segunda-feira, julho 25, 2005

Dono de "dois quartos de discos", Madlib diz que torrou cachê de show em lojas de vinis raros de SP



Da Redação


O produtor Madlib lotou a choperia do Sesc Pompéia na última quinta, 21, e fez show para uma platéia de 800 pessoas, na abertura da primeira Mostra de Filmes de Hip Hop em São Paulo. Um dos mais respeitados e ativos produtores de hip hop do mundo, assinando trabalhos sob diversos nomes como Quasimoto, Jaylib, Madvillain e Yesterday's New Quintet, entre outros, Madlib lançou o disco "Shades Of Blue", remixando músicas do acervo da lendária gravadora de jazz Blue Note. Seu mais novo álbum, "Further Adventures of Lord Quas", sob o nome de Quasimoto, foi lançado em maio de 2005.

Antes do show, Madlib recebeu o MC Kamau, integrante dos grupos Instituto e Simples, e o fotógrafo e cineasta B+, autor do documentário "Keepintime", filme integrante da mostra, que retrata uma reunião de grandes bateristas do jazz e funk americano com DJs e produtores de hip hop, com participação do próprio Madlib. Em 2002, B+ produziu o documentário "Brasilintime", mostrando o encontro e jams entre bateristas brasileiros como Wilson das Neves, João Parahyba e Mamão com DJs brasileiros e americanos.

Em São Paulo desde o começo da semana, Madlib conta que já gastou praticamente todo o cachê de seu show na capital nas lojas de vinis raros da cidade. Diz que gostaria de trabalhar com os compositores brasileiros Arthur Verocai e Marcos Valle e que vai lançar ainda este ano mais três álbuns: um sob o nome de Madlib, uma nova compilação remixada da Blue Note e um disco tributo ao grupo brasileiro Azymuth.

Leia a seguir trechos da entrevista:

MC Kamau - Em primeiro lugar, apresentem-se às pessoas que não os conhecem.
Madlib - Eu sou o Beat Conductor (condutor das batidas) Madlib, também conhecido como Quasimoto.
B+ - B+, fotógrafo, cineasta

MC Kamau - O que mudou do tempo da Antidote (selo pelo qual Madlib gravava) para agora, quando você é conhecido como produtor, instrumentista, trabalha com músicos de jazz?
Madlib - No Lootpack, eu só rimava e fazia alguma batidas, mas desde aquela época eu já tinha muitos projetos. Lootpack era apenas um deles, mas foi o primeiro a sair, então foi a partir de dele que as pessoas me conheceram. Mas eu precisava progredir, e fiz música ao vivo, jazz, eletrônica, hip hop, qualquer coisa.

MC Kamau - Que instrumentos você toca?
Madlib - Eu brinco com teclados, bateria, percussão, baixo, vibrafone, guitarras, tudo menos instrumentos de sopro ou coisa parecida.

MC Kamau - Eu sei que você é um colecionador de discos. Quantos você tem?
Madlib - Eu tenho uns dois quartos cheios, um em Santa Barbara e outro em Los Angeles. Sei lá, uns milhares.

MC Kamau - E você ainda está comprando?
Madlib - Cara, vim aqui e já gastei todo o dinheiro do show (risos). (Comprei) quase tudo brasileiro, rock brasileiro, soul, jazz, samba.

MC Kamau - Do que vai gosta na música brasileira?
Madlib - É uma música cheia de soul, com bons ritmos, faz você se sentir bem, os acordes, os diferentes climas, muita fusão, como no hip hop ou qualquer outro tipo de música, jazz...

MC Kamau (para B+) - O que você mostrou para ele?
B+ - Rappin' Hood, Instituto, Nação Zumbi, o que cruzou nosso caminho, nós dividimos. Coisas de que a gente gosta. Tem uma cena forte aqui. Ele também sabe a respeito do Fernandinho (Beat Box).

MC Kamau - Com quem você gostaria de trabalhar?
Madlib - É muita gente para mencionar.

MC Kamau - E brasileiros?
Madlib - Principalmente, eu gostaria que Arthur Verocai arranjasse alguma música para mim. Ou o Marcos Valle, os caras antigos.

MC Kamau - Com que MCs você vem trabalhando?
Madlib - Estou fazendo uma coletânea para a BBE Records, estou trabalhando com caras como Common, De La (Soul), CDP e outros caras. Minha galera.

MC Kamau - O que você preparou para o show aqui?
Malib - Vou tocar um pouco de Quasimoto, Jaylib, algumas faixas do Lootpack.

MC Kamau - Vocês estiveram aqui antes para a gravação do (filme) Brasilintime. Como foi?
Madlib - Eu nunca tinha pensado em vir ao Brasil. E aí, me conectar com os músicos dos discos que eu escuto, encontrar Mamão, João Parahyba, Wilson das Neves. E eles se mostraram tão legais quanto qualquer MC ou cara mais novo.
B+ - Tem umas três ou quatro batidas no disco do Madvillain (dupla formada por Madlib e o MF Doom) que foram feitas aqui no hotel Georges 5, no quarto. Foram gravadas direto para cassete, que ele (Madlib) depois transformou em CD, entregou para Doom, que rimou em cima. Algumas coisas clássicas foram feitas ali naquele hotel.

MC Kamau (para Madlib) - E você, quais são seus projetos futuros, Jaylib 2? J-Rocc me disse algo sobre Jaylib 2...
Madlib - Jaylib 2, Madvillain 2, um disco solo como Madlib que deve sair até o fim do ano, BB (Beat Generation), possivelmente outro disco da Blue Note até o fim do ano, muitos discos instrumentais saindo, um disco de tributo ao (grupo brasileiro) Azymuth que acompanha o Brasilintime, muitas outras coisas...

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