sexta-feira, outubro 28, 2005

quinta-feira, outubro 27, 2005

::essentialmix@bbc1.pete.tong

Coburn - 'We Interrupt This Programme' (Data)
Red Carpet - 'Alright' (Positiva / Subliminal)
Madonna - 'Hung Up (Sdp's Extended Vocal)' (Maverick / Warners)
Schwarb - 'DJ's In A Row' (EMI)
Planet Funk - 'Everybody' (Bustin Loose)
Pharrel Williams Feat Gwen Stefani - 'Can I Have It Like That?' (Virgin)
Phillipe B - 'Can You Party' (Cyber / Data)
Ian Carey & Mochico Feat Miss Bunty - 'Say What U Want (Dub)' (Joia / Nero)
Future Funk - 'Wildberry Tracks (Dr Kucho Remix)' (Boss Records)
London Elektricity - 'Will To Love' (Hostpital Records)
LCD Soundsystem - 'Tribulations' (DFA / EMI)

This Week's Essential New Tune
Fischerspooner - 'A Kick In The Teeth (Tiefschwarz Remix)' (EMI)

The Disco Evangelists - 'De Niro' (Positiva)
Sex-O-Sonique - 'I Thought It Was You' (Ffrr)

The Buzz Chart - Compiled By Dmcupdate.Com
Kings Of Tomorrow - '6pm (Sandy 's Blackwiz Remix)' (Defected)
Annie - 'The Wedding (Lindstrom & Prins Thomas Remix)' (!K7)
Royksopp - 'What Else Is There? (Trentemoller Remix)' (Wall Of Sound)
Seb Fontaine & Jay P - 'Do The Do' (Mono-Type)
Buzz No.1
Daft Punk - 'Human After All' (Virgin)

Depeche Mode - 'A Pain That I Am Used To (Jacuque Lu Cont Remix)' (Mute)
Wally Lopez - 'Do You Wanna Dance With Me (Pete Tong & James Talk Remix)' (Pacha)
Stretch Sylvester - 'What You Want (Mike Monday Remix)' (Playtime)
Cirez D - 'Re Match' (Mooseville)
Luke Dzierzek - 'Echo / Fibonacci Sequence (Ricky Ryan Re-Edit)' (Silver Planet/Pioneer)

DJ On The Phone - Craig Richards
Transparent Sound 'Vintage' (Tyrant)

Underworld - 'Electronic Part 1' (White Label)
Locodice - 'Jacuzzi Games' (Ovum)
Lindstrom & Prins Thomas - 'Turkish Delight' (Eskimo Recordings)
Noir - 'All About House Music' (Wyze Recordings)

Eclectic Selection
Crazy P - 'Can't Get Down' (Shiva Recordings)

Weekend Hot Mix
Ame - 'Rej' (Sonar Kolektiv)
Buckley - 'Block Party (Made To Play)
Mad 8 - 'Work This...' (Free 2 Air)
Angel Moon - 'Irregular Piece' (White Label)
Pasta Boys - 'Limit' (Mano Caida

Rivers Cuomo, do Weezer, volta a estudar em Harvard

Por Jonathan Cohen

NOVA YORK (Billboard) - O líder da banda Weezer, Rivers Cuomo, está voltando para a Universidade de Harvard em fevereiro, com planos de se graduar em junho em Inglês, de acordo com uma recente sessão de bate-papo na Internet.

Cuomo retornou a Harvard no começo deste ano depois de um intervalo de oito anos, mas passou a maior parte de 2005 gravando e em turnê para divulgar o mais recente álbum do Weezer, "Make Believe". A banda tocou em Curitiba em setembro.

O grupo está no momento em turnê com o Foo Fighters e depois deverá apresentar sete shows no Japão, até 22 de dezembro em Tóquio. Não ficou claro se haverá alguma atividade do Weezer no ano que vem enquanto Cuomo estiver na faculdade.

Durante o chat do AOL Music, Cuomo revelou detalhes sobre sua devoção à meditação, assim como sobre seu voto de castidade, iniciado em 13 de junho de 2003.

"Decidi tentar o celibato porque ouvi que ajudaria na meditação e experimentei a meditação porque ouvi que ajudaria com a música", afirmou. "Portanto, realmente tem a ver com a música."

"Ouça 'Make Belive' e compare com o álbum anterior, 'Maladroit"', acrescentou ele. "Sei que posso ouvir uma diferença no meu canto. Minha voz soa muito mais sensível e dinâmica agora. Também percebi uma diferença nas letras. Estou muito mais aberto e comunicativo com relação às minhas emoções agora."

Cuomo disse acreditar que sua transformação pessoal tenha estimulado os outros integrantes do Weezer. "Acho que minha meditação me permitiu ser um melhor colaborador no estúdio", afirmou.

"Não tenho tanta raiva se as pessoas têm opiniões opostas e em geral estou muito mais feliz e confortável em situações de grupo."

Editores do best-seller "Código Da Vinci" vão a julgamento por plágio


LONDRES (Reuters) - Dois historiadores entraram com uma ação judicial contra os editores de "O Código Da Vinci", o best-seller de Dan Brown, em um julgamento que deverá começar no início do ano que vem, segundo disseram advogados na quinta-feira.

Richard Leigh e Michael Baigent estão processando a Random House por roubar "toda a arquitetura" da pesquisa incluída no livro de não-ficção escrito por eles em "The Holy Blood, and the Holy Grail", de 1982.

Advogados de ambos os lados se encontraram na quinta-feira para acertar detalhes técnicos e disseram que a data do julgamento foi marcada para 27 de fevereiro.

Eles não quiseram comentar sobre como o julgamento poderá afetar as vendas do romance ou a distribuição de uma adaptação de Hollywood que a Sony Pictures pretende lançar em maio próximo.

A Random House disse que uma parte "substancial" da acusação de Baigent e Leigh foi retirada como resultado das discussões de quinta-feira e acrescentaram em uma declaração:

"A Random House está muito satisfeita com esse resultado, que reforça a sua afirmação de longa data de que essa é uma alegação sem mérito."

Uma porta-voz de Leigh disse que ele pretende manter a acusação contra os editores do livro de Brown, que tem impressos 36 milhões de cópias em todo o mundo e irritou os católicos por sugerir que Jesus se casou e teve um filho com Maria Madalena.

A mesma história é contada em "The Holy Blood, and the Holy Grail".

Analistas apontaram que um personagem importante no livro de Dan Brown, Sir Leigh Teabing, tem um nome que é um anagrama de Leigh e Baigent. Um terceiro autor do livro de 1982, Henry Lincoln, optou por não entrar com o processo.

Ironicamente, uma edição especial de capa dura e ilustrada do livro chamado "Holy Blood, Holy Grail" acabou de ser lançada pela Random House.

Em agosto, Brown venceu um processo contra outro escritor, Lewis Perdue, que dizia que o "Código Da Vinci" copiava elementos de dois livros seus, "Daughter of God" e "The Da Vinci Legacy".

Perdue queria 150 milhões de dólares por danos e pediu que o tribunal bloqueasse a distribuição do livro e do filme, que conta com Tom Hanks e a atriz francesa Audrey Tautou.

terça-feira, outubro 25, 2005

Mais roqueiro que o carioca, evento teve o ragga-electro-funk de M.I.A., a performance frenética do Arcade Fire e os hits dos Strokes

Som prejudica versão paulista do festival

MÁRVIO DOS ANJOS
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL


Os Strokes passaram por São Paulo anteontem. Recepcionados por Mundo Livre S/A, trouxeram junto Kings of Leon, Arcade Fire e M.I.A. Pena que estava difícil ouvir alguma coisa.
Porque num festival de música (de rock, principalmente), ao ar livre, com público grande, o som tem que ser alto. Tudo bem, não precisa ser MUITO ALTO, mas, pelo menos, ALTO. E o sistema de som montado na versão paulistana do Tim Festival não satisfez as 24 mil pessoas que foram à Arena Skol Anhembi.
Segundo a organização do evento, a questão está relacionada com as próprias bandas, já que cada artista levava seu técnico de som, que comandou os equipamentos.
"Não está dando para ouvir nada. Falta pegada nesse som", afirmou Rodrigo Lotsch, 24, bastante irritado, durante o show dos canadenses Arcade Fire. Lotsch estava na platéia "comum", onde o volume do som não atrapalhava as conversas.
Mesmo os que não eram "comuns" -os que estavam perto do palco- reclamaram. Fãs acotovelados na grade entre a platéia e os VIPs chiaram muito durante o show do septeto canadense. As reclamações diminuíram já no show do Kings of Leon. Quando os Strokes entraram, o som ficou um pouco melhor.
A idéia de separar o público entre os "comuns" e os "VIPs" (os primeiros pagaram R$ 100 pelo ingresso; os outros, R$ 250) mostrou-se inoportuna. Num espaço amplo como o Anhembi, pega mal negar à platéia mais ardorosa a proximidade do palco -um clássico de qualquer show de rock-, em nome de um cercadinho VIP superlotado.
Alguns nem tão VIPs, porém, conseguiram dar a sorte de chegar lá. Foi o caso de Patricia Juttel, 16, de São Bento do Sul (SC), a uma hora de Florianópolis, pegou uma excursão que saiu de Curitiba e, no Anhembi, viu uma pessoa distribuir seis ingressos para a área privilegiada. "Não estou acreditando que estou aqui. Vim para ver os Strokes. Duro está aturar a M.I.A. A coreografia é horrível."

Os shows
Diferentemente do que aconteceu no Rio, o Tim paulistano era, basicamente, um evento roqueiro. Assim, a mistura de ragga-electro-funk carioca de M.I.A. foi recebida com frieza e, até, indignação. Algumas pessoas aplaudiram, muitas chegaram a ensaiar vaias à cantora cingalesa. Apenas o hit "Bucky Done Gun" empolgou e fez a molecada rebolar.
Se o som não ajudou, o Arcade Fire ganhou o público na simpatia e na frenética performance, com gente correndo pelo palco, batendo nas caixas de som, trocando de instrumentos... As canções, quase todas épicas, como "Rebellion (Lies)", "Neighborhood" e "Power Out", comandaram corinhos de parte da platéia. Muito bom, mas não foi como a experiência arrebatadora vista pelos cariocas.
Já o quarteto Kings of Leon, que no Rio foi tido como decepção, mostrou que honra a nobreza de seu nome. Mais segura, a família Followill fez seu melhor show brasileiro, com o vocal áspero de Caleb, aparentemente em transe, brilhando sobre guitarras rústicas e vibrantes. O massacre sulista teria sido o melhor show da noite, se ela tivesse terminado ali.
Porque depois vieram os Strokes. As músicas são hits diretos, público e banda estavam empolgados, e as canções apareciam quase exatamente iguais às versões em disco.
Não foi um show histórico como o do MAM-RJ -muito por culpa da qualidade do som e de Julian Casablancas estar gripado-, mas deve ficar na memória de quem estava lá.
"Is This It", o primeiro álbum, foi tocado por inteiro -e acompanhado em gritaria pela platéia. A banda se mexe pouco no palco -não é falta de entusiasmo; eles deixam tudo na música. Julian Casablancas tem um ar blasé, mas mostrou não ser mais o inseguro vocalista de dois anos atrás.
Ao final, após a destruidora "Reptilia", Fabrizio Moretti foi ao microfone. "Boa noite, meus irmãos brasileiros!" Definitivamente.

Congresso é ruim ou péssimo para 46%

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A reprovação popular à atuação dos 594 deputados e senadores eleitos em 2002 mantém-se elevada, mas parou de subir, mostra pesquisa Datafolha realizada em 151 municípios de todas as unidades da federação.
Das 2.537 pessoas entrevistadas entre quinta e sexta, 46% disseram considerar ruim ou péssimo o desempenho dos congressistas, oscilação negativa de dois pontos percentuais em relação à pesquisa do início de agosto (48%).
Apenas 12% aprovam (ótimo ou bom) a atuação dos parlamentares, número idêntico ao da pesquisa anterior. A avaliação regular também manteve-se em 35% entre agosto e agora. A margem de erro é de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
Dias antes do estouro do escândalo do "mensalão", no início de junho, o índice de reprovação à atuação dos deputados e senadores era de 36%. Esse número subiu para 42% em meados de junho, para 46% em 21 de julho e para 48% no princípio de agosto.
A atual crise tem como base a acusação de que o PT montou um esquema para irrigar financeiramente partidos aliados como o PTB, o PL, o PP e o PMDB.
Curiosamente, a maior rejeição à atuação do Congresso entre os que declararam preferencia partidária está entre os que informaram predileção pelo oposicionista PSDB -49%. Apesar de não estar envolvido no esquema do "mensalão", o PSDB é suspeito de ter patrocinado o mesmo esquema na campanha de 1998, em Minas.
A maior rejeição aos congressistas entre os que optaram por um candidato à Presidência da República está entre os possíveis eleitores da senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) -58%. A maior aceitação figura entre os eleitores de Roberto Freire (PPS), 21%.
Os maiores índices de rejeição encontram-se entre os que cursaram o ensino superior (57%), os que ganham mais de 10 salários mínimos (59%), os que se declaram sem religião (58%) e os que têm de 25 a 34 anos (50%). Das regiões, a maior rejeição ao Congresso vem do Sudeste (50%) e a maior aprovação, do Sul (14%).

Eleições
O prefeito de São Paulo, José Serra, e o governador paulista Geraldo Alckmin, ambos do PSDB, comentaram o resultado da pesquisa Datafolha sobre a sucessão presidencial divulgada ontem.
"Eu fico satisfeito em estar tão bem avaliado no conjunto do Brasil, apesar de todo o meu trabalho estar concentrado na cidade de São Paulo, mas entre isso e ser candidato tem uma distância muito grande", disse Serra, que ainda aparece como único candidato a derrotar Lula, no segundo turno, por 45% a 41%.
Para Alckmin, que na simulação perde para Lula por 45% a 37%, "ninguém deve decidir o que fazer baseado em pesquisa, e sim em princípios e valores." Ele também ressaltou que "pesquisa um ano antes é totalmente mutável, é fotografia de um momento."
(RANIER BRAGON)

O Grande Medo

JANIO DE FREITAS

Nem o "sim" nem o "não" venceram o referendo, e quem confiar no resultado aritmético das urnas logo logo perceberá a força do seu engano. O vencedor do referendo foi o Grande Medo. Esse Medo latente, insidioso, que a todos nos faz tão temerosos da arma que o alheio possa ter, quanto temerosos de não ter defesa alguma na aflição. Esse Medo que, antes do ladrão presumido, nos rouba a segurança, e nos faz ver calçadas como campos minados, e em nossos carros nos faz sentir-nos como em trincheiras expostas ao ataque a qualquer momento, em qualquer lugar.
Os dois lados do referendo só foram dois na aparência. São a mesma coisa, dita de duas formas. Nas duas últimas semanas, a ausência de barreira se mostrou com clareza na rapidez com que tanta gente passou, do "sim" ou da dúvida, para o "não". A dúvida provava que as duas hipóteses atendiam ao mesmo sentimento. A mudança, portanto, não serviu a outro senhor, que era único.
Se um lado ou outro aparenta vantagem na contagem das urnas, não faz diferença. O que importa, do mesmo modo para quem votou "sim" e quem votou "não", é extinguir o Grande Medo. E nem um lado nem outro poderia fazê-lo. Todos sabemos muito bem porquê.
Bem, nem todos. "The New York Times", por exemplo, diz ao mundo que a criminalidade no Brasil se deve a que "os brasileiros são muito propensos a atirar uns nos outros". O jornal e seu correspondente no Brasil, o misto de jornalista e humorista Larry Rohter, têm toda a autoridade moral e histórica para tratar da mortandade por tiros. Primeiro, porque falam pelo país dos "serial killers". Além disso, porque representam, na matéria, a experiência das mortandades que os EUA têm praticado em outros países, com variedade e insistência como nenhum outro povo na história - sempre apoiado pelo "NYT", embora com um ou outro quase arrependimento. E, afinal de contas, trata-se do maior fabricante e exportador de armas. Que o "Guardian" e o "Independent" fossem na linha do "NYT" é apenas a força da fatalidade inglesa, de seguir na rabeira dos guerreiros americanos para lembrar-se dos seus tempos de opressora mundial.
Quem votou "sim" e quem votou "não" deu votos igualmente bons. O Grande Medo, em qualquer caso, continua impávido e colosso como se pensou que o país fosse.

segunda-feira, outubro 24, 2005

Pais temem que Internet possa interferir no desenvolvimento dos filhos

Mireya Navarro

Katherine Keliher, 9 anos, de Lakeville, Minnesota, poderia dormir uma hora a mais se quisesse todo dia pela manhã. Mas ela prefere acordar cedo, se sentar diante do computador e passar o tempo trocando mensagens instantâneas com suas melhores amigas, cinco garotas que ela logo veria na escola.

"Nós apenas conversamos, tipo: 'O que você fará hoje?' e coisas assim", disse Katherine.

Sua mãe, Judy Keliher, disse que não está buscando privar Katherine de seu acesso às mensagens. "Para alunos da quarta série isto é fundamental", disse ela, entendendo que videogames, celulares, iPods e outros dispositivos de alta tecnologia fazem parte de crescer em um mundo digital. Mas Judy está preocupada com a quantidade de tempo que seus filhos, incluindo Matthew, 14 anos, gastam nisto.

Então ela está buscando impor algum controle. Ela disse que permite apenas um computador em casa e que limita o tempo dos filhos diante dele. "Eu não gosto que fiquem em casa e sedentários, não às custas de fazer outras coisas que precisam ser feitas", disse Judy, 43 anos, que é divorciada e trabalha em período integral como gerente de uma loja de software. "Eu coloco isto sob o prisma de um estilo de vida mais saudável."

Em entrevistas e pesquisas, muitos pais dizem que seus filhos gastam tempo demais diante de computadores e com celulares. Alguns pais temem que muitas horas sedentárias ao computador podem levar a ganho de peso, ou que tanta mensagem instantânea acabe prejudicando o aprendizado de traquejos sociais cara à cara. Alguns se queixam mais do que nunca de ter que competir pela atenção de seus filhos.

Um relatório sobre adolescentes e tecnologia, divulgado neste mês pelo Projeto Pew para Internet e Vida Americana revelou que o uso de computadores por adolescentes aumentou significativamente. Mais da metade dos usuários adolescentes de Internet se conectam diariamente, em comparação a 42% em 2000, disse o relatório; 81% destes usuários jogam videogames, em comparação a 52% em 2000. Mensagem instantânea se tornou "a espinha dorsal da comunicação digital do vida cotidiana dos adolescentes", usada por 75% dos adolescentes online, disse o relatório. "Os pais estão realmente lutando com isto", disse David Walsh, presidente do Instituto Nacional de Mídia e Família, uma organização educacional sem fins lucrativos em Minneapolis, que deu início a um programa neste ano para ajudar as famílias a reduzir o tempo diante das telas e aumentar a atividade física. "À medida que os aparelhos continuam evoluindo, eles consomem mais e mais o tempo de nossas crianças."

Avanços tecnológicos já produziram conflitos de geração antes, é claro, seja um aparelho de televisão, um rádio transistorizado ou um computador pessoal. Os jovens acham as coisas mais recentes excitantes e libertadoras. Os pais se preocupam que estejam se tornando uma distração e prejudicando o desenvolvimento acadêmico e social. O mesmo acontece hoje. Só que agora não é apenas uma única maravilha tecnológica que preocupa os pais, mas uma maré aparentemente constante e cada vez mais sofisticada delas.

À medida que novos dispositivos tecnológicos surgem -a Apple apresentou recentemente um iPod que executa vídeo- os jovens não estão necessariamente descartando a mídia antiga. Uma pesquisa entre jovens de 8 a 18 anos, realizada pela Kaiser Family Foundation neste ano, revelou que a quantidade de conteúdo de mídia à qual os jovens estão expostos diariamente aumentou em mais de uma hora nos últimos cinco anos, para oito horas e meia.

Mas como estão fazendo mais de uma coisa ao mesmo tempo, os jovens estão condensando isto em uma média de seis horas e meia por dia, incluindo três horas assistindo televisão, quase duas horas escutando música, mais de uma hora no computador fora o tempo gasto com lição de casa (mais do que o dobro da média de 27 minutos em 1999) e menos de uma hora jogando videogames.

Nem o relatório da Kaiser nem o da Pew encontraram evidência de uma catástrofe iminente. O relatório Pew apontou, por exemplo, que apesar do grande interesse por tecnologia, os adolescentes ainda passam mais tempo socializando com amigos pessoalmente do que pelo telefone ou por e-mail ou mensagens instantâneas. E à medida que os adolescentes envelhecem, revelou o relatório, eles tendem a perder o interesse em distrações como jogos online e ficam mais inclinados a usar a Internet em busca de informação.

"Eu não acho que seja uma crise", disse Elizabeth Hartigan, editora administrativa do "L.A. Youth", um jornal e site de Internet para estudantes colegiais de Los Angeles. "A gravidez na adolescência é uma crise."

Para muitos jovens, disse Hartigan, equipamentos de alta tecnologia não são um problema porque suas famílias não podem comprar algo além de um aparelho de televisão. Outros simplesmente não estão tão interessados.

Ariel Edwards-Levy, 16 anos, uma redatora do "L.A. Youth", concordou que o uso do computador é "uma atividade sedentária", e se você permitir que se torne obsessiva, se torna um problema".

"Mas alguns pais não entendem que é uma mídia diferente", disse ela. "É em grande parte apenas uma ferramenta, e pode ser usada muito bem. Os recursos online são fantásticos. Você pode conhecer pessoas e reencontrar pessoas."

Muitos pais dizem que estão limitando o tempo diante das telas, checando a navegação de seus filhos na Internet e usando filtros para bloquear material questionável. Outra estratégia é manter apenas um computador em casa e colocá-lo em uma área comum, como a sala de estar, para melhor monitorar os hábitos online de seus filhos.

Paula Hagan Bennett, uma advogada da área da Baía de San Francisco, disse que usa uma série de métodos para administrar como e quando seus quatro meninos -com idades de 16, 14, 12 e 5 anos- se conectam. Para os dois filhos mais velhos isto significa controlar o uso dos celulares. Bennett, 48 anos, insiste que as chamadas sejam para contatar os pais, não os amigos, e não devem durar mais do que três minutos.

Para o de 12 anos significa limitar o tempo diante da tela do computador e desativar a função de mensagem instantânea. Ele ficou insatisfeito com isto, mas ela disse que vê a mensagem instantânea como a maioria das conversas por celular entre os jovens. "É um desperdício de tempo, porque na maior parte do tempo eles não falam sobre nada."

Para seu filho de 5 anos, a tecnologia ainda não é um problema, mas Bennett disse que na rica Marin County, onde ela vive, ela tem visto crianças pequenas assistindo "Barney" em aparelhos portáteis de DVD no banco traseiro dos carros.

Linda Folsom, uma produtora de mídia dos parques temáticos da Walt Disney Company, decidiu se ater ao "modo mãe fiscalizadora" em vez de impor restrições à sua filha de 14 anos, Alana, que "tende a estar constantemente na mensagem instantânea".

Enquanto faz sua lição de casa, Alana escreve um parágrafo, responde uma mensagem instantânea, então volta à lição de casa, disse sua mãe. "Ela diz que a mensagem instantânea está ligada ao projeto no qual está trabalhando", disse Linda. "Mas se escuto risinhos, eu intervenho: 'Não me parece lição de casa'."

Linda, 46 anos, e seu marido, Scott, 57 anos, um líder da Associação de Pais e Mestres em Los Angeles, disseram não ter motivos para restringir Alana porque ela tem obtido boas notas e tem se comportado bem. Mas eles insistem que ela jante com eles à mesa e que pratique seu clarinete e jogue futebol.

Alana considera sua conversa instantânea inofensiva. "É apenas conversa mole", disse ela. E é divertido poder falar com cinco amigos ao mesmo tempo. Mas ela disse que sabe quando é hora de trocar mensagens: "Eu estou fazendo lição de casa. Me deixem em paz".

"Quando ela começa a controlar você em vez de você controlar ela, então é melhor parar", disse Alana. Linda disse que sente que a tecnologia está lhe tirando a companhia da filha. Houve um tempo, ela disse, em que pai, mãe e filha escutavam a mesma música no carro. "Agora ela liga o iPod e fica no seu próprio mundo musical."

Alguns pais parecem estar entendendo a mensagem. Quando o Instituto Nacional de Mídia e Família buscou neste ano algumas centenas de famílias em Minnesota e Iowa para participarem em um projeto de pesquisa, que pedia a redução do tempo que alunos da terceira a quinta série passavam diante de um computador ou televisão, 1.300 famílias se inscreveram.

Judy Keliher é uma das participantes. Ela achou que o projeto ajudaria sua filha Katherine a "tomar consciência do tempo que gasta diante da tela".

Mas enquanto os pais tentam monitorar os hábitos de seus filhos, alguns dizem que também há a necessidade de ser realista. "Nós pais temos a tendência de reagir um pouco exageradamente a isto", disse Scott Folsom. "Este é o playground virtual. Faz parte de crescer."

dominguêra do capeta

Tim Festival reúne 31 mil pessoas em 3 dias de evento no Rio

FERNANDO KAIDA e FELIPE VAZQUEZ
Enviados especiais ao Rio



A edição 2005 do Tim Festival no Rio de Janeiro apresentou 34 atrações nacionais e internacionais nos 3 dias de programação e reuniu um público total de 31 mil pessoas, segundo a organização do evento.

A escalação teve espaço para representantes de diferentes gerações do rock, hip hop e música eletrônica em suas mais variadas vertentes, jazz e samba de raíz em um evento bem produzido e organizado.

O festival trouxe pela primeira vez ao Brasil algumas atrações muito aguardadas como The Strokes, Elvis Costello, Television, M.I.A. e Wilco, deu a oportunidade de rever nomes como De La Soul, John McLaughin e Wayne Shorter, além de apresentar surpresas como os shows de Arcade Fire, Kings of Leon, James Lidell e Kings of Convenience.

O show mais aguardado do Tim Festival foi o do grupo nova-iorquino The Strokes, um dos nomes responsáveis pela recente revitalização do rock. A banda motrou um repertório composto basicamente de hits tirados de seus dois discos lançados até agora e algumas músicas inéditas.

Outro grande momento do evento foi proporcionado pelo inglês Elvis Costello, que fechou a programação do Main Stage, no domingo. Em cerca de duas horas de show, o músico passou por diferentes fases de sua discografia, que inclui new wave, country, baladas românticas e pop, entre outros estilos, e saiu do palco ovacionado pelo público que esgotou os ingressos para vê-lo.

Na primeira noite do evento (sexta, 21), além do aguardado show dos Strokes, destaque para a apresentação do cantor inglês Jamie Lidell, que mostrou para poucos presentes no Tim Lab seu inovador soul eletrônico, o show de improvisos sem fim do Wayne Shorter Quartet no Tim Club, e a discotecagem de Arthur Baker, um dos criadores do electro.

Na segunda noite (sábado, 22), o hip hop do De La Soul transformou o Main Stage em uma grande festa, com sucessos de toda sua carreira de mais de 15 anos. Na sequência, veio a cantora inglesa M.I.A. com sua mistura de eletrônica e funk carioca, que contou com a participação especial da funqueira Deise Tigrona. No Tim Lab, os aguardados shows de rock das bandas Arcade Fire e Wilco arrebataram o público com performances poderosas. A programação de jazz foi contemplada com o lendário guitarrista John McLaughlin. A noite foi encerrada em clima de hip hop e baile funk com as discotecagens dos norte-americanos Cut Chemist e Diplo

No domingo (23), além da apresentação de Elvis Costello, o festival contou com o rock seminal do Television, a "música quieta" do duo acústico Kings of Convenience, a tradição do samba de Dona Ivone Lara e, para finalizar, uma festa em alto astral com o que há de mais representativo na house music: o DJ pioneiro Frankie Knuckles e a Body & Soul, a mais aclamada domingueira do mundo, com os DJs Joe Clausell, François Kervokian e Danny Krivit
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domingo, outubro 23, 2005

Brasileiros relutam em proibir a venda de armas

Sufocada pela violência urbana, a população vota num referendo o comércio de armas, que matam cerca de cem pessoas por dia. Partidários do "não" acusam governo de não garantir segurança

Annie Gasnier - Le Monde
Correspondente em São Paulo

Trinta e seis mil cruzes em poliestireno branco flutuavam durante o fim de semana passado na superfície da Lagoa do Rio de Janeiro. Cada uma delas simbolizava uma pessoa vítima de uma arma de fogo em 2004, num ato a favor do desarmamento. Os brasileiros votam, neste domingo (23/10), para responder por referendo à seguinte pergunta: deve o comércio das armas de fogo e de munições ser proibido?

Com 99 mortos por dia, o Brasil, sem guerra nem guerrilha, está classificado pela ONU em primeiro lugar no ranking dos países com a maior quantidade de mortes por armas de fogo.

Isso sem contar os 20 mil feridos e as 50 mil pessoas condenadas a se locomover de cadeira de rodas. 17 milhões de armas de fogo circulam pelo Brasil afora, sendo que metade delas não está legalmente registrada.

Contudo, a sociedade parece estar duvidando dos benefícios de uma proibição total visando a reduzir a violência, questão esta que, ao menos por alguns dias, se sobrepôs à crise política suscitada pelos escândalos de corrupção que envolvem o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 52% dos eleitores estariam dispostos a votar "não", segundo uma pesquisa que foi divulgada nesta quarta-feira (19).

Esta projeção não deixa de ser surpreendente, uma vez que no início da campanha, em agosto, uma pesquisa atribuía mais de 80% ao "sim" à proibição. Neste meio tempo, a campanha do referendo gratuita passou a ser veiculada nas rádios e na televisão, com os seus slogans redutores que vão sendo martelados, instalando a confusão nas mentes.

Esses eventos vêm causando desespero entre os defensores do "sim", tais como a socióloga Joséphine Bourgois, da organização não-governamental (ONG) Viva Rio. "É desolador. As estatísticas provam o perigo que representam as armas, a espiral da violência que elas provocam, que elas estejam nas mãos de pessoas honestas ou de bandidos. Mas nós não temos nenhum slogan miraculoso para convencer as pessoas", diz.

Por sua vez, os partidários do "não" utilizam como argumento a legítima defesa. "A proibição não resolve nada; ao contrário, ela retira um direito constitucional do cidadão. Defenda a sua liberdade, vote não", clama a mensagem do campo do "não".

A inversão de tendência da opinião obrigou o campo do "sim" a mudar a sua estratégia, levando-o a demonizar as armas para convencer os indecisos. O seu principal argumento: as armas legalmente adquiridas acabam nas mãos dos bandidos. O jornal "O Estado de S. Paulo" acompanhou o percurso de um revólver roubado de um engenheiro. No espaço de quatro meses, esta arma foi utilizada por uma gangue para efetuar três seqüestros, seis furtos e três assassinatos, sucessivamente.

A atualidade transborda de exemplos. Por exemplo, na segunda-feira (17), a morte de um adolescente, na sala de aulas, abatido acidentalmente por um camarada que havia trazido as armas do seu pai. Ou ainda, um torcedor que foi assassinado na véspera, numa estação do Metrô, horas antes do jogo.

Os crimes que são cometidos no ambiente familiar ou entre amigos representam, segundo pesquisas das universidades de São Paulo e Rio de Janeiro, a metade das mortes violentas. A vingança é o principal motivo desses crimes.

"Sim, nós queremos desarmar os cidadãos honestos, que cometem crimes fúteis relacionados ao consumo do álcool, a ciúmes, a uma disputa no volante ou a uma partida de futebol", explica Raul Jungmann, um deputado do Partido Popular Socialista (ex-comunistas) que é o secretário da Frente Parlamentar por um Brasil Sem Armas.

Por sua vez, a Frente Parlamentar pela Legítima Defesa rebate esta afirmação por intermédio do seu presidente, Alberto Fraga, um antigo coronel da polícia, hoje deputado do Partido da Frente Liberal (PFL, oposição de direita): "O governo não é capaz de oferecer uma boa segurança pública ao cidadão. Portanto, não se pode retirar deste último o direito de escolher se ele quer ou não ter uma arma na sua casa".

Os defensores do "não" denunciam o perigo que representam bandidos muito bem armados demais. Contudo, pesa sobre eles a suspeita de estarem sob a influência do lobby do armamento. O Brasil é o mais importante produtor de armas de pequeno calibre da América do Sul. Esta indústria, que fornece cerca de mil postos de emprego, produz anualmente o equivalente a 85 milhões de euros (R$ 228,70 milhões); 70% das armas são destinadas à exportação.

Desde que o "não" ultrapassou o "sim", as ações da firma Forjas Taurus, que abastece a polícia de Nova York, se valorizaram na Bolsa de São Paulo.

No Rio Grande do Sul, o Estado do país onde a população é a mais armada e onde estão instalados os fabricantes de armas, o secretário da Segurança e da Justiça do Estado, José Germano, defende o "não". "O problema do Brasil não diz respeito ao seu comércio das armas legais, e sim àquelas que entram sem controle pela fronteira", garante.

Contudo, as armas confiscadas dos bandidos mostram que 70% dentre elas são "Made in Brazil".

A incapacidade das autoridades de reprimir a violência urbana, e não só durante o mandato de Lula, age contra a causa do desarmamento. O contexto político, desfavorável ao governo, poderia incitar
também os eleitores a dizerem "não", em vez de responderem à pergunta colocada pelo referendo.

No entanto, a campanha nacional de coleta de armas que teve início em julho de 2004, apoiada por ONGs e pelas Igrejas, havia convencido os brasileiros. Com ela, 440.000 armas foram entregues às autoridades. Durante este período, o número de vítimas de armas de fogo diminuiu de 8%: 3.234 vidas foram salvas.

O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil?

NÃO

Confisco de direitos

FLAVIO FLORES DA CUNHA BIERRENBACH

Na América Latina, não faz muito tempo, cerca de 30 anos, o capitalismo selvagem precisava de uma ditadura em cada país para fazer o trabalho sujo. Hoje, não. O neoliberalismo se encarrega do serviço de uma forma "clean", com lençóis e travesseiros, com eleições e plebiscitos.
Para tornar o mundo mais seguro para as corporações transnacionais, a partir de 1977 foi gestada na famosa Comissão Trilateral a doutrina do desarmamento das populações dos países do Terceiro Mundo, agora não mais chamados de periféricos ou subdesenvolvidos, mas "em vias de desenvolvimento", eufemismo que equivale a uma promessa de eternidade.
Uma parte da esquerda engoliu a isca e o anzol. Paciência, dizem. A globalização e a interdependência são fatalidades inexoráveis e, afinal, ninguém segura este país.
À míngua de uma política consistente de segurança pública para o Brasil, alguns políticos aderiram em peso ao arrastão ideológico de ONGs que utilizam a paranóia, a propaganda e sobretudo a mentira como técnicas de profanação da vontade coletiva.
Não deu certo. A despeito da Rede Globo e de seus múltiplos instrumentos, a campanha do desarmamento -logo também encampada pelo PT- foi revelando, em retrato de corpo inteiro, sua espantosa mediocridade. Seja pela futilidade das medidas que propõe para reduzir as taxas de violência urbana, seja pela fragilidade dos dados apresentados e pela indigência dos respectivos argumentos. Confirmou-se ao longo da campanha a certeza de que a política de desarmamento proposta é inconstitucional, irrazoável, demagógica e totalitária, incompatível com o Estado democrático de Direito.
No fundo, o que eles querem mesmo é acabar com sua aposentadoria, aumentar os impostos, censurar o seu pensamento e, agora, reduzir o seu coeficiente de liberdade e suprimir o seu direito de defesa, que é o primeiro e o mais antigo de todos os direitos humanos.
Desde a célebre Declaração da Virginia, de 1776, os cidadãos tomaram consciência de que são titulares de quatro direitos fundamentais: o direito à vida, o direito à liberdade, o direito à busca da felicidade e o direito de resistência. Como pode o cidadão desarmado defender sua vida e sua liberdade? Como pode almejar a felicidade, que, para a imensa maioria dos seres humanos, significa apenas ter uma família, uma casa, um salário? Como resistir ao Estado totalitário, à opressão, à prepotência?
A primeira lei de controle total de armas de fogo surgiu na França ocupada, em 1940, logo depois da invasão alemã, no governo títere de Pétain e Laval. Se a França houvesse obedecido à lei iníqua, não teria havido a Resistência.
Custa a crer que, mais de meio século depois, o Brasil esteja correndo o risco de imitar os nazistas. E nem é para controlar a população de um país ocupado. É para dominar o próprio povo. Com uma legislação dessas, o pracinha brasileiro que morreu lá na Itália morreu mesmo em vão.
É curioso que os arautos da campanha do desarmamento não proponham um país sem crimes, mas apenas um país sem armas. Porém, não escondem suas intenções quando afirmam que "desarmar é apenas o começo". Pois bem, qual é o fim?
O fim é acabar com a segurança pública e implantar a segurança privada. É demolir a indústria nacional, que permitiu a auto-suficiência das Forças Armadas. E, em uma etapa seguinte, é o desmanche das Forças Armadas e a liquidação do Estado nacional.
Nenhum governo tem a prerrogativa de interferir na esfera privada do cidadão para transformar um direito em crime. Sobretudo ao arrepio da Constituição, dos direitos humanos e de usos e costumes milenares que asseguram o sagrado direito de defesa, a igualdade de todos perante a lei e a incolumidade da pessoa e protegem a casa como abrigo inviolável do cidadão.
O governo é apenas preposto do povo, e não o contrário. As armas que o governo tem pertencem ao povo. É o povo que dá às Forças Armadas e à polícia as armas com que devem defendê-lo e proteger a pátria. O povo é o mandante, o governo é o mandatário. O governo não tem o direito de tirar do povo as mesmas armas que o povo lhe deu. Enquanto um agente público tiver legitimidade para ter e portar armas, o cidadão comum também terá.
O primeiro passo das ditaduras para transformar um cidadão em vassalo é o confisco de suas armas de defesa. Negar o acesso legal, a posse e o porte significam formas oblíquas de confisco. Um país -qualquer país- em que todas as armas se encontram apenas nas mãos da polícia e dos criminosos não é um país democrático.
Não permita que isso aconteça no nosso país. Não abra mão de seu direito de defender sua família, sua casa, seu salário, sua vida, sua pátria.


Flavio Flores da Cunha Bierrenbach, 65, bacharel em direito pela USP, é ministro do Superior Tribunal Militar. Foi vereador, deputado estadual e deputado federal, todos pelo MDB-SP.

O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil ?

SIM

Desarmamento, sim, mas não apenas

ROBERTO BUSATO


A opção "sim", em favor do desarmamento, decorre de convicções filosóficas pessoais arraigadas. Não creio na eficácia das armas como solução para o desafio da violência. Sou adepto do velho axioma segundo o qual violência gera violência.
Friso, porém, que falo em nome pessoal -e não como presidente do Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). No Conselho, não houve consenso. Ao contrário, ele se mostrou dividido quanto a essa questão, que é efetivamente polêmica.
Embora todos, em uníssono, clamemos por uma sociedade pacífica, há obviamente divergência quanto aos meios de construí-la. No caso do desarmamento, o grau de controvérsia decorre de aspectos complexos que envolvem o quadro de segurança interna do país nos meios urbano e rural.
Precário foi também o modo como se encaminhou o tema. Não houve debates suficientes para que a idéia amadurecesse. A sociedade foi surpreendida e há ainda grande contingente de pessoas sem convicção, tendentes a seguir o voto dos formadores de opinião.
Penso que o desarmamento é uma medida de grande relevância psicossocial e moral. Mas, para inspirar maior confiança à sociedade, deveria integrar um conjunto de ações estratégicas no campo da segurança pública. O ideal é que fosse o coroamento de um grande projeto do setor, tendo como ponto de partida uma política de combate ao contrabando de armas seguida de medidas de reequipamento e treinamento das polícias e outras de cunho social.
Solta e desvinculada de medidas correlatas, a ação desarmamentista dá margem aos argumentos dos que a combatem. Daí a perplexidade de tantos pacifistas -e todos o são no Conselho Federal da OAB- com relação ao objeto desse referendo.
Mesmo com todas essas ressalvas, opto pelo desarmamento. A proliferação de armas não dará mais segurança ao cidadão, que, em regra, nem sequer sabe manejá-las e se torna presa fácil no confronto com os bandidos. Mas essa iniciativa não pode ser isolada. Deve ser, como já disse, sucedida por ações consistentes do Estado na área de segurança interna e no plano social. Caso contrário, será inócua.
A sociedade brasileira é, no conjunto, pacífica. Os bolsões de violência que conhecemos são fruto de um quadro social anômalo que, se vigente em países de índole menos cordata, já teriam derivado para a guerra civil. O que nos falta é determinação política de enfrentar os desafios e implementar suas soluções.
É tempo de examinar propostas objetivas que envolvam Estado e sociedade para deter o contrabando de armas. Uma delas é ocupar as fronteiras a partir da construção de cidades e agrovilas. Sabemos que a extensão continental de nossas fronteiras favorece o contrabando de armas e o narcotráfico, dada a impossibilidade de vigiá-las plenamente apenas com efetivo policial ou militar. Seria necessário um contingente muito superior ao disponível ou ao alcance dos nossos recursos.
A presença de cidades, com todos os seus equipamentos e habitantes, favorece e possibilita o patrulhamento. A idéia não é nova, mas ainda não foi discutida com a seriedade necessária. É preciso trazer a sociedade civil para a discussão, que não pode ser monopolizada pelos agentes políticos. Também aí os instrumentos de democracia direta -referendo, plebiscito e iniciativa popular- devem ser acionados, conforme previsto no artigo 14 da Constituição.
Deveriam, aliás, ser acionados rotineiramente diante de qualquer projeto polêmico -a transposição das águas do rio São Francisco, por exemplo; ou mesmo a reforma político-eleitoral.
No ano passado, por ocasião do 15 de novembro, a OAB lançou a Campanha Nacional em Defesa da República e de suas instituições. Na ocasião, nem desconfiávamos que já escorria nos subterrâneos do Congresso a lama do "mensalão", mas iniciávamos a campanha movidos pelo mau comportamento de grande parte dos agentes políticos. E propusemos, como coroamento da campanha, a regulamentação do artigo 14, para tornar esses instrumentos de consulta direta à população rotineiros em nosso processo político.
São eles os instrumentos capazes de devolver à palavra república o seu sentido etimológico, e às nossas instituições, sua credibilidade, aproximando-as de sua fonte de poder: o povo. Nossa proposta já tramita no Congresso, mas a crise política não permitiu ainda que fosse melhor examinada. Nossa expectativa -e o presente referendo é quanto a isso nosso aliado- é que seja.
Louvo, por fim, o referendo do desarmamento e, com todas as restrições e ressalvas que mencionei, digo "sim" a ambos.


Roberto Busato, 51, é presidente nacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

Avanço militar e econômico da China levanta discussão acerca da influência do país sobre resto do continente

Para EUA, nova Guerra Fria pode ser na Ásia

LAURENT ZECHINI
DO "LE MONDE"


A ameaça militar chinesa é um argumento que surge regularmente nos debates políticos e estratégicos norte-americanos e é mencionada pelo círculos neoconservadores e pela linha dura do Pentágono. Mas não só: a imprensa a analisa, os líderes do governo a invocam, e ela deu causa a diversas discussões e relatórios no Congresso dos EUA.
A idéia de que a próxima Guerra Fria bem pode acontecer na Ásia começa a ganhar vulto. Depois do fim da antiga União Soviética, nenhum país do mundo empreendeu um esforço tão coerente por parte de suas Forças Armadas e tampouco houve um país beneficiado por tamanho crescimento econômico. São os benefícios deste último que os dirigentes chineses vêm utilizando para modernizar um aparato militar ameaçado antes pela obsolescência.
E é essa ameaça difusa, mistura de poderio bélico e déficit comercial, que causa queixas dos norte-americanos. A concentração de mísseis chineses na Província de Fujian, diante de Taiwan, e o reforço da Marinha chinesa no oceano Índico são um desafio geoestratégico para Washington.
Os especialistas ocidentais em geral concordam que a China demorará muito a se tornar uma ameaça mundial aos EUA, mas se inquietam com certas declarações chinesas quanto ao uso preventivo de armas nucleares. Demonstram unanimidade, porém, ao considerar que a modernização das Forças Armadas e a natureza do material militar importado pelos chineses reflete a vontade do país de se opor a uma proclamação de independência por Taiwan -e igualmente a intenção de retardar a chegada de uma frota norte-americana em caso de crise.
Os EUA estão se preparando para todas as contingências, reforçando forças submarinas que mantêm no Pacífico, onde bombardeiros B-2 substituíram os B-52 na base aérea da ilha Guam.
A China já dispõe de 700 mísseis apontados contra Taiwan. Em 2010, seu estoque de mísseis balísticos chegará a 2.000. Uma avaliação completa do potencial bélico chinês é difícil de precisar, já que Pequim oculta seus esforços de defesa, sem que seja possível determinar se está tentando disfarçar seus pontos fortes ou fracos.
Oficialmente, o orçamento da defesa do país já aumentou em 12,6% neste ano, depois de 15 anos de altas anuais de, no mínimo, 10%, e atingiu os US$ 30,2 bilhões. Isso implica duplicação em prazo de cinco anos. Os números são enganosos: não incluem a aquisição de materiais estrangeiros, gastos com forças policiais paramilitares e verbas destinadas às forças balísticas e nucleares.
Segundo o relatório anual do Pentágono ao Congresso norte-americano, o setor de defesa chinês vai receber US$ 90 bilhões neste ano, o que deixa a China em terceiro lugar no mundo em termos de despesas militares, atrás dos EUA e da Rússia.
É possível que as análises do Pentágono sejam deformadas pelo lobby dos interesses industriais militares, que desejam justificar a aquisição de mais equipamento pelos EUA. Segundo relatório da Rand Corporation, organização especializada em pesquisas militares, os números de Pequim deveriam ser corrigidos por um fator de 1,4 a 1,7 apenas. O relatório, compilado a pedido da Força Aérea dos EUA, conclui que, em menos de 20 anos, o montante das despesas militares chinesas atingirá US$ 185 bilhões ao ano.
Os pesquisadores da organização, muito ligada ao Pentágono, reconhecem que suas projeções são aleatórias. Baseiam-se em crescimento econômico anual médio de 5% até 2025. Caso o ritmo atual de mais de 8% for mantido, e se as autoridades de Pequim mantiverem entre 3,5% e 5% a parcela do Produto Interno Bruto (PIB) chinês dedicada à defesa, os militares chineses poderiam dispor dentro de 20 anos de um orçamento anual da ordem de US$ 400 bilhões.
Mas se a China se modernizar e enriquecer rapidamente, a idade média de sua população se elevará e os dirigentes do país terão de destinar mais verbas aos serviços sociais. Em sua análise sobre a ameaça militar chinesa, os especialistas ocidentais concedem posição importante às considerações econômicas e de energia, que condicionam a estratégia de expansão de Pequim e possivelmente suas pretensões hegemônicas.
Em 2003, a China se tornou o segundo maior consumidor e terceiro maior importador mundial de petróleo. Pequim importa hoje 40% de seu petróleo, proporção que pode dobrar em 2025. A garantia das rotas de suprimento de energia se torna, portanto, um objetivo vital para os chineses. É essa preocupação que justifica a estratégia do "colar de pérolas".
A idéia é de ocupar posições estratégicas no cordão de ilhas que liga o país às fontes de petróleo no Oriente Médio. Em caso de conflito com Taiwan, os chineses sabem que os norte-americanos tentarão asfixiar seu país economicamente. Portanto, lhes parece essencial manter parcerias sólidas com os países situados no estreito de Málaca, por onde passam 80% das importações de petróleo dirigidas ao mar da China.
Os EUA, que, por muito tempo, encorajaram a decolagem econômica da China, hesitam a adotar o pior cenário como mais provável. Sabem que um confronto militar iria de encontro aos objetivos chineses de crescimento econômico.
O almirante Dennis Blair, antigo comandante das forças dos EUA no Pacífico, apontou os benefícios de uma política dupla sobre a China: ajudar o país a se afirmar como potência econômica responsável no seio da comunidade internacional e vigiar o crescimento de seu poderio bélico. Uma coisa é certa: as Forças Armadas chinesas despertaram.


Tradução de Paulo Migliacci

sexta-feira, outubro 21, 2005

On Your Own!



Holy man tiptoed his way across the Ganges
The sound of magic music in his ears
Videoed by a bus load of tourists
Shiny shellsuits on, and drinking lemonade.

Now, I've got a funny feeling which I bought mail order
From a man in a tee-pee, California.
He said he once was the great game show performer
Then he blew all his money away,
Blew it all away.

So take me home, don't leave me alone
I'm not that good, but I'm not that bad
No psycho killer, hooligan guerilla
I dream to riot, oh you should try it
R. E. Perot, got gold card soul
My joy of life is on a roll
And we'll all be the same in the end
Cos then you're on your own
Then you're on your own

Well, we all go happy day glow in the discos
The sound of magic music in our brains
Someone stumbles to the bathroom with the horrors
Says Lord, give me faith, for I've jumped into space
I'm in outer space.

So take me home, don't leave me alone
I'm not that good, but I'm not that bad
No psycho killer, hooligan guerilla
I dream to riot, oh you should try it
R. E. Perot, got gold card soul
My joy of life is on a roll
And we'll all be the same in the end
Cos then you're on your own
Then you're on your own

So take me home, don't leave me alone
I'm not that good, but I'm not that bad
No psycho killer, hooligan guerilla
I dream to riot, oh you should try it
R. E. Perot, get gold card soul
My joy of life is on a roll
And we'll all be the same in the end
Cos then you're on your own

Then you're on your own (to end)

Projeto apresenta versão 2.0 do OpenOffice

IDG Now!
Menos de um mês após a Sun anunciar a versão 8 do StarOffice ao final de setembro, o projeto de código aberto OpenOffice.org apresentou nesta quinta-feira (20/10) a sua suíte de aplicativos de escritório OpenOffice.org 2.0, com ambição de chegar às máquinas de empresas, governos e até mesmo usuários domésticos de desktops.

Durante dois anos seguidos, o OpenOffice.org 2.0 foi desenvolvido por uma comunidade de programadores independentes e empresas de tecnologia patrocinadoras do projeto, como Sun Microsystems, Novell, Red Hat, Debian e Intel.

"O OpenOffice.org está no caminho de se tornar a suíte de produtividade mais popular que o mundo já viu, dando aos usuários segurança, chance de escolha e oportunidade de participar em uma das maiores iniciativas que a internet já viu", escreveu Jonathan Schwartz, o presidente da Sun, em um comunicado oficial na página da companhia.

As novidades do pacote são um banco de dados chamado OpenOffice.org Base, além de suporte nativo ao formato aberto OpenDocument e liberdade para modificação da interface gráfica.

O OpenDocument é um formato de arquivo em XML - utilizado para salvar planilhas, memorandos, apresentações, gráficos e documentos de texto - que já está sendo adotado progressivamente por órgãos públicos e empresas que adotaram soluções de código aberto. Nos EUA, o estado de Massachusetts tornou obrigatório o uso do formato em documentos internos, deixando o .DOC do Microsoft Word como opcional.

A OpenOffice.org afirma que a interface presente na versão 2.0 foi desenvolvida para facilitar a transição de outros pacotes de aplicativos de escritório. Um exemplo é o das barras de ferramentas, que poderão ser posicionadas em qualquer lugar da tela, ao contrário das estacionárias presentes na versão anterior.

Além disso, será possível também abrir documentos em formato PDF, proprietário da Adobe.

baxaqui:http://download.openoffice.org/2.0.0/index.html

segunda-feira, outubro 17, 2005

do tonnetti.


I

Ó Pedro Pedreira Pedrudo Pedrada! Ó Deus, tu, ingrato! Por que fostes haver de deixar esta Pedra em meu caminho? Me enviaste a esse ninho de não-seres para ver que a única luz sou eu?! Ó Todo poderoso, e os fizeste à tua imagem e semelhança, e os fizeste para não ver que não veêm e me enviaste caolho e eis que agora sou Rei, mas de que me adianta ser rei de um bando de nazarenos? Ó grande Míope, Sr. de tudo e de todos. criador do não-céu e da Nãe-Terra, e de todos os estrábicos! Eu, sendo Tu, só mesmo assim PrOfETA.





II

Todo amor é possível na cidade dos não-homens
e os amantes, correm um para o outro, numa cena lírico-romantica
até que chegue
a primeira baforada de fumaça
que saiu dum caminhão
ou dum outro
auto-(i)móvel qualquer.
A fumaça é preta,
tão preta que acaba
por acabar com todo nosso romantismo

os coraçõezinhos tossem apressados
e, perdidos um do outro,
vão,
na névoa de ferrugem.


Correm, agora, para pegar o ônibus.





III

Os cachorros latem fino porque seus donos um dia se sentiram incomodados. O vizinho mandou reclamar. Logo veio o síndico. Recomendou o veterinário uma cirurgia. O dono acatou. Calou-se a Sociedade Protetora dos Animais proferindo seguinte nota: não cuidamos mais de animais, somente de seres homens. Então, calou-se o cão.
Hoje, de revolta, latem fino, cada vez mais, os não-cachorros; mais cachorros que os não-homens, mais homens os não-cachorros.





IV

E são como formigas que agem. Se entopem em buracos, e vão e vem, aos montes, e não pensam. E não pensando ficam de 3 à 4 horas por dia e, se se propusessem a ser monges ou brâmanes teriam tempo suficiente para, neste grosso espaço de tempo, alcançar o Nirvana. Iriam longe, voariam ao limpo e ao uno, ao nada e nada mais, ao nada e somente isto. Mas não, ao contrário, ficam não muito além de si mesmos neste processo diário de locomoção, onde o pensamento é não pensar, e, por sorte, ficam ali, pouco mais adiante de seus próprios narizes ou umbigos. Ou nem isso.





V

A rua é sem saída. É fechada a veia por onde deveria circular a vida. E a via que devia, circular não vai.
Estamos sem saída.





VI

Na cidade dos não-homens
as pessoas não-tem-nomes.

Quer dizer... nomes até eles tem, mas não os reivindicam. E é por motivo prático: para facilitar o fluxo desumano - Não-humano - abrem mão do que não
se deve abrir e, para não se distraírem com um chamado enquanto vão de um lado para o outro, esquecem-se de si.

Mas EU, Deus, ditador
desta historieta,
para facilitar - não ao fluxo, mas ao meu povo/público santo - devo de alguma maneira chamar aqueles não-homens
por nomes.

talvez deva-os chamar todos Severinos, como queria um tal João;
OK. OK. se-ve-ri-no não!
pois é Coisa de peão.

Um nome ideal, devo buscá-lo. E qual será mais ideal do que Pedro, nosso cristão?
Pois bem Pedro:
- Que tu és Pedra, e sobre ti, edificarei a minha empresa!

Nasce assim a cidade dos pedros não-pedros: das Pedras: A cidade dos Não-homens.





VII

E você leitor? - ou seria mais adequado não-leitor? Ou leitor não sendo?

O que fazes aí lendo em frente a este computador? Não sabes que te cansa a vista esta empreitada?

O que fazes aí, ainda? estás sentado, inerte em frente a este computador, esta máquina, esta pedra, e não fazes nada, enquanto esperas somente que seus músculos definhem.

Pois Eu Lhe direi o que fazer! Por que não olha e não sai pra fora de sua casca, de seu cubículo? Olhe a sua volta. O que vê? Pessoas? decrépitas pessoas? Fracassados, Infelizes e toda sorte de Desgraçados? Ou estás só?! então, desgraçado talvez sejas tu, infeliz! Agora ouça o que lhe direi: pois resta-lhe ainda uma solução:

...então vai, criatura! Levanta-te! Vai ver o Sol! (E Se não houver Sol vai ver a chuva, vá se molhar. Se não houver chuva ou frio ou noite, vai mesmo assim, levanta-te, e vai sentir a Bunda pra ver que ainda estás vivo!)

domingo, outubro 16, 2005

wow.

::16/10/2005
::Chris Liebing@EssentialMi.bbc1

Trentmoeller- 'Polarshift' (Poker Flat)
Sleeparchive- 'Dusty Galaxies' (Sleeparchive 4)
Robert Babicz - 'Battlestar' (Punktmusik 24)
Nathan Fake - 'Coheed' (Dynamo Remix) (Traum Schallplatten)
Joris Voorn- 'Dec Treck' (White)
Mathias Schaffhauser - 'Coincidance' (Trentemoller Remix) (Alternatives)
Depeche Mode - 'Precious' (Motor Remix) (Mute)
Adam Beyer - 'A Walking Contradiction' (Plus8)
Tony Rohr - 'Slow Burn' (Weave 5)
Joey Beltram - 'Intermission' (Chris Liebing Remix) (Tresor)
Eric Sneo - 'Pulses' (Terminal M)
The Advent - 'Tresor West' (Chris Liebing Remix) (Tresor)
Oliver Giacomotto - ' Split ' (White)
Chris Liebing & Ben Sims - 'Sambal Olek' (CLR 13)
Virgil Enzinger - 'Personel Enemy' (Masters of Desaster)
Speedy J. and Chris Liebing - 'Acid Trezcore' (Metalism) (Novamute)
Vanguard- 'Feieralarm' (Speedy J. Remix) (Frisbee)
Motor - 'Sweatbox' (Chris Liebing Remix) (Novamute)
Speedy J. and Chris Liebing - 'Lava' (Metalism) (Novamute)
Secret Cinema - 'See Myself' (Joris Voorn Dub Mix) (EC Records)
Slam - 'This World' (Robag Wruhme Remix) (Soma)

quinta-feira, outubro 13, 2005

New Order faz show em Londres só com músicas do Joy Division

Para celebrar o primeiro ano da morte do DJ inglês John Peel, a banda New Order fez, pela primeira vez em sua carreira, um show só com músicas do Joy Division.

A apresentação do grupo de Manchester aconteceu na noite passada, em Londres. Nesta quinta acontece na Inglaterra o primeiro John Peel Day, com shows em diversos locais do país e uma programação especial na emissora Radio 1, da BBC, para homenagear o DJ que apresentou seu último programa na estação no dia 13 de outubro de 2004. Peel morreu pouco depois, no dia 25, de ataque cardíaco, durante uma viagem de férias ao Peru.

Em seu programa na BBC, Peel foi um dos primeiros radialistas a tocar e promover a música do Joy Division, no final dos anos 70. Com o suicídio do vocalista Ian Curtis, em 80, os integrantes remanescentes formaram o New Order.

De acordo com o site do semanário inglês "New Musical Express", a banda tocou seis canções ao vivo do Joy Division, entre elas clássicos como "Love Will Tear Us Apart", "She's Lost Control" e "Transmission", além da primeira música que escreveram juntos, "3 1 G".

Durante o show, o vocalista e guitarrista Bernard Sumner declarou que sem o apoio de John Peel na época, os músicos não chegariam a "lugar algum".

Turing e o problema dificil da consciência

João Fonseca


Introdução

O problema de saber se uma máquina poderá um dia vir a pensar inerente ao famoso artigo de Alan Turing, “Computing Machinery and Intelligence”, toca, num certo sentido, um outro problema inegavelmente inquietante em filosofia. Este último problema foi designado por William Seager o problema da geração (the generation problem) (SEAGER, 2001) por David Chalmers o problema difícil da consciência (the hard problem) (CHALMERS, 1997, 1998 e 1999). O problema torna-se difícil precisamente no que toca a explicar como é que a matéria pode gerar consciência ou, doutro modo, como é que os processos físicos do nosso cérebro podem permitir o aparecimento de experiências subjectivas conscientes, como saborear um gelado ou apreciar uma melodia. A dificuldade está em conciliar a nossa visão científica e física do mundo com o surgimento dessa estranha entidade que é a consciência, nas palavras de Seager, um fresco murmúrio de água no meio de um vasto e árido deserto. As respostas ao problema têm sido variadas e podem situar-se entre o extremo da redução materialista até a uma atitude céptica de considerar a consciência como um problema intratável.

Turing, de um modo original, situa-se algures dentro deste espectro. Neste trabalho tentaremos traçar o contraste entre a proposta de Turing e o problema difícil da consciência, procurando testar até que ponto essa proposta nos permite fechar o hiato entre consciência e matéria e resolver a sua incomensurabilidade. Na primeira parte do trabalho apresentamos a sua proposta, na segunda argumentaremos que Turing parece deixar de fora um dos pólos da relação, justamente o mais evidente e fundamental, aquele que nenhum comportamento observável pode garantir: o próprio aspecto subjectivo da experiência consciente. Para isso deitaremos mão das aportações de autores como McGinn, Churchland, Chalmers e Frank Jackson.



A mente computacional e o jogo da imitação

A questão que inquieta Turing no referido artigo de 1950 é a de saber se seria possível construir uma máquina capaz de pensar, o que em última instância implicaria possuir uma definição apropriada da noção de “inteligência”. A sua aproximação a esta questão parte dos seguintes pressupostos. Os meios físicos que usamos para criar funções mentais são irrelevantes, quer usemos uma máquina de Babbage ou um computador digital, poderemos realizar as mesmas funções matemáticas que as que realiza o sistema nervoso. A propriedades mentais são “multiplamente realizáveis”, o que quer dizer que são independentes do suporte físico, do mesmo modo que o software não é redutível ao hardware. Isto significa que existe um isomorfismo entre o nosso sistema nervoso e outros sistemas, como por exemplo os computadores digitais, e esse isomorfismo resulta de ambos executarem operações ou algoritmos de tratamento de símbolos respeitando regras fixas. Nesta acepção todos os processos cognitivos humanos, susceptíveis de serem colocados numa tabela de instruções ou “programa”, podem ser computáveis. A nossa aversão em aceitar este isomorfismo assenta numa “superstição” ou numa espécie de preconceito em relação ao funcionamento de um sistema eléctrico como é o computador digital. Mas o que é fascinante é que os computadores, enquanto máquinas de estado discreto que realizam operações mediante entradas, saídas e estados anteriores bem definidos de modo determinista, são capazes de imitar as mesmas funções matemáticas que o cérebro humano. A radicalidade desta proposta está, pois, no facto de se poder conceber uma máquina universal abstracta (uma máquina de Turing) capaz de realizar todo o tipo de cálculos lógico-matemáticos, apenas usando transformações simbólicas. Isto significa que o uso de uma linguagem comum, abstracta, implementável num cérebro ou numa máquina é susceptível de unificar os dois discursos o mental e o físico. Mas mediante estes pressupostos o que nos pode dizer Turing acerca da questão inicial? Pode efectivamente uma máquina pensar e ser inteligente? A resposta de Turing é que não podemos claramente definir o que é a inteligência, por isso lança uma proposta alternativa, fornecendo-nos uma definição “operacional”, uma definição que escape à ambiguidade da linguagem natural – o jogo da imitação. Turing propõe que consideremos uma máquina inteligente se ela for capaz de passar o jogo da imitação, isto é se for capaz de iludir um interrogador humano a ponto de este pensar que está a comunicar com um ser humano quando na realidade está a obter repostas verbais inteligentes de uma máquina. Ou seja, se uma máquina for capaz de dar um conjunto de respostas, escritas, que seriam naturalmente dadas por um ser humano a ponto de conseguir enganar um interrogador, então teremos que considerar que essa máquina é inteligente. A proposta de Turing é tão séria, que ele supõe que em 50 anos as máquinas serão capazes de ultrapassar o jogo da imitação. No resto do artigo Turing procura responder a um conjunto de objecções possíveis às suas propostas e lamenta-se que várias objecções dos seus adversários retomem, de vários modos, o argumento da consciência. Ora, é precisamente este argumento que nos interessa aqui.[1]



O argumento da consciência

O argumento da consciência diz que uma máquina não pode ser como o cérebro humano enquanto consistir numa manipulação de símbolos, que não compreende o que diz, que não sente o que faz, que não se emociona, que não possui estádios de ânimo. Doutro modo, diríamos, uma máquina não pensa e não é inteligente enquanto não for capaz de experiência subjectiva. Por mais que uma máquina seja capaz de dar respostas escritas idênticas às de um ser humano normal faltar-lhe-á sempre algo que é inerente à inteligência humana. A dificuldade que este argumento deseja colocar sobre a mesa é a de que uma máquina não poderá ser inteligente justamente porque lhe escapa um dos aspectos centrais da nossa vida mental. O teste de Turing não terá sentido enquanto se limitar a ser uma simulação, através da combinação de símbolos, do comportamento linguístico de um ser humano e não apresentar os elementos subjectivos inerentes a esses comportamentos.

Turing, defende-se deste argumento referindo que ele conduz ao solipsismo. A única maneira que teríamos de saber se uma máquina pensa, seria ser máquina; a única maneira que teríamos de saber se um ser humano pensa, seria ser esse ser humano. No entanto, para Turing, este ponto de vista não nos conduz longe, não nos permite avançar na discussão das ideias e por isso o que há de melhor a fazer é aceitar que todos pensam (TURING, 1950).

A resposta de Turing consiste em colocar-nos perante um dilema questionável:

i) ou aceitamos o jogo da imitação ou estamos condenados ao solipsimo;

ii) como este último é insustentável em termos práticos, então aceitemos o jogo da imitação como critério de atribuição do mental;

iii) se aceitarmos este critério não temos que nos preocupar com a consciência, esta acaba por ser explicada pelo próprio jogo.

Uma estratégia de dissolução da própria consciência, como sugere Turing a propósito da pele da cebola. O que resta quando tiramos a pele da cebola? Nada senão a própria pele! Nós perguntaríamos: escolher uma implica ter que aceitar a outra? Não teremos outras alternativas entre o jogo e o solipsismo? Em nosso entender sim, por duas razões principais. Em primeiro lugar porque a recusa do solipsismo não nos conduz inevitavelmente a ter de aceitar um critério meramente comportamental, do mesmo modo que deixar de fumar não implica inevitavelmente engordar (i e ii). Por outro lado a concepção do mental que Turing nos propõe é altamente questionável, porque supõe que o teste da imitação nos diz tudo o que há a dizer sobre a mente (iii).

Relativamente ao primeiro ponto, poderemos estar de acordo com Turing de que por razões práticas devemos aceitar que os outros possuem mente, mas isso não nos conduz inevitavelmente a ter de aceitar o critério comportamental, uma vez que, como defende Colin McGinn, temos ao mesmo tempo de aceitar uma outra probabilidade das nossas crenças do senso comum, a de que a consciência apenas existe em cérebros orgânicos, o que não seria compatível com a proposta da múltipla realização de Turing (McGINN , 1999). Trata-se claramente de uma aposta, mas uma aposta baseada na probabilidade indutiva (obviamente não definitiva em termos lógicos). A posição de McGinn, incluída na posição dos “misterianos” (mysterians) contrasta com a suposição optimista de Turing e defende que enquanto não soubermos o que existe no cérebro, qual a propriedade X que permite gerar a consciência, então a questão da consciência permanece um mistério e por isso em relação à questão de saber se as máquinas podem pensar de modo inteligente e consciente devemos permanecer agnósticos. Além disso, recusar o solipsismo não implica necessariamente ter de aceitar o jogo da imitação por outra razão. Podemos, por exemplo, supor a alternativa de analisar a estrutura causal e física que gera a consciência, tal como a preconiza o reducionismo neurofisiológico de Churchland. Paul Churchland, em The Engine of Reason, the Seat of the Soul, defende que Turing usou um critério provisório por não possuir uma teoria adequada do que é a inteligência (CHURCHLAND, 1995). Isso não significa, como defende McGinn, que haja um problema de mistério acerca da consciência, dado que o facto de haver um mistério X acerca da consciência esse mistério apenas é relativo a nós, aos nossos conhecimentos, e não à consciência. Para Churchland os fenómenos mentais podem ser analisados empiricamente e só uma neurociência completa poderia desfazer a ilusão do hiato que existe entre realidade física e experiência consciente. As tentativas actuais de reconstrução computacional dinâmica de sensações como o odor e as cores são a prova de que só a análise da estrutura do cérebro pode resolver o problema da experiência consciente. É analisando as causas físicas do comportamento inteligente e não a sua manifestação exterior que podemos saber se o um ser é consciente, se possui mente, se é capaz de pensar. Isto não significa que a nossa posição seja a de Churchland, mas apresentamos aqui este ponto de vista apenas para mostrar que existem alternativas ao falso dilema em que Turing nos quer fazer cair.

Finalmente gostaríamos de considerar o segundo aspecto: será a mente como nos propõe a analogia da pele de cebola? O teste diz-nos efectivamente tudo o que há a dizer sobre a mente e por isso resolve o hard problem? Em relação a esta questão as propostas dividem-se: Turing implicitamente sugere que sim; McGinn considera que não, dado que os computadores são como uma espécie de baterista surdo que manipulando símbolos e algoritmos é incapaz de ouvir os sons que produz, ao passo que a inteligência humana é essencialmente semântica (McGINN , 1999)[2]; Churchland, considera que o teste de Turing não resolve o problema, mas uma neurofisiologia completa o poderá fazer. Por fim, Chalmers considera que só uma teoria completa da consciência, que a considere uma característica fundamental da realidade com as suas próprias leis psicofísicas, poderá em termos relativos construir uma ponte capaz de fechar o hiato.[3]

Quanto a este segundo aspecto pensamos ser possível estabelecer um paralelo com o argumento do conhecimento de Frank Jackson (JACKSON, 1999). O que este argumento pretende demonstrar é que os qualia, as nossas experiências subjectivas, como saborear um limão, cheirar uma rosa, sentir comichões, ficam de fora de uma abordagem estritamente fisicalista. Mesmo possuindo toda a informação possível sobre um sistema físico como o cérebro, ao contrário do que defende Churchland, ainda nos resta algo por explicar. Ora, não será uma conclusão semelhante a que podemos extrair da proposta de Turing? Construindo uma máquina, totalmente física, capaz de dar respostas semelhantes às de um ser humano normal, não resta mesmo assim algo de fora? Em nosso entender fica, há algo que parece sobrar. Do mesmo modo que uma descrição completa de um sistema físico como o cérebro, deixa de fora os qualia, também uma máquina que se comporte verbalmente como um ser humano não parece estabelecer um critério necessário e suficiente da consciência, o próprio carácter subjectivo da consciência não é explicado. Não é suficiente, porque a sensação subjectiva de um quale não é igual ao comportamento físico, comportamento este que pode ser falível, como defende McGinn. Sabemos pelas aportações da psicologia que a necessidade de parecer calmo ou valente pode levar a expressões voluntárias que simulam padrões faciais da emoção sem haver mesmo a activação da emoção correspondente. Os próprios termos verbais que usamos para descrever estados interiores, como os emocionais, são construções arbitrárias que não se adequam, por exemplo, ao próprio desenvolvimento ontogénico e à constante dependência da emoção face à cognição (KAGAN, 1984). Mesmo a expressão do reconhecimento ou da alegria de uma criança difere bastante da de um adulto, por exemplo. Por outro lado, o teste não é uma condição necessária da consciência, dado que falhar no teste de Turing ou perder uma partida de Xadrez não significa não ser consciente. O teste, além do mais, não considera o que é essencial na consciência, o carácter do que é sentir x, o modo como vivemos as nossas experiências conscientes. Por isso, neste aspecto concordamos com McGinn:

“Para ter a certeza que temos perante nós uma máquina consciente, precisamos de saber o que é a consciência; depois podemos verificar se a máquina a possui. Sabendo apenas que ela actua como se fosse consciente não resolve a questão.” (McGINN , 1999, p. 191)

Com a proposta de Turing o hiato permanece por fechar, o fresco murmúrio de água no meio de um vasto e árido deserto não é fácil de se extinguir. Talvez não tenhamos que admitir o pessimismo de McGinn, mas como conclui Jackson temos que nos precaver contra os excessos optimistas dos que pensam ser possível explicar tudo sem deixar nada de fora. Apesar de fecundo, o mecanicismo abstracto de Turing falha por isso mesmo e por não nos apresentar nenhuma teoria positiva sobre a consciência. Isto não tira, mesmo assim, o mérito a Turing e ao desafio fascinante ainda por resolver de saber se um dia teremos que habitar o mundo com máquinas conscientes.



Referências

CHALMERS, David J. - "The Puzzle of Conscious Experience". In: Scientific American. Special Issue (1997), pp. 30-37

CHALMERS, David J. - "Facing up to the Problem of Counsciousness" . In: SHEAR, J. (ed.) - Explaining Consciousness - The 'Hard Problem'. Cambridge: MIT Press, 1998

CHALMERS, David J. - La mente consciente: en busca de una teoría fundamental. Barcelona: Gedisa Editorial, 199

CHURCHLAND, Paul M. - The Engine of Reason, the Seat of the Soul: A Philosophical Journey into the Brain. Cambridge: MIT Press, 3º ed., 1995

HOFSTADTER, Douglas R. e DENNETT, Daniel (eds.) - The Mind's I: Fantasies and reflections on self and soul. London: Penguin Books, 1982

JACKSON, Frank - "Epiphenomenal Qualia". In: LYCAN, William G. (ed.) - Mind and Cognition: an anthology. Oxford: Blackwell Publishers, 1999, pp. 440-446

KAGAN, Jerome – “The idea of emotion in human development”, In: IZARD, Carrole E., KAGAN, Jerome e ZAJONC, Robert B. - Emotions, cognition and behavior . Cambridge: Cambridge University Press, 1984

McGINN, Colin - The Mysterious Flame: conscious minds in a material world. New York: Basic Books, 1999

RIVIÈRE, Angel – Objetos con mente. Madrid: Alianza Editorial, 1991

SEAGER, William - Theories of consciousness: an introduction and assessment. London: Routledge, 2001

SEARLE, John R. - Mente Cérebro e Ciência. Lisboa: Edições 70, 1997

TURING, Alan M. - “Computing Machinery and Intelligence”. In: Mind. vol. LIX, no. 236 (1950), pp. 433-60.

WILSON, R e KEIL, F (ed.) – The MIT Encyclopedia of the Cognitive Sciences. Cambridge: The MIT Press, 1999.




[1] - O texto de Turing é rico em argumentos mas, no sentido de limitar o trabalho, teremos que deixar de fora aspectos como a redução algorítmica da mente, as capacidades informais, etc...

[2] - A ideia de McGinn de que os programas de computadores são semanticamente cegos é bastante próxima do argumento do quarto chinês de John Searle. Não é nossa intenção aqui desenvolver este argumento por nos parecer mais questionável.

[3] - Referimos “em termos relativos” dado que a posição dualista de Chalmers não se identifica com o reducionismo materialista.






ao sugo.

Macarrão de 4 mil anos é encontrado na China

Pesquisadores dizem que descoberta estabelece que macarrão é originário da China
Um macarrão de cerca de 4 mil anos foi encontrado no sítio arqueológico de Lajia, junto ao Rio Amarelo, na China.

O fio de macarrão amarelo, o mais antigo já visto, mede cerca de 50 centímetros e estava em um vasilhame que provavelmente foi enterrado durante uma grande enchente.

Os pesquisadores disseram, na revista científica Nature, que o macarrão foi feito de grãos de milheto, e não de farinha de trigo, como atualmente.

A descoberta resolve uma discussão antiga sobre quem criou o macarrão: chineses, italianos ou árabes.

O cientista Houyuan Lu, do Instituto de Geologia e Geofísica da Academia de Ciências de Pequim e líder da equipe responsável pelo achado, disse que, até agora, o registro mais antigo do prato constava de um livro escrito entre os anos 25 e 220 DC.

"Nossa descoberta indica que o macarrão foi produzido pela primeira vez na China", afirma o acadêmico.

Segundo ele, o antigo assentamento de Lajia foi atingido por uma catástrofe repentina. Entre os despojos estão esqueletos em várias posições incomuns, sugerindo que os habitantes da área podem ter tentado fugir.

"Baseado em evidências geológicas e arqueológicas, ocorreu um terremoto catastrófico e, em seguida, inundação das águas do rio", explicou outro integrante da equipe, Kam-biu Liu, da Universidade Estadual da Louisiana, nos Estados Unidos.

"Lajia é um sítio muito interessante. De certa forma é a Pompéia da China."

quarta-feira, outubro 12, 2005

Goldie



I was in care for a long time, moved around, fostered, different foster parents here and there. It was really weird being in care. I always knew I was never comfortable being in care but I was too scared to ever run away. There was always an artist in me, I was always getting into sculpture. I was so uncomfortable with where I was supposed to be at in my life, I resisted it, I'd be great for a month then I'd give my foster parents hell, fucking despise them and hate them.

I would look at the colour of my skin and think 'I'm not black, I'm not white, I'm not anybody, what am I? These aren't my parents, who are they?' I'd always have a picture of my father in my head, my father with a receding hairline, remembering all these little flashbacks of trips I'd made with my father. It was like 'Total Recall', the older I was getting the more recall I'd be getting of what I'd been through. I remember taking a long trip with my father on a motorway, my dad holding the steering wheel and clapping and losing the wheel and me laughing my head off - he's driving without his hands on the wheel! I remembered those things so vividly.

I was starting to get older - 15, 16, 17 - and going through my adolescence, and I started really trying to work out what had gone on in my life. I got into rollerskating and started going to the skating rink in Wolverhampton. I used to go every Wednesday night, but if I was a bad boy, I couldn't go, and it fucking hurt me, it was the only thing I could get out of the home to do. I got really good at skating, and I joined the hockey club and got into roller hockey and I was keeper, I played for England B team.

Then it was a matter of playing up and moving around places. I found out where my mum was and I'd visited her a couple of times. I remember going to see my brother for the first time, seeing him at the house, my social worker took me on a visit. It was weird, I was so bubble-wrapped in the care situation. I felt so uncomfortable being in a real home. I felt so mad with it - someone takes you to see your mum, who's living with another guy, and there's your brothers and you're staying for two hours and having a cup of tea and trying to talk to your brother. It's the most fucking awkward shit, like trying to put a square into a circle.

I'd gone through a lot of shit and finally said 'fuck it' and run away. I didn't have a great time in the home, the first couple of years were great, the last part was hell. People there were nasty to me and really treated me like a cunt. I dealt with it. I ran away. CID caught me at the skating rink after a couple of weeks, I was staying with my mum in Wolverhampton. That was the age where - I didn't know this then - but they didn't really have a hold on me. I was becoming 16, I could officially leave there if I had a guardian. It was always held out like they were doing me a favour. In the end I fucking broke out and went to live at my mum's in Wolverhampton, Heath Town. My brother had locks and had a girl who was pregnant. He was younger than me. It was really weird, going back to real life. I was getting into little petty crimes, fucking about with my brother. My brother and me were always fighting. How can I blame him? I was a brother he never grew up with, I was the guy who couldn't take a younger brother knowing the score more than I did.

Then the hip hop thing started and that's when we started breaking. I saw a Rock Steady Crew video and it blew my mind, and the graffiti in the background blew my mind, because I'd passed my 'O' level in art, and it was the only thing I had. I was the class fool, I was the joker at school, I was the one who made everybody laugh and got thrown out the lesson. I was half-caste in a school that was all white with a few black people, I had to try and be a bit more than everybody else because I was a fucking nigger. They used to say 'Goldie, you're a fucking Paki' or 'you're a nigger', I had it for years.

"I just started getting into hip hop. I used to go to the youth club and we had a crew, the West Side Crew. B-Boys were the breakdance crew in Wolverhampton, they were the best in the country, even coming to London to battle London All-Stars. And you had Rock City Crew in Nottingham, Breaking Glass from Manchester. I used to watch B-Boys, I fucking envied them, they were so bad. I just got so into it because I'd found something that I could really get into my art with. I used to go out racking with my boys, see who could get the most paint.

I was learning all the moves, learning to break. I formed a crew called Wild Criminals and started pieceing in Heath Town. I was breaking but I wasn't the best in the crew, I was average, but when it came to graffiti I was getting really good. I had my little wardrobe converted into an art studio, started painting jackets. I was putting up more and more pieces in town and it was getting really serious.

Then they had the auditions for B-Boys and I luckily got in, and the new B-Boys formed, which was me, Birdy, Bubbles, etc etc. We started practising, learning routines. We'd go out and get tracksuits, we had the best shit. Then we started doing shows like Electro Rock in the Hippodrome. By this time you had the all-dayers. A couple of people from each crew would make it to an all-dayer, they'd go up into the jazz room practising al day, then it'd go off. The buzz from that for me was the fucking best.

All these things that I'd taken in that I was brought up on, because I never had a place that was my home, I'd always been used to picking up my shit and walking, going anywhere. It's almost like you can appreciate things a bit more. I'd been inspired by a lot of things and subconsciously collected them. We went though all the all-dayers and had some mean battles with the Rock City Crew. They were our allies and we'd come down to London to battle the London crews. I'd come down to London to see the graffiti - I'd been doing a lot of graffiti and when I got down there it really freaked me out because they were better than me. Fuck! Back to the drawing board! I went back and got into it with a vengeance. Shaw Theatre was happening at the same time, when Afrika Bambaataa came over here. I met Brim in Shaw Theatre, and I connected with him, there was something there I knew would last. He was going to come over and do this film ['Bombin' for Channel 4].

The cool thing about Brim as a writer was that he knew he wasn't the best writer in New York. We just hit it off and arranged a big event in Birmingham, with 3-D [now of Massive Attack], me, Mole and Pride. When 'Subway Art' came out, I opened the book and thought 'I've got to meet these people'. I was so obsessed with it. 3-D was the first writer to do illegal paintings in the country. 3-D came to my estate and we did an illegal painting. Bristol had the parties, Wolverhampton had the breaking and so did Manchester, London had the graffiti. Then we did the film and we went out to New York, hooked up with Henry Chalfont who did the book 'Subway Art', stayed with him in his studio, which was a mindfuck, it was opening the Bible. You'd got an art that had been developed from the youth up for the first time. I'd always been conscious, I'd never want to go and write my name, Goldie, I'd always want to go write about something. TAT crew [Brim's crew] was strong. I started tagging up 'TAT' and I was thinking 'Fuck! Wicked! They've given me the blessing to go ahead and write TAT'. For me to come back to this country and do that was fucking wicked.

I'd already hooked up with the Wild Bunch - 3-D, Nellee [Hooper], Milo - and we'd partied with them a few times, then Nellee moved to London. We went to check out Nellee in London. Nellee was the ultimate B-Boy - long hair, sheepskin coat, fat sneakers - and we went to Heaven for a night, which was wicked. It was Rage then. I remember Brim standing on the podiums, out of his nut, having it away!

Then I was staying at home, had a couple of flats, had a car, a Rover 35 V-8, no license, no tax or nothing, and it was like, 'Do I want to remain and artist and paint? Do I want to be a pimp? What do I want to do?' Because it was like that, that's all there was to do. I got my own flat, next door to a gambling house. I was smoking weed, then I got into Rasta, I was a Rasta for a couple of years. I read 'Revelations'. I learnt a lot through that, the whole thing of being correct and not eating animal fat and all that, but at the end of the day it felt like I was getting put into a corner, I couldn't move any more. Cornflakes have got animal fat in, you can't eat them, you can't do eat that, do that - so I cut my locks off and thought 'fuck it'.

Then I went back to my dad's in north-west Miami, which was like the underground, the ghetto, and started hanging out in the flea markets which was where all the niggers would go. I saw real players there, people with crazy rides, young guys. I got into life-death situations with people, guns, crack, all that shit. Then I had a letter from my mum saying my step-dad had cancer, I'd got to come back. I'd built myself up into a heinous graffiti writer, the best airbrush artist in Miami. It was like, what do I do? So I finally made the decision that I was going to come back. It fucking broke my heart. I came back like the mack and opened that shop [Try 1, selling customised gold teeth] in Walsall.

I finally came to live here [London]. I started getting back into seeing Nellee and meeting people, and started a new life. I kept doing a lot of artwork, I slowed down on the illegal paintings and got more into doing canvases and doing bits of jewellery and gold.

Then I met Kemi who was working in Red Or Dead. She's got blonde dreadlocks, you can't miss her, I thought 'I've just got to get this chick, man, she's out of this world.' I got together with her and she took me to Rage at Heaven on Thursday. It was the best. She was the first person to introduce me to Fabio and Grooverider. I started hearing this sound I was really into. It was underground. I just got so into it, finally there was something I could get into that was underground. I had my first experience with E.

The music then, I started hearing a few breakbeat tracks which really freaked me out - 'man, that's fucking serious' - 'Derek Went Mad' and that. They were really fucking my head up. Reinforced were coming out with a few tracks and I got so into it I said 'I've really got to meet these guys'. I went to see a PA at the Astoria; Manix and Nebula II were on stage. That was it for me, I said, 'this is it, I've got to do this'. I knew it was niggers doing it, I just knew they had to have some kind of black influence with the breakbeats. I started approaching them, saying I'd do some artwork, and started getting into label design.

I was still on the West End tip, seeing Nellee and that, but I had this urge to sneak off and go underground. They weren't into it at all. They were all, 'Goldie's got into raving! The old B-boy's got into rave culture, what's going on?' But I'd seen what was going to happen with it. I thought to myself, I've got enough of a B-boy background, I'm into breakbeats, I can think of a few tunes. I was inspired by Fabio and Grooverider. That's what really made this shit happen for me. Fabio and Grooverider as black DJs really did it for me, it was like a whole other thing. I wanted to make music then, I thought 'I've got to have a go at this'. I met Fabio and Grooverider briefly a few times and never even got to say hello. In the same way that all those graffiti writers were to me, they became the same thing: 'I've got to meet them; one day they'll play my record.' I used to go and look at them. I watched them play.

I was going out and seeing what the climate was like. I used breakbeats from my old breaking days, I had this influence in my head, so I brought breakbeat tracks out that were a bit way ahead. Different. Grooverider and those guys started paying me a bit of attention. From then it started exploding. I started to get to know everybody. I started hearing stuff by a guy called Doc Scott, I thought 'with this b-line, this guy has got to be black'. But I was told he was a white guy with blueeyes and long hair.

The euphoria on Es that these DJs in silhouettes up there would create was massive. I used to go up and talk to Groove, going 'fucking wicked, man' and he'd give me the time of day, say 'yeah your tune's wicked'. And he was younger than me, but because I had this respect for him, I'd be humble to him. Then I'd think, 'Fucking hell, they really like me, I'm really in here, fuck this, I'm really going to help them out, really make this work.' I wanted that big piece, that 40-foot masterpiece. That was the birth of 'Terminator'. I really put my all into 'Terminator'. The engineer turned me onto certain machinery, a few pieces of equipment, and that was the breakthrough. I started fucking around with this equipment and realised I could change the music, I could take a breakbeat, make it seem like it was speeding up and changing tone but it was actually still at the same speed. I finished the project and EQ'd it on E. And you know what Es do to you, you start hearing shit that no-one else is hearing, and I really used it as an artist. I pushed myself to the limits artistically.

Suddenly 'Terminator' was the biggest thing. I remember hearing it at Rage, when Groove used to bring it in I'd think 'fucking hell, man!' Goosebumps. Everyone used to turn round and look at me and I'd have such a buzz. I'd finally done it! It was the most beautiful thing that ever happened.

'Angel' was to prove to all those people like Nellee and Mushroom [now of Massive Attack] that it was different, it was cutting edge. It was hard but smooth. I'm not into Joey Beltram, I'm not into Sven Vath, because for me it's been done. It's not expanding anything.

Fabio was the first person to ever mention the word jungle. He said 'it's inner city jungle music, sounds like it's an urban jungle'. Now that urban jungle isn't black or white, it's everybody below a certain level that has socially been fucked by drugs or living in the inner city. So I am making inner city urban music. When you say jungle you can't just say it's ragga. We were making that music before it was called jungle. In the same way if someone says, 'Goldie, is that graffiti?', I could turn round and say, 'Yeah, it's graffiti in the embryonic fashion, what it is now is an art form. It was graffiti. It has now grown.' The music has grown.

My music is rough, but a different kind of rough. It's not soft. It's fucking hard. It's a wolf in sheep's clothing. Taking it so far, to the fucking limit. If it crosses over, it'll cross over for the right reasons, not because I've signed to a major and changed my style.

You've got to know the history and what we've gone through. You can't just dismiss the rave culture. I've been through punk, jazz and hip hop, I've learned a lot and that must come out in my music. Now, I've blown the dust off all my old music - George Benson, Pat Metheny, Miles Davis, Art Blakey - now I can understand it and get ideas from it. You can be in this music and go and do any other sort of music now. A soul person can't come and do a hardcore breakbeat track because they could do the technique and all the fancy shit but there'd be something missing. They're forgetting the art of what we do. I can take breaks and fuck with them so much that you couldn't tell me what I'd used.

`Timeless ' [on his forthcoming LP] is a classic for me now, it's proved what I can do, it's an achievement for black music. If this deal [with ffrr/London] falls through, if everything falls through, I don't care because I'm an artist who's expanded another avenue. In `Timeless' is everything I've learned, everyone I've met, everything I've experienced, and a lot of other pressures that are going on socially, like girls having kids young, guy's left them, no money, guy's doing drugs, no way out of it, the whole pressure you're living with in that whole inner city situation. It is breaking down, there is a drug situation, in the darkest corners of our dances we are in some serious situations. In the same way we imported shell-top Adidas we have now imported crack. If akid's coming into a dance now and he's buying crack, trips, whatever, how can I philosophise, how can I say it's wrong? I've learned what I've learned, but how can I dictate to him? If the major labels are going to exploit this music, they've got to how the down side to it as well, why people are making this music. They can't have one without the other.

Boneheads who've been around for six months had better understand that this scene is a lot deeper than they suggest. I've jumped on this train, I didn't make the train. It took a lot of underground people to make it. Grooverider, Frosty, Fabio, Peshay, Ron, Hype, Bukem, Randall, everybody, the list is endless. I don't remember all these early tracks, so how can I speak about them? How can I say I know all about that because I don't? I came into this sound; my heroes were Nookie, Doc Scott, Groove, Fabio, Gerald, all these people who I can now make music with and socialise with if I want. That's it for me, that's what being an artist is.

I never had friends that lived next door. My friends have always been all over the place. People I've grown up with, like my classmates, I could never really get on with. These people are friends and I've joined them in a situation, and now we've made this happen, all of us have made this happen. It's not like any other business, it's a culture. I feel a part of it because I love it, I love it so much and that's why I'm ranting and raving about it. I love it to the bone."


[Interviewed October 1994, London]

Matthew Collin
matthew@webmedia.com


Recording studio doors open and a grinding breakbeat is the first sound you hear. Goldie simply starts talking about jungle:

"You've got to understand where this is coming from. It's been around so long, it's got a history. You can't start talking about jungle and not mention the Raaga Twins or A Guy Called Gerald."

29 years old, Wolverhampton born Goldie was inspired by DJ's Fabio and Grooverider at London's Rage club. "It's bullshit showing kids making this music. People like Dillinja and Rebel (MC) have been in this game for a long, long time."

In 1993, under the pseudonym Metalheads, Goldie released the track `Terminator' on the Synthetic label. It initiated the use of time-stretching - drawing a vocal sample over a range and leaving the rest unaltered. But Goldie has always pushed the boundaries and has long moved on.

He says: "I can give you reggae breatbeat all day. I did fucking Phil Collins years ago. You think if you took Anita Baker's (M-Beat's sample record) tune to America it would stand up ? Why not approach her directly? People have got to move on from sampling."

In the early 80s, Goldie was flying to New York, surviving as a graffiti artist. He compares jungle to graffiti - both have matured. "You had people fucking up trains and where they lived. Out of that graffiti came an art form - it was in galleries. This music has grown up now. Don't put me in the kiddies' corner."

With dark tunes like `Terminator', `Angel' and remixes for the Reinforced label's `Enforcers' series under his belt, Goldie has now signed to a major label London Records. `Timeless ' is the first single, a futuristic jungle epic full of atmosphere, sweep and dynamics. Plus `proper' vocals from Diane Charlemagne and big strings. It's a record to take jungle on to the next level - hopefully London Records will play along.

"They will have to go with the crunch. I now say that my music is bonifide. I feel my music. If it doesn't go nowhere - who gives a fuck ?"

Darren Crosdale - Mixmag, November 1994.