Piloto de Boeing teria pedido para subir antes de bater em jato
da Agência Folha
da Folha de S.Paulo
As gravações dos diálogos do controle de vôo de Manaus (AM) teriam registrado um pedido do piloto do Boeing da Gol para mudar de nível, de 35 mil pés para 39 mil pés. Esse pedido teria ocorrido às 16h35 da última sexta-feira. O Legacy estaria a 37 mil pés. O acidente aéreo teria ocorrido por volta das 17h.
A informação, vinda de pessoas ligadas ao setor da aviação brasileira, pode explicar o que provocou o acidente, considerado o maior da história do país e que vitimou 155 pessoas. Segundo essa hipótese, o Boeing, no momento em que ampliava a altitude de 35 mil pés para 39 mil pés, poderia ter se chocado com o Legacy, que estava na faixa dos 37 mil pés.
Ontem, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) informou que, em depoimento, os pilotos do Legacy que colidiu com o Boeing afirmaram que os equipamentos do aparelho estavam em perfeita ordem antes e depois do incidente, ocorrido na última sexta.
Eles disseram que equipamentos como o transponder, a antena que envia e recebe dados do avião, e o dispositivo para evitar colisões em pleno ar, estavam ligados da decolagem em São José dos Campos até o pouso em Cachimbo (PA). De acordo com o presidente da Anac, Milton Zuanazzi, isso terá de ser comprovado ou não a partir da análise da caixa-preta do Legacy.
O equipamento, que registra o funcionamento dos instrumentos de bordo e a comunicação entre os pilotos e o controle aéreo, já está sendo analisado. "A única coisa que dá para afirmar por enquanto é que houve a colisão", disse a diretora da Anac Denise Abreu.
Ela não deu outros detalhes sobre as investigações ou sobre aspectos técnicos, dizendo que isso caberia à Aeronáutica, mas afirmou ser "praticamente zero" a possibilidade de que tenha havido falha do controle aéreo, o que dá a entender que, para a agência, a falha ocorreu em uma das duas aeronaves.
Segundo a reportagem apurou, o Legacy sumiu das telas dos radares já antes do choque. O presidente da Anac não quis comentar a informação, mas indiretamente admitiu aquilo que a Aeronáutica sempre faz questão de negar: que há a possibilidade de haver "pontos cegos" na cobertura de radar do país.
Relatório
Os Cindactas (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo) 1 e 4, responsáveis pelo controle de todo o tráfego aéreo nas regiões Norte, Centro-oeste e Sudeste do Brasil irão entregar nos próximos dias ao Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) um relatório completo de tudo o que ocorreu durante os vôos do Boeing da Gol e o Legacy.
De acordo com o coronel aviador Eduardo Antonio Carcavallo Filho, responsável pelo Cindacta 4, o cruzamento das informações das rotas utilizadas pelas duas aeronaves poderá esclarecer parte do que ocorreu no ar, na tarde da última sexta-feira.
O coronel também disse que ainda não é possível determinar se algum dos aviões desapareceu ou não dos radares dos centros de controle da Aeronáutica e também qual das duas aeronaves pode ter alterado a sua rota original.
A Folha tentou contatar durante a tarde de ontem, por telefone, os responsáveis pelo Cindacta 1. Todos os funcionários diziam estar proibidos de dar informações e que todas elas serão passadas em momento certo pelo setor de comunicação da Aeronáutica.
segunda-feira, outubro 02, 2006
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