O quarteto Guillemots, do qual faz parte o guitarrista brasileiro MC Lord Magrão, vem sendo considerado uma das novas bandas mais promissoras da Grã-Bretanha pela mídia do país.
"Muito provavelmente a banda mais interessante da Grã-Bretanha atualmente", diz a conceituada revista Mojo em sua edição de dezembro.
O jornal The Sunday Times diz que o EP (tamanho intermediário entre single e o álbum) da banda é "extraordinário" e o tablóide The Sun elegeu o primeiro single do grupo, Trains To Brazil , como uma das melhores novidades das rádios da última semana de outubro, ao lado de nomes como Franz Ferdinand e Neil Young.
"A coisa foi tão rápida que não deu nem para digerir direito o que está acontecendo", diz Magrão, à reportagem da BBC Brasil.
"Mas por outro lado não me surpreende tanto porque, há anos, estou focado nisso e trabalhando bastante duro para que a banda seja bem-sucedida."
O Guillemots ainda não gravou seu primeiro álbum. A maior parte do entusiasmo com a banda é decorrente de suas apresentações ao vivo.
Rótulos
A casa noturna Windmills, no bairro londrino de Brixton, estava lotada para a apresentação da banda na última quarta-feira. O público roqueiro, amontoado à beira do palco, era entretido com a música que antecedia a apresentação da banda.
Uma cacofonia toma conta repentinamente do ambiente, com o som de cornetas vindo do outro lado do recinto. São os integrantes do Guillemots que abrem caminho pelo meio da platéia em direção ao palco, tocando instrumentos de sopros infantis, lembrando uma procissão pagã medieval.
Passada a surpresa pela entrada teatral, veio a música. Pela próxima hora e pouco a platéia do Windmills é submersa em uma alquimia sonora, densa, bela, que parece querer fugir constantemente de rótulos.
"Nossas influências são muito diversas. O Fyfe (teclados e vocais principais) é escritor de música pop, a Aristizabal (contrabaixo acústico) toca jazz, o Greg (bateria) gosta de qualquer coisa desde que seja um tanto espiritual e eu gosto de barulho", diz Magrão.
O resultado dessa amálgama sonora revela excelentes canções vestidas com arranjos improváveis e apresentadas com uma auto-confiança quase excessiva.
Uma das melhores partes das apresentações do Guillemots é quando a banda pede silêncio para a platéia e Fyfe diz para o público imaginar a sua dor.
Ele toca então um mini tecladinho à pilha e canta uma canção inteira sem amplificação, em pé e de olhos fechados.
Após testemunhar isso, o público fica com a sensação de que existe algo de especial neles
Como tudo começou?
"Há três anos, eu estava pronto para arrumar minhas malas para Berlim. Havia passado dois anos tentando encontrar uma banda para tocar em Londres, sem sucesso."
"Resolvi responder a mais um anúncio que dizia procurar guitarrista, sem importar a técnica desde que fosse criativo", diz ele.
"Respondi dizendo que tocava também caixa de fósforo e máquina de escrever. Pensei, se ele me reponder, é a pessoa certa para eu trabalhar."
"Quando encontrei o Fyfe, vi que, como eu, ele costuma colecionar um monte de tranqueira no quarto para tirar um som".
Nessa altura, o baterista já estava a bordo há um mês e os ensaios da banda se resumiam a sessões de improvisos, com músicas sendo cantadas tanto em inglês como português.
"A gente achava que precisava de um quarto integrante e quando a Arista entrou, percebemos que estávamos completos."
Brasil
Como quarteto, os Guillemots existem desde novembro de 2004. Os poucos shows feitos até fevereiro (“três ou quatro”, de acordo com o guitarrista) foram suficientes para despertar o interesse de gravadoras.
"Fizemos uma opção clara de ter controle artístico completo. Em relação às músicas que vão entrar no álbum, os arranjos, a divulgação. Ninguém nos diz como a gente tem que se vestir para ser mais cool."
O grupo assinou com a Polydor e deve entrar em estúdio em breve para gravar o primeiro álbum.
O título da música de trabalho, Trains To Brazil - já presente na programação da principal rádio de rock britânica, a X-FM – é uma referência ao incidente fatal envolvendo o brasileiro Jean Charles de Menezes.
"O Fyfe escreveu essa música há três anos, se chamava Life Song, mas achávamos que o nome não tinha muito a ver."
"A letra fala de bombas, profetas e desculpas esfarrapadas para que coisas erradas sejam feitas. Quando ele (Jean) morreu, achamos que seria apropriado mudar."
Mesmo assim, Magrão não quer ser conhecido como "o guitarrista brasileiro" da banda, mas sim como o guitarrista que, por acaso, é brasileiro.
"Não me vejo colocando um monte de batucadas nas nossas músicas ou hasteando a bandeira do Brasil no fundo do palco, como que dizendo, me amem porque sou brasileiro."
"Muito provavelmente a banda mais interessante da Grã-Bretanha atualmente", diz a conceituada revista Mojo em sua edição de dezembro.
O jornal The Sunday Times diz que o EP (tamanho intermediário entre single e o álbum) da banda é "extraordinário" e o tablóide The Sun elegeu o primeiro single do grupo, Trains To Brazil , como uma das melhores novidades das rádios da última semana de outubro, ao lado de nomes como Franz Ferdinand e Neil Young.
"A coisa foi tão rápida que não deu nem para digerir direito o que está acontecendo", diz Magrão, à reportagem da BBC Brasil.
"Mas por outro lado não me surpreende tanto porque, há anos, estou focado nisso e trabalhando bastante duro para que a banda seja bem-sucedida."
O Guillemots ainda não gravou seu primeiro álbum. A maior parte do entusiasmo com a banda é decorrente de suas apresentações ao vivo.
Rótulos
A casa noturna Windmills, no bairro londrino de Brixton, estava lotada para a apresentação da banda na última quarta-feira. O público roqueiro, amontoado à beira do palco, era entretido com a música que antecedia a apresentação da banda.
Uma cacofonia toma conta repentinamente do ambiente, com o som de cornetas vindo do outro lado do recinto. São os integrantes do Guillemots que abrem caminho pelo meio da platéia em direção ao palco, tocando instrumentos de sopros infantis, lembrando uma procissão pagã medieval.
Passada a surpresa pela entrada teatral, veio a música. Pela próxima hora e pouco a platéia do Windmills é submersa em uma alquimia sonora, densa, bela, que parece querer fugir constantemente de rótulos.
"Nossas influências são muito diversas. O Fyfe (teclados e vocais principais) é escritor de música pop, a Aristizabal (contrabaixo acústico) toca jazz, o Greg (bateria) gosta de qualquer coisa desde que seja um tanto espiritual e eu gosto de barulho", diz Magrão.
O resultado dessa amálgama sonora revela excelentes canções vestidas com arranjos improváveis e apresentadas com uma auto-confiança quase excessiva.
Uma das melhores partes das apresentações do Guillemots é quando a banda pede silêncio para a platéia e Fyfe diz para o público imaginar a sua dor.
Ele toca então um mini tecladinho à pilha e canta uma canção inteira sem amplificação, em pé e de olhos fechados.
Após testemunhar isso, o público fica com a sensação de que existe algo de especial neles
Como tudo começou?
"Há três anos, eu estava pronto para arrumar minhas malas para Berlim. Havia passado dois anos tentando encontrar uma banda para tocar em Londres, sem sucesso."
"Resolvi responder a mais um anúncio que dizia procurar guitarrista, sem importar a técnica desde que fosse criativo", diz ele.
"Respondi dizendo que tocava também caixa de fósforo e máquina de escrever. Pensei, se ele me reponder, é a pessoa certa para eu trabalhar."
"Quando encontrei o Fyfe, vi que, como eu, ele costuma colecionar um monte de tranqueira no quarto para tirar um som".
Nessa altura, o baterista já estava a bordo há um mês e os ensaios da banda se resumiam a sessões de improvisos, com músicas sendo cantadas tanto em inglês como português.
"A gente achava que precisava de um quarto integrante e quando a Arista entrou, percebemos que estávamos completos."
Brasil
Como quarteto, os Guillemots existem desde novembro de 2004. Os poucos shows feitos até fevereiro (“três ou quatro”, de acordo com o guitarrista) foram suficientes para despertar o interesse de gravadoras.
"Fizemos uma opção clara de ter controle artístico completo. Em relação às músicas que vão entrar no álbum, os arranjos, a divulgação. Ninguém nos diz como a gente tem que se vestir para ser mais cool."
O grupo assinou com a Polydor e deve entrar em estúdio em breve para gravar o primeiro álbum.
O título da música de trabalho, Trains To Brazil - já presente na programação da principal rádio de rock britânica, a X-FM – é uma referência ao incidente fatal envolvendo o brasileiro Jean Charles de Menezes.
"O Fyfe escreveu essa música há três anos, se chamava Life Song, mas achávamos que o nome não tinha muito a ver."
"A letra fala de bombas, profetas e desculpas esfarrapadas para que coisas erradas sejam feitas. Quando ele (Jean) morreu, achamos que seria apropriado mudar."
Mesmo assim, Magrão não quer ser conhecido como "o guitarrista brasileiro" da banda, mas sim como o guitarrista que, por acaso, é brasileiro.
"Não me vejo colocando um monte de batucadas nas nossas músicas ou hasteando a bandeira do Brasil no fundo do palco, como que dizendo, me amem porque sou brasileiro."
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