terça-feira, setembro 20, 2005

Audio Bullys levam versão de Nancy Sinatra ao Rio.

MARCELO NEGROMONTE
Editor de UOL Cinema

Em 2003, ao se apresentarem pela primeira vez no Brasil, no clube Sirena em Maresias (SP), os Audio Bullys estavam "despreparados" para isso, nas palavras de Simon Franks, 25, o MC da dupla inglesa. "Agora será um grande show", anima-se em relação ao próximo dia 24, quando ele e Tom Dinsdale, o DJ, subirão ao palco do Nokia Trends no Rio de Janeiro. "O Brasil sempre foi um lugar onde gostaríamos muito de tocar, e agora vai ser para valer".

E os Audio Bullys vêm ao Brasil logo após o lançamento (dia 19), na Inglaterra e no Brasil, do segundo álbum, "Generation", sucessor de "Ego War", que trazia uma sonoridade fresquíssima e dançante em 2003 com uma mistura malandra de house e a variante uk garage, hip hop, punk, ska, rock, dub e mais. Tudo com um rap algo desafinado de Franks, compositor de letras que falam do cotidiano de qualquer moleque do sul de Londres, um pouco de amor ou "o que vem à cabeça". Era a house maloqueira.

Desde então os correlatos The Streets, o grime, gênero com uma sujeira
tipicamente londrina, e M.I.A, com algum batidão temperado com especiarias asiáticas, mostraram força e originalidade. O que os Audio Bullys têm a oferecer de novo agora? Nancy Sinatra.

O primeiro single de "Generation" é "Shot You Down", lançado em abril passado, versão de "Bang Bang (My Baby Shot me Down)", do disco "How Does that Grab You?", de 1966, e que abre o filme "Kill Bill Vol. 1", em cuja trilha a dupla conheceu a canção da filha de Frank Sinatra.

Batidas gordas intercaladas à lassidão voluptuosa da versão original fazem de "Shot You Down" um suculento material para remixes. O single já vendeu 100 mil cópias e está há seis semanas no Top 10 do Reino Unido. Veja o clipe da música, com sabor anos 60 aqui.

Leia abaixo a entrevista que Franks, que hoje ouve 50 Cent e Babyshambles, concedeu ao UOL, de Londres, por telefone:

UOL - O que há de diferente em "Generation" em relação a "Ego War"?
Simon Franks - É bem diferente em muitos sentidos. Tem de ser porque se soasse a mesma coisa, não teríamos avançado. Acho que o novo disco é... como posso dizer? Mais harmonioso, sauve, relaxado. Deve ser mais fácil de ouvir do que "Ego War", que pede para que você esteja em determinado espírito para escutá-lo.

UOL - Por que fazer uma versão da música de Nancy Sinatra? Ela gostou?
Franks - Nós escutamos a música na trilha de "Kill Bill" e achamos que tinha um vocal perfeito para tocar em clubes. Na primeira vez que escutamos, não sabíamos que era de Nancy Sinatra. Originalmente a música seria lançada como bootleg, não a fizemos com o objetivo de incluí-la como single do álbum, o que acabou acontecendo depois. Acho que Nancy deve ter gostado porque ela nos autorizou a fazer.

UOL - Vocês tocaram no clube Sirena, em Maresias, em 2003. Como foi?
Franks - Nós íamos tocar no festival Creamfields na Argentina, e o nosso empresário marcou essa data no Brasil, mas não estávamos preparados. Agora, no Rio, será bem diferente.

UOL - Como você e Tom se conheceram e formaram Audio Bullys?
Franks - Nós nos conhecemos desde os tempos de colégio e por volta de 2001 começamos a fazer música juntos. E nos divertíamos muito fazendo isso porque éramos melhores amigos, saíamos juntos sempre. Foi uma época em que fizemos as melhores músicas.

UOL - Há várias influências e estilos na música que vocês fazem. House é a espinha dorsal?
Franks - Sim, house music é o principal, é o que começamos a fazer,
música para dançar e tal. Mas ouvimos e curtimos bastante rap norte-americano, o que acabou influenciando a música que fazemos.

UOL - Por falar em EUA, vocês são muito menos conhecidos lá do que na Inglaterra. Por quê? É um som muito londrino para os americanos?
Franks - De fato somos mais conhecidos aqui. Acho que nos EUA é preciso um certo tempo para que algo "pegue". Acho que podemos fazer isso quando chegar a época certa.

UOL - Audio Bullys são freqüentemente comparados a The Streets. Você acha que isso procede? Você aprecia o que Mike Skinner faz?
Franks - Hum... Entendo que as pessoas façam esse tipo de comparação, temos a mesma idade, viemos do mesmo lugar, colocamos letras em dance music etc., mas não é o tipo de música de que gosto de ouvir.

UOL - O que mudou na vida de vocês depois de "Ego War"? Estão mais ricos ou só trabalham mais?
Franks - Há muito mais trabalho, sem dúvida, e temos mais dinheiro do que antes. Mas a vida é a mesma, exceto pelas viagens constantes, aviões e pelo fato de conhecermos países diferentes.

UOL - Como será o show no Rio? Será um show de "Generation"?
Franks - Será só eu, Tom e a nossa música, sem banda. E, sim, pode-se dizer que será um show da turnê de "Generation".

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