Álvaro Pereira Júnior - cby2k@uol.com.br
"A CAMISETA, cara, a camiseta!"
"Que camiseta?"
"Aquela, a que você comprou da mão do Kurt. Onde está?"
"Na casa da minha mãe."
Foi no festival Motomix de sábado retrasado, em SP.
O Art Brut destruía o universo no palco, e eu tentava entrar no banheiro mais mal projetado do mundo.
Tentava, porque, na porta, dois moleques me pararam. Para falar da camiseta.
A história é a seguinte: eu comprei mesmo uma camiseta do Nirvana, das mãos de Cobain, em janeiro de 1990, num show em Cambridge, perto de Boston (EUA), onde eu morava na época. Já contei isso aqui mesmo, já escrevi essa história em revista, já fiz reportagem para a televisão.
Deve ser por causa dessa última, a matéria de TV, que os fãs de Kurt que encontrei no Motomix sabiam da história.
Sempre tem alguém chegando pela primeira vez, então conto de novo.
Eu não conhecia direito o Nirvana. Amigos do Brasil tinham me dado o toque: "Você está morando aí, vá ver essa banda da Sub Pop assim assim".
Arrastei um camarada que nem era muito ligado em rock novo.
Eu poderia mentir, dizer que senti na hora que o mundo nunca mais seria o mesmo.
Mas vou dar a real: achei o show bacana, mas não pressenti que aqueles três caras cabeludos fariam história.
Meu amigo, fã de heavy metal, gostou, achou parecido com Led Zeppelin.
Depois do show, Kurt, agachado no palco, fazia com as mãos o sinal de que a camiseta custava dez dólares.
O "claim to fame" (grande feito) de Kurt Cobain foi o Nirvana, foi ter dilacerado a divisão entre o rock de multidões e o rock independente. Ele mudou o mundo.
O meu "claim to fame"? Bem, eu comprei uma camiseta dele. De Cobain, o cara que lançou "Nevermind" 15 anos atrás.
segunda-feira, outubro 02, 2006
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