segunda-feira, novembro 07, 2005

Noite de violência deixa ao menos 30 agentes feridos na França

Paris, 6 nov (EFE).- Pelo menos cerca de 30 policiais ficaram
feridos, dois deles gravemente, por causa de tiros na 11ª noite
consecutiva de violências urbanas em bairros periféricos de Paris e
em outras cidades da França, marcada por novos atos de vandalismo e
queima de veículos.

De acordo com um primeiro balanço, quase 300 veículos, incluindo
ônibus e caminhões, tinham sido incendiados antes da meia-noite por
jovens violentos.

Em Grigny, ao sul da capital francesa, mais de 30 policiais foram
feridos por disparos com armas e dois deles, ambos agentes
antidistúrbios, foram hospitalizados com ferimentos de consideração,
disseram fontes policiais.

"Buscavam claramente nos causar dano", disse à emissora France
Indo um dos agentes feridos, que foi atingido no rosto.

O ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, visitou os dois feridos
no hospital e se reuniu com outros agentes antidistúrbios.

Em outro bairro periférico de Paris, uma criança de 13 meses foi
hospitalizada ao ser atingida por pedras lançadas contra um ônibus.

Três escolas foram incendiadas nos arredores de Paris, enquanto
em Saint-Étienne (no sudeste francês) um jardim-de-infância foi
incendiado.

No bairro de Mirail, nos arredores de Toulouse, sul da França,
onde à tarde já haviam sido constatados pelo menos seis veículos
queimados, dezenas de vândalos lançaram diversos objetos contra as
forças da ordem, que responderam com gás lacrimogêneo.

Os jovens violentos também tentaram destruir uma estação de metrô
com um carro incendiado.

Em Corbeil-Essones, também na periferia sul de Paris, dezenas de
jovens encapuzados tentaram lançar de uma passagem elevada um carro
contra um ônibus de agentes antidistúrbios.

Cerca de dez carros tinham sido carbonizados no início da noite
nas duas grandes cidades de Normandia (noroeste), Ruan e Le Havre,
onde as forças da ordem fizeram várias detenções.

Também havia notícia de outros incidentes com incêndios de
veículos em cidades como Nantes (oeste), Rennes (noroeste) e Orleans
(centro).

Antes de anoitecer, em Saint-Etienne, um ônibus tinha sido
incendiado e tanto o motorista como uma passageira sofreram
queimaduras leves. E, em Roanne, oito caminhões foram queimados.

No norte, cerca de 48 carros tinham sido incendiados antes das
onze da noite, e houve lançamento de coquetéis molotov contra uma
instalação da Polícia.

Outro fato grave do dia foi a descoberta, em Evry, nos arredores
de Paris, de uma oficina de fabricação de coquetéis molotov, com
várias dezenas prontas para serem utilizadas.

A noite do sábado para domingo tinha terminado com cerca de 1.300
veículos incendiados, aos quais se somaram comércios, escolas,
oficinas industriais, ginásios e outras instalações públicas
arrasados. Quase 350 pessoas tinham sido detidas, que se somavam às mais de 500 dos dias anteriores.

O presidente da França, Jacques Chirac, se pronunciou pela
primeira vez publicamente nesta tarde para ressaltar que "a
prioridade absoluta é o restabelecimento da segurança e da ordem
pública".

Chirac ressaltou que esse restabelecimento da ordem é uma
condição prévia para aplicar medidas a favor da justiça social e da
igualdade de oportunidades, com as quais disse estar comprometido.

O Estado francês, alertou o presidente, "é mais forte que os que
querem semear a violência ou o medo, e que serão detidos, julgados e
condenados".

Para traduzir em atos as diretrizes de Chirac, o
primeiro-ministro francês, Dominique de Villepin, anunciou um
reforço das medidas de segurança "onde for necessário", e uma
aceleração dos procedimentos judiciais para as pessoas detidas.

O Ministério da Justiça tinha informado que, na região de Paris,
até o meio-dia mais de vinte pessoas maiores de idade tinham sido
condenadas a penas de prisão de até um ano por sua participação nos
distúrbios, e que os tribunais também tinham ditado a detenção
preventiva para cerca de quinze menores.

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