SÃO PAULO (Reuters) - O hip hop, que há tempos deixou a periferia para entrar nas pistas de dança de todas as classes sociais, vai ganhar uma nova embalagem com a criação da grife Manifesto 33 1/3, do músico Marcelo D2, em parceria com sua cunhada, a estilista Carol Aguiar.
A marca faz sua estréia no Fashion Rio, que começa nesta terça-feira, no Museu de Arte Moderna. Na passarela, apenas modelos negros e muitos convidados do hip hop, como Djs, Mcs e Bboys (dançarinos de rua).
"O hip hop, no Brasil, evoluiu de várias formas, como o grafite, os Djs, os Bboys. Mas a moda não evoluiu como essas outras áreas", explicou por telefone a estilista Carol Aguiar.
A idéia da nova marca é reeditar os "clássicos do rap", com muitas referências ao basquete, futebol americano e estampas de camuflagem.
"Não vai ser uma roupa barata, vai ter qualidade, vai ser um produto bem acabado, com detalhes que agregam valor", disse Aguiar, citando o preço de algumas peças. Um conjunto de moletom, por exemplo, pode chegar a custar 400 reais, e um terno pode beirar os 2 mil reais. Os jeans vão variar de 150 a 300 reais, com camisetas básicas "mais em conta".
"Acho que o principal erro das outras marcas de hip hop é ter um bom preço mas não ter um produto legal. O preço é uma consequência", continuou a estilista, que já trabalhou nas equipes das marcas Osklen e Cavendish.
Marcelo D2, que parece transitar com facilidade no mundo da moda, já foi garoto propaganda de uma grife masculina e já se apresentou para as compradoras da Daslu na antiga sede da loja. Agora, ele ficará apenas nos bastidores da Manifesto.
"O Marcelo palpita em tudo, critica muito e experimenta também. Nada sai daqui sem ele ter aprovado", explicou a estilista. "Ele pegou tudo aquilo que sabia do hip hop para usar no conceito da marca."
A grife irá trabalhar com três linhas. A primeira foi chamada de "Grown Man", com peças de cores mais sóbrias para a noite. Serão camisas sociais, ternos, calças e bermudas de alfaiataria, assinadas pelo estilista Walter Alfaiate.
A linha "College" será mais esportiva, com cores fortes e vibrantes, tecidos tecnológicos e muita malharia. A linha "Soldier", com calças cargo e camisas de botão, trará peças camufladas, em cores como verde, marrom, caqui e tons de terra.
Muitas das criações vão ganhar estampas feitas pelo grafiteiro Flip, de São Paulo. Segundo Aguiar, cada coleção terá participação de um artista diferente.
A marca começará a vender suas peças somente em agosto, em lojas de multimarcas. A idéia é ter lojas próprias apenas em 2006, em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Manifesto 33 1/3 -- os números fazem menção à rotação do vinil nos toca-discos do rap -- irá fechar o Fashion Rio, no domingo, às 21h.
terça-feira, junho 14, 2005
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