terça-feira, abril 24, 2007

Lula diz que educação vai acabar com "elite do berço e do sobrenome"

Da redação
Em São Paulo*

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou oficialmente, na manhã desta terça (24), em Brasília, o PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação). Em seu discurso, ele disse que o PDE coloca o Brasil no "novo século da educação", e soltou uma frase emblemática: "Este é o século da elite do saber, e não da elite do berço e sobrenome".

O presidente também disparou uma farpa contra seus antecessores, dizendo que, antes de seu governo, não havia uma visão de conjunto no tratamento da educação.

Segundo Lula, o Fundeb, fundo da educação básica aprovado no final de 2006 pelo Congresso, é um dos "esteios dos PDE", e vai "aumentar em dez vezes o investimento federal nas áreas mais carentes do ensino."

Para o PDE, o MEC (Ministério da Educação) terá incremento de R$ 1 bilhão neste ano e, até o final dos próximos quatro anos, R$ 8 bilhões.

Antes da explanação do ministro da Educação, Fernando Haddad, Lula enumerou pontos que considera importantes dentro do PDE. O primeiro é "abrir a universidade para o povo e tranformar o Brasil no país mais democrático do mundo no acesso da universidade". O PDE, disse Lula, aumenta em 100 mil o número anual de bolsas do Prouni, programa federal que banca o ensino superior de estudantes sem recursos.

O segundo é ampliar e modernizar o ensino profissionalizante, colocando um escola técnica em todas as cidades-pólo do pais -- uma promessa da campanha eleitoral de 2006. Lula chegou a brincar: "Não me arrumem mais cidades-pólo neste país!" Foi uma referência à disputa política entre os vários ministérios de seu governo que elaboraram a lista desses municípios.

O terceiro ponto é a prioridade ao Nordeste, onde estão 950 dos mil municípios com os mais baixos indicadores na educação.

Perto do final de seu pronunciamento, Lula afirmou: "Preparamos como legado para a juventude um sistema de educação que pode colocar o Brasil em pé de igualdade com qualquer país desenvolvido".

Participaram também do lançamento os ministros Haddad; Dilma Roussef, da Casa Civil; Guido Mantega, da Fazenda; José Gomes Temporão, da Saúde; Tarso Genro, da Justiça; e Patrus Ananias, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Detalhes do PDE
O plano abrange todas as etapas da educação e inclui medidas típicas de um país extremamente carente na área e na infra-estrutura -- como garantir luz elétrica em todas as salas de aula (especialmente na zona rural) e fornecer barcos para o transporte escolar em áreas isoladas pelas águas.

Outra medida do PDE é fixar o piso nacional do magistério em R$ 850, com implantação total até 2010. Representantes de trabalhadores na educação reivindicam mais: querem piso de R$ 1.050 para os docentes do ensino médio.

O governo também vai criar um índice qualitativo para cobrar resultados das prefeituras, além de ampliar o alcance de suas avaliações nacionais impondo uma "provinha" a alunos que nem completaram 8 anos -- a idéia é monitorar a qualidade da alfabetização.

O PDE foi elaborado pela equipe do ministro Fernando Haddad e ajudou a convencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a mantê-lo no cargo, que era cobiçado pela atual ministra do Turismo, Marta Suplicy, com apoio de parte importante do PT.

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