domingo, abril 29, 2007

Jesus and Mary Chain retorna com música inédita e Scarlett Johansson

FERNANDO KAIDA
Enviado especial a Índio, Califórnia

Foi uma ressurreição em pleno deserto. O reformado The Jesus and Mary Chain, que estava separado desde 1999, fez o melhor show da sexta-feira (27), início do Coachella 2007. Antes de tocar no festival, a banda fez um único --e pequeno-- show na quinta-feira (26), em Pomona, também na Califórnia.

Os irmãos Jim Reid (vocal) e William Reid (guitarra) se apresentaram no palco principal do festival, acompanhados por mais um guitarrista, um baixista e um baterista. Sem lançar disco desde "Munki", de 1998, o show do grupo foi baseado na compilação "21 Singles", mas reservou duas surpresas para a platéia.

A primeira delas foi uma canção nova, que não deve nada a algumas das melhores composições do Jesus. "Acreditem ou não, temos uma música nova", disse Jim Reid antes de tocá-la.

A segunda foi a participação da atriz Scarlett Johansson, que cantou o clássico "Just Like Honey". A música faz parte da trilha sonora do filme "Encontros e Desencontros", de Sofia Coppola, estralado pela atriz e por Bill Murray.

No palco, as atenções são para os irmãos Jim e William. O passar do tempo deixou o vocalista Jim mais solto, ainda que não a ponto de dançar no palco. Mas está longe de ser a figura estática dos anos 80, que chegava a se apresentar de costas para o público. Já o guitarrista William mantém a postura introspectiva, sempre em seu canto, à frente dos amplificadores de onde saer camadas de distorções e melodias límpidas.

Apesar de alguns problemas de Jim Reid com o microfone, e mesmo que não tivesse novidade nenhuma, o show do grupo continuaria sendo o destaque do dia. Ouvir novamente ao vivo canções como "Never Understand", "Happy When it Rains", "Head on", Cracking Up" e "Upside Down" é algo que os fãs do Jesus esperavam há oito anos, sem perder a fé.

quinta-feira, abril 26, 2007

Julgamento do produtor musical Phil Spector, acusado de assassinato, começa em Los Angeles

Reuters

O produtor Phil Spector, acusado de assassinato

LOS ANGELES, 25 abr (AFP) - O julgamento do produtor musical Phil Spector, acusado de assassinato, começou nesta quarta-feira com a primeira audiência, em um processo com vistas a determinar se ele assassinou uma atriz encontrada morta em sua casa em 2003, constatou um jornalista da AFP presente num tribunal de Los Angeles.

O promotor Alan Jackson iniciou o debate pouco depois das 10h30 locais (14h30 de Brasília) perante os 12 jurados do tribunal, onde lembrou as supostas circunstâncias em torno do crime.

Spector, de 67 anos, considerado um dos gênios do rock, graças à sua técnica revolucionária de gravação, empregada em trabalhos de John Lennon, Ramones, George Harrison, entre outros, pode ser condenado à prisão perpétua.

Spector é acusado de matar, com um tiro, em fevereiro de 2003, a atriz de filmes B Lana Clarkson, de 40 anos, em sua casa de Alhambra, em Los Angeles, pouco depois de o casal sair de um famoso bar da região.

O acusado, que está em liberdade após pagar fiança de um milhão de dólares, garante que Clarkson, a quem acabara de encontrar em um restaurante de Hollywood onde ela trabalhava como garçonete, estava bêbada e se suicidou.

Bushido, o código de honra.

Conheça os dez ensinamentos que norteavam a vida dos samurais

O bushido tinha como principais itens:

1. A busca de uma morte digna. O samurai deveria estar pronto para morrer a qualquer momento;

2. A preservação da honra pessoal, de seus ancestrais e de seu senhor;

3. Ao falhar ou manchar sua honra, dos ancestrais ou de seu senhor, o samurai teria de cometer o suicídio ritual, o seppuku;

4. O guerreiro deveria sempre carregar consigo o seu par de espadas. A espada era a sua alma;

5. Ser corajoso. Melhor morrer do que ser chamado de covarde;

6. Ser justo e benevolente com os mais fracos, mas exigir respeito;

7. Manter sua palavra a qualquer custo;

8. Dedicar-se às artes como forma de aperfeiçoamento;

9. Ter gratidão à família e às pessoas que o ajudaram;

10. Lealdade ao seu senhor e dedicação ao trabalho.

Os samurais desapareceram do Japão no período Meiji, com a perda de sua hegemonia e de seus privilégios.

Algumas escolas desses guerreiros sobreviveram e ensinam o que atualmente é chamado de kenjutsu.

Físico Stephen Hawking voa em gravidade zero

O físico britânico Stephen Hawking realizou nesta quinta-feira um vôo sobre o Oceano Atlântico, experimentando a sensação de gravidade zero.

O professor Hawking, que sofre da doença degenerativa do neurônio motor, pôde flutuar livremente, sem restrições de seus músculos paralisados e de sua cadeira de rodas.

Durante o vôo, que teve mais de uma hora de duração, o Boeing 727 realizou um mergulho veloz, permitindo que os tripulantes - entre eles, o físico britânico -tivessem sensações semelhantes à gravidade zero durante um intervalo de 25 segundos.

Durante o mergulho, os auxiliares tiraram Hawking da sua cadeira durante o vôo e o colocaram no piso do avião.

Viagem ao espaço
A empresa americana Zero Gravity, que promove a experiência, geralmente cobra uma taxa de US$ 3,7 mil (cerca de R$ 7 mil) por vôo, mas o preço não foi cobrado do professor da Universidade de Cambridge.

O avião partiu da Estação Espacial Kennedy Center, na Flórida (Estados Unidos).

"Eu sempre quis voar no espaço durante toda minha vida", disse Hawkings, que foi diagnosticado com a doença degenerativa aos 22 anos. Na época, nos anos 60, os médicos disseram que ele teria poucos anos de vida pela frente.

"Para alguém como eu, cujos músculos não funcionam muito bem, será um sonho estar sem peso", disse ele, antes do vôo.

Hawking, de 65 anos, é um dos físicos teóricos mais conhecidos de sua geração. Suas principais obras são sobre buracos negros e as origens do universo.

O físico já está na lista das pessoas que vai viajar em um vôo sub-orbital em 2009, através do projeto Virgin Galactic, do milionário britânico Sir Richard Branson.

"Meu próximo objetivo é ir ao espaço, talvez Richard Branso me ajude", havia dito o cientista em novembro do ano passado à BBC.

Inteligência não é sinônimo de riqueza

Conclusão está baseada em estudo entre mais de 7 mil americanos observados desde a adolescência no final da década de 70 que revela a relação entre patrimônio acumulado e alto QI na juventude
por David Biello

Dinheiro esperto: A inteligência pode ajudá-lo a ganhar mais dinheiro, mas aparentemente não a acumular riqueza. Só porque você é inteligente, não quer dizer que consiga fazer um balanço do talão de cheques ou dominar qualquer outra tarefa que possa deixá-lo mais rico. Um estudo detalhado entre mais de 7 mil americanos observados desde a adolescência no final da década de 70 revela que a inteligência confere um poder maior à pessoa para ganhar dinheiro, mas não necessariamente para acumulá-lo. “Quanto mais inteligente você é, mais renda tem”, explica o economista Jay Zagorsky da Ohio State University, que analisou os dados. “Mas não é nenhuma relação entre inteligência e acúmulo de riqueza”.

Zagorsky define riqueza como “a diferença entre a renda e os compromissos financeiros de uma pessoa”. Assim, a riqueza é a soma da renda, mais bens, mais investimentos – e também de coisas divertidas e valiosas, como coleções de selos, por exemplo, – menos hipotecas, faturas de cartão de crédito e outros débitos. Em 2004, cerca de 7.403 pessoas na faixa dos trinta anos responderam perguntas sobre sua situação financeira, incluindo se já tinham ultrapassado o limite do cartão, se suas contas estavam atrasadas ou se já haviam declarado falência.

Cerca de 9% admitiu ter ultrapassado o limite do cartão, 18% já tinham atrasado o pagamento de pelo menos uma conta e mais de 13% haviam declarado alguma forma de falência. O mesmo grupo participou também de um teste de QI em 1980, como parte de seu ingresso na Pesquisa Longitudinal Nacional da Juventude. A Bateria de Aptidão Vocacional dos Serviços Armados consiste de 10 testes, quatro dos quais – vocabulário, compreensão de parágrafos, conhecimentos matemáticos e raciocínio aritmético – o Departamento de Defesa americano usa para analisar a inteligência dos recrutas.

Zagorsky usou essas pontuações de inteligência e os comparou com os dados financeiros coletados em 2004. Para cada ponto de QI, houve um aumento anual na renda de US$202 a US$616 – por exemplo, uma pessoa com QI de 130 ganha entre US$ 6mil e US$18.500 a mais por ano que indivíduo com menos inteligência. No entanto, rendas anuais mais altas não corresponderam a um aumento na riqueza acumulada. Na verdade, pessoas com inteligência um pouco acima da média (QI de 105) apresentaram um lucro líquido médio mais alto que aquelas com inteligência ainda maior (com QI de 110). “Algumas pessoas muito inteligentes enfrentam dificuldades financeiras, e não sabem economizar”, ressalta.

Quando Zagorsky observou variáveis como raça, educação, emprego e até fatores como ser fumante ou não, a lacuna entre o QI e a riqueza permaneceu a mesma. “Por que as pessoas inteligentes não têm sucesso financeiro é a próxima questão a ser respondida”, ele diz. O economista está terminando um estudo para analisar a relação entre a inteligência e o ato de economizar.

Ainda faltam explicações, apesar de Zagorsky especular que elas podem incluir o fato de pessoas com QI maior terem uma memória melhor para lembrar de pagamentos que deixaram de fazer, ou uma predileção pelo risco financeiro, entre outras possibilidades. No entanto, uma coisa é clara: a maioria dos participantes demonstrou inteligência financeira desde cedo, ao concordar participar dos testes das forças armadas – e ganhar US$ 50 por isso.

Conclusão: “Se você é um indivíduo com inteligência relativamente baixa, não deve acreditar que jamais se tornará rico”, diz Zagorsky, “Da mesma forma, se você é inteligente, tenha em mente que isso não se trata de uma vantagem se pretende viver à moda dos milionários”.

quarta-feira, abril 25, 2007

Free Willie

O cantor de música country Willie Nelson e seu gerente de shows, David Anderson, evitaram a prisão nesta terça-feira, no Estado de Louisiana, após assumirem a culpa em uma acusação de porte ilegal de maconha.

Além do músico e do gerente, a irmã do cantor, Bobbie Nelson, e dois motoristas foram detidos em setembro de 2006, depois que policiais estaduais afirmaram ter encontrado cerca de 0,7 quilo de maconha e 91 gramas de cogumelos alucinógenos no ônibus que o grupo usava para a turnê do músico. Eles foram liberados pouco depois.

As drogas foram apreendidas durante uma inspeção de rotina.

O juiz Paul deMahy multou Nelson e Anderson em US$ 1.024 cada um. Como parte do acordo, a acusação contra Bobbie foi retirada. Os motoristas também foram inocentados, porque não havia indícios de que eles tivessem algo a ver com a droga encontrada.

Cerca de 25 fãs de Nelson ficaram do lado de fora do tribunal de St. Martinville para tentar vê-lo. O artista acenou, deu autógrafos, posou para fotos e agradeceu o apoio.

Willie Nelson é defensor público da legalização da maconha. Ele ficou famoso na década de 1970 como integrante do movimento country "fora da lei", que incluía influências do rock, jazz e da música folk.

MTST bloqueia três rodovias paulistas; motorista atira e fere três

Integrantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) promoveram três protestos simultâneos em rodovias de São Paulo, na manhã desta quarta-feira. Os grupos conseguiram bloquear parcialmente as rodovias Raposo Tavares, Castello Branco e Régis Bittencourt por aproximadamente uma hora e meia. Ao menos três pessoas ficaram feridas.

O caso mais grave de violência ocorreu no protesto realizado na rodovia Raposo Tavares, que começou por volta das 9h30, na altura do km 21, na região de Osasco (Grande São Paulo).

De acordo com os manifestantes e com a Polícia Rodoviária, o motorista de uma Blazer furou o bloqueio e atirou contra os sem teto. Três pessoas foram atingidas de raspão e foram levadas a um pronto-socorro da região. Elas não correm risco de morte.

Para a PM (Polícia Militar), ao todo, cerca de 500 pessoas participaram do ato, na Raposo. Um coordenador do MTST foi detido.

Na Castello Branco, o bloqueio começou às 11h e ocorreu na altura do km 26. Houve cerca de 8 km de lentidão, nos dois sentidos. De acordo com os sem-teto, na Castello, embora o protesto tenha sido pacífico, houve confronto com a PM, que chegou a lançar bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes. Não houve registro de feridos.

Na Régis Bittencourt, cerca de 250 pessoas participaram da manifestação, de acordo com o MTST. Para a PM, foram cerca de 150. O bloqueio começou às 10h20 e terminou às 11h05 na pista sul e às 11h30 na pista leste, de acordo com a Polícia Rodoviária. Houve mais de 4 km de congestionamento, nas duas pistas, a partir do km 275, em Embu (Grande São Paulo). Também neste ato não houve registro de feridos.

Motivação

O MTST afirma que os protestos realizados nesta quarta-feira pretendiam chamar a atenção para a "ausência de políticas sociais que garantam os direitos da população pobre". Ele pede a criação de uma política de desapropriação de terras urbanas e rurais ociosas e a paralisação das ações de despejo que correm na Justiça.

Em nota, o MTST ainda defendeu as cerca de 3.000 famílias que estão instaladas há quase 40 dias em um terreno particular, em Itapecerica da Serra (Grande São Paulo). No último dia 5, os sem teto fecharam um acordo com o prefeito Jorge José da Costa (PMDB) para ficarem em uma área municipal por 90 dias, depois de terem sido despejados. O prazo de despejo dado pela Justiça termina no próximo dia 7 de maio.

"Não temos garantias de que o acordo sairá do papel e se tornará realidade", afirmam os líderes do movimento.

O terreno de Itapecerica, avaliado em R$ 40 milhões, é de propriedade da Sociedade Itapecerica Golf e tem cerca de 1 milhão de m2.

terça-feira, abril 24, 2007

Lady Miss Kier: como DJ, uma excelente cantora.

A ex-Deee-Lite fotografou, tocou, autografou e dançou. Não necessariamente nesta mesma ordem.
24.04.07 10:00
Uma mão para autógrafos e a outra para mixagens
Lady Miss Kier: como DJ, uma excelente cantora
No último sábado (21/4) o clube Clash atraiu fãs e curiosos para assistir Lady Miss Kier, a ex-cantora do Deee-Lite, discotecar. Logo que ela chegou, pessoas começaram a pedir para tirar fotos e autógrafos. Miss Kier atendia a todos e fervia com cada um que se aproximava.

Enquanto isso o DJ Magal fazia um excelente apanhado de hits da disco music, chegando até os anos 90 com "Big Fun" do Inner City. Discotecagem impecável.

Miss Kier assumiu o som quase às três da manhã. Apesar dos anos que se foram, ela ainda age com o mesmo vigor e atitude da época.

O começo foi um pouco perdido, em uma sequência de três músicas, ela tocou funk carioca, rock e minimal, procurando sentir o que o público queria. Os fãs não paravam de pedir autográfo, às vezes a música até acabava de tanta gente que ela ficava atendendo.

As mixagens deixaram a desejar. É claro que não esperávamos uma super-técnica, mas uma boa colagem de uma música para a outra, não faz mal a ninguém. E ainda por cima anima a pista.

Em alguns momentos ela chegou a usar CDs mixados. Isso ficou nítido em um momento em que ela cantava com as mãos para cima e a música virou sozinha.

Apesar dessas gafes mais técnicas, ela demosntrou muito pique, pulava, dançava e fazia várias poses para fotos

Começou a acertar quando tocou clássicos de bandas como ESG, foi para a disco como na música "You Make Me Feel" e alguns hits dos anos 90 como "Gipsy Woman". Quase no fim do set, pegou o microfone e cantou algumas frases de uma música, mas por conta da microfonia que rolou, desistiu e falou: "Como não dá para cantar, eu vou dançar para vocês". E assim continuou a pular dentro da cabine.

O que ela poderia ter feito mesmo era um pocket show, soltando algumas bases e cantando em cima. Valeu por ver um dos símbolos dos anos 90, que fez a cabeça do mundo, em plena forma e animação geral.

Mari Rossi

Lula diz que educação vai acabar com "elite do berço e do sobrenome"

Da redação
Em São Paulo*

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou oficialmente, na manhã desta terça (24), em Brasília, o PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação). Em seu discurso, ele disse que o PDE coloca o Brasil no "novo século da educação", e soltou uma frase emblemática: "Este é o século da elite do saber, e não da elite do berço e sobrenome".

O presidente também disparou uma farpa contra seus antecessores, dizendo que, antes de seu governo, não havia uma visão de conjunto no tratamento da educação.

Segundo Lula, o Fundeb, fundo da educação básica aprovado no final de 2006 pelo Congresso, é um dos "esteios dos PDE", e vai "aumentar em dez vezes o investimento federal nas áreas mais carentes do ensino."

Para o PDE, o MEC (Ministério da Educação) terá incremento de R$ 1 bilhão neste ano e, até o final dos próximos quatro anos, R$ 8 bilhões.

Antes da explanação do ministro da Educação, Fernando Haddad, Lula enumerou pontos que considera importantes dentro do PDE. O primeiro é "abrir a universidade para o povo e tranformar o Brasil no país mais democrático do mundo no acesso da universidade". O PDE, disse Lula, aumenta em 100 mil o número anual de bolsas do Prouni, programa federal que banca o ensino superior de estudantes sem recursos.

O segundo é ampliar e modernizar o ensino profissionalizante, colocando um escola técnica em todas as cidades-pólo do pais -- uma promessa da campanha eleitoral de 2006. Lula chegou a brincar: "Não me arrumem mais cidades-pólo neste país!" Foi uma referência à disputa política entre os vários ministérios de seu governo que elaboraram a lista desses municípios.

O terceiro ponto é a prioridade ao Nordeste, onde estão 950 dos mil municípios com os mais baixos indicadores na educação.

Perto do final de seu pronunciamento, Lula afirmou: "Preparamos como legado para a juventude um sistema de educação que pode colocar o Brasil em pé de igualdade com qualquer país desenvolvido".

Participaram também do lançamento os ministros Haddad; Dilma Roussef, da Casa Civil; Guido Mantega, da Fazenda; José Gomes Temporão, da Saúde; Tarso Genro, da Justiça; e Patrus Ananias, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Detalhes do PDE
O plano abrange todas as etapas da educação e inclui medidas típicas de um país extremamente carente na área e na infra-estrutura -- como garantir luz elétrica em todas as salas de aula (especialmente na zona rural) e fornecer barcos para o transporte escolar em áreas isoladas pelas águas.

Outra medida do PDE é fixar o piso nacional do magistério em R$ 850, com implantação total até 2010. Representantes de trabalhadores na educação reivindicam mais: querem piso de R$ 1.050 para os docentes do ensino médio.

O governo também vai criar um índice qualitativo para cobrar resultados das prefeituras, além de ampliar o alcance de suas avaliações nacionais impondo uma "provinha" a alunos que nem completaram 8 anos -- a idéia é monitorar a qualidade da alfabetização.

O PDE foi elaborado pela equipe do ministro Fernando Haddad e ajudou a convencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a mantê-lo no cargo, que era cobiçado pela atual ministra do Turismo, Marta Suplicy, com apoio de parte importante do PT.

segunda-feira, abril 23, 2007

Ícone do punk, Iggy Pop completa 60 anos mergulhando na platéia

por Dean Goodman

SAN FRANCISCO (Reuters) - Iggy Pop comemorou seu 60o aniversário, no sábado, exatamente como faria qualquer outro cidadão respeitável da terceira idade.

O padrinho do punk, estranhamente atlético, tirou a camisa, ficou apenas com seu jeans apertado e mergulhou do palco para os braços de seus fãs durante um show em San Francisco com sua banda reunida, os Stooges.

Perto do final do show, que durou 80 minutos, a multidão presente no teatro Warfield acompanhou seus colegas de banda quando eles tocaram "Parabéns a Você", e Iggy Pop ficou surpreso quando bexigas impressas com seu rosto caíram do teto.

Um fã lhe entregou uma camiseta branca com a inscrição "Birthday Boy Iggy", que o cantor mostrou orgulhosamente a seus colegas de banda, que não se impressionaram.

Iggy Pop, cujo nome real é Jim Osterberg, pareceu feliz com toda a atenção recebida, mas não fez muito caso da ocasião especial. Ele resmungou algumas palavras de agradecimento e então retomou sua rotina comum: cantar e dançar como louco, cuspir sobre a multidão e jogar seu microfone de um lado para o outro do palco.

Durante a canção "No Fun", ele convidou os fãs a subir no palco e, generoso, dividiu seu microfone com eles, a quem apelidou de "Bay Area Dancers".

Iggy Pop já deixou de lado alguns hábitos de seu passado, como retalhar seu peito com uma faca de carne, rolar em cacos de vidro, passar manteiga de amendoim no corpo ou seguir um padrão de consumo de drogas que faz Keith Richards parecer um coroinha.

Mas, em relação a outros pontos, o garoto criado num trailer no Michigan ainda supera roqueiros que têm um terço de sua idade.

Pop está de volta aos palcos com os Stooges, a banda com a qual ficou famoso no final dos anos 1960. O rock de garagem deles, uma destilação dissonante do blues de Chicago e do rock da "invasão britânica", ajudou a abrir caminho para bandas de punk rock como Ramones e Sex Pistols.

Os Stooges se autodestruíram em 1974, depois de lançar três álbuns cuja influência não se refletiu em suas vendas fracas. Iggy Pop acabou sem um centavo no bolso nas calçadas da Sunset Strip e se internou num hospital psiquiátrico.

Em 1977, ele voltou à cena com a ajuda de David Bowie, com quem co-escreveu canções como "Lust for Life" e "China Girl".

Em 2003, Iggy se reuniu com o guitarrista do Stooges Ron Asheton e o irmão deste, o baterista Scott Asheton. Com o veterano do punk californiano Mike Watt no lugar do falecido baixista Dave Alexander, no ano passado a banda lançou seu primeiro álbum novo em 33 anos, "The Weirdness".

A turnê norte-americana da banda vai terminar em 4 de maio no Beale Street Music Festival em Memphis, e depois disso eles farão uma passagem rápida pelos festivais de verão europeus.

domingo, abril 22, 2007

"Fui desmoralizada, hoje sou lição de vida"

VALMIR SANTOS; PAULO SAMPAIO

ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO

Uma entrevista com Dercy Gonçalves é tão perturbadora quanto o encontro com ela no palco, na televisão, no cinema. Parece representar o arcaísmo e a modernidade da história do país e de sua gente nesse século de vida.
Prestes a completar cem anos, no próximo dia 23 de junho, Dercy recebeu a Folha em seu apartamento, em Copacabana, com sua habitual vitalidade da língua.
Fala sem cerimônia, debocha, cantarola, levanta as pernas, oferece a galinha que cozinhou, enfim, põe seus interlocutores sob o império do improviso.
Dá para ter uma idéia de como os diretores sofriam em suas mãos. Ela escorrega dos roteiros e cria seu próprio caminho.
Quando parece que tudo vai por água abaixo, principalmente quando desafiada a contornar lapsos da memória, eis que os fios da história e da conversa se restabelecem.
São fragmentos da humanidade dessa artista que derrubou tabus, abriu flancos para outras gerações -quando o ofício era levianamente confundido com prostituição- mas também reinventou os seus e seguiu adiante, homofóbica explícita.
Ela se defende com o talento nato para entreter e não "trumbicar". "Quando entrava em cena, não queria ninguém comigo. Nunca fui de grupo cantando atrás de mim", diz a vedete que despontou no teatro de revista, no qual desancava as coristas, e depois trilhou carreira solo produzindo a si mesma.

"Alegria fingida"
A comediante posa assim de "supermulher", mas é raro apanhá-la em sorriso. E até nisso improvisa a "alegria fingida", auto-irônica, quando contracena com a lente da fotógrafa.
Não por acaso Dercy nasceu Dolores. Plantou e colheu feridas de amor, de sexo e de solidão que jamais cicatrizarão, sabe disso. E dói tanto para "a velha perigosa" que a ditadura tirou do ar nos primeiros anos da rede Globo quanto para a mulher que sempre se esforçou para colocar a arte em primeiro plano, às vezes de forma dramática.
Que o diga a filha única cuja gravidez tentou interromper a socos para não atuar "barriguda". Talvez socos e carinhos como os da entrevista abaixo.



Leia abaixo trechos da entrevista de quase três horas de duração concedida por Dercy Gonçalves à Folha.


FOLHA - Você está sendo muito procurada por causa de seu aniversário de cem anos?
DERCY GONÇALVES
- Não.

FOLHA - Você acha que a platéia de hoje é diferente da de outros tempos, como a do teatro de revista?
DERCY
- Não, a platéia de teatro é a mesma. Tudo que eu fazia eu continuo fazendo. E acham mais graça do que antes. Hoje já não sei tanto em relação à TV, porque pouco trabalhei nela.

FOLHA - Gosta de se ver na TV?
DERCY
- Não tenho raiva de mim, não.

FOLHA - Mas você acompanha?
DERCY
- Eu não vejo televisão.

FOLHA - Nem quando você própria aparece?
DERCY
- Quando eu apareço, assisto para ver meus defeitos.

FOLHA - E você vê?
DERCY
- Vejo que a forma como se representava agora não é a mesma.

FOLHA - Isso é ruim ou bom?
DERCY
- Não sei. Era um método de cuidados para não ofender. Agora, não sei. Quando eu falo cu, um olha para o outro. O que é cu? É feio? Feio, mas foi alguém que botou esse apelido.

FOLHA - Já foi rica?
DERCY
- Não, mas sempre tive dinheiro. Ganhei dinheiro à vontade.

FOLHA - Por que em sua carreira a cantora perdeu espaço para a atriz? Inicialmente, você queria ser cantora, não?
DERCY
- Como cantora, eu não ganhava dinheiro, ganhava pouco. Era uma mão-de-obra para trabalhar nos circos, nos cabarés, nos puteiros. Eu só "fazia mesa", nunca bebi.
Aí, um dia, fui assistir a uns portugueses que vieram de Coimbra para fazer um espetáculo no Teatro Municipal. Quando um deles falou no palco "eu estou todo cagado" (com sotaque), o povo caiu na gargalhada.
Aí também comecei a falar palavrão: puta que pariu, caralho, e todos riam. Então, é por aqui que vou ganhar. Ganhei dinheiro com palavrão pra caramba.
Não tenho medo de falar, porque tenho certeza de que não é palavrão. Palavrão, meu filho, é condomínio, palavrão é fome, palavrão é a maldade que estão fazendo com um colírio custando 40 mil réis, palavrão é não ter cama nos hospitais.

FOLHA - O crítico de teatro Yan Michalski...
DERCY
- Nem sei quem é...

FOLHA - ... Ele já morreu, escreveu para o "Jornal do Brasil" entre os anos 1960 e 80... Enfim, certa vez ele afirmou que via no seu trabalho de atriz uma posição "revoltantemente reacionária" por causa da "sua recusa em contribuir para que esse público fosse levado nem sequer um passo na direção da conscientização"...
DERCY
- Ele é uma besta quadrada que quer ser um historiador, um cientista. Ninguém sabe o que se passa dentro de cada um, meu bem. Você é um, e eu sou outro. Você tem sua vida e eu tenho a minha.
Na minha profissão, não tive mãe, não tive pai, não tive família, não tive ninguém. Fui aprender sozinha, o erro e o bem.
Uma vez, eu fui puta. O cara me convidou e disse que me dava 5 mil réis. Eu pensei: "Será que vou? Estou precisando pagar o quarto, não tenho dinheiro. Eu vou". Fui.
Quando terminou, não senti nada. Senti nojo dele. Mas o que podia fazer? Eu vendi o corpo.

FOLHA - Você acha que é por essa experiência que você não gosta de sexo?
DERCY
- Não é por essa não.

FOLHA - As feministas lutam para que a mulher também tenha prazer, não só o homem...
DERCY
- Ah, meu filho, e a outra inventa: "Ai, ai"... Mentira! Tudo é mentira, não sente nada, cada um inventa um fingimento. Nunca senti nada por homem nenhum.

FOLHA - Ser mulher, atriz e puta, como se dizia à época, era mais difícil do que ser homem?
DERCY
- Meu filho, eu não sei se fui puta, porque fui tanta coisa na vida para os difamadores. Sei que fui desmoralizada, discriminada. Não me atingiram porque eu não era e tinha a minha consciência forte e tranqüila.

FOLHA - A própria classe artística a descriminava?
DERCY
- Nós éramos discriminados...

FOLHA - Você tinha acesso a todos os tipos de teatro?
DERCY
- Acesso, eu tinha...

FOLHA - Porque havia a intelectualidade, essa coisa...
DERCY
- Não, nunca fui intelectual. Eu sempre fui burra e analfabeta. Primeiro, me desmoralizaram. Era a desbocada, só falava palavrão, era isso, era aquilo. Hoje, sou lição de vida.
Não sei por que mudou. Para mim, tanto faz como tanto fez.
Estou vivendo bem, vivo à minha custa. Não vou pedir esmolas, vendo o que é meu, vendo o meu trabalho. Eu não trabalho para ninguém de graça. Ah, quer fazer uma homenagem? Tem de pagar. Eu ia até cobrar de vocês...

FOLHA - E o que você vê no futuro?
DERCY
- Vejo a minha morte. Tenho medo da minha morte. Como não tenho doença, tenho medo de ser algo desastroso, um prédio cair em cima de mim, um carro [me atropelando].

FOLHA - Como seria sua morte ideal?
DERCY
- Dormir e não acordar mais, e nem pensar que morri. A morte, para mim, é o descanso da vida. A vida é que é a luta.

FOLHA - Você tem religião?
DERCY
- Eu não acredito em ninguém, nem em nada. Nem papa, nem bispo, nem santo, nem Deus. Existe, meu filho, natureza. Essa força que não tem nome, tudo isso é Deus.
Ao que deram nome de Deus, para mim é natureza.

FOLHA - Você gosta de espelhos [que revestem o teto e a parede do banheiro de seu apartamento]?
DERCY
- Gosto, já coloquei em toda a casa, mas hoje não uso mais. Não quero mais nada, não tenho mais vontade de nada.

FOLHA - Quando você fazia plástica, gostava do resultado?
DERCY
- Eu fiz dez. Amava, sempre fui vaidosa. Eu sempre me pintei, desde garota, preto aqui, era carvão, papel de seda vermelha. Eu era bilheteira de cinema em Madalena [Santa Maria Madalena, no RJ], o Ideal. Via Pola Negri, Teda Bara, aquelas atrizes do passado que se pintavam.

FOLHA - O bingo é um hobby seu?
DERCY
- Não. Eu não tenho hobby. Nada me domina, nada me apaixona. Não tenho vício nenhum. Nunca bebi álcool na minha vida.

FOLHA - Já fumou?
DERCY
- Já, de brincadeira, de sacanagem.

FOLHA - E droga?
DERCY
- Não. Não conheço cocaína ou maconha.

FOLHA - Teve vontade?
DERCY
- Vontade de quê? Aquilo é um vício. A minha gulodice é a comida. Eu gosto de comer feito uma vaca.

FOLHA - Mas você é muito magra.
DERCY
- Eu não sou magra, não, é porque tirei metade do estômago. Comia feito uma mula.
Fui ao médico, tive um câncer no estômago [em 1991]. Fui operada no [hospital Albert] Einstein, em São Paulo. Quem pagou a minha estada lá foi o Boni [José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, então vice-presidente de operações da TV Globo].

FOLHA - A doença a assusta?
DERCY
- Eu não, nem sabia o que era aquilo, porra.

FOLHA - E quando te falaram do câncer?
DERCY
- Falaram que eu tinha que operar, então eu fui. Não podia deixar o câncer ficar em mim. Seria a mesma coisa se uma cobra me picasse. Estou envenenada e tenho que lutar contra esse veneno.

FOLHA - Você gosta de cozinhar?
DERCY
- Gosto, e cozinho muito bem.

FOLHA - O que você mais gosta de fazer?
DERCY
- Vou te dar um pedaço [levanta-se, vai à cozinha e traz pedaços de galinha ensopada; apanha um pedaço do peito, bastante condimentado, e leva à boca dos repórteres]. Não é bom?

FOLHA - Você diz que nunca se apaixonou.
DERCY
- Não.

FOLHA - Nunca teve um parceiro?
DERCY
- Eu tive quatro homens na minha vida, quatro homens com quem convivi.

FOLHA - Ah, você viveu com um homem então...
DERCY
- É claro. Eu não vivi com mulher, porra (risos).

FOLHA - Nunca teve nada com mulher?
DERCY
- Não. Eu nunca fui de sexo, nunca fui mulher sexuada, que ficasse apaixonada. Em primeiro lugar, eu não acredito em sexo. Pela natureza, nós somos feitos de uma matéria ordinária, muito vagabunda, que Ele ia jogar fora, mas decidiu aproveitar para fazer a humanidade.
É disso que é feita a humanidade. Se a humanidade é feita disso, nós não somos nada.
Com a internet, o celular, a tecnologia tomou conta do mundo, mas o ser humano caiu, se desmoralizou. A juventude não trabalhava, estudava, se educava para poder ser gente.Quando chegavam aos 20, 25 anos, as pessoas se casavam.
Agora não é mais assim.

FOLHA - Mas já foi acusada de fazer muito sexo...
DERCY
- Eu já fui acusada de tudo. Eu era "negrinha" [sua avó era negra], menina de rua, mas nada disso me atingiu porque eu não sabia o que era o mundo. Não tinha nem amigos. Passeava na rua e era perseguida com 7, 10 anos, porque o negro é perseguido há séculos.
Agora, por que era perseguido se nós somos feitos da mesma matéria? Como se pode fazer isso com um ser que é igual a você? Eu pensava que o mundo era Madalena. Se eu não tinha um princípio, e nem escolha eu tive, então eu fugi de casa com 14 anos porque papai batia...
A menina não tinha nada, não era ninguém. Nem na procissão eu podia ir porque não me vestia de anjo, de Maria. Então, essa religião é falsa.

FOLHA - Na época do teatro rebolado, os presidentes iam te ver?
DERCY
- Não. O Getúlio Vargas ia ao teatro não por causa de mulher, mas por causa do Pedro Dias, que o representava dando golpe nos inimigos do povo. Getúlio Vargas foi quem nos deu cultura, criou o trabalhismo.

FOLHA - Você é getulista?
DERCY
- Não sou getulista, não sou porra nenhuma. Eu não sou Dercy Gonçalves. Eu não sou nada.

FOLHA - Você vota ainda?
DERCY
- Voto.

FOLHA - Votou em quem?
DERCY
- No Lula [na primeira eleição que ele ganhou, ela havia votado em José Serra].

FOLHA - No Brasil de hoje, há chance de nascer uma artista popular como você?
DERCY
- Eu sei lá sem tem, porra, não sou pesquisadora. Se o dinheiro é o que vale, eu não valho nada. Se o dinheiro é o que vale, eu tô roubada.
Porque eu luto para vender o meu DVD ["Dercy 100", independente], vou no bingo para dar bingo. E eu adoro jogar, é um jogo honesto, um jogo simples, um jogo para pobre. É um jogo para jovem e para velho.

FOLHA - Você vai ao bingo com que freqüência?
DERCY
- Eu vou todos os dias, não tenho de dar mais satisfação a ninguém. Eles me tratam com muito respeito, eu me distraio, as horas passam, matam a minha solidão, matam a minha falta de família, a minha falta de amigo, mata muita coisa, meu filho. Prefiro o bingo a tomar uma birita em qualquer lugar.

FOLHA - A solidão assusta mais que a morte?
DERCY
- É muito pior. A solidão te irrita, te deixa estressado, te dá mágoa. A solidão te mata. É a pior coisa que pode existir para a humanidade. É o abandono dos amigos, da família. Eu vou para a rua, porque na rua eu vejo um desastre e fico olhando, vejo um tiroteio e fico olhando...
Eu adoro tudo isso, me distrai.

FOLHA - Desde quando você sente solidão?
DERCY
- Eu não tenho solidão.

FOLHA - Não?
DERCY
- Eu mato ela.

FOLHA - Quem são seus amigos?
DERCY
- Nenhum, não tenho. Não acredito em amigos. Eu tenho bons conhecidos, em amigos eu não acredito. Porque, se eu pedir dinheiro a algum e não pagar, ele corta relações comigo.
Então não é amigo.

FOLHA - ... Você pode comparar ou relacionar Dercy e Grande Otelo?
DERCY
- Meu filho, é muita diferença. Primeiro, Grande Otelo nunca foi ator cômico. Ele era mais dramático e trágico, pela feiúra, pelo tamanho dele. Ele fazia graça com drama. Eu não, sou criadora da graça.

FOLHA - Ele era tragicômico.
DERCY
- Era, completamente. Um excelente tragicômico, fazia coisas tristes para rir. Trabalhei com ele. Coitado, ele teve um fim triste, na miséria, bebia.
Eu não preciso de álcool para me dar vida. E não estou infeliz, não, estou satisfeita com a vida, cumpri minha obrigação, fiz cem anos, é muita coisa.

FOLHA - São mais de cem, né?
DERCY
- Eu tenho 102.

FOLHA - Como é essa história?
DERCY
- Meu pai era um homem rústico, alfaiate, sem cultura. Registrou tudo junto, um atrás do outro. Eu era a penúltima de oito filhos.

FOLHA - Você se dava com todos?
DERCY
- Eu não os conhecia direito, eu era a menor.

FOLHA - Eles têm orgulho de você ser famosa?
DERCY
- Não sei, morreram todos, sofridos, sem mãe, sem pai, sem família, abandonados.

FOLHA - Mas tinham orgulho da Dercy?
DERCY
- Não sei. Eu sei que me salvei. Tive a oportunidade de fugir de casa e ir ao mundo, sem cultura nenhuma, mas com muita curiosidade.

FOLHA - Você é boêmia?
DERCY
- Sou, gosto da noite, da madrugada, cabaré, boate, restaurante; em botequim, qualquer lugar eu queria ficar.

FOLHA - Você fez uma peça de Nelson Rodrigues, uma adaptação de "Dorotéia"...
DERCY
- Sei lá... Primeiro, Nelson Rodrigues não era nada de mais. Ele fazia a peça com verdades e era tratado por "anjo pornográfico", "desbocado". Antigamente, tudo era recriminado. A peça dele que fiz não fez sucesso, uma porcariazinha.

FOLHA - Já fez papel dramático?
DERCY
- Sim, uma vez, "A Dama das Camélias". Mas fiz cômico. A minha tosse [em cena] era "cofó, cofó, cofó".

FOLHA - E o diretor aceitou?
DERCY
- Ele não mandava. No ensaio, eu não ensaiava.

FOLHA - E o episódio de mostrar os seios na Sapucaí, em 1991?
DERCY
- Eu nunca fui disso. Eu fui desfilar, mandei fazer a roupa num costureiro muito vagabundo, dei alfazema e tal. Ele fez uma roupa que, quando eu levantava o braço, o vestido caía.
Não podia levantar o braço na passarela. Arriei e fui dançando e cantando. Tinha os seios lindos naquela ocasião. Mostrei. Houve gritaria, escândalo, mas por quê? Os seios são a coisa mais linda na mulher.

FOLHA - Você ficava muito tempo em cartaz?
DERCY
- Não, desde que nasci até hoje. Tem pelo menos 80 anos que eu trabalho.

FOLHA - Era um espetáculo atrás do outro, não tinha férias?
DERCY
- Não, que férias, e eu lá queria férias? Queria dinheiro. Ganhei muito dinheiro com espetáculos, apesar de ter uma grande companhia, a Dolores Costa Bastos [criada e mantida com o sobrenome de casada].

FOLHA - E você começou a escrever seus próprios roteiros?
DERCY
- Não, não escrevo, vou inventando na hora. Eu tenho muita facilidade em falar.

FOLHA - Nessa entrevista, você está inventando muita coisa?
DERCY
- Eu não estou inventando, algumas coisas eu estou cortando no meio, termino, termino e invento e invento.

FOLHA - Atualmente, quem concebe seus shows?
DERCY
- Tudo sou eu, sempre foi. Invento tudo na hora. Muita coisa é mentira.

FOLHA - Você é tímida ou extrovertida?
DERCY
- Eu nunca tive timidez. Eu tenho muita prevenção. Quando eu chego a uma casa, eu quero respeito, quero ver primeiro como é que é. Uma vez, fui convidada para uma festa. Era uma suruba, e eu nem sabia o que era suruba.
Eu era mocinha, ainda estava na Casa de Caboclo, em 1932. Fiquei horrorizada.

FOLHA - Você se arrumou para esta entrevista?
DERCY
- Eu não, vesti essa roupa ontem. É uma roupa bonita, branca, fui ao bingo e estou com ela desde ontem.

FOLHA - Você mesma se maquia?
DERCY
- Eu mesma me maquio, me visto, me arranjo.

FOLHA - E a memória, como vai?
DERCY
- Estou mal. Acabo de falar ao telefone e esqueço, acabo de fechar um negócio e esqueço.
Mas sempre tenho duas meninas que me ajudam. Eu tomo água, sal e açúcar, que é meu soro. Cheiro rapé para tirar o sono, acordar disposta. Tomo guaraná em pó no café da manhã. Esse é meu remédio para a memória.

FOLHA - Qual era seu luxo na época em que você era rica?
DERCY
- Eu nunca fui rica.

FOLHA - Você tinha carro, era você quem dirigia?
DERCY
- Sempre tive carro, um, dois, e sempre tive motorista. Eu não tenho competência nenhuma para dirigir. Não tenho competência para nada. Só tenho competência para ser artista. Eu represento o dia inteiro.

FOLHA - Aqui também?
DERCY
- Aqui também estou representando.

FOLHA - O que a faz rir? Não vi você rindo nenhuma vez. Faz os outros rirem, mas você não ri?
DERCY
- Eu acho graça em coisas... Meu bisneto [João, 5 anos]... Eu acho uma graça louca nele. Ele diz: "Bisa, você não pode morrer porque vai me fazer falta". Isso me faz rir. Como é que esse menino pode pensar numa coisa dessas?

FOLHA - Você gosta de criança?
DERCY
- Acho criança uma perfeição...

FOLHA - Você já fez análise?
DERCY
- Fiz psicanálise durante muito tempo. Gostei, melhorei, achei que tirei vantagens. Mas é difícil. A mãe do meu marido [Danilo] morreu louca, e ele tinha medo de que eu também ficasse. Eu me apaixonei por um dos três analistas. Eu tinha ciúme da mulher dele, era atendida na casa dele. Eu dizia para minha filha: "Estou passando mal, chame o meu médico".
Não sabia para que eu estava preparando aquilo, depois é que eu vi. Apaguei a luz, preparei o ambiente e deitei. Ele chegou, olhou. "O que é, dona Dercy? A senhora está doente? A senhora não tem nada. A senhora quer que eu venha aqui, está interessada em mim, não tá?"
A vergonha foi tão grande que fiquei boa. Eu tinha saudades dele, mas acabou o amor, acabou tudo, ele me desmascarou. Isso devia acontecer com todo mundo, modifica a visão. Nunca mais tive saudades de ninguém.

FOLHA - Que motivo a levou à psicanálise?
DERCY
- Não sei. Eu calculo, mas posso calcular errado.

FOLHA - Tinha medo da loucura?
DERCY
- Nunca fui louca, mas tinha medo de ficar. Via muita gente louca fazendo papelão, e não queria passar por isso. Mas a vida para mim foi premiada, porque passar o que passei, sem uma garupa, era muito difícil.
E, quando tive uma garupa boa, que era o pai da minha filha, eu não quis, porque era homem casado. Eu não o amava, era muito mais velho, e acabei entrando no teatro, uma tentação.

FOLHA - E quanto à fidelidade no casamento?
DERCY
- Não existe casamento. É um erro tremendo obrigar um sujeito a se amarrar com o outro só para querer dinheiro. Você não pode amarrar ninguém, a vida tem que ser liberada.
Casei porque fiquei com complexo de não ter marido para entrar com minha filha [na igreja] na noite do casamento. Casei por negócio.

FOLHA - Você vê as comediantes das novas gerações?
DERCY
- Nem assisto. Não quero ver cópias. As novelas são todas histórias inventadas. Não quero menosprezar o trabalho dos meus colegas, minha classe. Eu estou feliz porque eu sou eu.

FOLHA - Você já ouviu falar de besteirol?
DERCY
- O que é isso?

FOLHA - Uma geração de comediantes que surgiu nos palcos do Rio na década de 80...
DERCY
- Um babaca inventa o nome e pega...

FOLHA - Havia vaidade, ciúme de artistas em sua época?
DERCY
- Eu nunca tive, porque sempre fiz tudo diferente dos outros.

FOLHA - Mas, quando você despontava, alguém invejava?
DERCY
- Me xingavam, me esculhambavam, me desmoralizavam, mas eu nem sentia, porque não era. Até hoje é assim, não sei quando a pessoa me ama ou me odeia. Amar ou odiar parecem a mesma coisa.
São as atitudes, os gestos, a continuidade que levam à amizade na vida. Você não pode gostar da pessoa à primeira vista. Não é prato de comida.

FOLHA - Como recebeu a velhice?
DERCY
- Eu não recebi. Eu não sou velha. Eu tenho idade, mas não tenho espírito de velho. Tenho espírito de jovem, vivo a vida alegre e feliz, gosto da rua, de Carnaval, viajar.
Claro que estou mais cansada, claro que meus órgãos caíram, derrubaram. Eu me canso, mas dez minutos depois estou boa.

FOLHA - Você hoje é empregada do SBT?
DERCY
- Briguei com a Globo porque ela me tirou do programa, mas não deixou de me pagar. Fiquei fazendo o Faustão, depois queriam me colocar no Zorra [Total]. Não entro nessa merda nem morta.

FOLHA - Por quê?
DERCY
- Porque o programa é uma porcaria, não é para uma estrela, é para principiante. Então não fiz. Mas a Globo para mim foi a grande estação.

FOLHA - E a relação com o Silvio Santos?
DERCY
- O Silvio é um cara muito bacana. Tem aquele brinquedo [SBT] só para ele, não dá para ninguém.
Enjoou, ele bota na rua. Fez isso comigo, com o Ratinho. Mas tenho muito respeito por ele e não quero perder essa boca.

FOLHA - Como era o teatro de revista?
DERCY
- Era a coisa mais linda que havia no teatro. Pouca gente freqüentava a comédia, a não ser a dos grandes, como Procópio [Ferreira], o Jaime Costa, o Cazarré, Malberi Silva, que faziam um teatro mais para subúrbio, mas eram bons também.
O teatro de revista era escrachado, considerado marginal. Vivia lotado, mais de homens. As famílias se recusavam a ir à praça Tiradentes, ao Recreio, ao Carlos Gomes, ao João Caetano. Mas, quando eu fazia o Glória, lotava o teatro, muita gente ia escondida.
Uma vez, uma espectadora levantou a voz dizendo que não podia falar tantos palavrões. Eu disse: "Vai pra puta que te pariu" e desci do palco em direção a ela, que correu e foi embora.
Tô na minha casa, o que ela veio fazer aqui?

FOLHA - Por que o teatro de revista acabou?
DERCY
- Foi o seguinte. O [empresário] Walter Pinto não tinha prática nenhuma de teatro.
Morreu o pai, morreu o irmão e ficou ele tomando conta, sem saber patavinas de teatro. Ele era um homem muito rico, audacioso. Cheguei a dirigir a companhia dele. Depois de um tempo, ele se aventurou a exibir atrações internacionais.
Trouxe um companhia inteira do Liberté, aquelas mulheres parisienses, e isso acabou com o teatro de revista brasileiro, que era feito por mulheres surradas, algumas velhas já, trabalhando como coristas.
Aqui no Brasil, nada tinha valor, não passava do chão. Aqui, para ser artista, você precisava ter empresária, para fazer seu nome. Ninguém te ajudava.
Não tinha televisão. Tinha uma, a Tupi, que só funcionava com porcaria. E a TV Rio, que transmitia mais futebol.

FOLHA - Como encara nunca ter recebido um prêmio importante no teatro?
DERCY
- Para que eu quero essa merda? Eu não quero, até hoje. Quero dinheiro. Não me dê prêmios, que odeio. Tenho mais de 20 placas, Dercy Gonçalves, o caralho... O que vale é você ter dinheiro para se manter, sair da rua e não precisar ir para o asilo e tampouco para o hospital de graça.
(VS e PS)

segunda-feira, abril 16, 2007

frases...

"Os métodos usados na Gramática Universal são falhos e não cumprem os critérios científicos aceitos em diferentes campos da ciência"

DANIEL EVERETT
lingüista da Universidade de Illinois


"Se os dados anteriores de Everett eram falhos, como ele admite, eu não vejo por que eu deveria confiar nos dados novos. A ciência não se baseia em opiniões ou reputação"

TECUMSEH FITCH
lingüista da Universidade St. Andrews

Tribo do AM causa guerra na lingüística

Americano diz que a língua dos pirahãs, que só contam até três, desafia a teoria mais aceita sobre a linguagem humana

Segundo Daniel Everett, idioma é exceção à chamada Gramática Universal; trio que analisou trabalho, no entanto, critica a hipótese



CLAUDIO ANGELO
EDITOR DE CIÊNCIA

Uma tribo de caçadores-coletores do sul do Amazonas está colocando lingüistas e antropólogos em pé de guerra. Segundo um pesquisador, a língua dos pirahãs, um grupo de 350 pessoas que habitam o rio Maici, perto da divisa com Rondônia, é tão excepcional que põe em xeque a principal teoria vigente sobre a linguagem humana. A tese, no entanto, é contestada por outros lingüistas.
Os pirahãs ficaram famosos entre os acadêmicos devido ao trabalho do americano Daniel Everett, 55, um ex-missionário cristão que hoje é professor da Universidade Estadual de Illinois. Ele começou a estudar a língua da tribo nos anos 1970, com o objetivo (que nunca foi cumprido) de catequizá-los.
Enquanto aprendia a língua, vivendo numa aldeia pirahã com a mulher e os filhos, Everett descobriu uma série de peculiaridades no idioma. Os pirahãs não têm palavras para cores. Usam apenas oito consoantes e três vogais. Não possuem mitos de criação, não têm tempos verbais, não fazem arte só sabem contar até três.
Em 2005, Everett publicou no periódico "Current Anthropology" um artigo no qual afirmava também que a língua pirahã não tem recursividade, ou seja, a capacidade de formar sentenças encaixando uma frase na outra. Assim, um pirahã seria capaz de dizer "a canoa de João", "o irmão de João", mas nunca "a canoa do irmão de João". Como vivem numa sociedade extremamente simples, onde o que conta é a experiência imediata (o aqui e agora), os pirahãs, argumenta Everett, têm sua língua (e, portanto, seu pensamento) limitados pela cultura -um caso único.
O trabalho caiu como uma bomba no meio lingüístico. Se Everett estivesse certo, o idioma pirahã seria um sério desafio à teoria da Gramática Universal. Desenvolvida pelo influente lingüista americano Noam Chomsky, a teoria afirma que todos os seres humanos possuem uma faculdade inata da linguagem, uma espécie de "órgão da linguagem" no cérebro. Essa capacidade independeria do meio cultural, tendo sido impressa nos circuitos cerebrais do Homo sapiens pela evolução. E a principal marca dessa faculdade é justamente a recursividade.
Uma exceção a essa regra significaria ou que os pirahãs não são humanos ou que o arcabouço intelectual chomskiano -sob o qual se formaram gerações de lingüistas- está falido. Everett, é claro, aposta na segunda hipótese.

Bombando
A tese de Everett sobre como a chamada "experiência imediata" limita a competência lingüística dos pirahãs saiu do domínio da academia na semana passada e se espalhou como rastilho de pólvora na imprensa popular. Uma reportagem de 20 páginas intitulada "O Intérprete - Será que uma tribo remota da Amazônia virou do avesso nossa compreensão da linguagem?" foi publicada na prestigiosa revista americana "The New Yorker" e citada por jornais on-line, revistas e blogs nos EUA e no Brasil.
No entanto, no final do mês passado, antes de a "New Yorker" ir para a banca, um trio de lingüistas dos EUA e do Brasil postou no site especializado Lingbuzz um artigo contestando ponto a ponto o trabalho de Everett. Andrew Nevins, da Universidade Harvard, David Pesetsky, colega de Chomsky no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, e Cilene Rodrigues, da Unicamp, afirmam -com base em trabalhos anteriores do próprio Everett- que o pirahã não apresenta desafio à Gramática Universal.

domingo, abril 15, 2007

Morre o historiador francês René Rémond

PARIS, 14 abr 2007 (AFP) - O historiador e analista político francês René Rémond morreu na madrugada deste sábado em Paris, aos 88 anos de idade, "vítima de uma doença que o vinha acometendo há tempos", anunciou a família.

Rémond, um dos grandes nomes da História contemporânea, é autor de mais de 30 livros de história política, intelectual e religiosa da França nos séculos XIX e XX.

Sua obra mais célebre, "A direita na França de 1815 a nossos dias", reeditada várias vezes, é referência para historiadores e políticos. René Rémond divide a direita francesa em três categorias: a orleanista, a legitimista e a bonapartista.

Também é o autor do livro "Anticlericalismo na França de 1815 a nossos dias" (1976), de "A história da França religiosa" e de "Introdução à história de nosso tempo" (1974).

Testemunha do século XX, nascido em 1918, foi presidente da Fundação nacional de Ciências Oolíticas de 1981 a janeiro de 2007, tendo sido eleito à Academia francesa no dia 18 de junho de 1998 na vaga do historiador François Furet.

Rémond morreu no hospital Cochin em Paris.

O presidente Jacques Chirac exprimiu sábado sua "profunda emoção" e sua "grande tristeza", saudando "um grande historiador e um grande pensador, mas principalmente um homem verdadeiramente honesto, um herdeiro das Luzes".

sexta-feira, abril 13, 2007

Cientista espanhol descobre a chave da metástase de câncer de pulmão

Quatro genes se coordenam para facilitar a disseminação de um tumor a partir da mama

Xavier Pujol Gebellí
em Barcelona


Para que surja uma metástase - a disseminação de um câncer -, uma célula tumoral deve realizar uma longa e perigosa viagem e fazê-lo em condições precisas para que sua missão final, a formação de um novo tumor em um órgão distante, tenha êxito. Essas condições, segundo os resultados de um estudo sobre o câncer de mama liderado por Joan Massagué, dependem da ativação anômala de alguns genes. Graças a eles formam-se novos capilares por onde a célula tumoral escapa do tumor primário e abre caminho até alcançar o pulmão.

A equipe do pesquisador espanhol Joan Massagué, diretor do programa de Biologia e Genética do Câncer no prestigioso Memorial Sloan-Kettering Cancer Center de Nova York e diretor-adjunto do Instituto de Pesquisa Biomédica de Barcelona, identificou até agora um pacote de 18 genes fortemente envolvidos no aparecimento de metástases. De todos eles, segundo seu novo trabalho, a ação conjunta de somente quatro provoca pelo menos dois fenômenos essenciais para que ocorram metástases. De um lado, a formação de novos vasos sanguíneos ao redor do próprio tumor, e de outro a perfuração dos pequenos capilares que proporcionam alimento e oxigênio para um determinado órgão. No estudo de Massagué, publicado hoje na revista "Nature", os órgãos afetados são as mamas e os pulmões.

Os quatro genes estudados dão lugar à formação de diversas proteínas bem conhecidas, descreveu ontem Massagué em entrevista por telefone. Trata-se da epirregulina, COX2 e de duas variantes de metaloproteases que a célula excreta em seu espaço externo. Dessas proteínas conhecia-se o envolvimento em processos inflamatórios e sua presença em processos tumorais, mas se ignorava o papel essencial que têm na disseminação de tumores e, ainda mais, que fosse necessária a atividade conjunta de todas elas. "É como uma caixa de ferramentas", explica Massagué. "Para fazer um buraco na parede é preciso uma ponta e um martelo, mas ambos devem ser usados conjuntamente."

A ação conjunta dessas quatro proteínas provoca, segundo se viu em experimentos realizados em 738 tumores de mama humanos induzidos em ratos, a formação de novos vasos sanguíneos ao redor do tumor, fenômeno conhecido como angiogênese. Graças a esses novos vasos, o tumor se alimenta de oxigênio e outros nutrientes, fator que favorece seu crescimento. Mas esses vasos apresentam uma espécie de imperfeição: são porosos. Através dos poros escapam células tumorais para a corrente sanguínea. "Sabíamos que para cada centímetro cúbico de um tumor agressivo [de tamanho semelhante a um grão-de-bico] podem chegar a escapar até um milhão de células malignas", explica Massagué. O que não se sabia era exatamente como nem quais eram os genes e proteínas envolvidos.

Também se sabia que, uma vez alcançada a corrente sanguínea, as células tumorais devem estar "suficientemente preparadas" para resistir à investida do sistema natural de defesa, e em certo momento sair do sistema circulatório para se aninhar em um órgão distante. O trabalho publicado pelo cientista explica como a célula maligna sai dos capilares que alimentam os pulmões e propõe chaves para entender sua resistência em um meio tão hostil como o sangue.

Novamente, é a ação conjunta das quatro proteínas que permite que uma célula cancerosa abra caminho entre as células que formam a parede de um minúsculo capilar. E o que se viu é que o fazem quase como resvalando entre as substâncias que cimentam as células do capilar.

Em outro trabalho, publicado na revista "PNAS", Massagué e cientistas de outras instituições e países exploram o papel de todo o grupo de 18 genes, que chamam de assinatura da metástase, no crescimento do tumor de mama e sua extensão aos pulmões.

No estudo desses 18 genes, dos quais o cientista espanhol prevê que "mais da metade poderia ter um papel relevante", participará o pesquisador Roger Gomis, atualmente membro do Laboratório de Metástase que o próprio Massagué promove no IRB de Barcelona. Gomis, junto com Cristina Nadal, participou do trabalho que se reflete no artigo publicado em "Nature".

Objetivo: anular o poder das células cancerosas

Noventa por cento das mortes atribuídas a um câncer se devem à sua disseminação para órgãos vitais como o pulmão, o osso, o fígado ou o cérebro. Esse processo, que pode durar de alguns meses até vários anos, dependendo da origem do tumor e de sua agressividade, provoca na Espanha a morte de quase 95 mil pessoas por ano para um total de 160 mil novos casos diagnosticados no mesmo período, segundo o Instituto Nacional de Epidemiologia.

No câncer de mama, a proporção varia enormemente em relação ao total. De 16 mil novos casos diagnosticados por ano, a mortalidade se reduz a 6 mil pessoas nesse período, número que tende a diminuir nos últimos anos. Hoje a sobrevivência global aos cinco anos de diagnóstico supera os 70%.

A melhora dos resultados para esta e outras formas de câncer depende em boa medida do êxito de programas de detecção precoce através de testes e da incorporação ao arsenal terapêutico de medicamentos que em vez de tentar a destruição da célula tumoral pretendem interferir na ação de genes cuja mutação determina que essa mesma célula adquira capacidades anômalas, entre outras, as de replicação ilimitada, invadir tecidos e provocar metástases ou produzir novos vasos sanguíneos para garantir sua sobrevivência. Cada uma dessas capacidades representa um conjunto de alvos terapêuticos sobre os quais estão sendo testados cerca de 500 produtos farmacêuticos.

A descoberta da equipe liderada por Massagué se inscreve nesta linha, pois esclarece o conhecimento dos mecanismos básicos que mediam nas metástases graças à identificação das proteínas que nela intervém. As substâncias capazes de combater a metástase, portanto, deveriam ser capazes de bloquear a ação dessas proteínas.

Uma entre milhões

Do processo de metástase costuma-se dizer que é muito pouco eficaz em termos biológicos. Para que uma única célula maligna provoque o aparecimento de um tumor em um órgão distante é preciso que a cada dia, no espaço de meses ou mesmo anos, escapem milhões de células do tumor original.

A grande maioria delas fracassa em sua tentativa assim que inicia o processo. Essencialmente, explica Massagué, porque incorporam mutações "tão aberrantes" que fazem que as células que escapam sejam "simplesmente inviáveis". As mutações que contêm poucas células, porém, favorecem uma viagem quase impossível na qual devem sobreviver na corrente sanguínea (foram detectadas células malignas que empregam as diferentes células do sangue como veículo de transporte), vencer os ataques do sistema imunológico, aderir e transpassar os capilares, adaptar-se a um novo meio (ossos, pulmões, fígado e cérebro são os mais temidos) e aí voltar a proliferar até formar um novo tumor. Todas essas ações ocorrem "muito provavelmente", segundo Massagué, graças à participação de meia centena de genes. Deles, somente 18 foram identificados como participantes no trajeto.

Outros 30 participam exclusivamente, ao que parece, do mecanismo de nidificação nos pulmões. Pelo que se está vendo, esses 30 genes reativariam parte do processo embrionário de modo que as células tumorais se comportariam como células-mães.

Duas substâncias no mercado

A descoberta de Joan Massagué, da qual participaram pesquisadores do Hospital Clínico e do Instituto de Pesquisa Biomédica, ambos em Barcelona, tem transcendência clínica de aplicação "quase imediata". A razão é a existência de duas substâncias, cetuximab e celecoxib, já disponíveis no mercado, cuja ação conjunta freia extraordinariamente o progresso da doença.

Em modelos animais, afirmou o cientista a este jornal, a atividade metastática se detém até ficara em 10% em relação à original. Para efeitos práticos, isso significa que se formam muito menos vasos sanguíneos no tumor original, e com isso recebe nutrientes abaixo de suas necessidades energéticas e as células tumorais parecem perder sua capacidade de atravessar os capilares.

Cetuximab é um anticorpo monoclonal que já é usado para combater as metástases de câncer colorretal, enquanto o celecoxib é um antiinflamatório cujo uso está sendo pesquisado em algumas formas de câncer.

Embora seu êxito terapêutico em separado esteja em discussão, presume-se que o uso conjunto dos dois poderia frear a progressão de metástases de câncer de mama para pulmão, segundo indicam as descobertas de Massagué. Para isso, ele indica, é necessário "desenhar estudos clínicos" que validem sua eficácia em forma de coquetel. Esses tipos de estudos, acrescenta, podem ser realizados "de imediato".

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

quinta-feira, abril 12, 2007

Kit de cirurgia plástica para crianças é tema de vídeo em Pleix.net

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FERNANDA CRANCIANINOV
da Folha Online

Depois de ironizar a atual indústria da beleza com imagens de kit de cirurgia plástica para crianças, nesta Páscoa, o polêmico e criativo site de vídeos Pleix.net atualizou seu "acervo" de vídeos on-line com mais uma "obra-prima": o clip de coelhinhos da música "Get Down", para a banda Groove Armada.

Realizado pelo grupo parisiense "Chased by Cowboys", o vídeo é a décima terceira obra disponível no site.

A proposta do Pleix é reunir sob uma única comunidade virtual artistas digitais de Paris (França). Os vídeos são obras especialistas em arte 3D, de músicos e designers. No site, importantes ícones da atual indústria de design gráfico oferecem ao público, de forma misteriosa e quase anônima, suas últimas criações.

A produtora parisiense "Chased by Cowboys", por exemplo, tem contrato exclusivo com marcas como BMW, Nivea, Levi's, Hugo Boss, Peugeot, Nike e Paul Smith. Nada disso, no entanto, é anunciado no site, que traz apenas um discreto canal de comunicação com o internauta: leti@pleix.net.

A qualidade e o tom provocativo dos vídeos são marcas registradas do site, que ainda oferece boa música eletrônica como trilha.

Vale a pena conferir trabalhos como "BEAUTY KIT", um dos melhores, que traz um kit de cirurgia plástica para crianças em tom de comercial infantil. "PLAID" representa o universo "pró-ativo" e empreendedor de uma sala de reuniões, enquanto "BIRDS" traz cachorros "voando" em câmera lenta (não deixe de imaginar como o vídeo foi feito; fica mais divertido).

A única desvantagem: a atualização não é tão freqüente. Por isso, salve em seu "Favoritos" e dê uma espiadinha no Pleix.net de vez em quando.

quarta-feira, abril 11, 2007

Let's play that

(Jards Macalé e Torquato Neto)

quando eu nasci
um anjo louco muito louco
veio ler a minha mão
não era um anjo barroco
era um anjo muito louco, torto
com asas de avião

eis que esse anjo me disse
apertando minha mão
com um sorriso entre dentes
vai bicho desafinar
o coro dos contentes
vai bicho desafinar
o coro dos contentes
let's play that

cogito

eu sou como eu sou
pronome
pessoal intransferivel
do que homem que iniciei
na medida do impossivel

eu sou como eu sou
agora
sem grandes segredos dantes
sem novos secretos dentes
nesta hora

eu sou como eu sou
presente
desferrolhado indecente
feito um pedaço de mim

eu sou como eu sou
vidente
e vivo tranquilamente
todas as horas do fim

20.10.70 - Torquato Neto.

Baterista do Blur se candidata a cargo público na Inglaterra



da Ansa, em Londres
O baterista da banda britânica Blur, Dave Rowntree, 42, se candidatou a uma vaga no Conselho de Westminster, em Londres. As eleições locais na Inglaterra acontecem no dia 3 de maio.

Rowntree, afiliado ao Partido Trabalhista, admitiu que enfrentará uma forte concorrência para obter uma vaga na região controlada majoritarimente por conservadores. Segundo o baterista, a decisão de entrar na batalha eleitoral está ligada à sua luta contra a pobreza extrema que, paradoxalmente, afeta um dos bairros mais ricos de Londres. Essa zona possui vários moradores ilustres, como Madonna e o duque de Westminster, um dos homens mais ricos da Inglaterra.

O cantor Damon Albarn, vocalista do Blur, havia apoiado os objetivos do Novo Trabalhismo do premier Tony Blair, mas desde então critica duramente o governo britânico. Albarn recusou recentemente um convite da residência oficial de Blair na capital britânica com um bilhete que dizia: "Não sou mais membro do Novo Trabalhismo. Sou um comunista. Aproveitem o evento, camaradas".

O ex-engenheiro de computação, que apesar da sua paixão pela música pop é proprietário de uma companhia de animação, declarou que nove zonas de Westminster fazem parte das mais pobres da Inglaterra. "Acredito que alguém tem de fazer alguma coisa a respeito disso", disse o baterista britânico.

Rowntree competirá contra Stuart Bonar, dos democratas, Colin Merton, do direitista UK Independence Party, e Ian Rowley, do Partido Conservador, o favorito para o cargo.

Os conservadores, que controlam o bairro de Westminster com 48 das 60 cadeiras, prometem na sua campanha reduzir os impostos municipais, expandir a reciclagem de lixo, instalar mais câmeras de segurança de circuito fechado, colocar mais parquímetros para motocicletas e bicicletas, melhorar as escolas e baratear o custo da moradia.

Para os democratas, ganhar as eleições significará conceder uma voz independente à região. Eles prometeram abrir mais postos de saúde.

bom descanso Neil.

LOS ANGELES (Reuters) - O recluso e intuitivo empresário que supervisionava os complexos interesses financeiros dos Beatles deixou sua empresa após mais de 40 anos de trabalho, disse o grupo na terça-feira.

Neil Aspinall, 64 anos, que começou como motorista da banda em sua Liverpool natal, será substituído como diretor da Apple Corps. Ltd. por Jeff Jones, um executivo do setor musical dos EUA, especializado em reedições de luxo de discos clássicos.

Jones, que assumirá o cargo de CEO (Aspinall desdenhava de títulos formais), vai se mudar para Londres, onde a Apple tem uma pequena sede.

Aspinall era tão identificado John Lennon, Paul McCartney, Ringo Starr e George Harrison que às vezes era chamado de "o quinto Beatle", um título dado também ao executivo de gravadora Brian Epstein, ao músico de estúdio Billy Preston ou ao produtor George Martin.

"Ele estava lá desde o surgimento da banda em Liverpool e significou muito para a família Beatles durante todos esses anos, e ainda significa", disse nota divulgada pela Apple em Londres. "Entretanto, ele decidiu ir."

Embora a notícia tenha surpreendido os fãs dos Beatles, pessoas ligadas ao assunto dizem que a transferência era tratada há tempos e foi amigável.

Jones, 51, vice-presidente-executivo da Sony BMG Music, disse em nota que vê agora "um sonho se realizar". "As múltiplas oportunidades para atingir amantes da música, novos e velhos, com a espetacular obra dos Beatles tornam esta posição incrivelmente desafiadora e excitante."

segunda-feira, abril 09, 2007

Assassinato brutal de criança revolta população em PE

Recife - O menino Natanael dos Santos Marinho, de 11 anos, foi assassinado brutalmente ontem, a golpes de foice, ao tirar frutas de uma árvore em uma chácara no município de Vitória de Santo Antão, em Pernambuco.

O criminoso, Aguinaldo Alexandre da Silva, 30 anos, caseiro da propriedade, permitiu a entrada de Natanael e de dois amigos seus que haviam lhe pedido para colher frutas. Quando os meninos subiram nas árvores, Aguinaldo pegou uma foice e atacou o menino nas pernas, no pescoço e na cabeça. Os colegas de Natanael conseguiram fugir, pedindo socorro.

Aguinaldo deixou o local perseguido por cerca de 30 pessoas que queriam linchá-lo, de acordo com o delegado Marciano Bezerra. Alcançado pelos moradores, foi salvo por soldados da Polícia Militar que passavam no local em uma viatura, e o levaram ao hospital da cidade - ele sofreu ferimentos leves.

Logo depois, diante da indignação e revolta de populares que tentaram invadir o hospital, ele foi encaminhado à delegacia. Os moradores também tentaram - novamente sem sucesso - invadir a delegacia, que contou com reforço para impedir a entrada.

Hoje, enquanto o corpo da criança era velado na igreja onde o seu pai é pastor, cerca de 100 pessoas destruíram a casa da chácara e atearam fogo no local. Aguinaldo confessou o crime, foi autuado em flagrante por homicídio triplamente qualificado, e está preso na cadeia da cidade.

Angela Lacerda

Monty Python inspira tentativa de recorde com "orquestra de cocos"

da BBC Brasil

Os criadores do musical "Spamalot", inspirado em um dos filmes do grupo de comédia britânico Monty Python, esperam estabelecer o recorde de maior "orquestra de cocos" em Londres no dia 23 de abril.

O desafio, no dia de São Jorge --padroeiro da Inglaterra--, será na Trafalgar Square, centro da capital britânica.

Todas as pessoas que decidirem participar vão receber duas metades ocas de uma casca de coco e vão ser convidados a batê-las na música "Always Look On The Bright Side of Life", uma das mais conhecidas do Monty Python.

O recorde atual foi estabelecido em março do ano passado em Nova York, quando 1.789 pessoas bateram coco por ocasião do aniversário de um ano de apresentação de "Spamalot" na Broadway.

O musical é a adaptação para os palcos do filme "Monty Python - Em Busca do Cálice Sagrado" (1975), um dos sucessos do grupo nas telas.

O elenco de "Spamalot" vai liderar o "esforço" para bater o recorde na Trafalgar Square. Depois da tentativa, os londrinos poderão conferir na praça uma exibição especial do filme que deu origem ao espetáculo.

"Spitting Venom" - Modest Mouse

We were spitting venom at most everyone we know
If the damned gave us a road map then we'd know just were to go
Now let it drop

Let it all drop
Let it all drop
Oh let it all fall off

Well you were talking soda pop
You were talking quite a lot
The opinions that I do not give
The opinions I aint got
So let it drop

Let it all drop
Let is all drop
Let it all fall off there oh

Well you were spitting venom at most everyone you know
If you truly knew the gravity you'd know which way to go
Well let it drop

Let it drop
Let it all drop
Oh let it all fall off

My ears were bristled firmly right against your mouth to hear
When you tried to spit the venom out your words were not so clear
Now drop

Hold on to what you need
We've got a knack for fucked up history
Hold on to what you need
We've got a knack for messed up history

Well we went downtown and we sat in the rain
Well looking what direction and waiting for a train and thought over
Its all over

I did't know you kept track I didn't know there was a score
Well it looks like your the winner and I aint gonna play no more
Its over
Game over

Well we walked real stiff and i came inside the ground
You hit me with yours
And said 'pull yourself together'
Its over
Oh it's over

You can say what you want but don't act like you care
It takes more than one person to decide whats fair
Its over
Think it over

You were spitting venom at most everyone you know
If the damned gave you a road map then you'd know which way to go
So we carried all the groceries in while hauling out the trash
And if this doesn't make us motionless I do not know what can
What a rotten thing to say such an awful thing to say
I didn't mean to bite you so really
I always did what I always did what I always had to sling
So let it drop

Let it all drop
Let it all drop
Oh let it all fall off

Let it drop
Let it all drop
Let it drop
Oh let it all fall off

Cheer up baby it always wasn't quite so bad for every
Venom then that came out the antidote was had
[X7]

Cheer up

Cheer up baby it always wasn't quite so bad for every
Venom then that came out the antidote was had
[X6]

O Bono de Medellín

Maior fenômeno do pop latino-americano, cantor colombiano Juanes chega ao Brasil depois de "piorar" imagem; músico entrou no mercado nacional com "Para tu Amor", balada incluída na trilha da novela "Páginas da Vida"

SYLVIA COLOMBO
ENVIADA ESPECIAL A MEDELLÍN


A atriz Graziella Massafera, ex-"Big Brother", gira a maçaneta, entra no banheiro e liga o chuveiro. A água escorre pelo seu corpo. Junto com ela, a espuma que a moça espalha pelas costas e pelas pernas.
É de revirar o estômago, de tão açucarado e clichê, não?
Pois foi com essa cena, exibida na novela global "Páginas da Vida", que Juanes, 34, entrou no mercado brasileiro, no embalo da melada "Para tu Amor".
O cantor colombiano é o artista de idioma espanhol mais famoso no mundo hoje. Seus três álbuns juntos venderam mais de 10 milhões de cópias. Na estante, ele acumula 12 Grammys. Ou seja, está longe de ser uma novidade.
Há sete anos, quando estreou a carreira solo com o álbum "Fijate Bien", podia-se dizer que era um roqueiro de personalidade. Aliando o passado experimental numa banda de heavy metal com a tradição da música folclórica colombiana, Juanes virou referência criativa no pop latino-americano.
Só que, então, veio o sucesso. Um punhado de prêmios e turnês em estádios lotados na Europa e nos EUA. Bastaram para que o artista não resistisse aos apelos da indústria fonográfica. Nos anos seguintes, lançou dois álbuns bem mais comerciais, "Un Dia Normal" (2002) e "Mi Sangre" (2004), que acaba de ser relançado aqui, pegando carona no sucesso da novela.
Em outras palavras, Juanes precisou literalmente piorar, aproximar-se do estereótipo de cantor latino e brega, para chamar a atenção do público brasileiro e da gravadora, que enfim resolveu "trabalhar" a imagem do artista por aqui.
É uma pena. Trata-se de um cantor e compositor interessante e original, preocupado em criar algo novo a partir de uma tradição musical rica -a de gêneros da região, como a cumbia, o vallenato, a chacarera e a música guasca.
Hoje, vê-se claramente que ele terá de se defender muito para que não o transformem num novo Ricky Martin.
A Folha visitou a casa em que Juanes vive, no luxuoso bairro de Las Palmas, no alto de um dos lados do vale onde está localizada Medellín.
Para o músico, a atual fase se explica por conta das transformações pelas quais a Colômbia tem passado. "Quando lancei o disco "Fijate Bien", as coisas aqui estavam sombrias, e eu não sabia qual seria o meu futuro. Por isso é um disco tão triste. Hoje me sinto melhor, e a Colômbia também está melhor. Essa sensação de que os nossos problemas podem ter uma solução se reflete no meu otimismo", explica.
Juanes se refere, especialmente, ao local onde nasceu. Há dois anos, Medellín, famosa por ser uma das cidades mais perigosas da América e sede do Cartel de Medellín, vive um momento de euforia. Investimentos do governo municipal em educação, urbanismo e segurança fizeram com que a violência caísse rapidamente. A experiência, reconhecida internacionalmente, chamou a atenção até do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que cogita importar dela soluções para o Estado.
Uma das conseqüências desse processo foi, justamente, o fato de que um dos artistas mais exitosos da Colômbia quisesse trocar sua casa em Miami para voltar à cidade natal. Há dois anos, Juanes criou uma fundação para ajudar as crianças vítimas de minas deixadas pela guerrilha e pelos paramilitares no interior do país. Por conta de seu ativismo, há quem o compare, para o bem e para o mal, ao irlandês Bono, do U2.

Drogas

Apesar da relativa tranqüilidade que vem sendo alcançada em alguns centros urbanos, a guerra e o narcotráfico seguem sendo problemas crônicos da Colômbia. Com relação a eles, Juanes tem uma posição progressista. "A solução é descriminalizar a droga. Ela gera tudo isso, os paramilitares, as guerrilhas, as mortes entre famílias. O mundo inteiro consome, e é a Colômbia quem paga. Com sangue. Com humilhação", diz.
Mas ele admite que tal solução não será fácil. "Somos uma sociedade moralista, ainda não estamos preparados."

Quarto álbum

O novo disco de Juanes, "La Vida Es un Ratico", ficará pronto no segundo semestre. Trabalhando com o argentino Gustavo Santaolalla -produtor de boas bandas latino-americanas, como a mexicana Cafe Tacuba e o argentino/uruguaio Bajofondo Tango Club-, Juanes diz que está fazendo um álbum mais autoral. "Vai se parecer muito com o primeiro, será bem mais roqueiro e terá muita música colombiana e latino-americana." O cantor deve também vir pessoalmente lançá-lo por aqui. Tomara que alguém o avise para, pelo menos, ficar longe das telenovelas.

Juanes é acusado de ser o "braço musical" de Uribe

Cantor recebe críticas por apoio ao presidente da Colômbia; ele diz que vê problemas e coisas com as quais não concorda

Músico foi eleito pela revista americana "Time" como uma das cem pessoas mais influentes do mundo por seu ativismo social no país

DA ENVIADA A MEDELLÍN

O ativismo social de Juanes faz diferença num país como a Colômbia. Por mais que o cantor lucre particularmente com a imagem de benfeitor, é um fato reconhecido no país que a Fundación Mi Sangre (www.fundacionmisangre.org), fundada por ele há dois anos, em Medellín, tem ajudado a minimizar os danos causados pelas cerca de 120 mil minas terrestres (estimativa da própria fundação) que estão hoje espalhadas pelo interior do território pelas Farc e pelos paramilitares.
Por conta dessa iniciativa, e pelos concertos que realiza para chamar a atenção internacional para as questões colombianas, Juanes foi eleito pela revista norte-americana "Time" como uma das cem pessoas mais influentes do mundo, em pesquisa realizada em 2005.
Entretanto há quem o critique pelo apoio aberto que dá ao presidente direitista Álvaro Uribe. A política de segurança adotada pelo governante, que diminuiu a violência nas grandes cidades, mas não está conseguindo resolver a questão do narcotráfico, divide opiniões na Colômbia. Para os mais críticos, Juanes não é nada mais do que uma espécie de "braço musical" do presidente.
No ano passado, o cantor apresentou-se no Parlamento Europeu, em Bruxelas, fazendo campanha pelo fim das minas. Em seguida, Uribe o nomeou simbolicamente como embaixador da cultura do país no exterior. Que um se aproveite da imagem pública do outro, parece claro.
Juanes, entretanto, diz que não apóia integralmente o presidente. "Qualquer fundação precisa do apoio do governo e com a minha não é diferente.
Concordo com algumas coisas que Uribe está fazendo, mas vejo muitos problemas e muitas soluções que estão sendo adotadas com as quais não concordo", disse o cantor à Folha.

"La Camisa Negra"
Curiosamente, foi fora da Colômbia que Juanes enfrentou a maior saia justa com relação à política. O hit "La Camisa Negra", de seu álbum mais recente, "Mi Sangre", foi hostilizado em pelo menos dois países. Primeiro, na República Dominicana, onde o ministro da Cultura considerou que a referência à cor negra era imoral. Depois, num episódio mais grave, na Itália, a canção foi acusada de fazer alusão ao fascismo. "Foram dois mal-entendidos. A música tem a ver com sentimentos, não é uma canção política", explicou.

Em espanhol
Juanes não canta em inglês, nem admite fazê-lo num futuro próximo. Diz que a decisão é artística e não tem nada de política. "O espanhol é minha língua, eu faço tudo nela. Se eu sonho em espanhol, como posso cantar em outro idioma?"
Exceção será feita, entretanto, à amiga Nelly Furtado. A cantora luso-canadense, com quem Juanes gravou a faixa "Te Busqué", em espanhol, no álbum "Loose", agora quer transpô-la para o português. "Esse é um caso diferente.
Em português eu canto. É o tipo de projeto com o qual quero me envolver. Já com relação ao inglês, não vejo necessidade de me expressar nessa língua." (SYLVIA COLOMBO)

A jornalista SYLVIA COLOMBO viajou a convite da Universal

sexta-feira, abril 06, 2007

Maioria dos homens trocaria namorada por carro dos sonhos

Uma pesquisa realizada na Grã-Bretanha mostra que dois em cada três homens trocariam suas namoradas pelo carro de seus sonhos

A enquete, realizada pela MTV britânica antecipando a estréia da versão local do programa Pimp My Ride, também exibido no Brasil, mostrou ainda que 55% dos entrevistados consideram seus carros como prioridade em suas vidas.

Apenas 16% deles colocaram suas namoradas no primeiro lugar da lista.

A sondagem entrevistou mil donos de carros da Grã-Bretanha, com idades entre 16 e 24 anos.

Linhas femininas
A pesquisa concluiu ainda que os homens querem que seus carros "reproduzam" o corpo de suas mulheres ideais, pois muitos admitiram que se atraem pelo design mais feminino de alguns modelos.

No entando, 75% dos entrevistados disseram preferir as formas de uma Ferrari às curvas da atriz britânica Kelly Brook.

Os britânicos revelaram também que passam, em média, 4 horas e 29 minutos por semana fazendo pequenos reparos, polindo e "enfeitando" seus carros - em comparação com a média de 3 horas e 42 minutos dedicadas aos cuidados com o próprio visual.

Por fim, 67% dos homens disseram preferir o ronco de um possante motor V8 contra 33% que gostariam mais de se aninhar ao som do ronronar de uma mulher.

quinta-feira, abril 05, 2007

Muito obrigado pelo trem bala....

Acidente de trem deixa 71 feridos na França

PARIS, 5 abr (AFP) - Um acidente de trem nas proximidades de Paris deixou 71 feridos nesta quinta-feira e 58 deles foram levados para diversos hospitais da capital francesa, segundo um balanço divulgado por uma fonte médica.

O acidente aconteceu quando um trem que transportava quase 600 pessoas se chocou contra uma parte da via ao entrar na estação Leste de Paris em pleno horário de rush.

Os passageiros feridos sofreram pequenas fraturas nas costelas, joelhos ou nariz, assim como problemas cervicais. De acordo com um médico dos bombeiros, a maior parte dos feridos será liberada rapidamente.

A polícia investiga as causas do acidente.

Alstom pretende construir trem rápido entre o Rio e SP

Paris - Um dia depois de quebrar o recorde mundial de velocidade sobre trilhos, a companhia francesa de transportes Alstom anunciou a intenção de construir um trem de grande velocidade entre o Rio e São Paulo.

O trajeto tem dimensão dentro do ideal para exploração pelo modal ferroviário e seria feito em parceria público-privada (PPP), segundo os moldes já estudados pelo Ministério dos Transportes. A pré-proposta foi apresentada ontem (4), em Paris, ao governador do Rio, Sérgio Cabral.

A negociação teve início com o convite da empresa para que uma comitiva brasileira testemunhasse o desempenho do trem V150 no trajeto Paris-Estrasburgo, que, na terça-feira, rompeu o recorde mundial de velocidade sobre trilhos ao alcançar 574,7 quilômetros por hora.

Na tarde de ontem, em Paris, Cabral e o secretário estadual dos Transportes, Júlio Lopes, foram recebidos na sede da empresa para conhecer dois planos de investimento no Brasil.

A pré-proposta da Alstom —que ainda não envolve valores, já que um estudo de viabilidade técnica precisa ser realizado— é a quarta do mercado de empresas que exploram os trens de grande velocidade na Europa.

Antes, uma companhia italiana e duas alemãs haviam demonstrado interesse no projeto, cuja elaboração teve apoio inicial do governo federal, mas segue estacionado. As informações são de "O Estado de S.Paulo"

Pequenos furtos, manchas e alívio

Pessoas respeitadas, como Sobel, cometem, irresistivelmente, atos contra a sua imagem

EM PSIQUIATRIA , a cleptomania (impulso de roubar) é um dos "transtornos do controle dos impulsos", junto com o jogo de azar descontrolado, a piromania (impulso incendiário), a tricotilomania (impulso de se arrancar cabelos) e as explosões repentinas de violência contra os outros ou os objetos.
Caraterísticas comuns desses transtornos: 1) o impulso surge de maneira irresistível e sem premeditação (se coloco fogo na minha granja para receber o prêmio do seguro, não sou pirômano, apenas malandro); 2) o ato, precedido por uma forte tensão, produz no sujeito uma sensação de alívio.
Nota: é importante não confundir os transtornos do controle dos impulsos com condutas similares que aparecem nas crises de mania -as quais, por sua vez, são caracterizadas assim: três ou quatro dias sem sono, idéias (delirantes ou quase) de grandiosidade e onipotência, fuga do pensamento, agitação psicomotora.
Desde que chegou a notícia da prisão do rabino Henry Sobel pelo furto de quatro gravatas em lojas luxuosas de Palm Beach (EUA), recebo e-mails que propõem apoio moral ao rabino e outros que parecem antever e contestar antecipadamente esta coluna, lembrando (não sem humor): "Cuidado: pobre que rouba é ladrão, rico é cleptômano".
Que os autores desse segundo grupo de e-mails se tranqüilizem: nos tribunais americanos, a cleptomania não ameniza a responsabilidade do acusado.
Agora, é verdade que, em regra, o cleptômano, rico ou não, rouba objetos que não lhe são indispensáveis e que ele poderia comprar sem grande esforço financeiro.
Mas vamos ao que importa. A categoria psiquiátrica de "transtornos do controle dos impulsos" é descritiva e não diz nada sobre os caminhos que tornam um sujeito cleptômano, pirômano, jogador compulsivo etc. Esses caminhos são singulares.
Exemplo extremo dessa singularidade: conheci um transexual operado (homem para mulher) que, a cada dia, roubava nas lojas de Paris e sempre voltava para recolocar (também às escondidas) o objeto roubado na prateleira.
Provavelmente, era guiado pela vontade de fazer desaparecer e reaparecer objetos que representavam a parte de seu corpo à qual tinha renunciado.
Não tenho idéia das razões singulares que levaram o rabino Sobel a roubar naquelas lojas de Palm Beach. Assim como não sei o que levou Winona Ryder a roubar roupas na Saks de Berverly Hills; ou Ronaldo Esper, o estilista das noivas, a roubar vasos de concretos num cemitério paulistano.
Mas essas três histórias (e várias outras) têm algo em comum: os protagonistas são pessoas públicas; de maneira e por razões diferentes, eles são (ou foram) objeto de algum tipo de idealização. Não só eles não precisavam roubar (pois os objetos furtados estavam ao alcance de seu bolso), mas, sobretudo, se fossem descobertos, o dano sofrido por sua figura pública seria incomparavelmente superior ao valor dos objetos roubados.
Acontece com uma certa freqüência: pessoas respeitadas e admiradas cometem, irresistivelmente, atos que mancham sua imagem. Elas ganham assim, no noticiário, um espaço que é o inverso àquele que elas ocupavam: caem, diretamente, da idealização ao escárnio.
Poderíamos inventar uma nova categoria, a dos "transtornos do controle dos impulsos em notáveis de uma comunidade". Seu traço saliente seria a desproporção entre o tamanho da infração (geralmente pequena) e o risco de comprometer uma reputação que é, no fundo, o maior patrimônio do sujeito.
Uma explicação possível para essas condutas está justamente na desproporção.
Imagine conviver com a sensação de um divórcio permanente (que é, de qualquer forma, inevitável) entre a visão idealizada que os outros têm de você e a visão, bem menos lisonjeira, que você tem de sua pessoa. Imagine a tensão incessante para estar à altura de uma imagem pública da qual você só pode, honestamente, sentir-se indigno: a visibilidade, o respeito e a admiração dos outros se tornam um fardo insustentável.
Quando um homem respeitado e respeitável comete um ato incompreensível que prejudica o capital de estima que ele acumulou, talvez seja justamente para desmentir sua figura pública idealizada, ou seja, para abrandar, enfim, o sentimento de viver uma extenuante impostura.
O ato, nesses casos, é um alívio, um grito que diz: "Sou um homem qualquer".

Polícia da Colômbia captura brasileiro membro das Farc

BOGOTÁ (Reuters) - Um brasileiro que pertencia à principal guerrilha esquerdista colombiana e que participou de vários ataques contra as forças armadas foi detido na quarta-feira pela polícia em uma cidade na zona de selva do leste da Colômbia.

A captura de Michael Cuello Souza, conhecido como Isauro, aconteceu em Inirida, capital do departamento de Guainia, na fronteira com a Venezuela e 700 quilômetros a leste de Bogotá.

De acordo com as autoridades militares e policiais, o brasileiro se incorporou às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em 2000.

Ele tem uma ordem de captura por rebelião. Segundo informações da inteligência das Forças Armadas, Souza participou em 2001 de um ataque contra uma base militar no departamento de Putumayo, em que morreram 37 militares.

Além disso, ele participou com traje camuflado e armado com um fuzil das falidas negociações de paz que o governo do ex-presidente Andrés Pastrana manteve com as Farc em uma zona de 42 mil quilômetros quadrados, duas vezes o tamanho de El Salvador, que cedeu aos rebeldes no sudoeste do país.

As autoridades militares e policiais entregaram fotos nas quais se observa o brasileiro uniformizado e armado no território que serviu de sede às negociações de paz, que falharam em 2002.

A Colômbia enfrenta um violento conflito interno de mais de quatro décadas e que custa milhares de vidas ao ano.

As Farc já haviam dito no passado que entre seus 17 mil combatentes havia vários estrangeiros, mas não revelou números nem as nacionalidades.

(Por Luis Jaime Acosta)

Movimento contra proteção anticópias em filmes e músicas é mundial

Paulo Rebêlo
Para o UOL Tecnologia


O movimento contra o DRM é mundial e, a cada dia, aumenta a quantidade de mensagens em fóruns e blogs sobre iniciativas para convencer as pessoas a boicotar gravadoras e lojas online.

A restrição de opções impostas pelo DRM atingiu um ponto bastante sério no exterior, principalmente Europa e Estados Unidos, onde é comum ver o assunto tratado como questão política, com projetos enviados a Parlamentos e Congressos para coibir o uso de DRM.

Defensores de liberdades civis e associações de defesa do consumidor, como é o caso da EFF (Electronic Frontier Foundation) alegam que o uso do DRM não apenas passa por cima das liberdades individuais do consumidor, como também prejudica um personagem ainda mais interessado na questão: o artista que criou a música, o autor intelectual das canções. "As empresas de entretenimento estão bloqueando o áudio e o vídeo que você possui e levando seus direitos embora", diz manifesto da associação. E para a EFF, nem a Apple se salva —em seu guia online sobre DRM, ataca a empresa de Steve Jobs dizendo que mudanças unilaterais na política de proteção anticópias restringem os direitos do consumidor de fazer uso pessoal da música que comprou.

Para a EFF e outras associações, o DRM acaba com todas as instâncias e possibilidades jurídicas do "fair use" (algo como "uso honesto"), um conceito extremamente importante nos Estados Unidos, por exemplo. Debates sobre fair use enchem as cortes judiciais americanas há décadas e acentuaram-se desde o ápice do caso Sony vs. Betamax nos anos 80.

Logo, é fácil imaginar que música não é a única "vítima". O recurso de proteção contra cópias de filmes em DVD, por exemplo, também usa DRM. E o caso mais notório é a tecnologia CSS (Content Scrambling System) usada nos DVDs, que antigamente significava que apenas usuários do Windows podiam assistir aos filmes no computador. Até que um garoto (o famoso 'dvdjon') de 14 anos quebrou o código, criou o DeCSS para quebrar o sistema DRM nos DVDs e, com isso, permitiu que usuários domésticos pudessem fazer cópias, mas, também, assistir aos filmes em ambiente Linux.

MP3 fica de fora

Quem já comprou música online nas principais lojas do ramo deve ter notado uma curiosidade: os arquivos nunca são MP3. Os sites vendem as faixas em formatos diferentes e proprietários, geralmente em Windows Media Audio (WMA) da Microsoft ou o padrão AAC, da Apple, na loja iTunes.

Se MP3 é o padrão universal e mais popular de música digital, por que muitas lojas não adotam? Por um motivo simples. Os arquivos MP3 não podem ter DRM, simplesmente porque o formato ainda utiliza tecnologias de codificação de dez anos atrás e não permite sistemas anticópia embutidos. Por isso que o MP3 é tido como o "formato universal", pois o arquivo é o conteúdo propriamente dito. E você pode ouvir MP3 em qualquer sistema operacional e qualquer plataforma.