Outubro
Cardumes de animais e peixes minúsculos podem agitar as águas do oceano tanto quanto o vento e as marés.
Junto com sua equipe, o oceanógrafo e biológo John Dower, da Universidade de Victoria, Canadá, observou aumento dramático na turbulência de uma baía quando um grupo compacto de krill (pequenos animais semelhantes ao camarão) veio à tona para fazer sua refeição noturna. A descoberta, publicada na revista Science em setembro, ajuda a entender a movimentação dos mares. Estimativas sugerem que um terço da movimentação das águas é causado por pequenos organismos desse tipo.
A mistura da água traz nutrientes do fundo para a superfície e regula a troca de gases com a atmosfera, mantendo o chamado Cinturão Termohalino Mundial, que liga as correntes oceânicas. Por muito tempo, o vento e as marés foram considerados os principais responsáveis por essa ação, apesar de plantas microscópicas na superfície do oceano aparentemente obterem mais nutrientes do fundo do mar do que esses mecanismos físicos pudessem explicar. "Por décadas, os pesquisadores ignoraram a idéia de que a migração de zooplâncton (pequenos animais marinhos) poderia ser uma fonte significativa de turbulência subaquática", diz Dower.
Dower e seu colega Eric Kunze decidiram investigar essa possibilidade. A bordo de um barco ancorado na Baía Saanich, na Columbia Britânica, eles lançaram uma sonda ao fundo do mar repetidas vezes. A cada descida, ela registrava variações com um centímetro ou mais no movimento e na temperatura da água. Ao anoitecer, o radar de bordo indicou a subida de um denso cardume de krill, cada qual com 1,5 cm de comprimento, vindo de águas mais profundas. Repentinamente, a turbulência registrada pela sonda cresceu entre mil e 10 mil vezes, comparada aos registros obtidos durante o dia. Isso aumentou significativamente a turbulência média diária da baía. "Sabemos que o krill é abundante em toda parte - será que esse fenômeno é geral?", pergunta Dower.
Isto é possível. Cerca de 1% da energia gerada por plantas marinhas microscópicas é convertida em energia mecânica na forma do zooplâncton e peixes, de acordo com um estudo de William Dewar e sua equipe da Universidade Estadual da Flórida, nos Estados Unidos, a ser publicado no Journal of Marine Research. Globalmente, isso se traduziria em um terawatt de energia - um terço da quantidade necessária para gerar o índice observado de turbulência. O vento e as marés contribuem com um terço cada. "Acreditamos que a importância da biosfera nesse caso seja comparável à de outros processos físicos", diz Dewar.
JR Minkel
segunda-feira, outubro 09, 2006
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2 comentários:
pensei que estivesse falando da cerveja.
=)
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