sábado, novembro 19, 2005

roger waters e a revolução francesa

Por Robin Pomeroy

ROMA (Reuters) - Roger Waters fez a alegria dos fãs de rock quando tocou com o Pink Floyd pela primeira vez em 24 anos no Live8, em julho. Na quinta-feira, ele esperava encantar os fãs de música clássica com sua primeira ópera, que levou 16 anos para ser concluída.

O cantor, baixista e compositor de discos clássicos como "Dark Side of the Moon" e "The Wall" disse querer que sua ópera "Ça Ira", sobre a Revolução Francesa, tenha o mesmo impacto na pré-estréia mundial em Roma do que seus hinos do rock.

"É uma forma diferente, mas a intenção é a mesma, apenas tentando provocar uma resposta emocional, comunicar um sentimento", disse Waters numa entrevista à Reuters ao fim de um ensaio no Parque da Música, em Roma.

"Estou escrevendo para outras vozes, por isso é diferente. Não posso cantar esse tipo de coisa."

Waters começou a trabalhar na ópera em 1989 -- ano do bicentenário da Revolução Francesa --, quando os amigos Etienne e Nadine Roda-Gil, ambos já mortos, pediram que ele musicasse um libreto de autoria deles sobre os eventos históricos.

O músico conheceu o compositor francês Etienne em 1968, quando as revoltas estudantis abalaram Paris. O astro do rock, cuja carreira começou em meio à psicodelia dos anos 1960, minimiza o mito em torno daquela época, mas diz ainda acreditar na mudança revolucionária para melhor.

"Havia no final dos anos 60 uma noção de que, ao se fazer muito barulho, era possível mudar as coisas."

O desejo de mudança ainda permanece, diz ele, embora o idealismo dos jovens esteja atualmente sob o perigo de ser subvertido pelo fanatismo religioso. Apesar do lado obscuro de seu trabalho, ele ainda é um otimista.

Waters parece mais pessimista, no entanto, com relação ao restante do Pink Floyd. Ele chegou a processar os outros integrantes para que parassem de usar o nome da banda, mas não teve sucesso.

Apesar de terem tocado no Live8, numa campanha contra a pobreza no mundo, Waters diz duvidar que a banda volte a gravar em estúdio de novo.

A investida na ópera não significa que o jovial cantor de 62 anos esteja muito velho para o rock. Ele está trabalhando em dois novos álbuns e planeja uma turnê em 2007. Mas, por enquanto, espera que "Ça Ira" seja encenada de novo após duas apresentações em Roma esta semana.

"Recebemos uma carta do prefeito de Paris, dizendo que precisamos levar isso para Paris", disse Waters. Ele protagonizou um dos shows mais memoráveis da história em 1990, cantando "The Wall" na Potsdamer Platz, após a queda do Muro de Berlim.

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