segunda-feira, janeiro 09, 2006

Despertar do coma pode provocar lesões no cérebro de Sharon.

O primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, respirava sozinho nesta segunda-feira, primeiro sinal de uma atividade cerebral, ao despertar progressivamente do coma. Entretanto, alguns especialistas alertam para o pós-coma artificial provocado por anestesia e destinado a proteger o cérebro pois este poderia gerar lesões cerebrais.

Assim que o premier acordar, ele deverá, segundo a equipe médica do hospital Hadassah de Jerusalém, submeter-se a exames para verificar como reage à luz, aos sons e à dor, e determinar as eventuais seqüelas do acidente vascular cerebral (AVC) sofrido na quarta-feira.

"O despertar do paciente permite avaliar seu quadro. Em caso de anestesia profunda, não podemos fazer um balanço, a não ser por imagem. A extensão da área cerebral atingida não é suficiente para prever as seqüelas, porque temos "muitas células cerebrais e utilizamos apenas parte delas", explica Marcel Chauvin, chefe do serviço de anestesia-reanimação do hospital Ambroise-Paré, no Boulogne-Billancourt, perto de Paris.

Em caso de hemorragia cerebral, algumas áreas do cérebro podem ficar sem sangue e, portanto, sem oxigênio. Para evitar que as células dessas regiões sofram e morram, administra-se ao paciente produtos anestésicos para reduzir o consumo de energia e de oxigênio das células cerebrais, explica Chauvin.

Quando colocadas em repouso, essas células consomem menos oxigênio. Em princípio, se o déficit sangüíneo tiver uma baixa de 30%, será necessário reduzir as necessidades de oxigênio das áreas cerebrais envolvidas em 30%, precisou ele. Se o estado do paciente melhorar (estancamento da hemorragia), pode-se diminuir progressivamente as doses de anestésicos para despertá-lo do coma profundo, mas reversível. O fim do coma também pode acontecer de maneira brusca. "Cada caso é um caso", explica Chauvin.

O paciente é examinado regularmente (a medição do déficit sangüíneo) durante a fase de suspensão dos anestésicos, para avaliar se o fim do coma não é prematuro. É preciso esperar "de doze a vinte e quatro horas após o fim do coma" para se chegar a uma conclusão sobre os dados neurológicos, precisou Chauvin. De fato, algumas funções cerebrais podem ser afetadas algum tempo após o despertar e "em seguida se normalizarem", acrescentou ele.

Tudo depende da duração da ação dos anestésicos utilizados. Se seu efeito for de curta duração, as substâncias são eliminadas do organismo em quatro ou seis horas. "Podemos então fazer um primeiro balanço do estado do paciente", afirma Chauvin.

AFP

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