da Folha Online
A polícia de São Paulo investiga a motivação do assassinato do deputado estadual e coronel reformado da PM Ubiratan Guimarães (PTB), 63, comandante da operação que resultou no massacre dos 111 presos na Casa de Detenção do Carandiru, em outubro de 1992.
Ubiratan foi morto em seu apartamento, nos Jardins (região nobre na zona oeste da cidade), com um único tiro, que o atingiu debaixo do mamilo direito e saiu pelas costas. O corpo foi localizado por volta das 22h30 de domingo (10), mas há suspeitas de que o crime tenha ocorrido entre a noite de sábado e a madrugada de domingo, já que os jornais do dia permaneciam do lado de fora da porta.
Não havia sinais de luta no apartamento e a porta dos fundos estava apenas encostada. O corpo do coronel estava deitado de barriga para cima, coberto apenas por uma toalha.
A namorada de Ubiratan, a advogada Carla Cepalino, 42, foi a última pessoa vista com ele no prédio e deve ser ouvida pela polícia nesta segunda-feira.
O coronel recebia ameaças de morte desde a operação que ficou conhecida como massacre do Carandiru, segundo o chefe de gabinete, Eduardo Anastasi. Ele e um assessor do deputado, coronel Gerson Vitório, encontraram o corpo, depois que os filhos do deputado contaram que ele não atendia aos telefonemas.
No local do crime, os peritos do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) recolheram três armas da própria vítima: dois revólveres 38, que estavam ao lado do cadáver, e uma escopeta 12.
A motivação do crime segue sob investigação, entre elas a hipótese de crime passional. Outra hipótese que deve ser analisada é a ligação com o assassinato do diretor do Carandiru na época do massacre, José Ismael Pedrosa, assassinado em outubro do ano passado, em Taubaté (130 km de São Paulo), num crime atribuído ao PCC (Primeiro Comando da Capital).
Ubiratan era considerado um dos maiores inimigos da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
Massacre
O deputado atualmente tentava disputar a reeleição. Sua candidatura havia sido impugnada pela Justiça Eleitoral.
O deputado nunca foi preso pela operação que resultou no massacre. Em 2001, Ubiratan chegou a ser condenado a 632 anos de prisão pelas mortes de 102 presos e por cinco tentativas de homicídio, num julgamento em primeira instância. Ele não foi acusado pelas 111 mortes porque laudo do Instituto Médico Legal mostrou que alguns presos foram mortos por armas brancas, como facas, o que poderia indicar que foram golpeados por rivais durante a rebelião que antecedeu a operação policial no Carandiru.
Réu primário, recorreu da sentença em liberdade. Em fevereiro último, o julgamento foi anulado pelos desembargadores do Tribunal de Justiça e Ubiratan, absolvido. A anulação do julgamento gerou protestos de entidades de direitos humanos e repercutiu negativamente no exterior.
Ubiratan trabalhou 34 anos na Polícia Militar. Nos anos 70, durante a ditadura militar, combateu as ações guerrilheiras no Vale do Ribeira (SP). Como oficial, comandou a Cavalaria, a Rota e o Policiamento Metropolitano. E foi na condição de comandante do Policiamento Metropolitano que o coronel liderou a operação destinada a controlar uma rebelião sem reféns no Carandiru, em 2 de outubro de 1992.
Carandiru
A operação que resultou em 111 mortes no Carandiru foi comandada pelo coronel. A Polícia Militar invadiu a unidade para conter uma rebelião, e o caso teve repercussão internacional.
A Casa de Detenção Carandiru foi desativada em setembro de 2002. Em dezembro daquele ano, três pavilhões foram implodidos, inclusive o 9, onde ocorreram as mortes.
Com Folha de S.Paulo
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