MAURÍCIO SIMIONATO
da Agência Folha, em Campinas
Uma pessoa morreu e duas ficaram feridas em um acidente provocado por uma professora aposentada de 70 anos que perdeu o controle do carro durante uma prova de habilitação para motoristas em Sumaré (120 km de São Paulo).
A aposentada ficou com deficiência motora no braço esquerdo após uma cirurgia para extrair um seio e teve que realizar a prova para poder dirigir, apesar de sua carteira de habilitação ter vencimento em 2007.
Após atravessar uma guia e atropelar as três pessoas, a mulher ainda passou por cima de três canteiros e continuou com o carro em círculos em alta velocidade nas imediações do pátio, onde são realizadas as provas.
Cerca de 200 pessoas estavam no local para realizar provas de habilitação, entre elas dez pessoas com alguma deficiência física, que passariam por bancas especiais de avaliação.
Dorote Aparecida de Matos, de Piracicaba, dirigia um carro Honda Fit, modelo 2007, com câmbio hidramático e engatou a ré em vez da primeira marcha, segundo a Ciretran (Circunscrição Regional de Trânsito) de Sumaré. Além disso, ela alegou à polícia ter confundido o pedal do freio com o do acelerador.
Ela estava sem o instrutor no carro no momento do acidente. O delegado da Ciretran, Fernando Fincatti Periolo, disse que não há exigência para que o instrutor esteja no carro no momento da baliza. "Na hora da prova de baliza, o instrutor tem que ficar do lado de fora do carro para ver a distância que a pessoa estaciona da guia", disse.
Célia de Almeida, 57, ainda foi levada ao hospital após ser atropelada, mas não resistiu aos ferimentos. Ela era de Limeira (SP) e havia viajado para Sumaré para fazer a prova. Era deficiente e andava com auxílio de uma muleta.
Uma das mulheres feridas é deficiente física e está internada em estado grave. A outra ferida fraturou uma das pernas. As duas estão internadas no Hospital Estadual de Sumaré.
A aposentada foi indiciada por homicídio culposo (sem intenção de matar) e por direção perigosa. Ela prestou depoimento e foi liberada. Antes de prestar depoimento, a professora ficou em estado de choque e foi levada a um hospital.
Ela declarou à polícia que não tinha experiência em dirigir carros automáticos e que também se confundiu porque o veículo não tem embreagem. Por isso, ela disse que pisou no acelerador em vez de apertar o freio.
Antes da prova, ela passou por duas aulas com o carro na Auto Escola Viena, em Sumaré, na semana passada. A Ciretran instaurou um procedimento administrativo para apurar se houve alguma responsabilidade da auto-escola e do instrutor.
Segundo a Polícia Civil, a auto-escola apresentou um documento no qual atesta que a aposentada tinha condições de fazer a prova.
A aposentada alegou ainda que, após realizar a cirurgia para extrair um dos seios, o médico sugeriu que ela realizasse uma nova prova de habilitação, caso tivesse a intenção de voltar a dirigir. Ela tem habilitação para guiar desde 1968.
A Auto Escola Viena foi procurada, mas ninguém quis se manifestar. O marido da aposentada, que preferiu não se identificar, disse que a mulher não se pronunciaria.
sábado, agosto 19, 2006
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário