

terça-feira, agosto 09, 2005

sábado, agosto 06, 2005

It

from deoxy&voidwithme

   has become fashionable, and it is nothing more than a fashion, to believe that the universe is dumb, stupid. That intelligence, values, love and fine feelings reside only within the bag of the human epidermis, and that outside that, the thing is simply a kind of a chaotic, stupid interaction of blind forces, and our intelligence is an unfortunate accident. By some weird freak of evolution we came to be these feeling and rational beings, more or less rational, and this is a ghastly mistake because here we are in a universe that has nothing in common with us, that doesn't share our feelings, has no real interest in us: we're just a sort of cosmic fluke. And therefore, the only hope for mankind is to beat this irrational universe into submission, and conquer it and master it.

   Now all this is perfectly idiotic. If you would think that the idea of the universe as being the creation of a benevolent old gentleman, although he's not so benevolent - he takes a sort of "this hurts me more than it's going to hurt you" sort of attitude to things, you can have that on one hand, and if that becomes uncomfortable you can exchange it for its opposite: the idea that the ultimate reality doesn't have any intelligence at all. At least that gets rid of the old bogey in the sky - in exchange for a picture of the world that is completely stupid.

   Now these ideas don't make any sense, because you cannot get an intelligent organism such as a human being out of an unintelligent universe. The saying in the New Testament that figs do not grow on thistles nor grapes on thorns applies equally to the world. You do not find an intelligent organism living in an unintelligent environment.

   Look, here is a tree in the garden, and every summer it produces apples, and we call it an apple tree because the tree apples, that's what it does. Alright, now here is a solar system inside a galaxy and one of the peculiarities of this solar system is that at least on the planet Earth the thing peoples. In just the same way that an apple tree apples.

   Now maybe, two million years ago somebody came from another galaxy in a flying saucer and had a look at this solar system, and they looked it over and shrugged their shoulders and said, "just a bunch of rocks," and they went away. Later on, maybe two million years later they came around and they looked at it again, and they said, "Excuse me, we thought it was a bunch of rocks, but it's peopling, and it's alive after all. It's done something intelligent."

   Because, you see, we grow out of this world in exactly the same way that the apples grow on the apple tree. If evolution means anything it means that, and this is discovered by the scientist when he tries to describe .. exactly what you do. He finds out that you, your behavior, is not something that can be separated from the behavior of the world around you. He realized then that you are something that the whole world is doing. Just as when the sea has waves on it. Alright, the sea, the ocean is waving, and so each one of us is a waving of the whole cosmos, the entire works, ALL THERE IS! And with each one of us it's waving and saying, "Yoo hoo - Here I am!" Only it does it differently each time, because variety is the spice of life.

Alan Watts - from the lecture "Who Am I?"
In Toxicômanos de identidade. Subjetividade em tempo de globalização, in Cultura e subjetividade. Saberes Nômades, org. Daniel Lins. Papirus, Campinas 1997; pp.19-24.


Toxicômanos de identidade
subjetividade em tempo de globalização*
* Reelaboração de artigo publicado no caderno Mais!da Folha de São Paulo. São Paulo, 19/05/96.

Suely Rolnik

A globalização da economia e os avanços tecnológicos, especialmente a mídia eletrônica, aproximam universos de toda espécie, situados em qualquer ponto do planeta, numa variabilidade e numa densificação cada vez maiores. As subjetividades, independentemente de sua morada, tendem a ser povoadas por afetos desta profusão cambiante de universos; uma constante mestiçagem de forças delineia cartografias mutáveis e coloca em cheque seus habituais contornos.
Tudo leva a crer que a criação individual e coletiva se encontraria em alta, pois muitas são as cartografias de forças que pedem novas maneiras de viver, numerosos os recursos para criá-las e incontáveis os mundos possíveis. Por exemplo, as infovias: forma-se, através delas, uma comunidade do tamanho do mundo que produz e compartilha suas idéias, gostos e decisões à viva voz, numa infindável polifonia eletrônica; uma subjetividade que se engendra na combinação sempre cambiante da multiplicidade de forças deste coletivo anônimo. Estaríamos assistindo à emergência de uma democracia em tempo real, administrada por um sistema de autogestão em escala planetária? A figura moderna da subjetividade, com sua crença na estabilidade e sua referência identitária, agonizante desde o final do século passado, estaria chegando ao fim?
Não é tão simples assim: é que a mesma globalização que intensifica as misturas e pulveriza as identidades, implica também na produção de kits de perfis-padrão de acordo com cada órbita do mercado, para serem consumidos pelas subjetividades, independentemente de contexto geográfico, nacional, cultural, etc. Identidades locais fixas desaparecem para dar lugar a identidades globalizadas flexíveis que mudam ao sabor dos movimentos do mercado e com igual velocidade.
Esta nova situação, no entanto, não implica forçosamente o abandono da referência identitária. As subjetividades tendem a insistir em sua figura moderna, ignorando as forças que as constituem e as desestabilizam por todos os lados, para organizar-se em torno de uma representação de si dada a priori, mesmo que, na atualidade, não seja sempre a mesma esta representação. 
É verdade que estas mudanças implicam a conquista de uma flexibilidade para adaptar-se ao mercado em sua lógica de pulverização e globalização; uma abertura para o tão propalado novo: novos produtos, novas tecnologias, novos paradigmas, novos hábitos, etc. Mas isto nada tem a ver com flexiblidade para navegar ao vento dos acontecimentos - transformações das cartografias de forças que esvaziam de sentido as figuras vigentes, lançam as subjetividades no estranho e as forçam a reconfigurar-se. Abertura para o novo não envolve necessariamente abertura para o estranho, nem tolerância ao desassossego que isto mobiliza e menos ainda disposição para criar figuras singulares orientadas pela cartografia destes ventos, tão revoltos na atualidade.
É a desestabilização exacerbada de um lado e, de outro, a persistência da referência identitária, acenando com o perigo de se virar um nada, caso não se consiga produzir o perfil requerido para gravitar em alguma órbita do mercado. A combinação desses dois fatores faz com que os vazios de sentido sejam insuportáveis. É que eles são vividos como esvaziamento da própria subjetividade e não de uma de suas figuras - ou seja, como efeito de uma falta, relativamente à imagem completa de uma suposta identidade, e não como efeito de uma proliferação de forças que excedem os atuais contornos da subjetividade e a impelem a tornar-se outra. Tais experiências tendem então a ser aterrorizadoras: as subjetividades são tomadas pela sensação de ameaça de fracasso, despersonalização, enlouquecimento ou até de morte. As forças, ao invés de serem produtivas, ganham um caráter diabólico; o desassossego trazido pela desastabilização torna-se traumático. Para proteger-se da proliferação das forças e impedir que abalem a ilusão identitária, breca-se o processo, anestesiando a vibratilidade do corpo ao mundo e, portanto, seus afetos. Um mercado variado de drogas sustenta e produz esta demanda de ilusão, promovendo uma espécie de toxicomania generalizada. Mas a que drogas estou me referindo?
Primeiro as drogas propriamente ditas, fabricadas pela indústria farmacológica que são pelo menos de três tipos: produtos do narcotráfico, proporcionando miragens de onipotência ou de uma velocidade compatível com as exigências do mercado; fórmulas da psiquiatria biológica, nos fazendo crer que essa turbulência não passa de uma disfunção hormonal ou neurológica; e, para incrementar o coquetel, miraculosas vitaminas prometendo uma saúde ilimitada, vacinada contra o stress e a finitude. Evidentemente não está sendo posto em questão aqui o benefício que trazem tais avanços da indústria farmacológica, mas apenas seu uso enquanto droga que sustenta a ilusão de identidade.
Outros tipos de drogas que sustentam igualmente esta ilusão encontram-se disponíveis no mercado, embora não se apresentem enquanto tal. Vejamos as mais evidentes.
A droga oferecida pela TV (que os canais a cabo só fazem multiplicar), pela publicidade, o cinema comercial e outras mídias mais. Identidades prêt-à-porter, figuras glamurizadas imunes aos estremecimentos das forças. Mas quando estas são consumidas como próteses de identidade, seu efeito dura pouco, pois os indivíduos-clones que então se produzem, com seus falsos-self estereotipados, são vulneráveis a qualquer ventania de forças um pouco mais intensa. Os viciados nesta droga vivem dispostos a mitificar e consumir toda imagem que se apresente de uma forma minimamente sedutora, na esperança de assegurar seu reconhecimento em alguma órbita do mercado.
Há ainda a droga oferecida pela literatura de auto-ajuda que lota cada vez mais as prateleiras das livrarias, ensinando a exorcizar os abalos das figuras em vigência. Esta categoria inclui a literatura esotérica, o boom evangélico e as terapias que prometem eliminar o desassossego, entre as quais a Neurolinguística, programação behaviorista de última geração.
Muito procuradas, por fim, são as drogas oferecidas pelas tecnologias diet/light. Múltiplas fórmulas para uma purificação orgânica e a produção de um corpo minimalista, maximamente flexível. É o corpo top model, fundo neutro em branco e preto, sobre o qual se vestirá diferentes identidades prêt-à-porter.
Dois processos acontecem nas subjetividades hoje que correspondem a destinos opostos desta insistência na referência identitária em meio ao terremoto que transforma irreversivelmente a paisagem subjetiva: o enrijecimento de identidades locais e a ameaça de pulverização total de toda e qualquer identidade.
Num pólo, as ondas de reivindicação identitária das chamadas minorias sexuais, étnicas, religiosas, nacionais, raciais, etc. Ser viciado em identidade nestas condições éconsiderado politicamente correto, pois se trataria de uma rebelião contra a globalização da identidade. Movimentos coletivos deste tipo são sem dúvida necessários para combater injustiças de que são vítimas tais grupos; mas no plano da subjetividade trata-se aqui de um falso problema. O que se coloca para as subjetividades hoje não é a defesa de identidades locais contra identidades globais, nem tampouco da identidade em geral contra a pulverização; é a própria referência identitária que deve ser combatida, não em nome da pulverização (o fascínio niilista pelo caos), mas para dar lugar aos processos de singularização, de criação existencial, movidos pelo vento dos acontecimentos. Recolocado o problema nestes termos, reivindicar identidade pode ter o sentido conservador de resistência a embarcar em tais processos.
No pólo oposto, está a assim chamada síndrome do pânico. Ela acontece quando a desestabilização atual élevada a um tal ponto de exacerbação que se ultrapassa um limiar de suportabilidade. Esta experiência traz a ameaça imaginária de descontrole das forças, que parecem prestes a precipitar-se em qualquer direção, promovendo um caos psíquico, moral, social, e antes de tudo orgânico. É a impressão de que o próprio corpo biológico pode de repente deixar de sustentar-se em sua organicidade e enlouquecer, levando as funções a ganharem autonomia: o coração que dispara, correndo o risco de explodir a qualquer momento; o controle psicomotor que se perde, perigando detonar gestos gratuitamente agressivos; o pulmão que se nega a respirar, anunciando a asfixia, etc. Neste estado de pânico, não basta mais apenas anestesiar a vibratibilidade do corpo, tamanha a violência de invasão das forças. Imobiliza-se então o próprio corpo, que sóse deslocará acompanhado. A simbiose funciona aqui como uma droga: o outro torna-se um corpo-prótese que substitui as funções do corpo próprio, caso sua organicidade venha a faltar, dilacerada pelas forças enfurecidas. Todas estas estratégias, tanto as que visam a volta às identidades locais, quanto as que visam a sustentação das identidades globais, têm uma mesma meta: domesticar as forças. Em todas elas, tal tentativa malogra necessariamente. Mas o estrago está feito: neutraliza-se a tensão contínua entre figura e forças, despotencializa-se o poder disruptivo e criador desta tensão, brecam-se os processos de subjetivação. Quando isto acontece, vence a resistência ao contemporâneo.
Fruir da riqueza da atualidade, depende das subjevidades enfrentarem os vazios de sentido provocados pelas dissoluções das figuras em que se reconhecem a cada momento. Só assim poderão investir a rica densidade de universos que as povoam, de modo a pensar o impensável e inventar possibilidades de vida. Estes novos sintomas, constituídos no contexto problemático de formação de um novo modo de subjetivação parecem traumatizar o saber psicanalítico, como a histeria traumatizou o saber psiquiátrico do século XIX, e fêz com que deste trauma nascesse a psicanálise. Se a psicanálise não puder suportar os efeitos disruptivos da desestabilização no grau de intensidade com que ela vem ocorrendo neste final de século, com certeza outros métodos serão capazes de fazê-lo, como foi o caso da psicanálise em relação à psiquiatria no final do século passado, e como, aliás, já está sendo o caso com a psiquiatria biológica e as terapias mágicas de toda espécie. O que preocupa não é a perda de um lugar, mas de uma ética: o caráter disruptivo do dispositivo analítico, a peste como o chamava Freud, que consiste em abrir as subjetividades às irrupções do contemporâneo. Quanto mais este dispositivo sucumbir ao poder hegemônico de outros tipos de dispositivos que se inserem no mercado das drogas da ilusão, mais sua ética estará correndo o risco de desaparecer: nesse caso, é em nosso próprio campo que estarão vencendo as forças de resistência àemergência do novo. Urge inventar respostas teóricas e pragmáticas para a nova situação que estamos vivendo, respostas que nos curem de seus efeitos traumáticos. A leitura clínica de alguns aspectos do cenário subjetivo atual aqui apresentada é uma tentativa nesta direção.

Abstract



São problematizados aqui certos efeitos da globalização e da invenção de novas tecnologias - especialmente as eletrônicas - nos processos de subjetivação. Destacam-se entre tais efeitos: a pulverização das identidades locais relativamente estáveis, acompanhada de uma tendência a conformar as subjetividades assim desparametradas segundo identidades globalizadas flexíveis. Estas são figuras prêt-à-porter que se formam e se desfazem ao sabor das novas órbitas do mercado. Para além da aceitação a-crítica de tais identidades globalizadas flexíveis, diversas formas de resistência se esboçam, que vão da apologia da pulverização (o fascínio niilista pelo caos) à defesa de identidades locais fixas (as chamadas minorias).
Propõe-se a idéia de que todas estas formas de resistência tem em comum a manutenção de um regime identitário na constituição das subjetividades. Isto as coloca em estado de falta permanente e promove uma verdadeira toxicomania de identidade, sustentada e produzida por um variadíssimo mercado de drogas. Romper com tal regime identitário seria uma condição essencial para que possa afirmar-se o imenso potencial de criação na existência individual e coletiva, de que é portadora a atualidade.
A psicanálise é convocada a reafirmar sua vocação originária de enfrentamento das questões que se colocam para a subjetividade em cada contexto histórico-cultural, através da invenção renovada de dispositivos pragmáticos e teóricos.




Alternativas de títulos

O vício da identidade
globalização e subjetividade

Toxicômanos de identidade
subjetividade e globalização

Drogaditos de identidade
globalização e subjetividade

sexta-feira, agosto 05, 2005

Pássaro prodígio

Além de identificar cores e números, papagaio criado em cativeiro parece entender quanto vale zero


Ao longo de 28 anos de pesquisa, cientistas dos Estados Unidos já ensinaram um papagaio cinza africano (Psittacus erithacus) a identificar, em inglês, variados objetos, cores e números, com ajuda de métodos da psicologia social infantil. Recentemente, Alex, como é conhecido o pássaro, realizou a façanha de perceber a ausência de um determinado número de elementos e expressá-la vocalmente sem que fosse treinado para isso. De acordo com a líder dos experimentos, esta é a primeira vez que um animal domina o conceito de zero. No entanto, a interpretação dos resultados é controversa.

Os experimentos numéricos feitos com Alex consistiam em fazer a ele perguntas sobre a quantidade de objetos de uma mesma cor apresentados em uma bandeja. Clique na imagem para assistir a um vídeo narrado em inglês que mostra algumas das proezas do pássaro (formato mov, 3 MB)
Entre setembro de 2003 e junho de 2004, a equipe de Irene Pepperberg, professora de psicologia da Universidade Brandeis, submeteu Alex a um estudo de compreensão numérica. Para verificar se a ave sabia contar, os pesquisadores apresentavam bandejas com grupos de objetos misturados e faziam perguntas para que o animal selecionasse determinado conjunto de elementos semelhantes. Por exemplo, quando mostravam ao papagaio um suporte com quatro cubos verdes, cinco vermelhos e seis azuis (foto), questionavam: "Que cor quatro?". Logo, Alex respondia: "Verde". Questões desse gênero foram repetidas sucessivamente. As respostas com o nome de uma cor foram predominantemente corretas.

Às vezes Alex dizia o nome de frutas ou brinquedos, para demonstrar que estava entediado com o excesso de repetições. Porém, em certa ocasião ele falou o número cinco. Vendo que na bandeja exposta não havia cinco objetos de uma mesma cor, Pepperberg ficou intrigada com a resposta e decidiu perguntar: "Que cor cinco?". O papagaio cinza reagiu de forma inédita naquele estudo: "Nenhum". Para descobrir se ele não havia falado aquilo por acaso, a professora passou a mesclar perguntas cujas respostas eram 'nenhum' em outras séries de provas numéricas, e continuou a observar resultados corretos na maioria das vezes (mais de 80%).

Alex, entretanto, não inventou a palavra 'nenhum'. Ele já tinha sido treinado para dizê-la em um estudo de semelhanças e diferenças entre objetos, quando nem a forma nem a cor das coisas fossem iguais ou distintas. "Mas ele nunca havia sido condicionado a usar 'nenhum' para designar a ausência de quantidade dos objetos", gaba-se Pepperberg.

Segundo a pesquisadora, que publicou os resultados dos experimentos numéricos com Alex em um artigo no Journal of Comparative Psychology, a noção que a ave tem do zero surpreende, pois este número não dispõe de uma realidade concreta, sendo de difícil compreensão até mesmo por humanos. "A competência numérica tem como prerrogativa a existência de alguma coisa para ser enumerada", explica Pepperberg. "Talvez por isso as crianças percebam o zero depois de outros conceitos numéricos".

Ainda assim, a interpretação desses resultados deve ser discutida. "Embora se trate do uso do termo 'nenhum' em uma tarefa numérica, a palavra não foi usada no sentido de 'zero cardinal'. Isso só aconteceria se perguntassem, por exemplo, 'quantos cubos azuis?' – e não houvesse nenhum", contrapõe Eduardo Ottoni, etólogo da Universidade de São Paulo. "Alex respondeu 'nenhum' no sentido de ausência, o que ele já sabia fazer antes."

Desta forma, os próximos passos da equipe de Pepperberg envolvem testes que verifiquem até que ponto Alex compreende o zero, além do ensino dos números a outros dois papagaios da mesma espécie mantidos em laboratório. Os métodos usados com a Psittacus erithacus baseiam-se em um procedimento denominado "modelo/rival". A técnica conta com a atuação de dois pesquisadores e baseia-se no tratamento de crianças com déficits de atenção, partindo do princípio de que os papagaios são seres altamente sociais, assim como os humanos.

Lia Brum
Ciência Hoje On-line

quinta-feira, agosto 04, 2005

Ableton Live 4.0

written by John ‘OO’ Fleming, for IDJ magazine

Since Sasha used it on ‘Involver’, everyone’s talking about Ableton Live. So we got John ‘OO’ Fleming to take the latest version for a spin…Since Sasha announced that he mixed his latest CD compilation using Ableton Live, everyone’s been talking about it. So what’s all the fuss about? Well, you’ve probably noticed from the past few issues of IDJ that I’m a bit of a technology freak: I love gadgets and anything to do with digital DJing, and I’ve tried pretty much all the programs that are available for us forward thinking jocks. And I’m a firm believer that this is our future.

I’ve been using Live for some months now, but the first big mistake I made when I began was treating it like any other piece of DJ equipment/software. It’s not: it’s a sequencing program and should be treated as such. This totally confused me, as at first I couldn’t work out how to mix my tracks! This was partly my fault as I rushed into things not reading the instructions. Surely you should be able to just grab a track and play it like any other piece of DJ kit? Not in Live – as I’ll explain.

As we’ve said, Live is a sequencing program – it was originally designed for musicians to perform live shows. You have a multi-channel mixing desk on which you can create groups of ‘sequences’ (intro, chorus, breakdown, outro). Inside each ‘sequence’ you’ll have all your separate pre-recorded parts (in a wave format): drums, bassline, main riff etc.

These sounds will have their own individual channels on the mixing desk so that you can control Volume, EQ and plug-ins (as on any standard desk). As you press ‘play’ on each ‘group’ the sequencer will start (quantize) the group to play in time so that you can build your track as you wish (in a similar way to how a keyboard sequencer works).

Now this is where the clever people at Ableton came up with the idea of placing a whole track in place of those individual parts, and suddenly a DJ mixing programme was born! Make sense now?

So just how can you use Live to perform your DJ sets? As I said before, you can’t simply select a track and play it. Every track must be prepared so that it can be played on the sequencer. Think of it as preparing a loop for a track you were making in the studio: first you have to find the original BPM of the loop, then you adjust it to fit into your track.

The difference is that here, we’re using a whole track and fitting it to the master BPM. Live has a unique ‘Warp’ feature, a real time pitch-shifting tool that cleverly adjusts the original BPM to the master BPM on the sequencer. You can do this in real time (so it sounds like a record speeded or slowed down) or you can set it to hold the original pitch (so the track will stay in the original key).

Setting these ‘Warp’ markers can be easier said than done, though! Using the built-in BPM counter you find the original BPM. Then, with the very accurate waveform window (that zooms in like no other program I know), you have to make sure every kick falls on every beat of the bar, otherwise the track will play out of time. When completed you save the settings and a little ASD file will sit alongside the original file on your hard drive. So next time you recall the track all your settings will be there.

This is the only part that I don’t like about Ableton Live 4, as it can be very time consuming – especially if you have 8,000-plus songs on your hard drive! Not all goes smoothly, either: if you burn a file from vinyl the BPM may not be constant or bang on time, so you have to edit the ‘Warp’ points every 16 bars or so, which is very frustrating. But I suppose once they are done they are there for life.

Tedious part over, now the fun begins – and all that previous hassle seems worth it and all is forgiven! So simply drag one of your tracks from the hard drive window in Live and drop it into one of your mixing channels. The ‘Warp’ feature instantly pitches the speed to the master BPM setting on the sequencer.

Now when you press play, all beats will play in time with the sequencer, thanks to the programmable quantize feature. So grab another track and drop it in the second channel of the mixer, press play on that track and it will play perfectly in time with the other track. Keep on grabbing tracks and they will all play in time!

Cheats can prosper
Hang on a minute – isn’t that cheating? You now don’t have to manually get the tracks in time! Part of me says yes, as I’m proud of my smooth mixing, but the other half says no, as I can now focus on the thousands of other tricks that I can perform within this program (and anyway, holding the mix in time is only a small part of the mix: you still have to find the correct mix point, mix in key and tweak your EQ correctly).

You see, I now have access to a studio set-up. I have an array of plug-ins at my disposal, along with over 24 channels to play them! The world of the DJ and that of the producer have suddenly come together. I can prepare loops, samples and acapellas and drop them in time over my mix and sprinkle them with FX (all in perfect time).

Live comes with an impressive selection of FX and plug-ins as standard, and you can also access your existing VST plug-ins. The tricks you can perform are never-ending, and your DJ set has suddenly become a live remix.

Once in record mode Live records every move. Any fader, knob-twiddle or BPM adjustment is recorded in the display. These can later be edited and fine-tuned if you weren’t happy with a few moves, making this ideal for those mix CDs.

One important feature that’s new to Live 4 is a MIDI-based synth/sampler. The MIDI sequencer is pretty basic but enough to be able to write a simple song. The sampler can be a useful tool, as you can drop any sample into it and program a sequence to be played over the top of your DJ set. This is immense fun, especially when you trigger them using an external MIDI keyboard.

Setting up Live on my Apple Mac Powerbook was a very easy process. It was purchased and downloaded from the Ableton website, set-up was self-explanatory, and within minutes I was up and running. And generally, Live 4 is on the whole pretty user-friendly. Every time your mouse rolls over a function, the bottom left-hand window gives you an explanation of what that function does – very useful.

The browser window is large enough to view many tracks on your hard drive (though unlike Final Scratch you can’t store record label, genre and comments info, which I like to because I’m useless at remembering track titles!).

I’d recommend using an external USB/MIDI controller, though, because it can get pretty fiddly trying to do everything with your mouse, and I’d also advise getting an external sound card, not only to ensure you get better sound performance, but so you’ve got multiple ‘out’ signals and can monitor via headphones.

Almost faultless
I find it hard to find too many faults with Live 4. My overall experience has been a pleasurable one. They could explain the ‘saving all the Warp settings’ bit better: if you don’t have experience of a sequencing program you will struggle. I have 10 years experience and I needed help!

But I must be honest, once you’ve done a few they become easy, and I can now prepare them within minutes. The problem is that if you suddenly want to play a track and the settings haven’t been saved you can’t, so I would like to see some sort of manual override if possible.

One other slight grumble is that Ableton Live 4 doesn’t play MP3 files, and in the world of digital sales, surely this should be the market they’re aiming at? But still, this is what updates are for. Maybe in Live 5 we’ll see these changes.

Conclusion
I’ve really only just touched the tip of the iceberg of what this program is capable of doing, as I’ve mainly looked at it from a DJing point of view. But from a studio/production/remixing point of view, the edit facilities on a simple waveform are next to none and put programs like Cubase or Logic to shame. Your mind will be completely opened to the thousands of re-programming tricks that you could do.

Like Sasha, I am now thinking about using Live for all my DJ sets…

desobjeto.

Eu cansei de tentar (me) entender (.) as mulheres.

quarta-feira, agosto 03, 2005

midiatatica.org

EUA no Paraguay

O governo de Assunção acaba de autorizar o estacionamento de tropas norte-americanas em seu território. Pela primeira vez teremos bases estrangeiras permanentes na América do Sul, na estratégica região da usina de Itaipu.


07-07-2005
Com os olhos em Roberto Jefferson, não estamos atentos ao que se passa ali, no Paraguai. O governo de Assunção acaba de autorizar o estacionamento de tropas norte-americanas em seu território. Pela primeira vez teremos bases estrangeiras permanentes na América do Sul, e em região estratégica continental. Nessa tríplice fronteira se encontra a maior represa do mundo, a de Itaipu, de cuja energia todo o território paraguaio e grande parte do território brasileiro dependem. A região é também das mais férteis do mundo e se encontra mais ou menos na eqüidistância dos dois oceanos. Temos relações historicamente difíceis com o Paraguai, desde a guerra contra López. Os revisionistas procuram culpar o Brasil pelo conflito, mas a isso fomos levados pelo fechamento do Rio Paraguai aos nossos barcos e, em seguida, pela invasão de grande parte do território do Mato Grosso. Não coube ao Brasil a iniciativa da agressão. É certo que o genro do Imperador Pedro II foi particularmente cruel com a população derrotada e, talvez por isso, tenhamos cedido em tudo nas nossas relações com o país vizinho. Não sabemos se o Paraguai nos comunicou essa decisão perigosa. É provável que não. A submissão paraguaia aos Estados Unidos é tão forte que este colunista, há quarenta anos, ao descer em Assunção, encontrou o aeroporto tomado por tropas formadas, ao lado de colegiais que agitavam bandeirolas norte-americanas. Procurou saber o que ocorria: o funcionário do Departamento de Estado que cuidava dos assuntos do Paraguai estava chegando em visita oficial a Assunção. Conforme divulgou a revista Newsweek, logo depois de 11 de setembro, o sub-secretário da Defesa, Douglas Feith, sugeriu a Bush a invasão da Tríplice Fronteira por tropas aerotransportadas, a fim de capturar membros da Al Qaeda e ocupar permanentemente a região. Alguém achou melhor a invasão do Iraque, mais viável politicamente. Tudo isso nos leva a pensar um pouco no que nos está ocorrendo. É bem provável que Washington tente retirar vantagens da crise interna. Um país dividido, conforme a velha advertência de Lincoln, é presa fácil para os seus adversários. Como os Estados Unidos não podem viver sem guerras, e estando suas tropas escorraçadas do Iraque, não seria de admirar se viessem a nos agredir sob o pretexto da presença de muçulmanos em Foz do Iguaçu. Tudo isso deve convocar a nossa reflexão, a fim de esclarecer logo as denúncias que atingem o governo e o Partido dos Trabalhadores, a fim de que possamos nos organizar para a eventual defesa da soberania territorial do Brasil. Temos, ali, o exemplo histórico de provocações e de ocupação de nosso espaço soberano. Os Estados Unidos, hoje, mais do que nunca, estão desrespeitando todas as regras de convívio internacional, a ponto de o mais submisso governante europeu, Sílvio Berlusconi, ver-se obrigado, na última sexta-feira (1º), a pedir explicações oficiais ao embaixador norte-americano pelo fato de a CIA ter seqüestrado um clérigo muçulmano em Milão e o haver transferido clandestinamente para fora do país. A Justiça italiana determinou a prisão dos 13 agentes da CIA envolvidos no episódio. Se assim agem contra um país da União Européia com o qual têm as relações mais fraternas ao longo da História, que podemos deles esperar quando nos encontramos fragilizados pela crise, e pela entrega de setores estratégicos aos estrangeiros, durante o governo neoliberal de Fernando Henrique, quando disputamos com o Paraguai a vassalagem a Washington? Mauro Santayana, jornalista, é colaborador do Jornal da Tarde e do Correio Braziliense. Foi secretário de redação do Última Hora (1959), correspondente do Jornal do Brasil na Tchecoslováquia (1968 a 1970) e na Alemanha (1970 a 1973) e diretor da sucursal da Folha de S. Paulo em Minas Gerais (1978 a 1982). Publicou, entre outros, "Mar Negro" (2002).



Estudiolivre.org é um ambiente colaborativo para dar suporte à produção e difusão de mídia livre, com informações sobre softwares livres, diários de bordo, galerias de arquivos livres para dowloads, fóruns e lista de discussão, grupos de trabalho, entre outras ferramentas colaborativas de produção.

O objetivo do Estudio Livre é o incentivo à produção e circulação de bens culturais livres e é voltado tanto para o usuário inicial, como para quem já usa software livre.

Ilustre cérebro do "Grande Al" descansa em paz

Em 17 de abril de 1955, Albert Einstein foi internado no hospital universitário de Princeton, morrendo no dia seguinte. Começava ali a jornada de um dos cérebros mais invejados do século 20.
O patologista de plantão naquele dia era Thomas S. Harvey, que fez a autópsia requerida por lei e decidiu por conta própria roubar o órgão. Foi demitido.
Depois de levar o cérebro a um amigo num hospital na Filadélfia, que seccionou o órgão em 200 pedaços, Harvey guardou tudo em casa. Nos 40 anos seguintes, sempre que era procurado por um repórter, dizia estar "acabando os estudos". Isso nunca aconteceu. Em 1997, a "Harper's Magazine" decidiu mandar o jornalista Michael Paterniti para saber que fim levou aquele caso.
Paterniti encontrou o que restava do cérebro num pote de Tupperware com um pedaço de papel pregado com os dizeres "Big Al's Brain" (o cérebro do grande Al). Convenceu Harvey a devolver o órgão para Princeton.
Harvey era generoso sempre que alguém se interessava em estudar o cérebro de Einstein. Uma dessas pessoas foi a neurocientista Marian Diamond, da Universidade da Califórnia. Ela comparou duas secções com as mesmas partes de onze cérebros de veteranos de guerra. Não encontrou nenhuma diferença entre eles em número de neurônios, mas seu estudo se mostraria falho.
Em 1993, S.S. Kantha, do Instituto de Biociência de Osaka, no Japão, concluiu que uma falha na região conhecida como área de Brodmann 39 poderia explicar o fato de Einstein ter começado a falar só aos três anos.
Em 2000, um grupo da Universidade McMaster, no Canadá, mostrou que a região relacionada ao raciocínio lógico do cérebro de Einstein era 15% maior que o normal. O debate continua.

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O princípio da relatividade diz que todas as leis da natureza, quaisquer que sejam elas, devem ser independentes do seu sistema de referência.

Gamal


   Aquilo que une os cineastas e os filmes desta mostra marginal, e suas fronteiras, como preconizado por Joris Ivens, são o desejo e a necessidade de se fazer filmes a qualquer preço. Isso implica em concessões estéticas e ideológicas que fazem com que cineastas como Bressane, Candeias, Sganzerla, Carlão, Ivan Cardoso, entre outros marginais e fronteiriços, acabem dialogando entre si, em pé de igualdade com a anarquia, a liberdade e a efervescência criativa.
   Gamal, o delírio do sexo é um desses filmes. A trajetória do personagem é a de um delírio marginal, de contracultura, e a maneira como essa trajetória foi realizada evidencia a preocupação de inserir a obra em um contexto de latinidade barroca. João Batista de Andrade mistura as tendências de fazer longas a qualquer preço, como o Neo-Realismo Italiano e a Nouvelle Vague francesa, sem perder, porém, sua brasilidade.
As ruas de São Paulo, as estradas, praças, não são as mesmas da Roma do pós-guerra, ou as de Paris do final dos anos 50, mas servem de cenário para que Gamal descarregue toda sua ira contra o sistema. Um sistema no qual as pessoas se vêem impedidas de praticar seus instintos. Na floresta da Praça da República, cercada de cimento e aço, o selvagem Gamal exerce seu ato de desespero. O espírito rebelde prevalece.
   Assim, Gamal é um filme feito a todo custo, contra a falta de dinheiro, a censura ideológica ou estética. Realizado em condições de guerrilha, por um cineasta que expôs sua cinefilia desde o primeiro plano rodado, Gamal reflete este desejo inconsciente de marginalidade. Com o tempo João Batista mudou e, assim, mudaram os seus filmes. Ele começou a rodar fitas com custo, longe das fronteiras e da marginalidade.
Paulo Allegrini