sábado, novembro 19, 2005

Tropicália tem mostra interativa nos EUA.

da France Presse, em Chicago

Não é comum que os visitantes de uma galeria de arte sejam convidados a tocar nas obras, mas a Tropicália não é uma exibição comum. Com o objetivo de capturar a essência de um dos movimentos culturais mais significativos da América do Sul nos últimos 50 anos, a mostra de arte brasileira no Museu de Arte Contemporânea de Chicago convida os visitantes a tocarem, provarem e escutarem as obras de arte.

Foram instalados andaimes nas principais galerias, conectando e encerrando as obras com a finalidade de criar uma perspectiva geral da mostra. Os visitantes podem apreciar o canto de papagaios, música, filmes históricos e até pornografia.

O objetivo é evocar o dinamismo de um movimento que surgiu como resposta à repressão política no Brasil no fim da década de 1960.

"Tropicália" é o título de um dos mais célebres álbuns da história da música brasileira, que simboliza o Tropicalismo, nome do movimento que reuniu músicos, desenhistas, diretores de cinema, escritores e arquitetos em prol da criação de uma identidade única para uma cultura que pretendia se desvincular das raízes européias.

"Os artistas criavam obras pelas quais podiam se conectar diretamente com o público em meio a um ambiente político muito repressivo", afirmou o curador Dominic Molon. "Estavam tornando a arte mais acessível e mais experimental", acrescentou.

Sabor

Uma das peças mais populares da exibição é uma coleção de recipientes brancos cheios de água azul, vermelha, amarela e verde. O sabor de cada cor muda diariamente --um voluntário oferece aos visitantes conta-gotas para que provem a água.

Outra exibição contemporânea interativa é a do artista brasileiro Rivane Neuenschwander, que apresenta uma parede pintada com quadrados coloridos. Uma história convida os visitantes a completarem os balões de diálogo dos personagens. Ainda que no princípio muitos tenham optado por frases simples, as sugestões evoluíram para perguntas filosóficas e posições políticas.

Mas o coração da mostra é o trabalho de Hélio Oiticica (1937-1980), "Tropicália". Dois papagaios engaiolados recebem os visitantes na porta de "Tropicália". As pessoas então entram num labirinto de estreitas estruturas para descobrir no fim a banalidade de uma televisão que emite uma imagem distorcida.

A mostra fica até 8 de janeiro no Museu de Arte Contemporânea de Chicago. De 15 de fevereiro a 21 de maio, estará na Galeria de Arte Barbican, em Londres, depois irá para o Centro Cultural de Belém, em Lisboa (julho a setembro de 2006). Em seguida, vai para o Museu de Artes do Bronx, em Nova York, de 14 de outubro a 28 de janeiro de 2007.

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