Reuters
Por Alberto Masegosa
Nova York, 2 set (EFE).- O mítico clube CBGB realmente terá de fechar suas portas por causa de uma disputa entre os inquilinos e o proprietário do local, considerado berço e santuário do punk em Nova York.
O contrato de aluguel do CBGB venceu nesta quarta-feira, sem que as partes tenham chegado a um acordo que permitisse o funcionamento do clube, pelo qual já passaram bandas como Ramones, Blondie, Talking Heads e B-52s.
A disputa foi causada porque os inquilinos, encabeçados pelo promoter Hilly Cristal, deixaram de pagar vários meses de alguel ao proprietário, a organização Bowery, que ajuda mendigos e é dirigida pelo executivo Muzzy Rosenblatt.
Rosenblatt argumenta que a dívida passa de US$ 90 mil (R$ 211,6 mil), e embora no mês passado a Justiça tenha dispensado o pagamento desta quantia, Cristal terá que deixar o local por não conseguir honrar um acordo para a renovação do contrato de aluguel.
"Acredito que a evacuação será rápida e voluntária", disse o executivo num comunicado divulgado ontem.
"É tudo pelo interesse de nossos clientes", explicou Rosenblatt, em referência aos danos que a falta de pagamento causam aos mendigos que são atendidos por sua organização.
Cristal contra-atacou: "Só há um culpado. E ele se chama Muzzy", disse o promoter, que acusa o executivo de má vontade nas negociações.
Na polêmica, intervieram nas ultimas semanas freqüentadores do CBGB, artistas e até as autoridades da cidade, que, sem desdenhar do trabalho da organização beneficente, ressaltaram a perda cultural que representa o fechamento do clube.
"Esta canção simboliza a razão pela qual estamos aqui", disse Debbie Harry, vocalista do Blondie, antes de a banda tocar quarta-feira a música "In One Way or Another" num show de rua em apoio à casa noturna.
"Vamos continuar lutando para que o CBGB continue existindo", disse, por sua vez, Steven Van Zandt, cuja banda E Street Band - que costuma acompanhar Bruce Springteen - também participou do show, que reuniu cerca de 2.000 pessoas.
O próprio prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, ofereceu sua mediação para que a casa se mudasse para outro local.
Bloomberg - que já deu início à sua campanha de reeleição - vestia na terça-feira uma camisa com a estampa "Vamos Salvar o CBGB".
Aberto em 1973 no Village (leste de Manhattan), o famoso clube se tornou um tradicional celeiro de artistas e boêmios.
No início de sua caminhada de mais de 30 anos, o clube adotou a filosofia de não cobrar mais de US$ 1 de entrada e de incluir em sua programação apenas bandas sem discos lançados no mercado.
O nome completo do local, que sempre gerou dúvidas, é CBGB-OMFUG.
As primeiras letras são as iniciais de Country, Bluesgrass and Blues, enquanto as outras significam Other Music For Uplifting Gormandie, algo como "Outra Música para a Elevação Espiritual dos Glutões".
Como os outros clubes de punk-rock espalhados pelo planeta, o CBGB se caracteriza pelo espaço reduzido e escuro, pelos vários cartazes e pichações nas paredes e pelo forte cheiro de cerveja.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário