[AFP]
Choques viram rotina na noite francesa
O governo francês decretou nesta terça-feira "estado de emergência", recorrendo a uma lei da época da Guerra da Argélia, a fim de conter a onda de violência que dura doze dias, com 6 mil veículos destruídos, e colocou em xeque o governo de Jacques Chirac. O estado de emergência permite a instauração do toque de recolher e de buscas domiciliares sem mandado judicial, enquanto o primeiro-ministro Dominique de Villepin anunciou uma série de medidas de ajuda aos bairros marginalizados.
O presidente Jacques Chirac disse no conselho extraordinário de ministros, realizado nesta terça-feira, que a decisão de instaurar toques de recolher é "necessária para acelerar o retorno da calma" e pediu que as medidas sejam colocadas "rapidamente" em prática, depois da 12ª noite de tumulto, que resultou em 1.173 veículos incendiados e 300 pessoas detidas, segundo a polícia.
Villepin afirmou na Assembléia Nacional (Câmara Baixa) que o estado de emergência, aplicável durante 12 dias, será prolongado "se as circunstâncias exigirem", mediante um projeto de lei que será votado no Parlamento.
Além disso, anunciou uma série de medidas destinadas a aliviar a situação dos subúrbios, que têm forte concentração de imigração, pobreza e marginalização.
Entre as medidas, destacam-se o desbloqueio de 100 milhões de euros adicionais para as associações e a criação "de uma grande agência de coesão social e de igualdade de oportunidades". Serão criados também "5 mil postos de assistentes pedagógicos a partir de janeiro".
Os prefeitos de Orleáns e Savigny-sur-Orge não esperaram a decisão governamental e decretaram nesta terça-feira toque de recolher para os menores de 16 anos em suas respectivas localidades, assim como tinha sido feito na véspera na localidade de Raincy, na região parisiense.
As buscas domiciliares também poderão ser feitas durante os 12 dias de vigência do estado de emergência, quando existir a "suspeita" de posse de armas, disse o ministro do Interior, Nicolas Sarkozy.
Uma lei de 1955 prevê que o ministro do Interior e os prefeitos possam "ordenar buscas domiciliares de dia e à noite" sem mandado judicial em casos excepcionais.
O presidente Chirac voltará a reunir no fim de semana um novo conselho de ministros para apresentar um projeto de lei que permita ampliar o estado de emergência por mais de 12 dias.
O presidente do grupo socialista na Assembléia Nacional, Jean-Marc Ayrault, advertiu nesta terça-feira que será "indecente" converter esta revolta numa "operação política", depois que o Partido Socialista manifestou na segunda-feira sua preocupação pelo respeito aos "princípios de liberdade".
Na última noite, doze policiais ficaram ligeiramente feridos, principalmente pelo impacto de projéteis.
Na segunda-feira à tarde, um dos jovens rebeldes perdeu uma mão na explosão de uma granada de gás lacrimogêneo em Toulouse. Aparentemente, tentava lançá-la contra os agentes, segundo o diretor-geral da polícia nacional (DGPN), Michel Gaudin.
Toulouse foi o principal foco de violência na última madrugada, assim como a região de Lyon, onde foram incendiados 104 veículos, e de Saint-Etienne.
A revolta teve início no dia 27 de outubro no entorno parisiense devido à morte circunstancial de dois jovens.
Entre os veículos incendiados, 933 foram registrados em províncias (contra 982 na véspera) e 240 na região parisiense (contra 426), segundo a direção-geral da polícia nacional.
Os jovens tentaram queimar uma escola na localidade de Gonfreville-l'Orcher, perto de Havre, e em Darnétal, perto de Rouen, segundo a polícia. Em Lorraine, duas escolas e uma biblioteca foram parcialmente destruídas pelo fogo.
Apoio de 73%
Uma pesquisa de opinião pública revela que 73% dos franceses apóiam o toque de recolher para restabelecer a calma nos subúrbios de Paris e nas demais grandes cidades do país, onde grupos de jovens espalham o terror desde o dia 27 de outubro.
Perguntados sobre as três principais medidas do plano anunciado pelo primeiro-ministro Dominique de Villepin, 73% dos franceses se declararam favoráveis à autorização do toque de recolher, contra 24% que rejeitam a medida, e 3% que não se pronunciaram, segundo a pesquisa realizada para o jornal Le Parisien.
O restabelecimento das verbas para as associações que trabalham nos subúrbios com auxílio moradia e assistência escolar é aprovado por 89% das pessoas (9% contra, 2% sem opinião).
Já a redução de 16 para 14 anos da idade de entrada no ensino profissionalizante é apoiada por 86% das pessoas.
A pesquisa também perguntou: "Qual é sua posição sobre o que está acontecendo atualmente nos subúrbios?", e 58% se declararam "escandalizados". Esse número sobe para 60% quando são levados em conta apenas os moradores da periferia.
Sobre a mesma pergunta, 28% se dizem "insatisfeitos" (25% nos subúrbios), 12% "compreensivos" (14%) e 1% "simpático" às manifestações.
País ferido
"A República enfrenta a hora da verdade... A França está ferida. Não consegue se reconhecer em suas ruas e nas áreas devastadas, nessas explosões de ódio e violência que destróem e matam", disse Villepin ao Parlamento.
"A retomada da ordem é a prioridade absoluta. O governo já mostrou isso. Vai tomar todas as medidas necessárias para garantir a proteção de nossos cidadãos e para restaurar a calma ... Encaramos tudo isso como uma advertência e como um apelo".
Cinco carros foram incendiados também em Bruxelas, na Bélgica, no que autoridades indicaram como uma imitação dos ataques franceses. Embora os tumultos não tenham ultrapassado as fronteiras, a preocupação com a instabilidade derrubou a cotação do euro.
Choques viram rotina na noite francesa
O governo francês decretou nesta terça-feira "estado de emergência", recorrendo a uma lei da época da Guerra da Argélia, a fim de conter a onda de violência que dura doze dias, com 6 mil veículos destruídos, e colocou em xeque o governo de Jacques Chirac. O estado de emergência permite a instauração do toque de recolher e de buscas domiciliares sem mandado judicial, enquanto o primeiro-ministro Dominique de Villepin anunciou uma série de medidas de ajuda aos bairros marginalizados.
O presidente Jacques Chirac disse no conselho extraordinário de ministros, realizado nesta terça-feira, que a decisão de instaurar toques de recolher é "necessária para acelerar o retorno da calma" e pediu que as medidas sejam colocadas "rapidamente" em prática, depois da 12ª noite de tumulto, que resultou em 1.173 veículos incendiados e 300 pessoas detidas, segundo a polícia.
Villepin afirmou na Assembléia Nacional (Câmara Baixa) que o estado de emergência, aplicável durante 12 dias, será prolongado "se as circunstâncias exigirem", mediante um projeto de lei que será votado no Parlamento.
Além disso, anunciou uma série de medidas destinadas a aliviar a situação dos subúrbios, que têm forte concentração de imigração, pobreza e marginalização.
Entre as medidas, destacam-se o desbloqueio de 100 milhões de euros adicionais para as associações e a criação "de uma grande agência de coesão social e de igualdade de oportunidades". Serão criados também "5 mil postos de assistentes pedagógicos a partir de janeiro".
Os prefeitos de Orleáns e Savigny-sur-Orge não esperaram a decisão governamental e decretaram nesta terça-feira toque de recolher para os menores de 16 anos em suas respectivas localidades, assim como tinha sido feito na véspera na localidade de Raincy, na região parisiense.
As buscas domiciliares também poderão ser feitas durante os 12 dias de vigência do estado de emergência, quando existir a "suspeita" de posse de armas, disse o ministro do Interior, Nicolas Sarkozy.
Uma lei de 1955 prevê que o ministro do Interior e os prefeitos possam "ordenar buscas domiciliares de dia e à noite" sem mandado judicial em casos excepcionais.
O presidente Chirac voltará a reunir no fim de semana um novo conselho de ministros para apresentar um projeto de lei que permita ampliar o estado de emergência por mais de 12 dias.
O presidente do grupo socialista na Assembléia Nacional, Jean-Marc Ayrault, advertiu nesta terça-feira que será "indecente" converter esta revolta numa "operação política", depois que o Partido Socialista manifestou na segunda-feira sua preocupação pelo respeito aos "princípios de liberdade".
Na última noite, doze policiais ficaram ligeiramente feridos, principalmente pelo impacto de projéteis.
Na segunda-feira à tarde, um dos jovens rebeldes perdeu uma mão na explosão de uma granada de gás lacrimogêneo em Toulouse. Aparentemente, tentava lançá-la contra os agentes, segundo o diretor-geral da polícia nacional (DGPN), Michel Gaudin.
Toulouse foi o principal foco de violência na última madrugada, assim como a região de Lyon, onde foram incendiados 104 veículos, e de Saint-Etienne.
A revolta teve início no dia 27 de outubro no entorno parisiense devido à morte circunstancial de dois jovens.
Entre os veículos incendiados, 933 foram registrados em províncias (contra 982 na véspera) e 240 na região parisiense (contra 426), segundo a direção-geral da polícia nacional.
Os jovens tentaram queimar uma escola na localidade de Gonfreville-l'Orcher, perto de Havre, e em Darnétal, perto de Rouen, segundo a polícia. Em Lorraine, duas escolas e uma biblioteca foram parcialmente destruídas pelo fogo.
Apoio de 73%
Uma pesquisa de opinião pública revela que 73% dos franceses apóiam o toque de recolher para restabelecer a calma nos subúrbios de Paris e nas demais grandes cidades do país, onde grupos de jovens espalham o terror desde o dia 27 de outubro.
Perguntados sobre as três principais medidas do plano anunciado pelo primeiro-ministro Dominique de Villepin, 73% dos franceses se declararam favoráveis à autorização do toque de recolher, contra 24% que rejeitam a medida, e 3% que não se pronunciaram, segundo a pesquisa realizada para o jornal Le Parisien.
O restabelecimento das verbas para as associações que trabalham nos subúrbios com auxílio moradia e assistência escolar é aprovado por 89% das pessoas (9% contra, 2% sem opinião).
Já a redução de 16 para 14 anos da idade de entrada no ensino profissionalizante é apoiada por 86% das pessoas.
A pesquisa também perguntou: "Qual é sua posição sobre o que está acontecendo atualmente nos subúrbios?", e 58% se declararam "escandalizados". Esse número sobe para 60% quando são levados em conta apenas os moradores da periferia.
Sobre a mesma pergunta, 28% se dizem "insatisfeitos" (25% nos subúrbios), 12% "compreensivos" (14%) e 1% "simpático" às manifestações.
País ferido
"A República enfrenta a hora da verdade... A França está ferida. Não consegue se reconhecer em suas ruas e nas áreas devastadas, nessas explosões de ódio e violência que destróem e matam", disse Villepin ao Parlamento.
"A retomada da ordem é a prioridade absoluta. O governo já mostrou isso. Vai tomar todas as medidas necessárias para garantir a proteção de nossos cidadãos e para restaurar a calma ... Encaramos tudo isso como uma advertência e como um apelo".
Cinco carros foram incendiados também em Bruxelas, na Bélgica, no que autoridades indicaram como uma imitação dos ataques franceses. Embora os tumultos não tenham ultrapassado as fronteiras, a preocupação com a instabilidade derrubou a cotação do euro.
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