sexta-feira, outubro 27, 2006

Maestro da tropicália, Rogério Duprat morre aos 74 anos

da Redação

Morreu por volta das 17h desta quinta-feira (26), em São Paulo, o maestro Rogério Duprat. O músico de 74 anos estava internado desde o dia 10 de outubro no hospital Premier, na zona sul de São Paulo, onde recebia cuidados paliativos.

Duprat sofria do mal de Alzheimer e também tinha câncer na bexiga, que nos últimos dias acabou causando insuficiência renal, de acordo com a médica Maria Goretti Maciel, diretora clínica do hospital.

O maestro será velado no Museu da Imagem e do Som (MIS), na região dos Jardins. Seu corpo será cremado na sexta-feira no crematório da Vila Alpina, zona leste de São Paulo.

Duprat é conhecido principalmente por seu trabalho nas orquestrações do disco "Tropicália", de 1968, que contava com nomes como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, Gal Costa, Os Mutantes e Nara Leão.

Nascido no Rio de Janeiro em 1932, Duprat mudou-se para São Paulo em 1955. Ainda jovem estudou violão e cavaquinho além de tocar gaita. Mais tarde entrou no meio erudito e foi um dos fundadores da Orquestra de Câmara de São Paulo. Nos anos 60, o maestro se aproximou de artistas populares, como Caetano Veloso e Gilberto Gil, para quem compôs o arranjo da música "Domingo no Parque".

Também trabalhou com nomes como Chico Buarque e Jorge Ben Jor, mas uma de suas parcerias mais conhecidas foi com a banda Os Mutantes, para quem arranjou diversos discos.

Depois de um período longe da música, devido a problemas de audição, o maestro voltou a trabalhar com arranjos na década de 90.

Música Nova

Ideólogo responsável por um dos poucos manifestos musicais autênticos realizados na América Latina, Rogério Duprat utilizou métodos radicais para criar uma nova frente cultural no país. O movimento batizado como "Música Nova Brasileira" resgatava os ideais da Semana de Arte Moderna de 1922 e pretendia "internacionalizar a vanguarda brasileira". Duprat vinha acompanhado pelos músicos intelectuais Gilberto Mendes, Júlio Medaglia, Régis Duprat, Damiano Cozzella e Sandino Hohagen.

"Sem forma revolucionária não há arte revolucionária" é a citação que termina o manifesto publicado em 1963. Desde então eles se empenharam em quebrar as amarras acadêmicas na cultura e unir o erudito ao popular, como Duprat fez durante sua vida, o que fez dele um dos principais personagens da MPB.

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