quarta-feira, setembro 14, 2005

do rraurl

Eletronic Dream Team: revivendo Atenas em São Paulo
Paul van Dyk faz set com laptops
14.09.05

Muitos saíram de alma lavada. Outros ficaram um tanto indignados. Faço parte do primeiro grupo, mas o fato é que a mega-festa que trouxe Paul Van Dyk a São Paulo como atração principal não apaixonou ninguém.

Estruturalmente estava perfeita. O ar natural de galpão do Espaço das Américas deu lugar a um super clube, com muitas luzes, dois lasers, paredes revestidas por placas vermelhas gigantescas, muitos bares e até uma visualmente caprichada segunda pista. O sistema de som era razoável. A pista imensa fazia com que, na média, a qualidade do som fosse boa, embora em alguns pontos certas freqüências deixavam a desejar.

Não fugindo ao recorrente problema das festas mais concorridas, a lotação, com filas enormes e desorganizadas tanto na entrada como em alguns caixas, e alguma falta de educação por parte de seguranças e freqüentadores, infelizmente, marcaram os presentes.

Britanicamente, os horários dos line-ups foram respeitados à risca, e lá estava Paul Van Dyk assumindo a cabine às 2 da manhã. Dois laptops posicionados em cima dos toca-discos e ligados ao mixer compunham o decepcionante set-up da apresentação do super DJ. Os que esperavam suas intervenções e tradicional sensibilidade musical encontraram um set enlatado. Baseado nas suas características batidas pontualmente graves e carregadas de médios, sua apresentação foi fraca diante de tamanha expectativa. Com alguma oscilação entre trance uplifting e melódico, a pista sempre gritava, como que feliz por ali estar ao mesmo tempo que tentando empolgar um frio Van Dyk. Os destaques ficaram por conta das várias faixas próprias como “For na Angel”, “Nothing but you”, “Time of our lives”, “The other side” e a completamente inesperada “We’re alive”.

A segunda pista parecia nem existir. Bom para os que foram exclusivamente pelo Tiga, ruim para os que lá queriam um melhor isolamento sonoro. As 5 da manhã entra um Christopher Lawrence animado, porém perdido. Diferentemente do que está acostumado, pegou uma pista cansada e desligada. Passada uma hora, seu trance dark e atmosférico começou a empolgar o público já bem reduzido em quantidade. Uma atração de alta qualidade que merecia uma atenção muito maior!

E assim foi a primeira vez do Paul Van Dyk em fase über DJ no Brasil. Alma lavada para os que não agüentavam esperar por mais tempo. Decepção para os fãs mais aficionados. A grande questão que fica gira em torno da viabilidade financeira de produções desse nível em menores proporções. Precisamos de uma cena madura, dinâmica e diversificada, onde eventos comerciais, experimentais, fixos ou puramente festivos convivam oferecendo diversão a todos interessados no seu principal produto, frise-se, a música!

foto: Luciana Prezia (divulgação)

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