SYLVIA COLOMBO
DA REPORTAGEM LOCAL
Fui editora do Folhateen, caderno jovem da Folha, por dois anos. Nesse meio tempo, cansei de ouvir adolescentes declarando-se fãs de músicas do passado. Tinha desde o pessoal que curtia rockão, tipo Led Zeppelin ou Creedence -com o argumento de que esses, sim, é que faziam música "com o coração", e não eram vendidos à "indústria cultural"- até a garotada fã dos nomões da MPB (tipo Caetano Veloso e Gil).
Com algum esforço, dava para entendê-los. O primeiro verdadeiro susto que levei com esse improvável gosto passadista dos teens foi quando conheci uma garota de 14 anos cuja banda preferida era o Jesus and Mary Chain, um grupo oitentista que só era conhecido do pessoal indie... nos próprios anos 80!.
O segundo vem agora, ao saber do sucesso explosivo desse jovem saxofonista cujo repertório é o mais clássico e manjado dentro da nossa música popular tradicional.
"Jovem Brazilidade", de Caio Mesquita, não é exatamente ruim. É só muito quadradão. Não traz nenhum indício, por exemplo, de que tenha sido gravado neste século e não no anterior. De cara, "Samba de Verão" já mostra que os arranjos não sairão muito do básico. "Lilás" surge ainda mais kitsch que a versão original, e "Carinhoso" e "Papel Machê" estão abaixo da linha do aceitável.
No geral, o disco evoca a imagem daqueles músicos que tocam aos domingos em restaurante tradicional -o pianista de paletó puído, a flautista de vestido cor-de-rosa... Cenário que deveria fazer um garoto de 16 anos, no mínimo, sair correndo.
domingo, agosto 20, 2006
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