quinta-feira, abril 26, 2007

Inteligência não é sinônimo de riqueza

Conclusão está baseada em estudo entre mais de 7 mil americanos observados desde a adolescência no final da década de 70 que revela a relação entre patrimônio acumulado e alto QI na juventude
por David Biello

Dinheiro esperto: A inteligência pode ajudá-lo a ganhar mais dinheiro, mas aparentemente não a acumular riqueza. Só porque você é inteligente, não quer dizer que consiga fazer um balanço do talão de cheques ou dominar qualquer outra tarefa que possa deixá-lo mais rico. Um estudo detalhado entre mais de 7 mil americanos observados desde a adolescência no final da década de 70 revela que a inteligência confere um poder maior à pessoa para ganhar dinheiro, mas não necessariamente para acumulá-lo. “Quanto mais inteligente você é, mais renda tem”, explica o economista Jay Zagorsky da Ohio State University, que analisou os dados. “Mas não é nenhuma relação entre inteligência e acúmulo de riqueza”.

Zagorsky define riqueza como “a diferença entre a renda e os compromissos financeiros de uma pessoa”. Assim, a riqueza é a soma da renda, mais bens, mais investimentos – e também de coisas divertidas e valiosas, como coleções de selos, por exemplo, – menos hipotecas, faturas de cartão de crédito e outros débitos. Em 2004, cerca de 7.403 pessoas na faixa dos trinta anos responderam perguntas sobre sua situação financeira, incluindo se já tinham ultrapassado o limite do cartão, se suas contas estavam atrasadas ou se já haviam declarado falência.

Cerca de 9% admitiu ter ultrapassado o limite do cartão, 18% já tinham atrasado o pagamento de pelo menos uma conta e mais de 13% haviam declarado alguma forma de falência. O mesmo grupo participou também de um teste de QI em 1980, como parte de seu ingresso na Pesquisa Longitudinal Nacional da Juventude. A Bateria de Aptidão Vocacional dos Serviços Armados consiste de 10 testes, quatro dos quais – vocabulário, compreensão de parágrafos, conhecimentos matemáticos e raciocínio aritmético – o Departamento de Defesa americano usa para analisar a inteligência dos recrutas.

Zagorsky usou essas pontuações de inteligência e os comparou com os dados financeiros coletados em 2004. Para cada ponto de QI, houve um aumento anual na renda de US$202 a US$616 – por exemplo, uma pessoa com QI de 130 ganha entre US$ 6mil e US$18.500 a mais por ano que indivíduo com menos inteligência. No entanto, rendas anuais mais altas não corresponderam a um aumento na riqueza acumulada. Na verdade, pessoas com inteligência um pouco acima da média (QI de 105) apresentaram um lucro líquido médio mais alto que aquelas com inteligência ainda maior (com QI de 110). “Algumas pessoas muito inteligentes enfrentam dificuldades financeiras, e não sabem economizar”, ressalta.

Quando Zagorsky observou variáveis como raça, educação, emprego e até fatores como ser fumante ou não, a lacuna entre o QI e a riqueza permaneceu a mesma. “Por que as pessoas inteligentes não têm sucesso financeiro é a próxima questão a ser respondida”, ele diz. O economista está terminando um estudo para analisar a relação entre a inteligência e o ato de economizar.

Ainda faltam explicações, apesar de Zagorsky especular que elas podem incluir o fato de pessoas com QI maior terem uma memória melhor para lembrar de pagamentos que deixaram de fazer, ou uma predileção pelo risco financeiro, entre outras possibilidades. No entanto, uma coisa é clara: a maioria dos participantes demonstrou inteligência financeira desde cedo, ao concordar participar dos testes das forças armadas – e ganhar US$ 50 por isso.

Conclusão: “Se você é um indivíduo com inteligência relativamente baixa, não deve acreditar que jamais se tornará rico”, diz Zagorsky, “Da mesma forma, se você é inteligente, tenha em mente que isso não se trata de uma vantagem se pretende viver à moda dos milionários”.

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