sexta-feira, outubro 06, 2006

27ª Bienal abre para convidados com protestos e promessa de prêmio

Da Redação

Alexandre Schneider/UOL


A abertura na quinta (5) da 27ª Bienal, para convidados, foi marcada pela polêmica sobre os artistas que tiveram suas obras modificadas para participarem da mostra e a declaração do presidente da Fundação Bienal, Manoel Pires da Costa que promete um prêmio de aquisição de obra ainda para este ano.

"Polêmicas fazem parte de um evento grande, controverso e muitas vezes complicado como a Bienal e aprendemos a viver junto com elas", declarou Cristina Freire, da equipe de curadores da exposição.

A poucos metros da curadora, Bjørnstjerne Reuter Christiansen, um dos integrantes do Superflex, estava acompanhado de Erasmo Alexandre e Carlos Renan, produtores de guaraná na região de Maués no Amazonas. O artista disse que a idéia central do Guaraná Power "é usar esta força contra a política econômica vigente e se diz que a maneira como está sendo conduzido o debate sobre isso é muito oportuno".

O produtor Erasmo Alexandre, que distribuía pó de guaraná para o público da Bienal, declarou que: "O trabalho para plantar e colher o guaraná é muito grande para o pequeno preço que uma multinacional que produz uma bebida a base de guaraná nos paga. Estamos lutando por um preço mais justo e para isso estamos buscando novos parceiros. Como, por exemplo, a parceria com o Superflex, que está dando muito certo. Hoje gostaríamos de fazer uma grande divulgação aqui na Bienal, mas fomos proibidos".

O protesto do Superflex continuou com o boneco de semente de guaraná que circulava no prédio da Bienal segurando uma placa com os dizeres em inglês: Do you copy. A frase tem um duplo significado, algo como "Você copia?" e "Você entende?".

Marcelo Cidade, que por orientação do departamento jurídico da Fundação Bienal, teve que restringir sua instalação a um único bloqueador de celular dos seis previstos originalmente pelo seu trabalho, resolveu driblar o veto circulando com quatro amigos com mochilas contendo bloqueadores de celulares.

"Foi a maneira que encontrei para finalizar meu trabalho", comenta Cidade, mostrando seu celular sem rede.

O artista mexicano Hector Zamora se declarou muito satisfeito com o resultado dos três vídeos que apresenta na Bienal: "São dois documentários poéticos sobre o trabalho que pretendia fazer no lago do Ibirapuera e um sobre a intervenção na praia de São Vicente".

O artista mexicano apresenta uma parede de elementos vazados feitos em conjunto com a artista brasileira Lucia Koch e comenta: "No pouco tempo que estive em São Paulo conheci muita gente como Lucia Koch e Marilá Dardot, e essa convivência está refletida nos trabalhos que apresento aqui".

O presidente da Fundação Bienal, Manoel Pires da Costa, perguntado sobre suas impressões sobre a 27ª Bienal, afirmou:

"Lisette Lagnado foi escolhida por um processo democrático justamente por sua audácia e a qualidade desta curadoria é excepcional. Estou maravilhado com a Bienal, que tem um tema importante que é Como Viver Junto. Estamos resgatando coisas da origem do Helio Oiticica, que representa uma passagem maravilhosa da história da arte brasileira. É claro que é Bienal propositiva, investigativa, e acho que vai gerar uma série de opiniões. O mais importante é que o público dialogue com os trabalhos e tire suas próprias conclusões".

Perguntado mais uma vez sobre as polêmicas que cercaram a abertura da Bienal, o presidente comenta:

"Eu penso que o espaço da Bienal é um espaço de debates, não é lugar homogêneo. Aqui é o lugar para aflorar o novo, a possibilidade de ver projeto de novos valores. Ao longo do período da exposição vamos observar quais obras que mais impressionaram o público. Penso que uma coisa que pode dar certo, é um prêmio em forma de aquisição de uma obra. Mas ainda estamos estudando a melhor forma de viabilizá-lo".

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