sexta-feira, agosto 12, 2005

Grupo passeia por um neo-hippismo

DA REPORTAGEM LOCAL


Em "Kill All Hippies", uma de suas mais explosivas canções dos últimos anos, o Primal Scream decretava sentença de morte aos ripongas. Ainda bem que eles pouparam os Magic Numbers. Porque eles se vestem como hippies, têm cabelos de hippies e cantam como hippies -mas deixam de lado a pregação-mala de paz e amor.
Dizem, eles próprios, que fazem música honesta -longe da sátira e do cinismo. E também não aceitam muitas brincadeiras. Na semana passada, a banda foi escalada para tocar no "Top of the Pops", programa da rede BBC em que são chamados os artistas com os singles mais bem-sucedidos da parada inglesa.
O Magic Numbers iria tocar "Forever Lost". Ao apresentar a banda, o host do programa, Richard Bacon, fez algumas piadas sobre os integrantes, de como eles seriam gordos e tal. O grupo não gostou da brincadeira e saiu do palco. Não tocou. Claro, a história foi parar nos jornais e revistas do Reino Unido.
A ira do Magic Numbers revela o lado não-hippie da banda. Assim como algumas canções deste álbum, que remetem a Belle & Sebastian, Stereolab, Simon & Garfunkel, Beach Boys, Big Star. A voz de Romeo Stodart brinca com a de Angela Gannon.
É basicamente um disco de baladas, algumas bem acima da média, como "Mornings Eleven", um alegre folk-country.
Os singles "Forever Lost" e "Love me Like You" são outras boas surpresas. A primeira é a mais pop do álbum, com um vocal à la Ronettes; melhora o dia do mais duro dos seres. A segunda é um pouco mais rápida, e Romeo canta: "Ela não me ama como você/ Ela não sabe o que você sabe".
Este é um disco de melodias, e não à toa os Chemical Brothers chamaram o Magic Numbers para participar de "Close Your Eyes", a mais melódica das canções de seu último disco, "Push the Button".
"Hymm for Her", que fecha o álbum, é classuda, mas até chegar lá se passa por coisas que parecem estar ali para ocupar espaço, caso das pouco inspiradoras "Long Legs", "I See You, You See Me" e "Love's a Game".
No final, "The Magic Numbers", o disco, é como um grande passeio por Visconde de Mauá -mas sem as sandálias de couro.
(THIAGO NEY)

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