Por Dean Goodman
LOS ANGELES (Reuters) - O cantor e guitarrista de blues R.L. Burnside, que na década de 1970 se tornou um ícone "cult" entre os roqueiros, morreu na quinta-feira em um hospital de Memphis, segundo sua gravadora. Ele tinha 78 anos.
Originalmente um pequeno agricultor do Mississippi, Burnside teve reconhecimento internacional na última década com uma série de discos repletos de sexo e humor negro.
Influenciado por seu amigo Fred McDowell e por seu contraparente Muddy Water, Burnside era um antídoto contra o blues bem-comportado que domina o mercado.
Sua guitarra cheia de ritmo e sua voz murmurante atraíam também um grande público, especialmente de jovens, aos seus shows. A platéia sempre ia ao delírio com suas piadas sujas e com a frase característica, "well, well, well", do "blueseiro" desdentado.
Burnside passou a maior parte do tempo cultivando a terra nos morros do norte do Mississippi. Como diversão, tocava em "juke joints", as cabanas de beira de estrada, muitas delas perigosas, onde os locais costumam passar a noite se divertindo.
"Cantei muito nas plantações enquanto estava arando a terra com as mulas", contou ele em 1996 à revista Pulse.
Burnside lançou seu primeiro disco em 1967 e passou a fazer turnês esporádicas. Mas só chamou realmente a atenção no começo da década de 1990, graças ao documentário "Deep Blues", produzido pelo roqueiro britânico Dave Stewart, do Eurythmics, e pelo jornalista Robert Palmer.
O "blueseiro" foi contratado pela gravadora Fat Possum Records, do Mississippi, e rapidamente se viu colaborando com o trio de punk-rock Jon Spencer Blues Explosion.
Seu disco "A Ass Pocket of Whiskey", gravado durante quatro horas em 1996, provocou polêmica por causa da quantidade de palavrões e da capa, na qual ele aparecia com o cinto aberto, aparentemente preparando-se para agredir duas moças seminuas.
Já "Come On In", de 1998, transformou seus blues em remixes dançantes. Graças a isso, Burnside desfrutou de uma breve temporada como improvável estrela da MTV.
Apesar da idade e dos problemas de saúde -- passou por uma delicada cirurgia cardíaca em 1999 -- Burnside ainda viajava regularmente com um trio que incluía seu neto Cedric na bateria e o "filho adotivo" Kenny Brown na guitarra.
Detalhes sobre a causa da sua morte não foram divulgados. Burnside deixa a viúva Alice Mae, com quem foi casado durante mais de 50 anos e teve 13 filhos.
sexta-feira, setembro 02, 2005
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário