Por Marcos de Moura e Souza
SÃO PAULO (Reuters) - A menos de duas semanas de sua realização, o referendo sobre armas de fogo já provocou um efeito direto nas lojas especializadas e armamento e munição. A procura por balas de revólveres e pistolas, em especial, tem até reduzido os estoques de algumas lojas, segundo os comerciantes.
Nos últimos meses, a Polícia Federal também registrou uma elevação acentuada no número de registros, recadastramentos e transferências de armas. De maio a agosto, este número triplicou. A explicação de lojistas e policiais é uma só: com a perspectiva de que o referendo proíba o comércio de armas e munição, muitas pessoas têm procurado formar uma reserva de projéteis em casa ou adquirir uma arma antes que isso seja vetado por lei.
Segundo os comerciantes, muitos clientes têm comprado 50 balas de uma só vez -- quantidade máxima que cada proprietário de arma pode adquirir ao longo de um ano. Até então, a maior parte das vendas nas lojas de São Paulo era de embalagens com apenas seis ou dez unidades.
"As pessoas compravam aos poucos. Agora não, estão comprando toda a cota do ano", disse à Reuters, Helena Rodrigues, vendedora de uma das mais tradicionais lojas de armas de São Paulo, a Ao Gaúcho, fundada há 80 anos.
"Todos estão muito preocupados e querem ter a sua reservinha (de balas) em casa", acrescentou ela. "Os modelos mais baratos de munição eu já nem tenho mais." A loja decidiu não renovar seus estoques para não correr o risco de ficar com a mercadoria na mão sem poder comercializá-la, caso o referendo aprove a proibição da venda.
"As pessoas que têm armas legais não querem ficar com elas inutilizadas em casa. Hoje estão comprando as 50 balas de uma vez", confirmou o gerente de outra loja, a Casa Sperati, Wanderley Ivan.
No dia 23 de outubro, os brasileiros vão responder nas urnas se "o comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no país". As últimas pesquisas mostram que o "sim" deve ser a opção de uma ampla maioria dos eleitores.
Embora a maior parte dos lojistas ouvidos pela Reuters diga que não tem havido uma procura tão grande por armas, balanço do Senarm, serviço da Polícia Federal encarregado pela documentação das armas em mãos de civis, diz que em maio chegaram ao setor um total de 647 pedidos de registro de novas armas, recadastramentos da licença e de transferências no Estado de São Paulo. Em agosto, este número saltou para 2.092.
A assessoria de imprensa da PF informou à Reuters que a maioria dos pedidos recentes se refere a registros de armas novas.
As balas mais vendidas nas lojas de São Paulo, são as de revólveres 38 e pistolas automáticas 380. Os preços dos pacotes com dez unidades variam em média de 30 reais a 50 reais.
"Por conta do referendo, eu comprei uma caixa de 50 unidades. Minha próxima troca de munição seria só daqui a quatro meses. Mas antecipei a compra", disse o advogado Paulo Cremonesi, 42, dono de uma pistola semi-automática 380.
Para continuar comprando balas depois de uma eventual aprovação do referendo, Cremonesi já deu entrada em solicitações de registros de colecionador e atirador esportivo -- duas categorias que terão direito a adquirir munição.
O neurocirurgião Douglas Ramos, 48, disse que vai seguir o exemplo do advogado. "Vou comprar a cota permitida de balas. Caso contrário, eu serei um criminoso comprando munição no mercado negro (se o referendo aprovar a proibição) e isso eu não vou fazer", afirmou o médico, que também possui uma pistola 380.
A proprietária de outra loja especializada em armas, a Interarmas, Vera Ratti, que tem entre seus clientes Cremonesi e Ramos, também passou a vender mais balas nas últimas semanas, mas disse que a venda de armas vem caindo desde 1997, quando foi aprovada uma lei que já restringia o comércio.
"Depois de 2003 as vendas caíram ainda mais e tivemos de demitir 12 funcionários", lembra ela, referindo-se ao ano em que o Estatuto do Desarmamento foi aprovado, impondo novas restrições. "Nas últimas semanas, de cada 50 clientes que compram balas, um compra arma", disse ela.
Caso o "sim" seja aprovado, Vera não tem dúvidas do que vai acontecer com sua empresa e com as demais lojas.
"Vou fechar as portas. Noventa e cinco por cento da minha receita depende das armas e munição", afirmou Vera, acrescentando que o setor deve demitir 83 mil pessoas empregadas hoje diretamente em lojas especializadas e em estandes de tiro.
Nos últimos meses, a Polícia Federal também registrou uma elevação acentuada no número de registros, recadastramentos e transferências de armas. De maio a agosto, este número triplicou. A explicação de lojistas e policiais é uma só: com a perspectiva de que o referendo proíba o comércio de armas e munição, muitas pessoas têm procurado formar uma reserva de projéteis em casa ou adquirir uma arma antes que isso seja vetado por lei.
Segundo os comerciantes, muitos clientes têm comprado 50 balas de uma só vez -- quantidade máxima que cada proprietário de arma pode adquirir ao longo de um ano. Até então, a maior parte das vendas nas lojas de São Paulo era de embalagens com apenas seis ou dez unidades.
"As pessoas compravam aos poucos. Agora não, estão comprando toda a cota do ano", disse à Reuters, Helena Rodrigues, vendedora de uma das mais tradicionais lojas de armas de São Paulo, a Ao Gaúcho, fundada há 80 anos.
"Todos estão muito preocupados e querem ter a sua reservinha (de balas) em casa", acrescentou ela. "Os modelos mais baratos de munição eu já nem tenho mais." A loja decidiu não renovar seus estoques para não correr o risco de ficar com a mercadoria na mão sem poder comercializá-la, caso o referendo aprove a proibição da venda.
"As pessoas que têm armas legais não querem ficar com elas inutilizadas em casa. Hoje estão comprando as 50 balas de uma vez", confirmou o gerente de outra loja, a Casa Sperati, Wanderley Ivan.
No dia 23 de outubro, os brasileiros vão responder nas urnas se "o comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no país". As últimas pesquisas mostram que o "sim" deve ser a opção de uma ampla maioria dos eleitores.
Embora a maior parte dos lojistas ouvidos pela Reuters diga que não tem havido uma procura tão grande por armas, balanço do Senarm, serviço da Polícia Federal encarregado pela documentação das armas em mãos de civis, diz que em maio chegaram ao setor um total de 647 pedidos de registro de novas armas, recadastramentos da licença e de transferências no Estado de São Paulo. Em agosto, este número saltou para 2.092.
A assessoria de imprensa da PF informou à Reuters que a maioria dos pedidos recentes se refere a registros de armas novas.
As balas mais vendidas nas lojas de São Paulo, são as de revólveres 38 e pistolas automáticas 380. Os preços dos pacotes com dez unidades variam em média de 30 reais a 50 reais.
"Por conta do referendo, eu comprei uma caixa de 50 unidades. Minha próxima troca de munição seria só daqui a quatro meses. Mas antecipei a compra", disse o advogado Paulo Cremonesi, 42, dono de uma pistola semi-automática 380.
Para continuar comprando balas depois de uma eventual aprovação do referendo, Cremonesi já deu entrada em solicitações de registros de colecionador e atirador esportivo -- duas categorias que terão direito a adquirir munição.
O neurocirurgião Douglas Ramos, 48, disse que vai seguir o exemplo do advogado. "Vou comprar a cota permitida de balas. Caso contrário, eu serei um criminoso comprando munição no mercado negro (se o referendo aprovar a proibição) e isso eu não vou fazer", afirmou o médico, que também possui uma pistola 380.
A proprietária de outra loja especializada em armas, a Interarmas, Vera Ratti, que tem entre seus clientes Cremonesi e Ramos, também passou a vender mais balas nas últimas semanas, mas disse que a venda de armas vem caindo desde 1997, quando foi aprovada uma lei que já restringia o comércio.
"Depois de 2003 as vendas caíram ainda mais e tivemos de demitir 12 funcionários", lembra ela, referindo-se ao ano em que o Estatuto do Desarmamento foi aprovado, impondo novas restrições. "Nas últimas semanas, de cada 50 clientes que compram balas, um compra arma", disse ela.
Caso o "sim" seja aprovado, Vera não tem dúvidas do que vai acontecer com sua empresa e com as demais lojas.
"Vou fechar as portas. Noventa e cinco por cento da minha receita depende das armas e munição", afirmou Vera, acrescentando que o setor deve demitir 83 mil pessoas empregadas hoje diretamente em lojas especializadas e em estandes de tiro.
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