Filadélfia (AP) - O professor Simon Baron-Cohen, da Universidade de Cambridge, acha que sabe porque o autismo atinge 4 vezes mais meninos que meninas, mas sua teoria da diferença geral entre o cérebro masculino e o feminino tem gerado muito debate.
Baron-Cohen propõe que o cérebro feminino é predominantemente desenvolvido para a empatia, enquanto o cérebro masculino é mais voltado para a compreensão e construção de sistemas - apesar de que ele mesmo alerta que sua regra não é sempre verdadeira.
De acordo com sua teoria empatia-sistematização, o autismo - uma desordem neurológica que afeta a interação social e a comunicação - e a relacionada síndrome de Asperger são versões masculinas extremadas do cérebro.
"O que parece ser o cerne da questão [do autismo] é um problema na empatia, paralelamente com uma forte tendência à sistematização", ele falou para uma audiência de cerca de 150 pessoas nesta quarta-feira (31/3), numa conferência sobre autismo no Bancroft Neuroscience Institute (Instituto Bancroft de Neurociência).
Baron-Cohen cita evidências extraídas de questionários, testes psicológicos e observações de crianças muito jovens, mostrando diferenças entre os sexos bem cedo. Mesmo meninos de alguns dias de vida, por exemplo, tendem a olhar por mais tempo para um móbile mecânico, enquanto meninas fixam seu olhar em rostos de pessoas.
Desordens do tipo autista, ele diz, parecem ser uma versão extrema do cérebro masculino. O que causa esse desvio não está claro, ele explica, mas as possibilidades incluem diferenças genéticas e a testosterona pré-natal. Altos níveis de testosterona fetal estão ligados a menos contato visual da parte das crianças, e pesquisadores canadenses descobriram que tais níveis representam melhores resultados em testes de sistematização.
Baron-Cohen falou que suas idéias e seu novo livro, The Essential Difference: The Truth About the Male and Female Brain (A diferença essencial: a verdade sobre o cérebro masculino e o feminino), têm sido recebidos com interesse tanto quanto com a hostilidade que ele temia depois de "décadas de politicamente correto", nas quais a idéia de qualquer diferença biológica entre os sexos era um anátema.
"Algumas pessoas têm me contactado para dizer que esse tipo de trabalho é politicamente perigoso; aquela reação ainda existe", ele conta. "É típico. As pessoas que estão preocupadas com esta abordagem não olharam verdadeiramente para os detalhes da pesquisa."
E enfatiza: o cérebro masculino, ou o cérebro feminino, só existem na média.
"Seria desastroso se as pessoas fossem para casa com a idéia de que todos os homens pensam de um jeito e todas as mulheres, de outro", ele comenta. "Ao contrário, os educadores deveriam avaliar cada criança individualmente para verificar se, por exemplo, ela é boa de Matemática mas tem problemas no playground."
Pesquisadores têm usado softwares educacionais para ajudar a desenvolver habilidades emocionais de crianças autistas, e um estudo com essa abordagem deverá se concluir em poucos meses, conta ele.
Martha R. Herbert, professora assistente em Neurologia na Harvard Medical School (Escola de Medicina de Harvard), disse que as observações de Baron-Cohen são interessantes, mas ainda não foi identificado um processo biológico responsável pelo autismo.
"Se há alguma coisa sobre masculinidade e feminilidade que se relaciona ao autismo, eu duvido", ela diz. "Penso que isso apenas desvia a atenção do cerne da questão de como a desordem trabalha tanto psicológica como biologicamente."
Um pesquisador britânico, por exemplo, encontrou que a razão entre meninos e meninas era igual em crianças autistas cegas, e que há uma diferença sexuada entre altos Q.Is versus baixos Q.Is em pessoas autistas. "Assim, não é apenas uma coisa masculina; há alguma coisa mais", ela comenta.
Trabalhos focalizando altos níveis de testosterona podem revelar mais, mas ainda não se chegou ao fim dessa história, Martha Herbert diz.
Baron-Cohen propõe que o cérebro feminino é predominantemente desenvolvido para a empatia, enquanto o cérebro masculino é mais voltado para a compreensão e construção de sistemas - apesar de que ele mesmo alerta que sua regra não é sempre verdadeira.
De acordo com sua teoria empatia-sistematização, o autismo - uma desordem neurológica que afeta a interação social e a comunicação - e a relacionada síndrome de Asperger são versões masculinas extremadas do cérebro.
"O que parece ser o cerne da questão [do autismo] é um problema na empatia, paralelamente com uma forte tendência à sistematização", ele falou para uma audiência de cerca de 150 pessoas nesta quarta-feira (31/3), numa conferência sobre autismo no Bancroft Neuroscience Institute (Instituto Bancroft de Neurociência).
Baron-Cohen cita evidências extraídas de questionários, testes psicológicos e observações de crianças muito jovens, mostrando diferenças entre os sexos bem cedo. Mesmo meninos de alguns dias de vida, por exemplo, tendem a olhar por mais tempo para um móbile mecânico, enquanto meninas fixam seu olhar em rostos de pessoas.
Desordens do tipo autista, ele diz, parecem ser uma versão extrema do cérebro masculino. O que causa esse desvio não está claro, ele explica, mas as possibilidades incluem diferenças genéticas e a testosterona pré-natal. Altos níveis de testosterona fetal estão ligados a menos contato visual da parte das crianças, e pesquisadores canadenses descobriram que tais níveis representam melhores resultados em testes de sistematização.
Baron-Cohen falou que suas idéias e seu novo livro, The Essential Difference: The Truth About the Male and Female Brain (A diferença essencial: a verdade sobre o cérebro masculino e o feminino), têm sido recebidos com interesse tanto quanto com a hostilidade que ele temia depois de "décadas de politicamente correto", nas quais a idéia de qualquer diferença biológica entre os sexos era um anátema.
"Algumas pessoas têm me contactado para dizer que esse tipo de trabalho é politicamente perigoso; aquela reação ainda existe", ele conta. "É típico. As pessoas que estão preocupadas com esta abordagem não olharam verdadeiramente para os detalhes da pesquisa."
E enfatiza: o cérebro masculino, ou o cérebro feminino, só existem na média.
"Seria desastroso se as pessoas fossem para casa com a idéia de que todos os homens pensam de um jeito e todas as mulheres, de outro", ele comenta. "Ao contrário, os educadores deveriam avaliar cada criança individualmente para verificar se, por exemplo, ela é boa de Matemática mas tem problemas no playground."
Pesquisadores têm usado softwares educacionais para ajudar a desenvolver habilidades emocionais de crianças autistas, e um estudo com essa abordagem deverá se concluir em poucos meses, conta ele.
Martha R. Herbert, professora assistente em Neurologia na Harvard Medical School (Escola de Medicina de Harvard), disse que as observações de Baron-Cohen são interessantes, mas ainda não foi identificado um processo biológico responsável pelo autismo.
"Se há alguma coisa sobre masculinidade e feminilidade que se relaciona ao autismo, eu duvido", ela diz. "Penso que isso apenas desvia a atenção do cerne da questão de como a desordem trabalha tanto psicológica como biologicamente."
Um pesquisador britânico, por exemplo, encontrou que a razão entre meninos e meninas era igual em crianças autistas cegas, e que há uma diferença sexuada entre altos Q.Is versus baixos Q.Is em pessoas autistas. "Assim, não é apenas uma coisa masculina; há alguma coisa mais", ela comenta.
Trabalhos focalizando altos níveis de testosterona podem revelar mais, mas ainda não se chegou ao fim dessa história, Martha Herbert diz.
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